XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 25,6-10a; Sl 22 (23); Fl 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14

POESIA

DEIXAR ECOAR O CONVITE DO SENHOR

Deixas que venha ecoar,
O convite do amor,
Pra festa plena da vida,
Chamado de Nosso Senhor,
Que quer te fazer acolhida,
E não te faltará comida,
No banquete do Senhor.

Deixas que venha ecoar
O chamado da alegria,
A invadir teu coração,
Da mais perfeita harmonia,
Na mesa da comunhão,
Onde todos são irmãos,
E que nunca se esvazia.

Deixas que venha ecoar,
A voz dos mensageiros,
Que o Pai quis enviar,
Os missionários caminheiros,
Que estão a convidar,
Os alertas a proclamar,
Aos irmãos e companheiros.

Deixas que venha ecoar
Por todas as encruzilhadas,
A voz para os excluídos,
E aos que são maltratados,
Os pobres e esquecidos,
Muitas vezes agredidos,
Mas que são por Deus amados.

Deixas que venha ecoar
O recado universal,
Que faz todos inseridos,
No Reino Espiritual,
Dos que foram acolhidos,
À festa do noivo unidos,
E na comunhão total.

Deixas que venha ecoar
O divino ensinamento,
Da aliança renovada,
Em Cristo, seu casamento,
Com a Igreja, sua amada,
Nova nação congregada,
Pelo novo mandamento.

HOMILIA

O Banquete Divino

“O Reino de Deus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho…” (Mt 22,2). Deus prepara uma festa eterna, quando todos nós somos convidados. É a festa da vida nova, da nova aliança, da união entre Cristo e a Igreja. O Esposo se une à sua esposa para sempre. Cristo esposo fiel, nos oferece um banquete a cada Eucaristia, pois, a sua festa se estende pelos séculos, como sinal de alegria e esperança.

O evangelho desta liturgia nos fala que nem todos aceitaram o convite, porque havia outras preocupações mais importantes (cf. Mt 22,5). Outros interesses eram prioridades para aqueles convidados, e por isso não quiseram aceitar o chamado do rei. Assim devemos nos perguntar: cada um de nós ao ser convidado para o banquete do cordeiro têm outras preocupações? Temos alguma desculpa para não participar? Cada missa é um uma festa que nos traz alegria e força, onde todos são convidados a participar da mesma mesa, com o rei da vida e do amor.

O salmo 22 nos diz do cuidado e carinho, com o qual Deus prepara o encontro conosco: “Preparais à minha frente uma mesa, bem a vista do inimigo, e com o óleo vos ungis minha cabeça; o meu cálice transborda…” Trata-se de uma mesa de dignidade onde todos os participantes são ungidos para viverem a festa e o encontro fraterno, com taças de vinho que transbordam. No banquete do Senhor, transborda a alegria verdadeira que se derrama sobre nós a qual é infinita e completa.

Um segundo ponto da parábola: os primeiro convidados (os chefes de Israel) rejeitaram o convite do rei (Deus) para o banquete. Os membros da primeira aliança não aceitaram o Nazareno com a mensagem e por isso ignoraram o convite. Por esse motivo o crucificaram como resposta perversa ao que ele pregou e viveu. A eles Deus envia primeiramente o convite, porque deviam ser os primeiros a acolher o Messias e sua Boa-Nova.

Agora, outros recebem o convite, sem discriminação: maus e bons (cf. Mt 22,10). Todos são convidados, basta que estejam com a veste apropriada para a festa, Critério estendido a todos nós cristãos. E Deus, que conhece o nosso coração e vê o que está escondido (cf. Mt 6,18b), perceberá se estamos participando do seu banquete com a veste adequada. Ele poderá nos perguntar: “Amigo, como entraste aqui…?” (Mt 22,12b). Faz-se necessário estarmos vestidos com o traje da festa. Devemos nos perguntar, no nosso íntimo, se estamos sendo coerentes com o chamado de Deus.

Somos, pelo batismo, revestidos de Cristo e de sua justiça. É isso que é preciso para participarmos das núpcias do esposo. Está com a veste adequada, é ser coerente com o que o Senhor nos pediu: atender o seu chamado e deixar que ele faça sua vontade, como rezamos no Pai Nosso. Precisamos abandonar nossas falsidades, nossas invejas e maldades, diante do irmão e tomar o traje da lealdade, da coerência, do perdão e da disponibilidade para o ministério missionário.

Será que teremos tempo acolher o convite do Evangelho da alegria? Alegria, porque a festa do noivo divino trará um ambiente de banquete farto, de muitas comidas, de muitas músicas, de gente que dança com o coração cheio de paz e dignidade. Nesta festa também há comunhão, igualdade e fraternidade. Todos estão juntos à mesa, com a veste da justiça, requisito primeiro que possibilita a participação no banquete divino.

Em Cristo e em sua ressurreição se cumprirá o que o profeta anunciou na primeira leitura: O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra” (Is 25,8). O sonho de Deus é ver toda a humanidade participando da festa da dignidade, da comunhão e da fraternidade. Basta que os convidados possam aceitar o seu chamado e, ao mesmo tempo, vistam o traje adequado, que é a prática da justiça e do amor, que nascem das palavras santas do Evangelho. Amém!

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 5, 1-7; Sl 79 (80); Fl 4, 6-9; Mt 21, 33-43

POESIA

A VINHA É DO SENHOR

O divino dono da vinha,
Buscou terreno apropriado,
Cultivou com imenso carinho,
Como um agricultor dedicado.
Tirou todas as pedras e os espinhos,
A plantou e a cercou de cuidados.

Todo o amor foi para a sua vinha,
Pelo zelo da bela plantação,
Pelo amor e a sua beleza,
Pela guarda e pela proteção,
Construiu ao redor fortaleza,
No cultivo de sua plantação.

Confiando aos vinhateiros,
Sua vinha, a eles entregou,
Para quando na sua colheita,
Fazer o que planejou,
E ter suas uvas perfeitas,
Que ele felizes esperou.

Mas não se cumpriu o esperado,
Ouve morte e a crueldade,
Vinhateiros mal intencionados,
Com o egoísmo e muita maldade,
Torturam o Filho amado,
E se apossaram da propriedade.

O Senhor nos fez sua vinha,
De amor Ele vem nos cobrir,
Seus cuidados vêm nos cultivar,
Seu carinho a nos invadir,
Misericórdia que vem nos salvar,
Seu Espírito a nos consumir.

Os seus frutos, a bebida nos traz,
Quando vier a colheita devida,
Ele nos quer vinhateiros do bem,
Pra cuidar de sua vinha querida,
E nós seus herdeiros também,
Para a paz e a festa da Vida.

