Solenidade da Santíssima Trindade do Tempo Comum

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Dt 4,32-34.39-40; Sl 32; Rm 8,14-17; Mt 28,16-20

POESIA

UM DEUS COMUNIDADE

Um Deus Trindade,
Que se faz presente,
Mas que já existia,
Na vida da gente,
Caminhando na história,
Que nos traz a vitória,
E é onipresente.

Um Pai de amor eterno,
Que se faz bondade,
Na misericórdia.
Na santa unidade,
Voz nos profetas,
Por eles aponta a seta,
Com fidelidade.

Um Filho de rosto amoroso,
Que se revelou,
Conosco veio morar,
E não se limitou,
À nossa inteligência,
Eterna benevolência,
Que tanto nos amou.

Espírito, sopro de Vida
Que vem nos capacitar,
Com os dons de seu amor,
Sempre a nos iluminar,
Fazendo-nos também luz,
Na vida vem e no conduz,
Sempre a nos recriar.

Um Deus trino e eterno,
Na Santa Eucaristia,
Mesa grande, santa e farta,
Que nunca fica vazia.
Que por sua santa ternura,
Faz-nos novas criaturas,
Restaura nossa alegria.

Deus em comunidade,
De Perfeita comunhão,
Que a nós se revelou,
Com a sua forte ação,
Fazendo-nos seus herdeiros,
Salvou-nos por inteiros,
E restaurou nossa união.

 

HOMILIA

A Comunidade Santa

No domingo depois de Pentecostes celebramos a solenidade da Santíssima Trindade, a comunidade Santa e Perfeita. O Deus dos cristãos tem uma peculiaridade que se difere dos deuses de outras religiões. É um só Deus, mas ao mesmo tempo se apresenta Trino. Um só Deus em três pessoas divinas, que ao longo da história se revelou criador, salvador e santificador. Não é um Deus distante, mas presente na vida das pessoas, que convive com o seu povo, que se mistura com o ser humano pela encarnação do Filho e que conduz os discípulos na realidade dos primeiros cristãos.

Na primeira leitura, tirada do Deuteronômio, Moisés fala ao povo sobre a ação de Deus na sua história e reconhecendo a Sua proximidade: “Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele.” (Dt 4,39). Sendo próximo, também é um Deus único o qual todos devem prestar culto e seguir os seus mandamentos. Nesta passagem bíblica podemos ver que se revela a voz de Deus Pai que vem e sela no coração humano o seu nome santo através de Moisés.

O Evangelho desta liturgia nos apresenta Jesus na Galileia com os discípulos. Jesus os envia em missão para que eles possam fazer novos discípulos pela ação da Trindade Santa. “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei.” (Mt 28,19-20).

Eis a ordem de Jesus: será necessário anunciar não somente para fazer grande número de seguidores, mas é preciso inserir todos na comunidade dos cristãos pela ação da Trindade. E não somente isso: também ensinar a observar o mandamento do amor contido na Boa-Nova, para que todos encontrem o caminho da salvação. É a presença do filho muito amado que se revelou para nos ensinar a prática do amor a fim de levá-lo ao mundo, através da mensagem de paz, de fraternidade, justiça, alegria e unidade.

São Paulo escreve aos romanos dizendo que Espírito nos faz filhos, herdeiro de Deus e coerdeiros de Cristo em vista da glória preparada para todos nós que queremos deixar-nos conduzir por Deus Espírito Santo (cf. Rm 8,17). Portanto, a santidade do homem é manifestada quando ele se deixar conduzir pela sabedoria do Espírito Santo, que através dos seus dons nos conduz a liberdade de filhos e não de escravos. É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que nos capacita com os seus dons e nos santifica nos fazendo coerdeiros do Senhor e também templos onde ele habita e age.

A cada um de nós, cristãos, cabe refletir sobre a presença da Santíssima Trindade em nossas vidas, a qual nos inseriu na graça divina através dos sacramentos. Viver na graça de Deus é primeiramente reconhecer, a cada momento, que somos conduzidos pela Santíssima Trindade. Devemos nos colocar na presença da graça de Deus, do acordar até o momento de dormir.

A Igreja expressa a fé na Trindade Santa através do Credo que é rezado todos os domingos e em cada solenidade. Deus Trino que aos poucos, entre os primeiros cristãos, foi se revelando cada vez mais claro na sua presença. Também, como já falamos, todos os sacramentos são iniciados pela invocação à Santíssima Trindade. Pelos sacramentos somos inseridos, perdoados, alimentados e convocados para exercer o nosso serviço (ministério) de amor a Deus e aos irmãos.

Como os primeiros discípulos, devemos obedecer ao mandato do Senhor pela fé e viver a missão de fazer novos discípulos em nome do Deus Trino. O testemunho é a primeira atitude e depois a ação a serviço de Cristo pela caridade fraterna, pelo anúncio da Palavra e pelo acolhimento aos que nos procuram.

Devemos, portanto, nos perguntar: qual é a minha Galileia? Onde devo testemunhar esse Deus, único e trino, diferente de outros deuses apresentados pelo mundo moderno. Mundo de tantas ideologias filosófica, religiosas e científicas. Jesus nos indica sempre onde devemos ir, da mesma forma que indicou aos discípulos. Procuremos ouvi-los e percebermos aonde devemos ir para testemunhar a nossa fé e o nosso amor à Trindade Santa. Amém.

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Lv 13,1-2.44-46; Sl 31(32); 1Cor 10,31-11,1; Mc 1,40-45

POESIA

O SENHOR NOS CURA

Encontremos o Senhor,
Para nos purificar,
Nossos pecados curar,
Para podermos servir,
Ele é cura e compaixão,
Faz a purificação,
E vem pra nos redimir.

O Senhor é nossa alegria,
Preenche o nosso vazio,
Quando há o vento bravio
Quando vem em nós a dor,
Quando vem nossa tristeza,
Ele é nossa fortaleza,
Nosso Deus de puro amor.

Quantas lepras a atacar,
Nossa vida em movimento,
Traz pecado e sofrimento,
Precisamos nos curar,
E aí pedir perdão,
É a nossa gratidão,
Para nos santificar.

Também nossa indiferença,
Com os que estão sofrer,
Nós não queremos ver,
Temos medo e insegurança,
E por isso nós fugimos,
De bons nós também fingimos,
Sem pregar a esperança.

Tantas boas intenções,
Não bastam para ser cristão,
Precisamos de ação,
E mudar nossa postura,
Trazer em nós a conversão,
Para abraços os irmãos,
E Jesus lhe traz a cura.

