V Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas religiosas e consagradas ⇐

 

Leituras: Is 6,1-2a.3-8; Sl 138(137); 1Cor 15,1-11; Lc 5,1-11

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

“Eis-me Aqui, Envia-me!”

Lc 5,1-11

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do V Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar a vocação como uma iniciativa de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 5,1-11.

Nesta Liturgia, Jesus está nas margens do lago de Genesaré(1). Genesaré ficava situada entre Cafarnaum e Magdala, que são separadas por uma distância de 10 quilômetros.

Neste Domingo, a Igreja nos apresenta a dimensão vocacional. Anteriormente, no Domingo passado, vimos que Jesus agiu e falou sozinho, mas agora estará em movimento, fora do espaço religioso e às margens do Lago, formando, assim, o Seu grupo (discípulos e Apóstolos) e futuros missionários a todas as nações (cf. Lc 24,44-48).

Para isso, a Liturgia nos apresenta o Evangelho em três momentos: o primeiro é a pregação à multidão (cf. Lc 5,1-3); o segundo é a pesca milagrosa (cf. Lc 5,4-7); e terceiro é o chamado aos quatro primeiros discípulos (cf. Lc 5,8-11).

Podemos imaginar o cenário daquela manhã às margens do Lago: uma multidão que cerca Jesus; pescadores desanimados pelo insucesso do trabalho noturno e barcos vazios de peixe. Depois de dar o ensino às multidões, Jesus ordena a Pedro e aos seus companheiros que lancem suas redes em águas mais profundas (cf. Lc 5,4), pois estavam na margem.

Como resultado, eles pescam uma abundância de peixes que chega a romper as redes. Em resposta, Pedro, aos pés de Jesus, diz “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” (Lc 5,8). Isso indica que começa a acontecer o reconhecimento de que Jesus é o Senhor e Ele mesmo já sinaliza para a sua Ressurreição quando vencerá a morte, dando-nos a prova de que Ele é o Deus verdadeiro e quer que todos ressuscitem.

O momento final é o chamado para serem pescadores de homens e lançarem suas redes anunciando a chegada do Reino. E a resposta está contida numa belíssima descrição. Diz o Evangelista: “Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.” (Lc 5,11).

A barca simboliza a Igreja onde Jesus sacia os famintos (uma imagem da Mesa da Palavra) e onde também Jesus opera o milagre da abundância (imagem da Mesa da Eucaristia). Ao nos dar o ensino e o milagre da abundância, Jesus nos fornece elementos essenciais para combater o desânimo, a desmotivação e a desesperança. Mas há um detalhe importante: para ensinar, Jesus tinha à sua disposição duas barcas (cf. Lc 5,2) e Ele escolhe a de Pedro (cf. Lc 5,3). Naquele dia, a barca de Pedro, “uma barca petrina”, foi um verdadeiro ambão, uma verdadeira Mesa da Palavra.

Sendo obediente, o discípulo precisa ir além das práticas religiosas e se lançar no mundo como testemunha da Salvação. E diante do desânimo e da debilidade, se volte para Deus, fonte de coragem para ser sal e luz do mundo no caminho que Deus mesmo indica. Para isso, é preciso discernir quando deixar aquilo que para nós “é tudo” e seguir em frente, mesmo continuando a nossa profissão, mas colocando os dons (bens e capacidades) a serviço da Missão.

Recordarmos que neste mês as intenções do Papa Francisco, herdeiro da barca de Pedro, estão voltadas para as religiosas e consagradas, que respondem a muitos desafios e são exemplos de fé, esperança e caridade, num tempo carente de pão, fruto da terra, mas também, e sobretudo, do Pão descido do Céu que nos sacia verdadeiramente (cf. Jo 6,58).

Por fim, roguemos a Nossa Senhora, Torre de Marfim, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, Espírito das Virtudes, para sermos melhores cristãos, pois, como diz São Paulo, pela graça de Deus (cf. 1Cor 15,10) e completemos com as palavras do profeta Isaías: “aqui estou! Envia-me!” (cf. Is 6,8). Amém.

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(1) Depois de ser expulso de Nazaré (cf. Lc 4,29), Jesus vai para Cafarnaum (cf. Lc 4,31-41). Em seguida, sai de Cafarnaum em segredo e vai pregar nas sinagogas da Judeia (cf. Lc 4,42-44).

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⇒ POESIA ⇐

Avancemos para a Messe


Avancemos para os campos,
Para as cidades, vilas e favelas,
Anunciemos nelas,
O dom do amor,
Também do fervor,
Sempre a proclamar,
E acreditar,
No que diz o Senhor.
*
Avancemos com a barca de Jesus,
Em busca das multidões,
Em mutirões,
Para viver a pesca,
Pois ainda resta,
A nossa obediência,
Na paciência,
E na vida honesta.
*
Avancemos com os discípulos,
Que firmes seguiram,
E se uniram,
A caminhar,
Vivendo a pregar,
As vezes a cair,
Mas sem desistir,
Sempre a levantar.
*
Avancemos para os mundos humanos,
Em suas existências,
Com suas essências,
Se fazendo união,
Na vida de irmãos,
Nas tantas partilhas,
Nas estradas e trilhas,
Pela comunhão!