Que na vinha sejamos irmãos,
A vivermos a obediência e o amor,
A justiça possa acontecer,
A Comunhão seja o nosso esplendor
E o egoísmo possamos vencer,
Porque a vinha é do Senhor.

 

HOMILIA

Nós somos a vinha do Senhor

O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43). Estas palavras de Jesus, dirigidas mais uma vez aos sumo sacerdotes e anciãos do povo, anunciam as consequências da ignorância e da violência da qual os chefes de Israel trataram os profetas, o próprio Filho de Deus e seus discípulos.

Deus Pai, criador do universo, com tanto carinho e cuidado tratou o povo da antiga aliança com amor fiel e o alertou dos erros e perigos que poderia passar. Os profetas foram porta-vozes da sua Palavra anunciando a esperança e propagando a fidelidade ao projeto de Salvação.

O profeta Isaías faz referência a vinha criada por Deus: “Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens” (Is 5,2).

Muitas lideranças não acolheram o anuncio dos profetas, os torturaram e os mataram, pois não aceitarem os alertas no trato com a vinha divina. Apesar de tantas controvérsias das lideranças do Povo escolhido, Deus continuou amando e cuidando com muito amor e carinho da sua vinha. Mas a prepotência dos cuidadores confiados por Deus deixou os frutos se tornarem selvagens e amargos.

Deus Pai continua fiel ao seu projeto e assim envia o Filho ungido para tratar da vinha, mas os vinhateiros não o aceitam e o matam. Com a sua morte nasce uma vida nova e um novo povo. Novos vinhateiros são escolhidos para cuidar da vinha santa, a Igreja na qual deve se cultivar o Reino de Deus. Nisto nós nos voltamos para o início desta homilia: “O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos.” (Mt 21,43).

Hoje nós somos a nova vinha da qual se deve cultivar os frutos da justiça, da vida e da paz. Somos vinha e trabalhadores ao mesmo tempo, a serviço do agricultor divino. Devemos ter cuidado para não agirmos como os vinhateiros homicidas, os quais detiveram a vinha e não aceitaram a presença do Filho amado e assim promoveram a violência e a morte.

A vinha é de Deus, nós somos dele e a ele prestamos obediência, amor e culto. De certa forma estamos a serviço de pequenas vinhas: família, grupos, comunidades e uma atividade missionária. E nossa parte é exatamente o cuidado e a atenção para com a grande Vinha que Deus ama e quer que cresça pelo mundo, o Reino de Deus. Ao redor do banquete, nos alimentamos do pão e bebemos do vinho, fruto da terra, do trabalho do homem e que é alimento e bebida para a nossa salvação.

Neste momento nos perguntamos: como está a nossa condição de vinhateiros do Senhor? Estamos cuidando do terreno, zelando pelo cultivo para que dê frutos saborosos para alimentar a nossa esperança, suscitar a justiça, a paz e nos colocarmos a caminho da salvação? Nosso amor e cuidado fará a beleza e o esplendor da vinha amada por Deus. Se não cuidamos, outros poderão receber esse encargo de Deus.

Elevemos nossas orações ao Senhor através do salmo 79(80) para pedirmos a proteção em favor da nossa perseverança e de nossa fidelidade de bons vinhateiros do Senhor a serviço da vida e da paz: “Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos a vida, e louvaremos vosso nome! Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo, e sobre nós iluminai a vossa face! Se voltardes para nós, seremos salvos.” Amém!

XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ez 18, 25-28;  Sl 2 4; Fl  2,1-11; Mt 21, 28-32

POESIA

FILHOS DO SIM E DO NÃO

Está disponível para servir,
Ser coerente com o chamado,
De corpo e alma para vinha,
Como filho do Pai amado,
Dizer sim e confirmar,
Ao Evangelho semeado.

Buscar e viver o amor,
Prontos para anunciar,
Na vida da comunidade,
Vivendo pronto a partilhar,
Na vinha do nosso Deus,
Que está sempre a chamar.

Às vezes filhos dizendo não,
Quando o pecado vem a invadir,
E o coração querendo negar,
Por tantas coisas a infringir,
Fraquezas que vem e impedem,
A santa vinha querer servir.

Somos filhos que dizem sim,
Porque olhamos para o Senhor,
Que viveu a santa obediência,
Ao Pai Santo e vivo amor,
Porque a vinha veio cultivar,
Através do seu plano salvador.

Busquemos em Cristo a obediência,
E aprendamos o sim e o servir,
Abraçando a missão confiada,
E a voz do Senhor sempre a ouvir,
Servindo à messe tão imensa,
Que o dono quer a todos reunir.

A vinha precisa de trabalhadores,
Porque o dono os chama à colheita,
Para que se produza a alegria,
Que brota da fonte que é perfeita,
Jorrada da entrega do Santo fruto,
Que do Pai recebe a missão e aceita.

Busquemos na Mesa Sagrada,
A fazermos a santa experiência.
Com o Senhor que quer nos encontrar,
Que nos ama e cuida com paciência,
Por que na mesa queremos repartir,
E aprendermos a santa obediência.

 

HOMILIA

Chamado à vinha do Senhor

“Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21,31). O que nos incomoda nesta parábola de Jesus? Que questionamentos estas palavras nos trazem diante de nossa condição de batizados? São palavras de Jesus que nos inquietam e nos provocam a refletir sobre as nossas atitudes de discípulos dele. Trata-se de uma motivação para que avaliemos até que ponto a nossa obediência e nossa experiência com ele seja coerente.

Na liturgia deste domingo, Jesus se dirige aos sacerdotes e anciãos do povo (cf. Mt 21,31) com seus ensinamentos sobre o Reino de Deus (a vinha). Na compreensão dos sacerdotes e anciãos, somente o povo escolhido, ou seja, da primeira aliança (Israel), tinha direita à salvação. Portanto, o filho (povo) que disse sim a Deus, muitas vezes não foi capaz de segui-lo e obedecê-lo. Israel que ouviu os profetas, mas que, em muitos momentos, traiu a promessa da aliança. Agora, também não aceita o projeto de Jesus, o qual inclui todos ao plano da salvação. Essa é a questão!

Há outro filho (povo pagão), que disse não, mas que depois foi capaz de repensar a resposta e aderiu ao chamado em favor da vinha do Senhor. Jesus se refere aos pecadores, marginalizados, surdos, mudos e publicanos que vivem num caminho contrário ao projeto de salvação. Estes, pelas suas atitudes dizem não, mas na hora do chamado para vinha, abraçam de corpo e alma e seguem obedientes. Eles transformam suas vontades em favor do Reino de Deus. E inclusive dão testemunho do que falam e vivem na caminhada com o Senhor.