Encontremos no Senhor,
Nossa cura e pureza,
Remédio em sua mesa,
Para a nossa salvação,
Curemos nossas feridas,
Nossas raivas e intrigas,
Pra abraçar a comunhão.

 

HOMILIA

Em Cristo a cura é total

Neste 6º Domingo do tempo comum encontramos Jesus sendo tocado por um leproso, que rompeu o cordão de isolamento construído pelas autoridades religiosas da época. Este isolamento era um preceito que constava no livro sagrado sobre o título de lei de Moisés.

Naquele tempo, uma pessoa com lepra era totalmente banido da convivência social, pois além de ser considerada contagiosa, a pessoa com esta enfermidade era vista como amaldiçoada e carregando o pecado da sua história.

Na primeira leitura podemos comprovar como era tratada uma pessoa portadora de lepra: “O leproso desta enfermidade trará suas vestes rasgadas e seus cabelos desgrenhados; cobrirá o bigode e clamará: Impuro! Impuro!” (Lv 13,45).

Jesus rompe com a lei de Moisés porque ele não é mais um profeta. Ele é o próprio Deus que veio curar nossas feridas e perdoar nossos pecados. Ele se compadece do doente, estende a mão, toca-o e confirma a cura (cf. Mc 1,41-42).

Curar um leproso era como ressuscitar um morto, porque quem estava com lepra, estava condenado a não mais conviver com ninguém. Aquela doença além de ser contagiosa era incurável e causava a exclusão total da pessoa.

Ao curar aquele homem, Jesus também perdoa os pecados e o inclui novamente ao convívio social, tirando-o das margens da sociedade. O ex-leproso agora irá anunciar as maravilhas de Deus a todos os que ele encontrar porque se sentiu acolhido e incluído por Jesus. A fama de Jesus crescerá cada vez mais.

O evangelho não diz se aquele homem curado se apresentou aos sacerdotes porque ele já encontrou e reconheceu que Jesus é quem veio curar as feridas da humanidade e tirar os pecados do mundo.

Jesus agora irá para as margens (periferias) porque precisa resgatar os pecadores, curar os doentes e salvar os que estavam perdidos. Foi para isso que ele veio, porque nas periferias estavam todos os que eram expulsos pelas autoridades religiosas. Com suas leis eles tornavam os doentes impuros e intocáveis por causas das suas doenças.

Esta liturgia nos levar a refletir sobre nossas enfermidades e sobre a nossa relação com as enfermidades dos outros, os necessitados da presença de Cristo. Podemos nos perguntar: como estão nossas ações para com os doentes e aos que estão nas periferias da vida?

Como o homem curado da lepra, descrito no evangelho, os cristãos são chamados pelo Senhor a buscarem a libertação para os que sofrem das exclusões, dos preconceitos, da falta de assistência à saúde e de tantas outras realidades que fazem os pobres ficarem mais necessitados da caridade.

Os cristãos são chamados a colaborarem com Cristo na promoção das curas existenciais, sociais, físicas e espirituais, eliminando os estigmas que tanto afligem os filhos de Deus.

Quantas vezes nos afastamos dos necessitados e o ignoramos por causa da nossa prepotência e indiferença. Às vezes também temos medo e nojo do outro e não queremos tocá-los. Não queremos contribuir com a sua cura e libertação.

Perante estas atitudes, precisamos nos colocar diante do altar do Senhor em atitude de humildade todas as vezes que vamos celebrar a Eucaristia e pedirmos perdão por estas doenças humanas e espirituais.

Quantas lepras em nós precisam ser curadas (retiradas) pela presença santificadora de Cristo, pela sua Palavra e alimento. Quantas dores nos incomodam. Precisamos pedir e deixar que ele nos toque com o seu perdão. O Senhor vem, se aproxima de nós, nos toca e nos faz participantes de sua mesa. Quer nos trazer de volta, fazendo-nos membros do seu grupo de discípulos missionários.

Peçamos, portanto, as graças do Deus vivo que nos cura e nos salva, para sermos sinais do amor do salvador no mundo. Somente precisamos tomar uma atitude de expressar a nossa fé e confiança em Deus, pois o Senhor é nosso refúgio e alegria. Ele vem nos incluir no seu rebanho e curar todas as nossas enfermidades. Amém.

V DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: 7,1-4.6-7; Sl 146(147); 1Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39

POESIA

DEUS ESCUTA A NOSSA DOR

Quando a dor e o sofrimento,
A nós venha a sufocar,
O Senhor vem a escutar,
Nossa angústia e solidão,
Nossa desilusão,
Para então nos consolar.

Quando o mal vem e nos entristece
Em nossas debilidades,
Deixando-nos em enfermidades,
O Senhor vem socorrer,
Para nos fortalecer,
Na imensa bondade.

E quando a graça recebemos,
Devemos retribuir,
E aos irmãos servir,
Com imensa gratidão,
Em sinal de comunhão,
E nunca, nunca desistir.

Nosso servir é primordial,
Deve ser nossa missão,
Para o Reino em ascensão,
Evangelho anunciado,
Amor sempre partilhado,
Sem medo e apreensão.

E ao redor da mesa Santa,
Que nos traz a igualdade,
Paz, amor e felicidade,
Também, vida e alegria,
No caminho de cada dia,
Rumo à eternidade.

 

HOMILIA

Jesus nos ajuda a levantarmos e caminharmos

A celebração deste 5º domingo do tempo comum nos apresenta Jesus indo realizar a sua obra na casa de uma família, a cura da sogra de Pedro. Percorrendo os dois últimos domingos e incluindo este quinto, vemos que Jesus está em pleno movimento.

Depois do mar da Galileia quando chama os quatro primeiros discípulos nos seus trabalhos de pescadores agarrados às redes (3º domingo do Tempo comum), vai à sinagoga, lugar de culto do povo e estudo da Palavra, expulsar o demônio (4º domingo). Neste 5º domingo, ele está no meio de uma família para trazer a sua cura e sua graça salvadora. Aquela mulher recebe de Jesus a graça da saúde, a libertação do mal da febre e começa a servir.

O tema desta liturgia, portanto, é o drama do sofrimento humano, marcado pelas angústias, enfermidades e tentativas de posse na vida das pessoas. Mas nesta realidade Deus vem ao encontro do homem e da mulher para trazer a cura total e realizar o seu plano salvador no mundo.