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que tem a iniciativa da nossa vocação, ilumine o seu caminho!

 

 

V DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 6,1-2a.3-8; Sl 137(138); 1Cor 15,1-11; Lc 5,1-11

 

⇒ POESIA ⇐

AVANCEMOS PARA A MESSE

Avancemos para os campos,
Para as cidades, vilas e favelas,
Anunciemos nelas,
O dom do amor,
Também do fervor,
Sempre a proclamar,
E acreditar,
No que diz o Senhor.

Avancemos com a barca de Jesus,
Em busca das multidões,
Em mutirões,
Para viver a pesca,
Pois ainda resta,
A nossa obediência,
Na paciência,
E na vida honesta.

Avancemos com os discípulos,
Que firmes seguiram,
E se uniram,
A caminhar,
Vivendo a pregar,
As vezes a cair,
Mas sem desistir,
Sempre a levantar.

Avancemos para os mundos humanos,
Em suas existências,
Com suas essências,
Se fazendo união,
Na vida de irmãos,
Nas tantas partilhas,
Que para o mundo brilham,
Pela comunhão!

 

⇒ HOMILIA ⇐

Eis-me aqui, envia-me!

Lc 5,1-11

 

A liturgia que celebramos neste Domingo é toda voltada para a dimensão vocacional, pois, presenta o chamado dos primeiros discípulos de Jesus. Até então, nas liturgias anteriores, vimo que Jesus agiu e falou sozinho e dentro da sinagoga, dentro do templo. A partir de agora ele está em movimento, sairá do espaço religioso. Formará o seu grupo para presenciar o Reino, pois agora, cercado de seguidores fará a experiência da missão no mundo.

Podemos imaginar o cenário deste texto: uma manhã à beira do mar; uma multidão que cerca Jesus; pescadores desanimados pelo insucesso no seu trabalho, barcos vazios… tentaram a noite toda e não tiveram êxito na pesca.

O texto de Lucas terá três momentos que poderão ser observados para a nossa reflexão: (i) a pregação de Jesus à multidão; (ii) a pesca milagrosa; e (iii) o chamado aos quatro primeiros discípulos – Pedro e André; Tiago e João.

Depois dos ensinamentos às multidões, Jesus ordena a Pedro e aos seus companheiros que avancem para águas mais profundas e lancem as redes (cf. Lc 5,4), pois estavam na margem. Esta ordem arrancou Pedro da acomodação e do desânimo, que somente pela obediência ao Senhor atende ao pedido.

O resultado da ação dos futuros discípulos é o grande milagre da abundância de peixes que quase rompe as redes. Em seguida vem a confissão de Pedro: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!” (Lc 5,8). Este reconhecimento de que Jesus é o Senhor já sinaliza para a sua ressurreição quando vencerá a morte e trará a todos a prova de que ele é o Deus verdadeiro e quer que todos ressuscitem.

O terceiro momento é o chamado dos discípulos para serem pescadores de pessoas, para se lançarem no mundo com Jesus e viverem a missão de anunciar que o reino de Deus está próximo. O texto diz: “eles levaram os barcas para a margem, deixaram tudo, e seguiram a Jesus.” (Lc 5,11).

A barca é um símbolo que representa a Igreja onde Jesus opera o milagre da abundância, onde ele sacia todos da fome. Fome que deixa as pessoas desanimadas e sem motivação para continuar a jornada da vida.

Para os que seguem de forma mais radical o Senhor, faz-se necessário ser obediente para ir além das práticas religiosas e se lançar no mundo para testemunhar que a salvação está a nossa porta. Também é importante que no dia-a-dia da missão cristã, quando faltar a coragem e o ânimo para continuar, precisamos nos voltar para o Senhor e confiar na sua Palavra. Ela nos encoraja a continuar e a sermos sal e luz do mundo, onde quer que estejamos. Ele também nos aponta o caminho a seguir.

É importante para os missionários o reconhecimento de que somos pecadores e precisamos confessar a nossa fé no Senhor que nos chama; também é importante a vontade de ser melhor a cada dia, pois é isto que nos faz crescer. Precisamos discernir quando é necessário deixar aquilo que para nós “é tudo” e seguir em frente, mesmo continuando a nossa profissão, colocando os nossos bens e nossas capacidades (dons) a serviço do Reino.

Peçamos ao Espírito Santo o dom fortaleza para sermos melhores cristãos e digamos, como São Paulo, que somos o que somos pela graça de Deus (cf. 1Cor 15,10) e completemos com as palavras do profeta “aqui estou! Envia-me!” (cf. Is 6,8).