Diante deste ensinamento de Jesus, onde nos enquadramos? Com quem nos identificamos mais? Estamos do lado de quem? Dependendo da nossa postura, podemos nos assemelhar com o primeiro ou com o último filho. Muitas vezes dizemos “Senhor, Senhor” em nossas orações, mas não fazemos a vontade de Deus nosso dia a dia (cf. Mt 7,21). Poderemos falar de caridade, mas na prática, no contato com o outro, somos insensíveis e hostis. Isso significa dizer sim e não ir à vinha.

Por outro lado poderemos cair no pecado de recusa a vontade de Deus, de se colocar contrário ao seu projeto, porém, ao cairmos no arrependimento nos reconciliamos e a partir de uma decisão seguimos em frente fazendo a vontade de Deus. Muitas vezes, somos um pouco dos dois filhos. Com nossa natureza humana, vamos buscando acertar e dizer sim ao dono da vinha.

Quando o nosso discurso cristão está distante da prática, poderemos ser igual ao filho que disse ir para a vinha e não foi (cf. Mt 21,30). Nossa resposta positiva se dá na nossa caminhada com Cristo. Nossa confirmação para o discipulado é coerente quando assumimos a missão junto ao mestre que nos chama em cada momento de nossa vida.

Há um terceiro filho que diz sim e vai. O próprio Cristo é o filho coerente o qual devemos seguir e dar testemunho dele. Diz São Paulo: “Ele, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2,6-7). Cristo viveu a entrega total ao Pai quando se encarnou no meio de nós, sendo obediente até a morte e morte de cruz (cf. Fl 2,8).

Nós somos chamados a seguir o modelo do terceiro filho. Muito mais do que isso, deixar que o seu chamado e a sua pessoa faça parte de nossa vida, por inteiro. Quantas vezes precisamos nos entregar e nos esvaziar de nós mesmos, para que o Reino de Deus seja anunciado e seja presença na caminhada da Igreja. As nossas comunidades cristã são chamadas a viver o sim coerente ao projeto de salvação. Pelo batismo, somos todos chamados à grande vinha do Senhor. O nosso sim é a missão de cuidar da semeadura do Evangelho. Mas sempre com a consciência de que a vinha é sempre do Senhor.

E quando estivermos sentindo que o nosso sim está se tornando um não a Deus, pelos nossos pecados, precisamos repensar nossa vida. Precisaremos refazer o percurso, nossas atitudes, nossas ações e nossas orações. O ser cristão será sempre uma busca de viver o sentido de acordo com a Palavra de Deus.

Busquemos, sempre no Senhor, o sentido de nossa existência com ele. Rezemos com o salmo 24: Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação; em vós espero, ó Senhor, todos os dias!”. Amém!

XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 55,6-9; Sl 144(145); Fl 1,20c-24.27a; Mt 20,1-16a

POESIA

OS PENSAMENTOS DO SENHOR

Os pensamentos do Senhor,
Dos nossos está distante,
Porque são todos perfeitos,
Retos e também constantes,
Transformam a nossa existência,
São justiças e paciência,
Amáveis e fascinantes.

A justiça do Senhor,
Nasce da sua bondade,
Das ações do acolhimento,
Nas tantas realidades,
Acolhe quem está chegando,
A todos o amor doando,
Além das nossas verdades.

O agir do nosso Deus,
Quer a todos converter,
Sendo bom e generoso,
Para o seu reino crescer.
Assim são seus pensamentos,
Não importa o momento,
Quer sua vinha colher.

O amor de nosso Deus,
Nos chama pra sua a missão,
Trabalhar na grande messe,
Pela evangelização,
A Sua justiça pregar,
Seu amor testemunhar,
Em favor da salvação.

Somos todos operários,
Qualquer hora convocados,
Não importa quem nós somos,
Nem quando somos chamados,
O importante é atender,
O caminho percorrer,
Para ser recompensado.

Que a Santa Eucaristia,
Tire nossa ambição,
Nossa inveja e ciúme,
Que nos leva a perdição,
E que na comunidade,
Se viva a fraternidade,
Amor, vida e união.

HOMILIA

A justiça de Deus

“Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.” (Mt 20,16a). Numa sociedade onde precisamos superar limites, cumprir metas e buscarmos a excelência acima de tudo, esta mensagem de Jesus segue na contramão. Deus inverte os seus conceitos para nos ajudar a compreendermos a sua justiça. Deus não age conosco como um varejista, mas como quem nos ama ilimitadamente.

A parábola dos operários da primeira e última hora vem nos apresentar o jeito de Deus agir para com os seus filhos. Dentro de nossas concepções, apenas humanas, é contraditório e inadmissível imaginar alguém que pague a mesma remuneração a quem trabalhou o dia inteiro e para quem ficou somente uma hora do dia. Mas Deus tem o direito de agir como quiser.

Nesta parábola, podemos tirar muitos ensinamentos: primeiro, o evangelho de Mateus nos aponta o contexto da realidade da palestina, no tempo de Jesus. Havia muitos desempregados e marginalizados que buscavam também a sua dignidade no trabalho. Jesus contemplando a vida do povo denuncia esta realidade social e econômica de seus conterrâneos. Por isso usa esta parábola para ensinar sobre a justiça de Deus.

Um segundo ponto: a categoria os trabalhadores da primeira hora se refere ao povo da primeira aliança, os judeus. Jesus enfrentou muitas adversidades por ter acolhido muitas pessoas que não faziam parte do grupo do povo considerado escolhido. Os seguidores de Cristo são os operários da última hora os quais tem o mesmo direito ao Reino de Deus e a sua justiça. São os que recebem o mesmo pagamento pela sua missão.

A atitude do patrão para com os empregados da última hora não o torna injusto, mas generoso. A bondade de Deus não tem como base as nossas concepções materiais e econômicas. Ele cuida de todos com amor e com sua justiça. Isaías nos diz em seu texto: “meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra” (Is 55,9).

Para entendermos o sentido desta parábola faz-se necessário voltar o nosso coração para o Senhor e sua palavra. Somente uma vida marcada pela adesão ao caminho de Jesus poderá nos colocar ao lado do patrão que paga a todos igualmente sem se importar com o tempo de cada um. O nosso serviço à Igreja é gratuito. Não podemos cobrar de Deus somente por estarmos a muito tempo nos grupos e ministérios.