Na primeira leitura vimos os lamentos humanos de Jó. Quando perde tudo, inclusive a saúde, ele era um homem rico, saudável e com uma boa família. Jó pensa na brevidade de sua vida e por isso diz: “Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira e consomem-se sem esperança.” (Jó 7,6).

O sofrimento de Jó é o sofrimento de todos os humanos. Mais cedo ou mais tarde, nossas dores físicas – interiores ou espirituais – chegam para nós. Não poderemos fugir. O que deve manter-nos firmes é a nossa capacidade de confiança num Deus que nos criou e quer nos resgatar em sua imagem e semelhança, para que que participemos do Reino de amor e alegria.

A presença de Jesus nos mais diversos setores da vida do povo (mar da Galileia, lugar de trabalho; sinagoga, lugar de culto e estudo da Palavra; e a casa de Pedro, lugar de família) é a realização de tudo que o povo da antiga aliança, na pessoa de Jó, esperou. Sua pregação profética, suas curas e seu chamado conduzem o homem à cura total, para que sirvamos a ele com amor e fé.

Como a sogra de Pedro, que após ser curada começou a servir, nós, quando recebermos as graças que vem de Deus, devemos servi-lo na ação concreta de caridade voltada aos pobres, aos doentes e aos amargurados.

São Paulo nos fala da necessidade e urgência de pregar o evangelho para que a obra de Cristo se realize no mundo. Pregar o evangelho é ir aos que sofrem pelas diversas doenças, é ir aos que ainda não conhecem Jesus e sua palavra de amor, perdão e fraternidade. Como bons samaritanos, sinalizamos o amor de Cristo no mundo com a nossa vida de caridade prática de cristão, aliviando o sofrimento humano cuidando das feridas físicas, interiores e espirituais dos irmãos.

Cada um dos discípulos de Cristo também carregam seus sofrimentos deixados pela história pessoal, frutos de atitudes e opções realizadas no percurso da caminhada. Como Jó, muitas vezes lamentamos por nossa realidade de vida, mesmo sendo temente a Deus e vivendo a fé no salvador.

O que deve ficar claro é que mesmo quando abraçamos um ministério mais exigente como resposta ao chamado de Cristo, este estado de vida não anula nossas misérias. Pelo contrário, muitas vezes até afloram certas feridas referentes às relações com os outros e até consigo mesmo. O que deve haver na verdade é uma abertura ao processo de caminhada de conversão e permanente disposição em responder ao Senhor.

Que o Espírito Santo ilumine e fortaleça cada pessoa, cada cristão na sua experiência com Cristo e no seu contato com o sofrimento, seja ele interior ou físico. Amém.

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Dt 18,15-20; Sl 94(95); 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28

POESIA

O PROFETA PERFEITO

Jesus, profeta perfeito,
Nosso amor eterno,
Que traz a libertação,
Que nos faz sempre irmãos,
No mundo, também fraternos.

Jesus, nossa Palavra viva,
Nosso Deus e salvador,
Traz-nos um ensinamento novo,
Para a vida do seu povo,
Que busca a essência do amor.

Jesus, voz do sumo bem,
Que o faz o mal se calar.
Cura nossas maldições,
Também nossas tentações,
Que vem a nos massacrar.

Jesus, Mestre e Salvador,
Que conosco quer estar,
Faz-nos fiéis seguidores,
Vence a morte e as dores
Que querem nos sufocar.

Jesus, nosso Deus amado,
Traz-nos a paz e a esperança,
Faz-nos firmes caminhar,
E ao mundo anunciar,
Sua santa aliança.

Jesus, Pão vivo do céu,
Vem como alimentação
Fortalece a caridade,
Pra viva fraternidade,
Na mesa da comunhão.

 

HOMILIA

Jesus, expulsa-nos o mal

O Evangelho deste quarto domingo do tempo comum nos apresenta Jesus na sinagoga de Cafarnaum, participando da liturgia, num dia de sábado. Ali se encontra um homem que calmamente participa do culto dos judeus.

Quando Jesus anuncia a Palavra de forma que mudem o coração e expulse o mal do coração das pessoas, o demônio se incomoda e se manifesta, reconhecendo a força da presença de Deus naquela sinagoga (cf. Mc 1,24).

A presença de Jesus é a manifestação divina contra o mal que está no coração das pessoas. Sua Palavra tem autoridade sobre os homens, seu ensinamento é novo, é cheio de força e de salvação. Sua Palavra incomoda, provoca e cura, trazendo vida para os que o acolhe.

Em Jesus se realiza aquilo que Moisés anunciou ao povo. “Farei surgir um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará, tudo o que eu mandar” (Dt 18,18-19). Jesus é o enviado do Pai para trazer a mensagem do céu e ser palavra viva no meio de nós.

Em nossos dias muitos se apresentam como profetas, anunciando inverdades, falsidades e mentiras para o povo. A Palavra de Jesus não é assim. Ela tem força porque é a presença da verdade e da justiça que expulsa o mal da mentira, da prepotência, das injustiças e da inveja.

A sede de Deus faz com que as pessoas bebam qualquer promessa, qualquer palavra humana. Por isso é importante que os discípulos missionários anunciem a Palavra viva do evangelho de Jesus Cristo que veio trazer a salvação. A Palavra viva de Jesus muda o coração das pessoas, pois não se baseia em prosperidades materiais e econômicas, mas em força de conversão do coração humano. A Palavra de Jesus cura a pessoa integralmente.

A missão de Jesus é obra de salvação e de mudança de vida interior porque é uma mensagem puramente libertadora. O demônio o reconheceu como Deus todo poderoso que veio vencê-lo pela sua força salvadora: “Sei quem tu és: o Santo de Deus.” (Mc 1,24).

A presença do Bem maior, palavra viva no meio do povo reunido, expulsa dos corações toda maldição. Sua voz faz calar todo o mal; sua presença é de poder que faz afastar qualquer presença de divisão do meio do povo que escuta a Deus.

Portanto, esta liturgia nos ensina que quando fixamos o olhar em Cristo e escutamos sua voz de amor contra nossos males, seremos libertos de tudo que nos aprisiona.

São Paulo, na segunda leitura, nos diz: “O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações” (1Cor 7,35). Paulo nos ensina que a nossa prioridade como cristão deve ser abraçar aquilo que o Senhor nos traz em sua mensagem para que enfrentemos os desafios da vida. Outras preocupações terão menos importância e influência, se carregarmos em nosso coração e em nossa vida, Cristo e sua palavra.

Rezemos para que o Espírito do Senhor esteja sempre presente nos corações dos homens que se reúnem em seu nome para escutá-lo e se alimentar do seu corpo, o qual se fortalece na luta contra o todo tipo de escravidão e maldição. Que possamos ser profetas da verdade, do amor e da fraternidade no mundo. Amém.

III DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Jn 3,1-5.10; Sl 24(25); 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20

POESIA

PESCADORES NO MUNDO

Dos mares e das redes pessoais,
Saem os discípulos com o Senhor,
Atendem o chamado sem protelação,
Abraçam o caminho com muito amor,
Suas vidas e seus atos se transformarão,
Estão a serviço com grande ardor,
Seguindo os caminhos da santa missão.

Serão pescadores no mundo dos homens,
Buscando a muitos para a conversão,
Aprendem com mestre como caminhar.
Pregando, curando e também a oração,
Para durante as jornadas não desanimar,
Porque desafios e tempestades enfrentarão,
Mas é preciso sempre e sempre continuar.

Mas uma coisa deverão aprender,
Que suas vidas primeiro precisam mudar,
Para o testemunho de homens eleitos,
Seus caminhos comuns precisam alterar,
Pelo contrário não viverão o preceito,
Que é viver o Reino e este implantar,
Tem que ter conversão não outro jeito.

E nós batizados também seus discípulos,
Queremos de nossas redes desapegar,
Seguir os caminhos para salvação,
Deixando que a Palavra venha nos moldar,
Não tendo medo da transformação,
Que o chamado venha nos causar,
Para seguir o Cristo e sua missão.

A missão é de Cristo por excelência,
Devemos apenas lhe obedecer,
Sendo discípulos no aqui e no agora,
Para sua obra deixarmos crescer,
Não fujamos e nem vamos embora
Porque ele chama a todos a se converter,
Porque o Reino chegou sua hora.

E na ceia, lugar do amor partilhado,
Todos os discípulos sempre reunidos,
Para o encontro da vida de união,
Alimenta-se na alegria e agradecidos,
Pois em Cristo, todos são irmãos,
Povo em missão e escolhido,
Vivendo na terra e no céu a comunhão.

 

HOMILIA

Pescadores no mundo da humanidade

Neste 3º domingo do tempo comum ouvimos do evangelista Marcos que Jesus segue em pleno movimento pregando a Boa-Nova do Reino tão esperado pelo povo de Israel. A Boa-Nova é: chegou o tempo do Reino, está próxima a realeza de Deus. Por isso todos devem se voltar para Deus através da conversão (cf. Mc 1,15).

E para que se expanda mais rapidamente o Reino, Jesus chama colaboradores para caminharem com ele na missão. Inicialmente ele compõe um quarteto de discípulos para ajudá-lo em sua obra salvadora: Pedro e André, Tiago e João. É interessante que estes primeiros quatro homens convocados por Jesus eram todos pescadores, estavam no mar, nas suas atividades profissionais (cf. Mc 1,16-19).

Imediatamente deixam seus afazeres e seguem o mestre… porque “é preciso pescar diferente e o povo já sente que o tempo chegou”[1]. De pescadores de peixe agora irão pescar pessoas para Deus, irão mudar suas vidas e a vida de tantos que abraçarem o caminho do Mestre. As relações familiares serão mudadas porque o caminhar com Jesus está acima dos apegos humanos.

Na primeira leitura, Jonas é o mensageiro de Deus para converter os moradores de Nínive e anuncia um prazo de 40 dias (cf. Jn 3). A mensagem de Jonas é forte e num dia de anúncio ele faz com que o povo mude de vida, evitando que a cidade seja destruída por causa do pecado.

Podemos refletir que quando se recebe uma mensagem da ação de Deus é necessário que logo venha à mudança de atitude, não dá para deixar para depois. Assim foi atitude dos ninivitas após a pregação de Jonas: “creram em Deus, convocaram um jejum e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.” (Jn 3,5).

Abraçar o caminho do Senhor nos impele a mudarmos nossos hábitos, nossas ações e relações. Como os discípulos de Jesus, que deixaram a rotina das redes para serem seguidores, os ninivitas deixaram a rotina de pecado e transformaram a cidade em um lugar de paz e fraternidade, deixando que Deus conduzisse as suas vidas.

Nós cristãos também temos nossas redes particulares e que de diversas formas nos prendem ao nosso mundo pessoal, impedindo-nos de sair para caminhar na missão com Jesus. Mesmo sendo batizado, indo às celebrações semanais e praticando de certa forma a nossa religião, devemos nos perguntar se algo mais deva ser feito pelo Reino de Deus.

Paulo, na segunda leitura faz referência à brevidade do tempo dos homens. É preciso ficar atento porque as coisas terrenas passam e o amor de Deus precisa ser acolhido antes que seja tarde (cf. 1Cor 7,29-30). É urgente que aprofundemos nosso caminho com Cristo. Seja nossa vida matrimonial, celibatária ou de solteiros, faz-se necessário que o nosso olhar esteja em Deus, porque o tempo da graça de Deus chegou para vivermos com mais intensidade a experiência com Deus.

Peçamos ao Espírito Santo que nos fortaleça para que saiamos do nosso comodismo construído nas quatro paredes de nossas casas ou dos nossos templos. Faz-se necessário sairmos em movimento, escutando o chamado de Jesus e seguindo em missão, como os discípulos saíram e propagaram pelo mundo o Evangelho. Amém.

[1] Trecho da letra da música Há um barco esquecido na praia (Pe. Zezinho), Graça e paz, 1985, COMEP/Paulinas.

II DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: 1Sm 3,3b-10.19; Sl 39(40); 1Cor 6,13c-15a.17-20; Jo 1,35-42

POESIA

É MUITO BOM ESTAR COM O SENHOR

Nos caminhos do Senhor,
Sua voz vai nos chamando,
Aos poucos vamos descobrindo,
O que ele está nos apresentando,
É bom viver nas trilhas do Senhor,
Participar do seu plano de amor,
E não mais ficar adiando.

O Cordeiro divino e santo,
Vem nos chamar pra missão,
Primeiro ficar com ele,
Na nossa iniciação,
Descobrindo o seu chamado,
Caminhando ao seu lado,
Para nossa santificação.

Precisamos da escuta ao Senhor,
Para melhor responder
Ouvir sua voz nos chamando,
Na oração lhe atender,
Deixar o Senhor conduzir,
E o que ele exigir,
Para com ele viver.