Quando se vive há muito tempo na caminhada de oração e de missão com o Senhor, deve-se dar graça por tanto tempo com o Senhor. Pela experiência e por tantos aprendizados na vida cristã. É atitude coerente com Deus acolhermos quem está iniciando um processo de encontro com Jesus, seja criança, jovem ou idoso. Eles são os operários de última hora. Eles têm o mesmo direito às dádivas de Deus que os chegaram nas primeiras horas.

“Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo” diz São Paulo, escrevendo ao filipenses (Fl 1,27a). É o amor ao evangelho que nos dá compreensão dos pensamentos de Deus. Viver a palavra de Jesus é, portanto, ter a postura justa e amável, pelo bem dos irmãos. Que em nossa vida de cristãos possamos abraçar cada vez mais aquilo que Deus nos ensina sobre a sua justiça e seu amor. Rezemos com o salmo: É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz” [Sl 144(145)]. Busquemos a santidade do Senhor para sermos presença do Reino de Deus, já aqui entre nós na terra. Amém.

XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Eclo 27,33-28,9; Sl 102(103); Rm 14,7-9; Mt 18, 21-35

POESIA

O PERDÃO TOTAL

Perdão de Deus sem se limitar,
Que na prática não quer se enumerar,
E quantos retornos é preciso fazer,
Quando as quedas vêm a acontecer.
Porque o importante é a conversão,
Que tira o filho da confusão,
Para o seu caminho de novo fazer.

Perdão de Deus que se dá no amor,
É o perdão que não guarda rancor,
Que se dá pela santa e forte acolhida,
Na misericórdia sempre vivida,
Na história ativa de um caminheiro,
Deus presente como um companheiro,
Que abraça no retorno que traz à vida.

Perdão de Deus que vem nos reconstruir,
Para que o caminho possa-se prosseguir,
Buscando na trilha de santidade,
Que se faz na vida de humildade,
Perdoando sempre e sempre perdoado,
Abraçando e também abraçado,
Para retomar a fraternidade.

Perdão de Deus que promove a paz,
Na busca do Reino que se refaz,
Quando a violência quer sufocar,
E o ser humano quer escravizar,
Impedindo a vida de comunhão,
Que se faz viva no vinho e no Pão,
E a comunidade a sustentar.

Perdão de Deus para a humanidade,
Que vence as guerras e atrocidades,
Lição divina para o mundo ver,
Para as nações a paz promover,
E as injustiças e opressões,
Sejam vencidas nos corações,
Para o Reino de Deus acontecer.

HOMILIA

Perdoar sem limites

“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?” (Mt 18, 21). Esta é a pergunta do discípulo que quer acertar na caminhada com Jesus. Porém, a pergunta de Pedro expressa ainda a limitação do quanto deve-se perdoar o irmão. A resposta de Jesus [“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 22)], vem carregada de sentido, pois, o número sete, na Bíblia, quer dizer completude, perfeição. O perdão perfeito é o que deve ser dado sempre e que não tem limites. É nesta dinâmica que a comunidade dos irmãos em Cristo cresce e se aperfeiçoa na construção do Reino de Deus.

O que seria do mundo, se não houvesse o perdão entre os humanos? O que seria da comunidade cristã, se a vida de cada membro não tivesse o precioso sacramento da confissão? E se Deus colocasse limites, quando durante a nossa vida, fôssemos pedir a confissão ao sacerdote? O amor de Deus por nós é insuperável e infinito. Ele não leva em conta as nossas imperfeições e limitações.

A nossa vida entre os irmãos, no dia a dia, tem sempre falhas, erros, misérias e os mais diversos pecados. E a nossa convivência se mantêm porque toleramos essa condição de pessoas com equívocos e fraquezas perante o outro e com o outro. Por isso, perdoar sempre é a condição para fazermos crescer a fraternidade e a paz no mundo.

Deus é esse Pai (patrão) que, tendo compaixão de nós, perdoa as nossas dívidas impagáveis e nos liberta da escravidão do erro e da condenação, para prosseguirmos a vida (cf. Mt 18,27). Por isso, quando somos perdoados por Deus devemos também perdoar o irmão que pecou contra nós.

Ao sairmos do confessionário, não devemos fazer como aquele empregado da parábola de Jesus, que ao ser perdoado e libertado pelo seu patrão, foi incapaz de perdoar o seu irmão (cf. Mt 18,30). A sua insensibilidade o cegou e o encaminhou de volta a escravidão.

O perdão será sempre a atitude que vencerá a vingança, a violência e os ressentimentos contra o irmão. Neste sentido o livro do Eclesiástico nos dirá: “Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados” (Eclo 28,2).

Perdoar é permitir que o outro cresça na santidade e também a possibilidade de libertar-nos daquilo que nos angustia, nos escraviza e nos emperra na caminhada do nosso discipulado. A vida de santidade será sempre esse empenho em buscar o perdão do outro e de Deus, como também, praticar o perdão quanto for solicitado.

Esta é a exigência de Cristo para conosco. Somos dele e vivemos nele e para ele, como nos fala a carta de São Paulo aos Romanos: “… vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14,9). Viver em Cristo e para Cristo, é colocar em prática a oração que ele nos ensinou: “Perdoai a nossas dívidas [ofensas], assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6, 12).

Portanto, o perdão é que nos impulsiona a seguir na nossa experiência com a nossa família, no nosso grupo de Igreja, com os colegas de trabalho e na nossa resposta vocacional a qual nos dispomos a assumir. A vida de perdão não significa ser conivente com as injustiças e atrocidade, mas a possibilidade de reconstrução e ressignificação da vida do outro e também da nossa. Perdoar será sempre a atitude que poderá levar a conversão e a transformação de uma pessoa que quer recomeçar.

Peçamos as luzes e a força do Divino Espírito Santo, para que nos encha de sua sabedoria e da sua graça, para que aprendamos, de Deus Pai misericordioso, a vivência do perdão, por que ele “é bondoso, compassivo e carinhoso. Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão” (Sl 102/103). Amém!

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ez 33,7-9; Sl 94(95); Rm 13,8-10; Mt 18,15-20

POESIA

OS CONSELHOS DO SENHOR

A palavra do Senhor vem nos alertar,
Sobre nosso agir e nossas intenções,
Para quando vermos o erro do irmão,
Possa-se o ajudar nas correções,
Para que não caia na condenação,
E mergulhe no mar das ilusões.

E quando a escuta não acontecer,
Outros irmãos podem se achegar,
Para a ajuda na fraternidade,
Não deixe o amigo se desviar,
Correção de justiça e caridade,
Para no perdão se reencontrar.

A Igreja em Cristo pode ajudar,
Quando a rebeldia persistir,
Ficando o errante na resistência,
Em Cristo amor possa-se corrigir,
Com atitudes de santa paciência,
Em vista de o caminho restituir.