Permanecer em seu caminho,
Esse é o seu chamado,
Para sermos os seguidores,
Pelo bom discipulado,
Por que só terá sentido,
O caminho percorrido,
De alma e corpo, doado.

O Senhor passa e nos chama,
Para com ele estar,
Convivendo em sua missão,
E a vida transformar,
Ele nos traz a alegria,
Pelo pão, Eucaristia,
Que vem nos congregar.

 

HOMILIA

Jesus nos chama para estar com ele

Na segunda-feira após o domingo do Batismo do Senhor iniciamos o tempo comum. Por isso este já é o 2º domingo, porque é decorrida uma semana. Neste tempo contemplamos Jesus na sua missão, pregando o Reino de Deus, expulsando demônios, curando os doentes, convertendo muitas pessoas e chamando os seus discípulos para colaborarem na implantação do plano salvífico.

Nesta primeira parte do tempo comum, que irá até o 6º domingo quando inicia a quaresma, exceto a liturgia de hoje em que ouvimos o evangelho segundo João, vamos ouvir a proclamação de todo o primeiro capítulo de Marcos, inclusive no 1º domingo da quaresma.

Nestas narrações, podemos ver Jesus em plena ação. Jesus está andando pela Galileia, pregando nas sinagogas, fazendo milagres. Faz tudo isso porque ele é o próprio Reino que chegou para trazer a redenção a todos os que o procurarem ou atenderem o seu chamado.

O evangelista João apresenta o Batista apontando aos seus discípulos o Cordeiro de Deus. É Jesus que passa. Há uma adesão imediata dos seguidores do João Batista para conhecerem onde Jesus mora.

É interessante que André, um dos discípulos de João, apresenta por sua vez Jesus a seu irmão, que também segue Jesus. Isso nos leva a refletir que muitas vezes somos chamados a levar ao irmão a pessoa de Jesus pelo nosso testemunho, com o objetivo de que estas pessoas também façam parte da comunidade de Cristo para vivência do amor fraterno e o anuncio do Reino.

A primeira leitura nos apresenta o chamado que Deus faz ao jovem Samuel (cf. 1Sm 3,9), junto ao sacerdote Eli, que dentro da noite de sono é chamado pelo Senhor. Inicialmente tem dúvidas de quem lhe chama e para aprofundar este chamado ele precisa despertar, levantar e caminhar para pedir a ajuda de Eli.

Com o auxílio daquele sacerdote ele vai deslumbrando que Deus lhe chama. Mais uma vez aprendemos que os outros nos ajudam no discernimento da nossa vocação. Precisamos nos apresentar como servos que escutam e aprofundam o chamado de Deus. Nos nossos momentos de orações pessoais devemos nos apresentar com esta atitude de escuta do Senhor, deixar que ele nos fale e nos chame para atender o seu chamado.

Olhando para figura de Samuel podemos refletir sobre nossa vida de cristãos, que às vezes necessita de muitos anos de escuta, muitas experiências celebrativas para podermos ter consciência do chamado de Deus em nossas vidas. Por isso necessitamos do silêncio da noite, quando outras vozes cessam, para podermos ouvir Deus.

Precisamos mergulhar na escuta também dos outros (irmãos) para nos ajudar a descobrir o nosso caminho com Deus, assim como Samuel que precisou da intermediação do sacerdote Eli para ter certeza de que era Deus que o chamava.

Para seguirmos Jesus precisamos ter atitudes diante de sua Palavra. É preciso ouvir, despertar, levantar do nosso comodismo para caminhar com ele, aprendendo com ele sobre a sua missão e assumindo a continuidade de sua missão.

Devemos estar com o Senhor numa experiência de encontro na Eucaristia e na Palavra, para vivermos a missão evangelizadora. É o alimento espiritual que nos faz missionários e não somente o ativismo, a correria sem tempo para encontrar com os irmãos na comunidade do corpo de Cristo.

São Paulo nos fala que somos parte do corpo do Senhor (cf. 1Cor 6,16), formamos a Igreja, um templo que é formado por outros pequenos templos, onde habita o Espírito Santo. Nesse sentido devemos cuidar desse templo evitando que se torne lugar de pecado tal como a imoralidade.

O nosso corpo é lugar do exercício de uma sexualidade sadia segundo a vontade de Deus, exercendo a castidade e não para a prostituição e nem para a difamação. Somos de Cristo em todo o tempo e por isso devemos ser sinais para o mundo com Palavras e ações concretas, através do testemunho como membros da comunidade santa que é a Igreja peregrina.

Na hora da comunhão, quando o sacerdote parte o pão para a comunidade, antes ele usará as mesmas palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36). Nós devemos olhar para o Cristo e nos perguntarmos se estamos conscientes desta presença de Jesus em nossas vidas, se queremos verdadeiramente estar com ele, se queremos segui-lo como discípulos, deixando o Senhor morar conosco, no nosso coração e na nossa existência.

Confirmando estas perguntas acima, podemos tranquilamente participar do santo altar e comungar do seu corpo para a nossa fraternidade e salvação e transmitir a todos que encontramos na nossa caminhada dizendo que é muito bom ficar com o Senhor.

Que neste Tempo Comum possamos caminhar na missão e com a missão de Cristo. Que sejamos André, que anuncia o Messias para o próximo. Que sejamos Simão, que recebe a missão de ser cefas, uma pedra que estabiliza no chão a tenda do Senhor, a começar pelo nosso próprio corpo. Amém.

SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

Leituras: Ez 34,11-12.15-17; Sl 22(23); 1Cor 15,20-26.28; Mt 25,31-46

POESIA

O REINADO QUE VEM DO SENHOR

O Reinado do Senhor,
É justiça e caridade,
Caminho ao paraíso,
Marcada pela bondade,
Seremos chamados benditos,
Porque consolamos os aflitos,
Pela solidariedade.

O Reinado do Senhor,
É o amor em nosso agir,
Enxergando-o nos sofredores,
No seu corpo a se ferir.
No chão da nossa existência,
Em tudo que for carência,
No humano a existir.

O Reinado do Senhor,
É herança garantida,
Para todos os benditos,
Pelo Rei oferecida,
Pois o critério é o amor,
Ao Cristo no sofredor,
Para retomar a vida.

O Reinado do Senhor,
Nos leva a meditar,
Há tempo para se rever,
Para no seu reino entrar.
Recriar nossa postura,
Retomar nossa ternura,
Para não nos enganar.