Sendo a opção de contra testemunho,
Como de um errante caminheiro,
Abraça-se a reais causas desta opção,
Buscou-se a ajuda ao companheiro,
Mas na sua liberdade ele disse não,
Será tratado como desordeiro.

Se caminharmos por trilhas errantes,
Sem foco no nosso no santo caminho,
Lembremos que é possível nos refazer,
Tendo certeza que não estamos sozinhos,
Podendo-nos em nova vida florescer,
E sentirmos o amor de Deus como carinho.

E quando vier nossas tentações,
De fugirmos dos conselhos do Senhor,
Busquemos o encontro na comunidade,
Onde se encontra o irmão e seu calor,
Por que o que une é a fraternidade,
Que vem da Mesa Santa do amor.

HOMILIA

A correção fraterna da Igreja

Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles” (Mt,18,20). A comunidade cristã é o lugar do encontro fraterno dos irmãos e irmãs com Cristo. Não importa a quantidade (cf. Mt 18,19). Mas não se encontra somente para rezar juntos, também para a correção fraterna e para o perdão, livre dos fuxicos e escândalos. Na comunidade buscamos ser pessoas melhores, autênticas, fraternas e justas.

Em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia nos reunimos para crescer como irmãos e irmãs, motivados pelo amor fraterno, para ligar a terra ao céu e fazermos a vontade de Deus (cf. Mt 18,18). Nossa participação nas missas deve ir além de um preceito ou obrigação. Deve ser uma necessidade de encontro com quem mais amamos em nossa existência, Jesus Cristo.

O que deve nos motivar é que, quando nos reunimos, nos encontramos pelo sentimento e consciência de sermos congregados no mesmo Senhor que nos inseriu numa comunidade viva, através da sua paixão, morte e ressurreição. O batismo nos faz irmãos e irmãs da mesma família no Ressuscitado.

Neste sentido a comunidade é o lugar onde também nos vemos como pecadores. Somos humanos e errantes, muitas vezes. Em alguns momentos estamos mais propensos a enxergar os erros e misérias do irmão. Mas a vida comunitária nos ajuda a buscarmos a santidade e sermos também corrigidos pelo grupo fraternal. Jesus nos orienta sobre a correção fraterna (cf. Mt 18,15-17).

Estamos na Igreja para aprendermos a caminhar na santidade e acolher a correção do outro. São Paulo nos fala do maior mandamento com sinal de amor a Deus e ao próximo (cf. Rm 13,10). Por isso a correção fraterna é o amor ao outro que erra.

O encontro com o Senhor e com os irmãos, só tem sentido para quem vive nesta experiência de crescimento e alegria. Sim, a comunidade dos cristãos também é um lugar de festa e alegria. É maravilhoso o costume de comunidades que ao final da celebração tomam um cafezinho na porta da Igreja. Ali conversam sobre sua família, suas dificuldades e suas vitórias. Como é bom este momento!

Também quando se festeja o padroeiro ou se fazem outros eventos da comunidade, se percebe a comunidade como um grupo de irmãos que se envolvem nas atividades da festa. E aí também se avalia as dificuldades de responsabilidades para que a comunidade seja de responsabilidade de todos.

Num mundo onde se motiva a exclusão por qualquer atitude de erros, corremos o risco de expor os irmãos na Igreja. Jesus nos aconselha que a atitude não é essa (cf. Mt 18,15). Faz-se necessário conversar em particular. Não somos nós, os que devem dá a sentença sobre os erros dos outros, mas ajuda-los na conversa fraterna. Em outros momentos deixemos que outro também nos corrija. Quanto ao julgamento, este vem de Cristo, pois ele é que amor, misericórdia e perdão em vista da nossa conversão e salvação.

Quando vemos no outro o erro e não o ajudamos a seguir o caminho certo, também somos responsáveis por ele. Também devemos rezar pelos irmãos que carregam fardos mais pesados que nós.  Esse “outro” pode ser o pai, a mãe, o(a) filho(a), a esposa, o irmão ou irmã, um amigo ou uma amiga.

Se na convivência cotidiana com nossa família somos capazes de uma correção fraterna e sincera, iremos progredir no caminho da santidade. Pelo contrário precisamos rezar na intenção de que posturas nossas e também do outro se transformem em receptividade e mudança de vida.

Quando não conseguimos ganhar o irmão na correção fraterna Jesus nos orienta que procuremos mais pessoas para que se faça oriente o caminho do bem. Se não conseguimos procuremos a Igreja (cf. Mt 18,17). A Igreja tem a Palavra da verdade, da justiça e também, da caridade e da misericórdia.

A Igreja, comunidade de vida, verdade e justiça, não deve se omitir quando nossos pecados são motivos de injustiça e erros graves. E principalmente quando os erros humanos interferem nas realidades das outras pessoas. Por isso a Palavra de Cristo é a palavra também da verdade e da Justiça.

Que o Espírito nos ilumine para o discernimento e para a coragem de procurarmos nossos irmãos para a correção fraterna, quando for necessário. E que tenhamos também a lucidez de oferecermos os passos que forem preciso para ganharmos nosso irmão para Deus. E que, em nossa caminhada de discípulos missionários de Cristo, estejamos sempre abertos a crescer na santidade. Não fecheis o coração, ouvi, hoje, a voz de Deus!” (Sl 94). Amém.

XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A

Leituras: Is 22,19-23; Sl 1437(138); Rm 11,33-36; Mt 16,13-20

POESIA

PEDRAS DE EDIFICAÇÃO DA IGREJA

No caminhar com o Senhor,
Somos sempre interrogados,
Por sua Palavra viva,
Que nos faz os congregados,
Pedras de edificação,
Seu rebanho consagrado.

Seu rebanho consagrado,
Que escuta a voz do amor,
Seguindo-o por sua vida,
Como nosso redentor
Respondendo seu chamado,
Da alegria e do esplendor.

De alegria e de esplendor,
Será sempre a missão,
Que se da a todo dia,
Na vida de todo cristão,
Na fé e perseverança,
Que nos leva à salvação.

Que nos leva a salvação,
Assim, Pedro proclamou:
Tu és filho do Deus vivo,
Assim ele acreditou,
Foi por Deus iluminado,
Pois sua fé professou.

Pois sua fé professou,
Não das várias opiniões,
Dos outros que estão lá fora,
Com suas fortes emoções.
Mas da sua intimidade,
Retirando as ilusões.

Retirando a ilusões,
É para nós os cristãos,
Que abraçamos fielmente,
As trilhas da salvação,
Que nos dá a segurança,
A Paz e a redenção.