O Reinado do Senhor,
É encontro e alegria,
É o encontro com o outro,
Sendo noite ou de dia,
É caridade ao irmão
É serviço e gratidão,
Que brota da Eucaristia.

 

HOMILIA

Um Reino que não é deste mundo

Celebramos neste 34º domingo do tempo comum, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Também encerramos o ano litúrgico e, daqui uma semana, seremos chamados a começar um novo percurso litúrgico. No próximo domingo já será tempo do advento, será ano novo na liturgia da Igreja e desta vez orientados pelos textos do evangelista Marcos.

Celebrar a realeza de Cristo é olhar para ele como o Pastor que cuida do seu rebanho com amor, mas também vê-lo como o juiz que tem o julgamento sobre nossas ações enquanto caminhamos nesta terra. A caridade é critério principal para participarmos do seu Reino.

O Senhor nos ensina sobre a nossa caridade e como amá-lo na pessoa do irmão: “pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me.” (Mt 25,35-36).

O amor ao irmão necessitado tem o mesmo valor que a mesa do Altar do Senhor. Dizia São Crisóstomo: “Por conseguinte, enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo”.[1] Muitas vezes temos dificuldade de conceber esta verdade de que é mais importante a preocupação com os sofredores do que o nosso apego ao espaço material.

Nosso exagero referente à nossa preocupação com os paramentos é questionável…  Devemos refletir sobre isso e nos perguntar como está a minha atenção ao Cristo escondido nos pobres, o crucificado nos irmãos e irmãs que clamam o amor concreto de Deus.

Os textos da liturgia apresentam o Senhor como o Pastor e Rei do mundo. Pastor que cuida, que conduz, que vai atrás da ovelha perdida, reúne ao seu redor, faz justiça e oferece o alimento para matar nossa fome (cf. 1ª Leitura). O Rei que julga as ovelhas, separando-as de acordo com os critérios do amor.

Aos que obedeceram a voz do Senhor acolhendo-o nos pobres, famintos, sedentos, estrangeiros, despidos e presos, receberão a herança do Reino, serão chamados benditos do meu Pai (cf. Mt 25,34).

Quanto aos que desconheceram a presença do Senhor nos que sofrem, ele os dirá: “afastai-vos de mim malditos” (Mt 25,41). As consequências destes, será o fogo eterno. Parece muito duro ouvir do próprio Jesus, falar malditos, mas precisamos aprender que ainda há tempo para rever nossas atitudes de indiferença com as palavras do Pastor e Rei.

As palavras de Cristo neste último domingo do ano litúrgico poderão servir para fazermos uma avaliação das nossas ações como cristãos, durante todo o tempo em que escutamos a Palavra, comungamos da Mesa e nos reunimos na comunidade dos irmãos e amigos de Cristo. Haverá sempre a necessidade de revermos nosso agir; de aprofundarmos sobre nossa postura como discípulos e ovelhas do mesmo rebanho do Senhor.

Que o Espírito Santo nos ilumine e nos fortaleça em nossa missão no mundo moderno. Ainda há tempo para avaliar, propor e melhorar nossa qualidade de seguidores do Pastor que nos conduz pelos caminhos retos, mas que também nos julga quando somos ovelhas distantes e errantes que não reconhecem o sofrimento de Cristo na existência humana.

 

[1] Das homilias sobre Mateus, de são João Crisóstomo (*309+407), bispo e doutor da Igreja. In Liturgia das Horas, 1999, vol. IV, p. 157.

XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Sb 6,12-16; Sl 62(63); 1Ts 4,13-18; Mc 25,1-13

POESIA

A SABEDORIA EM VIGIAR

Vigiar é sabedoria,
Para seguir o Caminho,
Da prudência e do bem,
Dos que não vivem sozinhos,
Que abastecem o coração,
Com azeite da oração,
Na entrega e no carinho.

Vigiar é atenção,
À Palavra do Senhor,
Que é o verbo da vida,
Repleta do pleno amor,
É viver sempre atento,
Pela escuta e seguimento,
Ele o noivo, o Salvador.

Vigiar é caridade,
Que se dá em nossa missão,
Na doação e na ajuda,
Em favor do nosso irmão,
É ser luz e sal da terra,
Plantar paz em vez da guerra,
Em favor da união.

Vigiar é prontidão,
Para a festa prometida,
Que se dá pela presença,
De Cristo e sua acolhida,
Que vem a qualquer momento,
Precisamos estar atentos,
Para o encontro da vida.

Vigiar é oração,
Que vem nos abastecer,
Com a chama da alegria,
Que nos ajuda a viver,
Dando à vida um sentido,
Ao caminho percorrido,
Para o Reino acontecer.

Vigiar é movimento,
Na santa sabedoria,
É a busca do encontro,
Rumo à Eucaristia,
É viver sendo prudente,
E o Senhor que está presente,
Com o Evangelho da alegria.

HOMILIA

Vigiar para o encontro com o Senhor

Ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora (Mt 25,13). O que se faz necessário para que vivamos a verdadeira vigilância a qual Jesus nos fala neste Evangelho relatado por Mateus? Será que a resposta ao chamado para a festa da vida que se dá no culto e na missão está alimentada pelo azeite que impede a decepção do desencontro com o Senhor? No mundo dos cristãos podemos perceber um comportamento que se faz referente à postura das dez virgens.

Esta liturgia já nos encaminha para o final do tempo comum e, juntamente com este final, nos reporta ao julgamento de Cristo. Por isso que o Evangelho nos motiva a refletirmos sobre o sentido da vigilância. E o que é ser prudente e carregar o azeite que mantem a lâmpada acesa para a chegada do noivo? É exatamente viver alimentado pelo óleo do amor, da justiça e da presença do Espírito Santo.

Uns são mais prudentes na sua experiência de encontro com o Senhor pela oração e adoração. Outros vivem meio desligados do seu papel e mergulhados na desmotivação do sentido de sua existência em Cristo. Outros ainda estão alheios às exigências e essência do Evangelho. E um último grupo está centrado nas normas e no culto mais como uma obrigação do que como uma necessidade de encontrar com o noivo e alimentar o sentido de sua vida.

E a imprudência? Como se apresenta hoje na vida do Cristão? Está na atitude que se dá pelo abandono dos valores do Evangelho; quando se banaliza e se relativiza os valores do Reino. Está na incoerência da pregação quando se proclama a prosperidade na aquisição dos bens materiais e no acúmulo do dinheiro. Também quando se abandona a prática da justiça e da caridade e se prega a Palavra em favor das conveniências pessoais e dos interesses individualistas e de dominação.