A Paz e a redenção,
É o que todos nós sonhamos,
Na busca de um mundo novo,
Onde o pão partilhamos,
E a Santa Eucaristia,
Seriamente comungamos.

HOMILIA

As chaves e os tijolos da construção espiritutal

“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 19,19).

Quem é Jesus para nós? Ele que nos diz, entregar a chave nas mãos dos que ficam por conta do seu rebanho? Quem é esse Deus que permite aos seus sucessores ser como pedras de fundamento para a sua Igreja?

O Evangelho de hoje nos pede inicialmente a nos perguntarmos quem é Jesus para cada um de nós. Nós que caminhamos com a Igreja, que escutamos a Palavra do Senhor, que participamos da sua mesa, não podemos caminhar sem conhecê-lo ou sem fazermos uma experiência mais profunda em nossas vidas. Nossas respostas não podem ser aquelas decoradas ou pronunciadas por outros irmãos, ou melhor, deve ser expressão da nossa convicção, da nossa experiência íntima na caminhada de vida orante junto a Cristo e nas graças que recebemos dele.

Por isso é importante aceitarmos que somente quando caminhamos com Jesus, vivendo no seu amor, sendo fiel a seu evangelho, buscando viver a justiça, a caridade, e vivendo em comunhão com os irmãos e com os mandamentos da Igreja é que teremos conhecido cada vez mais a Ele. E a nossa resposta para os que nos perguntam são ditas com o auxilio de Deus e através do nosso testemunho de vida. Resposta que damos com as nossas ações caridosas e acolhedoras, porque somos discípulos de Cristo.

Somente vivendo em oração, atento a Palavra, alimentando-se da Eucaristia, participando da ceia, nos encontro com os irmãos, podemos ter convicção de quem é Jesus para nós.

Pedro, que iluminado pela graça de Deus, proclamou o conhecimento verdadeiro de Cristo, agora recebe duas missões exigentes: primeiro ser pedra firme do Edifício Divino que é a Igreja e depois receber as chaves para conduzir o Reino de Deus na terra. Por isso caberá a ele, em nome de Cristo, ligar e desligar. E o poder do mal não mais vencerá (cf. Mt 13,18b), porque em Cristo, que é a nossa rocha, está o reino de amor

E nós, os cristãs de agora, somos também convidados a sermos tijolos de construção do Edifício Espiritual, que é a Igreja. Formamos a comunidade dos seguidores de Jesus. Formamos o rebanho que é conduzido pelo sucessor de Pedro, o Papa. Como responsáveis por uma família, por um grupo da Igreja ou por uma missão confiada e confirmada pela Igreja, e iluminados pelo Espírito Santo devemos ter a chave que é a nossa condução, a nossa responsabilidade em cuidar e colaborar com Cristo na construção do seu Reino.

E Cristo que nos chamou continua a completar em nós a obra que ele iniciou. Somos a, cada dia, formados, recriados entre nossas misérias e virtudes, para sermos sinais de Cristo no mundo.

Rezemos por todos os ministérios leigos, servidores da Igreja e base do povo de Deus, que formam a missão evangelizadora da Igreja. Que o Espírito Santo ilumine o irmão e a irmã que doa seu tempo e sua boa vontade para fazer crescer o rebanho do Senhor. Amém.

XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1Rs 19,9a.11-13a; Sl 84(85); Rm 9,1-5; Mt 14,22-33

POESIA

A TRAVESSIA DO MAR DA VIDA

No remar da nossa vida,
Nas noites das tempestades,
Nas chegadas e partidas,
Em nossas fragilidades,
Procuremos o Senhor,
Que nos dá tranquilidade.

E ao fazermos a travessia,
Nos mares da insegurança,
Busquemos a harmonia,
Nossa força e esperança,
Com o olhar fixo em Cristo,
Ele nos dá segurança.

Nas nossas noites escuras,
Nossa fé, fortifiquemos,
Quando vem as amarguras,
Em Deus todos confiemos,
Para seguirmos no mar,
Sem que nós nos afundemos.

Nossos medos e tristezas,
Não nos venha apavorar,
Não nos tire a beleza,
Da vida e do caminhar,
Para vivermos a missão,
Firmes e sem vacilar.

Que a barca do Senhor,
Vença as tribulações,
E que a força e o amor,
Traga paz entre as nações,
Nossa Igreja a remar,
Vencendo as contradições.

Que a mesa da alegria,
Reúna todos os irmãos,
Com a paz e harmonia,
Sangue e corpo, comunhão,
Que chama à fraternidade,
Destino à ressurreição.

HOMILIA

Chamados e enviados a remar com o Senhor

Irmãos e irmãs, hoje, 19º Domingo do Tempo Comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus que após a multiplicação dos pães ordena aos discípulos a entrarem na barca e seguirem para o outro lado do mar (cf. Mt 14,22). Depois do milagre material do Pão, Jesus chama e ordena que seus discípulos sigam em frente.

Caminhar é preciso, mesmo em meio aos desafios da vida, quando as tribulações e a insegurança os apavoram. Precisam avançar na missão pelo Reino de Deus. Do outro lado há necessitados da salvação e da misericórdia de Deus.

Jesus procura um lugar para sua oração pessoal com o Pai (cf. Mt 14,23). Isto para mostrar a sua sintonia com o Pai. A sintonia que os seus discípulos precisam ter com Deus através da oração. Para quando navegarem nas ondas tempestuosas de suas vidas no mundo, dentro da grande barca de Cristo, a Igreja, poderem fortificar a sua fé e seguirem remando em frente para anunciar a esperança ao mundo.

É madrugada escura e os discípulos estão no alto mar. A barca está agitada pelos ventos contrários ao percurso dos remadores. Os discípulos pescadores, sem Jesus na barca, são invadidos pela insegurança e pelo medo de afundarem antes da travessia. Jesus vem ao encontro dos seus seguidores para acalmá-los (cf. Mt 14,25). Inicialmente, têm dificuldade de reconhecer Jesus e, por isso, em suas mentes, pensam se tratar de um fantasma. E Jesus os tranquiliza: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,26-27).

A cena prossegue e Jesus os chama para que o encontrem mesmo em meio a tempestade. Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,29-30)Sair da barca e deixar os outros não foi uma boa opção para Pedro, ele começa a andar mas afunda. Jesus entra na barca e devolve o devolve ao grupo e a calmaria retorna.

Quantos ensinamentos podemos colher das cenas deste Evangelho. Falando em ondas e tempestades, refletimos que aquele acontecimento no mar de Tiberíades ficou marcado na mente e no coração dos discípulos, principalmente na pessoa do apóstolo Pedro o qual, depois da ressurreição, enfrentou muitas perseguições do Império Romano.