A Palavra de Deus nos pede que se proclame o amor, a justiça, a vida, a esperança, a fraternidade e a paz. Este é o conteúdo das nossas lâmpadas em virtude do encontro com o esposo da Igreja, Jesus Cristo ressuscitado, que sempre nos convida para a festa da sua Palavra e do seu corpo.

A cada Eucaristia que participamos, abastecemos a lâmpada da nossa fé para o encontro com o Senhor. Preparamo-nos prudentemente para a chegada do noivo a cada encontro na comunidade, onde se partilha a Palavra de Deus e se reflete sobre a fraternidade, a comunhão entre os irmãos e a busca da justiça.

A ação missionária em favor da construção do Reino de Deus é outra maneira de se viver em vigilância para a grande festa da vida e da salvação. Cristo espera que todos estejam preparados para a sua chegada e com a lâmpada abastecida e com o coração predisposto à alegria do encontro com ele.

Acolhamos os conselhos da primeira leitura: a sabedoria sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos (cf. Sb 6,16). A sabedoria do homem está em buscar o sentido (azeite) da sua existência no mundo, como filho de um Deus que é puramente amor e quer encontra-lo sempre para festa da vida e da comunhão. Amém.

XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ex 22,20-26; Sl 17(18); 1Ts 1,5c-10; Mt 22,34-40

POESIA

O AMOR VERTICAL E HORIZONTAL

Querendo amar ao nosso Deus
A quem fisicamente nós não vemos,
Precisamos também sempre amar,
Ao outro a quem nós conhecemos.

Assim é a vida do cristão,
Que busca viver a comunhão,
Num culto ao Deus da vida,
Celebrado no encontro de irmãos.

Viver os santos mandamentos
É viver a prática do amor,
Deixando sempre Deus agir,
Com sua presença e vigor.

Fixando em Deus e no humano,
Olhando no alto e também no chão,
No respeito e na reverência,
Na escuta e no olhar de atenção.

O Senhor vem nos ensinar,
Que o Amor é sempre a sua essência,
Lei máxima de seu reto agir,
Que invade à nossa existência.

Orienta-nos na nossa caminhada,
Boa-Notícia de paz e liberdade,
Que santifica e enobrece nosso ser,
E se espalha na vida de comunidade.

Em Cristo novo mandamento,
Para vencer todo vão rigorismo,
Aproximando a quem está distante,
E que vive no individualismo.

Porque o amor abarca toda lei,
Acima das letras ele permanece,
É o sentido da nossa existência,
Que nunca, nunca enfraquece.

Amar a Deus de todo o coração,
Com toda alma e entendimento,
E ao irmão como a si mesmo,
Pois o amor é vida e sentimento.

O Senhor também nos ensina,
Que seu amor é transcendente,
Está acima de nossas pretensões,
Existiu, existe e existirá para sempre.

HOMILIA

O amor ao divino e ao humano

“ ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37.39). Eis a grande exigência para vivência espiritual dos cristãos que brota do mandamento máximo pregado por Jesus. Eis a hierarquia simples dos preceitos de Deus apresentada pelo mestre nazareno para aquele grupo de fariseus, que mais uma vez colocam Jesus em uma situação embaraçosa.

Naquela época, os intelectuais da lei estudavam exaustivamente em busca de encontrar entre os 613 preceitos bíblicos o maior em uma hierarquia de importância. A pergunta feita a Jesus, pelo representante fariseu, é tendenciosa e tem o objetivo de pegá-lo em contradição.

Jesus vai buscar a sua resposta também nas escrituras: existem dois mandamentos que são maiores, que abrangem todos os outros: o primeiro é o amor total a Deus, um amor com todo o nosso coração, com toda a nossa alma, com todas as nossas forças e com todo o nosso entendimento (cf. Dt 6,4-5); o segundo é o amor ao próximo, igual ao amor por si próprio. Este preceito está no Levítico (cf. 19,18), que nos diz: Não seja vingativo, nem guarde rancor contra seus concidadãos. Ame o seu próximo como a si mesmo.”

Com certeza os fariseus sabiam deste preceito, mas não o consideravam importante, diferente da observância do sábado. Mas esta referência de amor ao próximo está escrita também no livro do Êxodo, na primeira leitura desta liturgia, quando diz: “não oprimas nem maltrate o estrangeiro, pois fostes também estrangeiros na terra do Egito” (Ex 22,20).

Estes versículos acima nos ensinam sobre a vivência do amor que devemos ter pelos sofredores e maltratados, os quais nem conhecemos e que precisamos acolhê-los como estrangeiros nas terras de nossa existência. Cada israelita carregava na sua história este sentimento de que um dia estivera em terra estranha e que Deus os tirou da escravidão. Neste sentido os judeus eram proibidos de desprezar um estrangeiro, uma viúva, um filho sem pai.

A resposta de Jesus sobre os dois maiores mandamentos é exatamente aquilo que ele vivia na sua missão e que nos testemunhou na sua entrega total no momento da crucificação. A sua vida foi uma permanente experiência de amor concreta ao Pai do Céu, na sua obediência, na sua oração e na sua sintonia contemplativa voltada para o alto.

Também esteve sempre com o seu coração e os seus braços voltados para socorrer os excluídos, discriminados pelo sistema religioso, político e econômico de seu tempo. Também esteve sempre aberto a acolher ricos e pobres que, pela conversão, decidiram abraçar o seu caminho e sua missão em favor do Reino de Deus.

O amor a Deus e ao próximo tem uma dimensão que nos lembra a cruz: um amor máximo ao alto onde está o nosso Deus (vertical) o qual se expressa no nosso culto verdadeiro pela escuta e obediência da Palavra; o segundo amor é dirigido ao irmão (horizontal) que caminha conosco, e que é imagem de Deus. Pelo amor ao nosso irmão, somos convidados a encontrar nele o próprio Cristo.

Não foi fácil para os fariseus aceitar esta condição que Jesus apresentou a eles e que inclusive estava escrito na lei. Colocar o amor a Deus e ao irmão no mesmo patamar, ainda hoje, é difícil para nós, pois exige a experiência da prática caritativa de amar o outro sem que ele nos ame. Amar os inimigos, aceitar muitas vezes os insultos, as críticas e as indiferenças e mesmo assim, querer o seu bem como queremos a nós mesmo, eis o desafio da experiência que brota da cruz de Jesus.

Muitas vezes somos motivados, naturalmente, pelo amor compensativo. Um amor que é dirigido aos que também nos amam. Aqui é importante dizer que entender o amor somente desta forma é ser incoerente ou incompleto no que se refere com ao mandamento de Cristo.

Ele se entregou por cada um de nós. Desceu a nossa condição de pecadores e miseráveis e se fez presente. Jesus nos ensinou a transcender no nosso amor: ir além dos nossos limites de puro sentimento e afetividade para uma entrega de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento.

Os pais e mães de família, os padres, os diáconos sabem muito bem desta realidade. Quantas vezes temos de acolher, por amor, aqueles que não simpatizamos, que são as ovelhas mais feridas de nosso rebanho. Quantas vezes nossos filhos nos enganam ou ignoram nossos conselhos e nós continuamos, por amor, rezando por eles e queremos o sem bem e seu sucesso. Este é o amor do qual Jesus nos fala no evangelho de hoje. Amar o próximo, a quem vemos, para amar a Deus, a quem não vemos (cf. 1Jo 4,20).

Esse amor que Jesus nos fala significa nosso movimento em direção aos que não conhecemos pessoalmente, tais como os doentes nos hospitais, os presos, o povo da rua e as família e crianças carentes. Eles precisam do nosso amor gratuito. É neles que está escondido o Cristo, crucificado pelos pecados humanos, e que precisam de nossa dedicação e atenção.

Lembremos sobre o amor a Cristo no irmão, como descrito no final do evangelho de Mateus: “eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar”. (Mt 25,35-36). Este amor nos conduzirá a salvação eterna.

Que o Espírito Santo nos fortaleça, nos anime e nos ensine a permanecermos amando a Deus na pessoa do nosso próximo, como uma experiência profunda do amor total a Cristo, nosso Rocha e Salvação. Amém.

XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 45,1.4-6; Sl  95(96); 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21

POESIA

SOMOS DE DEUS

A Deus toda nossa vida,
Porque somos todos seu,
Não somos do poder do mundo,
Nem dos políticos fariseus,
Somos filhos muito amados,
Em Cristo todos banhados,
Vida nova ele nos deu.

A Deus tudo o que existe,
Desde a sua Criação,
A natureza e o homem,
A justiça, a salvação,
A vida e a dignidade,
Amor e fraternidade,
Que geram a comunhão.

A Deus a Palavra santa,
Trazendo-nos o ensinamento,
Que alerta a cada filho,
A tê-la como alimento,
Pra o Evangelho anunciar,
Soltar a voz e denunciar,
Tudo que é sofrimento.

A César somente o que é seu,
Mas Deus sendo o primeiro,
Porque tudo ele criou,
E nos faz os seus herdeiros,
Para os seus bens, o cuidado,
E os césares são subordinados,
Por isso são derradeiros.

São tantas as injustiças.
Dos impérios atuais,
Dos recursos desviados,
Pelos esquemas mortais,
Surgem então os sofrimentos,
E o mundo em detrimento,
Padecendo sempre mais.

Somos todos convocados,
Para o Evangelho pregar,
Anunciando sempre a vida,
Que vem em primeiro lugar,
E sairmos em missão,
Vivendo a evangelização,
Com nosso profetizar.

Que a santa Eucaristia,
Venha nos dá a coragem,
De buscarmos a santidade,
Buscando ser sua imagem,
E possamos oferecer,
Nossa fé, nosso viver,
Pregando a santa mensagem.

HOMILIA

O que é de César e o que é de Deus?

O Evangelho deste 29º Domingo do Tempo Comum nos apresenta um confronto, uma tentativa dos fariseus e alguns membros do partido de Herodes de colocarem Jesus em contradição (cf. Mt 22,16). Diante das perguntas referente ao imposto pago ao império, o grupo quer saber a opinião de Jesus sobre a licitude do tributo a César. A resposta de Jesus se tornou quase que um chavão para os cristãos justificarem o papel da religião e o do poder político, ou seja, separar as coisas.

“Dá, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,20). O que entendemos e como nos posicionamos sobre esta máxima de Jesus? Perguntemos incialmente sobre o que é de Deus: de Deus é o homem e toda a Criação, de Deus vem a justiça, o amor, a misericórdia. Deus é a fonte de tudo que o homem quer realizar de bom e para o bem do irmão e do mundo.

Deus é único e só a ele deve-se prestar culto verdadeiro. O profeta Isaías nos fala na primeira leitura: “Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há Deus (Is 45,5). Os homens, por mais cargos ou poderes que assumirem, serão sempre criaturas, filhos dependentes e limitados diante da grandeza de Deus. O homem, que quer ocupar o lugar de Deus, nunca agirá como ele, pois vem em primeiro lugar a sua autossuficiência como regra e o desejo de poder e dominação. E Deus está acima de tudo o que é realização humana, com suas pretensões e motivações.

O que é de César? Podemos interpretar como sendo as realidades ligadas ao poder, à política e a administração dos bens deste mundo. Todos nós pagamos impostos e desejamos que sejam revertidos para o bem comum. No tempo de Jesus, os impostos eram pagos ao imperador, que, por sua vez, se considerava um deus. O povo pobre vivia explorado pelos altos impostos, que não era revertido para a dignidade e a justiça social.

Hoje não é diferente. Também temos os tantos césares que nos exploram e que se aproveitam de nosso dinheiro. Por isso que os cristãos, sendo sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13), devem tomar posição na dinâmica politica, a qual, na sua origem, tem o bem comum como objeto de trabalho. Deus quer que todos tenham vida e vida digna. Cabe aos poderes da terra colocar em prática a distribuição de renda justa e digna para com o seu povo. Cabe aos cristãos, iluminados pelo Evangelho, pregarem a verdade, alertando e denunciando as injustiças cometidas pelos poderes políticos.

A nossa participação na Eucaristia tem a ver com o mundo concreto, fora das paredes da Igreja. Nossa presença nas missas deve nos levar ao questionamento sobre o cuidado com aquilo que é de Deus, para que o que é de César não tome o lugar das realidades divinas, ou ainda, para que não nos acomodemos e aceitemos todas as imposições dos poderes políticos que, de certa forma, fazemos parte.

Alimentemo-nos da mensagem nas palavras de São Paulo, na sua carta em que diz “diante de Deus, nosso Pai, recordemos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (Ts 1,3). Que a alegria do Evangelho não seja abafada por tantas realidades de injustiça e mortes. E que a fé, a esperança e a caridade estejam presentes nos corações de todos os homens de boa vontade. Amém.