Nós cristãos na atualidade também enfrentamos a insegurança e a falta de fé quando navegamos nas águas do mar da vida e corremos o risco de nos faz afundar. As vezes queremos caminhar sem Jesus, e fora da comunidade dos irmãos, e é então que somos invadidos pelo medo que nos faz afundar em nossa insegurança e falta de fé.

Somos chamados a servir ao Senhor, e quando não caminhamos sobre a força e a alegria de seu Evangelho, a verdade é que o ignoramos. Porque a presença de Cristo em nosso caminhar também nos desafia a ir ao seu encontro pela nossa fé. Precisamos sempre ir ao encontro do Senhor para fazer a travessia na confiança e na esperança.

A fé é que nos faz ter segurança diante das tempestades da vida. A fé que nos faz reconhecer o Cristo como aquele que tem o total poder sobre as tribulações e tempestades causadas pelos poderes do mal. Os cristãos seguem Jesus na barca que é a Igreja, e às vezes caminham sobre as águas (realidades) das superficialidades da vida, das ideologias relativistas e das injustiças que só os causam insegurança e uma mentalidade fantasiosa da existência humana.

Por isso que a presença de Deus em nosso caminhar deve ser reconhecida e acolhida no espírito de simplicidade, como foi a experiência de Elias. E depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” (1Rs 1,13a). É na brisa suave da vida que encontramos Deus e deixamos ele fazer parte de nossa experiência de fé. É na suavidade que encontramos Deus em nossa existência.

Na tempestade do mar da Galileia, o evangelista Mateus nos fala: “Assim que subiram no barco, o vento se acalmou” (Mt 14,32). Quando deixamos Jesus entrar na barca da nossa vida, as coisas se calmam e podemos seguir a travessia. É na calmaria que podemos encontrar a direção da nossa existência. É na confiança da presença de Deus que somos impedidos de afundar na insegurança e no medo de avançar em nosso caminhar.

Os momentos de encontro com o Senhor nos faz seguir pelo mar da vida, vencendo as tempestades junto com os nossos irmãos e irmãs. Confiemos nossa travessia de discípulos ao Cristo que nos oferece sua mão protetora para o retorno à barca. Ele é quem nos salva dos naufrágios da vida. Rezemos com o refrão do salmo 84(85): Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!” Amém.

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1Rs 3,5.7-12; Sl 118(119); Rm 8,28-30; Mt 13,44-52

POESIA

O REINO DE DEUS É PRECIOSO

Ele é nosso tesouro,
Que se dá gratuitamente,
Nossa riqueza e beleza,
Que se faz em nós presente,
Sempre e sempre encontrado,
Pra vida eternamente.

Ele é a nossa Pérola,
Que também nós procuramos,
Exige assim nosso esforço,
Quando então nós o buscamos,
Precisamos então vender,
Tudo que idolatramos.

Ó sabedoria eterna,
Que Salomão suplicou,
Fazendo-lhe um grande sábio,
Porque a Deus o conquistou,
Foi um rei de muita dádiva
E este tesouro comprou.

E no mar da nossa vida,
Que a todos sempre alcança,
Na rede do julgamento,
O amor nossa esperança,
Pois no amor somos julgados,
E o Reino é nossa herança.

Busquemos incansavelmente,
O Reino, nossa riqueza
Este dom tão valioso,
Que nos traz a fortaleza,
Quem o encontra jamais deixa,
Porque dar força e firmeza.

E hoje o Povo de Deus,
Encontra na Eucaristia,
O tesouro precioso,
Que lhe dar força e alegria
Já não é mais escondido,
Está visto à luz do dia.

HOMILIA

Reino de Deus: tesouro e pérola

Irmãos e irmãs, hoje o Senhor nos convoca para mais uma vez participarmos da mesa da sua Palavra e do seu corpo e sangue. Alimentos que não perecem e que matam para sempre a nossa fome e sacia eternamente a nossa sede.

O capítulo 13 de Mateus, o qual nos conta várias parábolas, hoje é concluído, com mais três histórias que Jesus nos conta para comparar com o Reino de Deus. Diante da missão, Jesus sempre usou da sua criatividade para que sua mensagem pudesse atingir o coração das pessoas. Para os fariseus ele era um contraventor, um desobediente à Lei. Para o povo era o mestre, o defensor e representava a esperança.

A primeira parábola é a do tesouro escondido, que é encontrado por um homem do campo, que vende tudo o que tem para comprar aquele pedaço de chão e poder tomar posse do tesouro (cf. Mt 13,44). Foi este tesouro que muitos encontraram ao ouvir as Palavras de Jesus. Foi esta riqueza que os discípulos, deixando suas redes, suas família e suas rotinas, compraram. Eles entenderam o sentido do Reino de Deus, pois foram capazes de desfazerem até de suas próprias vidas para testemunharem e também pregarem sobre a Boa-Nova.

Foi este tesouro (a sabedoria) que Salomão optou quando foi ao santuário e em oração fez o seu encontro pessoal com Deus. Disse o Senhor: Pede o que desejas e eu te darei (cf. 1Rs 3,5). E Salomão responde: Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal (cf. 1Rs 3,9). Foi com este segredo que Salomão se tornou o rei mais sábio de Israel. Ele fez a opção pela sabedoria de Deus e se deixou guiar por ela.

A segunda é muito parecida com a primeira. A diferença é que quem compra pérolas, se esforça para encontrar uma de maior valor possível. Quando a encontra vende seus bens para poder adquirir aquela valiosa pérola (cf. Mt 13,44). Neste segundo momento vale lembrar que precisa-se do empenho, do esforço para que o Reino seja encontrado. Há uma busca e uma valorização maior, porque parte de quem se interessa.

Em nossos dias sabemos que este Reino ainda está escondido, mas sempre é possível de ser encontrado. Está escondido e ao mesmo tempo pode ser encontrado nos grupos, nas pessoas que deixaram (venderam) um modo de vida e refizeram seus caminhos e vivem seguros de terem encontrado o mais valioso tesouro que dá o sentido de suas vidas, o próprio Cristo, sua Palavra, seu Corpo e Sangue (Eucaristia).

De outro modo, outras pessoas, “caindo em si” (cf. Lc 15,17), procuraram comprar a pérola mais preciosa, a mais importante, a qual precisava tomar posse. Buscar a pedra mais cara exige esforço, busca, perseverança e um redirecionamento da vida. Tomar posse do Reino de Deus e fazer com que ele se torne realidade é um processo no qual se inicia a nossa peregrinação rumo a salvação.

A terceira parábola fala da diferença que há entre os que têm o tesouro e o que o desprezaram. Os peixes bons e os maus. Os que buscaram o amor e os que fizeram a sua opção por algo sem valor. O Reino de Deus está em nosso meio, mas precisa ser encontrado e buscado por cada um de nós.

No julgamento final seremos avaliados de acordo com as nossas opções. Os que abraçaram o valioso tesouro do Reino de Deus (os bons), serão separados dos que não optaram e se deixaram levar pelas ilusões do mundo. Que no dia do juízo possamos rezar como o salmo 118: “Como eu amo, Senhor, vossa lei, vossa Palavra! É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata”. Reflitamos sobre o Reino de Deus e seu valor incalculável! Amém.

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Sb 12,13.16-19; Sl 85(86); Rm 8,26-27; Mt 13,24-43

POESIA

A PACIÊNCIA DE DEUS

Reino de Deus, sem limites,
Que cresce imensamente,
Em meio aos males do joio,
Vai se espalhando fortemente,
Para a colheita do amor,
Santa e divina semente.

Reino de Deus paciente,
Que cresce enquanto dormimos,
Que tem raízes profundas,
Pois nele, nós existimos,
Cada dia, cultivados,
E ao semeador nos unimos.

Reino de Deus de bondade,
Que julga com retidão,
Que queima as força do mal,
Com Espírito de purificação,
Convertendo a nossa vida,
A partir do coração.

Reino de Deus consistente,
Cheio de Simplicidade,
Como a pequena mostarda,
Cheia de capacidade,
Que cresce e traz seu verdor,
Com força e vivacidade.

Reino de Deus em mistério,
Fermento que vai crescendo,
Com calma vai se espalhando,
Como que se escondendo,
Mas que vai se construindo,
E aos seus servos acolhendo.

Reino de Deus de alegria,
Que faz a todos, irmãos,
Que nos reúne em festa,
Pra colhermos a união,
Fortalecendo o encontro,
Vivido na comunhão.

HOMILIA

A semente boa, a mostarda e o fermento no mundo

Na liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum, Jesus continua ensinando à multidão camponesa da Palestina. Suas belas parábolas (comparações) tocavam o coração das pessoas e os fazia entender o sentido daquilo que é o Reino de Deus. A linguagem simples de Jesus aproximava cada ouvinte do amor de Deus e o ajudava a encontrar o sentido de suas vidas, nas suas buscas. Talvez a dificuldade dos fariseus em entender Jesus fosse exatamente esta resistência em aceitar um Deus muito próximo. Um Deus simples, amável, misericordioso e paciente com o pecador.

Com que se parece o Reino dos Céus? O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo”. (Mt 13,24). “É também como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo” (Mt 13,31) …Ou “como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado” (Mt 13,33). Essa era a pedagogia de Jesus: perguntar e comparar as coisas do céu com a vida concreta do povo.

A semente boa foi plantada. Depois, outras sementes, piores, foram também jogadas e germinaram juntas com as primeiras. Como entender que Deus, o bom semeador, permita que o maligno semeie o mal em meio ao bem? Esta realidade Jesus percebeu quando pregava ao povo. Enquanto o seu Reino de amor era anunciado, outros também anunciavam os males da divisão. O coração das pessoas ficava, muitas vezes, confuso e dividido. Mas ao mesmo tempo a palavra ia crescendo e se espalhando junto com as ideologias do poder romano. Era preciso deixar que Deus pudesse cuidar do julgamento e oferecer seu parecer.

Inicialmente, o Reino dos céus é simples e aparentemente insignificante, como uma minúscula semente, mas que vai nascendo aos poucos e tornando-se grande como o pé de mostarda. É assim o agir do nosso Deus, ele nos transforma de forma leve e paciente. E nós, aos poucos, vamos nos deixando conduzir por ele. Com o tempo, como seus servos, nos mostraremos como sinais da presença de Deus no mundo.

Aos poucos vamos deixando o seu Espírito agir em nossa vida através da oração. São Paulo nos fala, na segunda leitura: “Nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis” (Rm 8,26). Deixemos Deus agir em nosso caminhar e ele nos mostra as trilhas do nosso percurso.

Jesus insiste ainda que podemos observar o Reino como o fermento. Sem percebermos a sua presença visualmente, ele faz crescer a massa, com sua força química. A força (fermento) do Reino está crescendo em meio à sociedade, sem que possamos ver.

Como entender o ambiente de Paz, respeito e lealdade em nossas repartições públicas e privadas? E a caridade material e espiritual em meio a tanta miséria nas mais diversas realidades humanas? E as manifestações pela vida e pela justiça social, nas ruas e nas praças públicas? É a presença invisível do Reino dos céus crescendo e fermentando os corações humanos com a força do bem.

Em nossas comunidades, se mergulharmos profundamente em suas histórias, perceberemos que muitas coisas mudaram. A comunidade, o grupo ou o movimento nascem pequenos e vão crescendo. A participação do povo aumentou, novos movimentos vão surgindo e se expandem pelos mais diversos lugares da cidade e do campo. Talvez muitas pessoas, que não participam, não percebam. Mas as que estão na caminhada sentem de forma relevante que suas vidas se transformaram e que elas têm uma missão a realizar em favor do bem e da paz.

Olhemos a Igreja e vejamos que ela é a boa semente, o grão de mostarda e o fermento que nasceu, cresceu e se espalhou pelo mundo. Nasceu quando do alto da Cruz foi regada pelo sangue de Jesus. Foi fecundada e, ao mesmo, tempo foi se expandindo em meio aos males e controvérsias do mundo. Mas como semente boa, produziu e produz muitos frutos para o crescimento do Reino de Deus.

O amor de Cristo como fermento, faz crescer no coração invisível do homem a essência e a força do Reino dos céus. Cada batizado, como aqueles servos da parábola, carrega ao mesmo tempo o trigo e o joio. Aos poucos vai se deixando transformar com a força do Espírito Santo, que o converte e o faz Santo. Somente Jesus foi a semente perfeita que, humanamente caído na terra, fecundou e fez nascer a salvação para toda humanidade.

Que o nosso Deus, que é bom, é clemente e fiel (cf. Sl 85/86) venha com o seu Reino, pela ação do seu Espírito, fecundar o coração das crianças, dos jovens, das famílias e dos idosos, para que os frutos do amor, da fraternidade e da paz cresçam e transformem o nosso mundo. Sendo paciente e bondoso, o Senhor faz crescer a sua vinha e no dia oportuno virá para a colheita. Ele julgará com sua justiça a fim de que o seu Reino seja implantado definitivamente.