Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos pequenos e médios empreendedores ⇐
⇒ Mês Vocacional – 3º Domingo: pela vocação à vida consagrada ⇐

 

Leituras da Missa da Véspera: 1Cr 15,3-4.15-16;16,1-2; Sl 131(132),6-7.9-10.13-14 (R. 8); 1Cor 15,54-57; Lc 11,27-28
Leituras da Missa do Dia: Ap 11,19a;12,1.3-6a.10ab; Sl 44(45),10bc.11.12ab.16 (R. 10b); 1Cor 15,20-27a; Lc 1,39-56

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Maria e Isabel: O Encontro da Profecia e da Salvação

Lc 1,39-56

Meus irmãos e irmãs, neste terceiro Domingo do mês vocacional em que refletimos e rezamos pela vocação à vida consagrada, celebramos com muito júbilo a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Esta Liturgia nos motiva a contemplar a assunção de Nossa Senhora ao Céu, de corpo e alma, sendo a primeira a participar da redenção e da glorificação celeste. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,39-56.

A Assunção de Nossa Senhora à glória celeste, de corpo e alma, é um dogma proclamado pela Igreja, ou seja, uma verdade de fé, e é o mais recente entre os quatro dogmas marianos, tendo sido proclamado pelo Papa Pio XII em de 1950(1). Os outros três dogmas marianos são: Maternidade Divina, Imaculada Conceição e Virgindade Perpétua.

No Evangelho desta Liturgia, o evangelista São Lucas nos apresenta a caminhada de fé da jovem Virgem rumo à casa de Isabel. A Virgem Maria, grávida por obra do Espírito Santo (cf. Mt 1,20), segue pelo longo percurso de 150 km rumo à Judeia e caminha, por entre as montanhas, para levar a caridade e a alegria à sua prima. Com esta missão, a Virgem, grávida do Salvador e vazia de interesses pessoais, na configuração de Sacrário Vivo do Senhor.

A Virgem peregrina nos dá exemplo de como abraçar o chamado de Deus e da firme decisão para crescer na resposta de fé, em atitude de amor e de doação. A Mãe do Salvador se doa de forma lenta e desinteressada, mas vai apressadamente para servir a outra grávida, portadora da profecia em seu ventre, João Batista, que preparará os caminhos de Jesus, o Messias, para que os homens o acolham, sejam curados, chamados e redimidos pelo sangue do Cordeiro.

A esposa de São José, Maria, é a imagem perfeita da Igreja [cf. CIgC(2), nº 967], que é o Corpo Místico de Cristo (cf. CIgC, nº 787-810). Ela é também Sacrário Santo e vínculo de amor entre irmãos, é meio de salvação para todos que dela se aproximam para escutar e se alimentar do Senhor, sendo purificados pela fé e glorificados na dimensão celestial.

A Virgem Maria é a mulher “vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1), como nos fala a Primeira Leitura desta Liturgia. É ela sim, pois tem no seu ventre o poder da vida vitoriosa sobre o dragão da morte, dando a vida verdadeira a todos os que acolhem os valores do Reino e a Redenção; e que desejam participar da glória de Deus.

São Paulo nos diz que “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (1Cor 15,20). Deus antecipa para a Mãe do Salvador a graça da ressurreição e da glorificação. Ela é a primeira cristã entre os que seguiram e seguem o Senhor. Por isso podemos chamá-la de Nossa Senhora da Glória, pois é a rainha-mãe cuja contemplação o salmista descreve como tendo “veste esplendente de ouro de Ofir” [Sl 44(45),10c], o mais puro ouro da era do rei Salomão (cf. 1Rs 9,28), mas que na Virgem Maria o ouro de Ofir não é nada se comparado com a sua beleza e santidade.

Para vivermos um testemunho coerente, precisamos olhar para Virgem Maria, que interioriza e pratica as virtudes na simplicidade do seu cotidiano. Estando atentos ao que Deus nos pede, vivendo a obediência à Palavra do Senhor, não desviaremos a nossa atenção das diversas situações do mundo, principalmente no que se refere a todos os sofredores. Enfim, nos esvaziando do nosso egoísmo para poder nos encher da graça de Deus.

E neste terceiro Domingo do Mês Vocacional, dedicado à vocação à vida consagrada (religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, seculares), vamos rezar pelos que foram chamados a viver de forma radical os votos de pobreza, obediência e castidade em favor do Reino de Deus, como discípulos e discípulas na experiência da santidade e da entrega missionária no mundo. Que possamos aprender da Virgem Maria sobre a escuta da Palavra, no desprendimento das coisas materiais do mundo, na obediência ao chamado de Deus, à vida de castidade, ao anúncio do Reino de Deus e na contemplação frutífera, através da oração perseverante. Amém.

*   *   *
(1) Através da constituição apostólica Munificentissimus Deus. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html>.
(2) Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html>.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A Primeira Crente da Nova Aliança

 

Aberta à voz de Deus e ao Seu chamado,
Grávida, a serviço da vida e da esperança,
Lá vai a caminheira para a sua santa missão,
Como primeira crente da Nova Aliança.
*
Vai pelas montanhas sempre entre o vento e a poeira,
Motivada pelo amor e levando a força da Redenção,
Visita a sua prima Isabel, com gratuidade fraterna,
Levando um cântico de alegria, profecia e libertação.
*
Sua alma é engrandecida pelo amor supremo,
Pois a alegria é plena do Espírito Divino,
Porque o mundo a chamará Senhora Bendita,
Porque da sua boca nasce o anúncio, por um belo hino.
*
É glorificada no Céu de corpo e alma,
Porque em Cristo és Mãe e Santificada,
Por isso o nosso culto a ti elevamos felizes,
Porque és a primeira cristã de vitória alcançada.
*
Rogai por nós, nos vales dos nossos sofrimentos,
Mãe da profecia e cheia do belo cantar de amor,
Ensina-nos a sermos vazios de nós e cheios da Graça,
Como servos atentos e santos de Nosso Senhor.

*   *   *

 

Imagem: “A bem-aventurada Virgem Maria é coroada Rainha do Céu por Seu Filho Amado”. In zephyrinus-zephyrinus.blogspot.com.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos deu como Mãe a Virgem Maria – assunta ao Céu de corpo e alma, ilumine o seu caminho! 

 

 

VI Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas religiosas e consagradas ⇐

 

Leituras: Jr 17,5-8; Sl 1; 1Cor 15,12.16-20; Lc 6,17.20-26

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Felicidade que Não se Acaba

Lc 6,17.20-26

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do VI Domingo do Tempo Comum, neste Ano “Família Amoris Lætitia, nos motiva a contemplar Jesus apresentando as bem-aventuranças aos pobres e o alerta aos ricos. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 6,17.20-26.

Nesta Liturgia, Jesus continua percorrendo a Galileia, possivelmente ao pé da colina de Tabgha, onde fica a Igreja da Multiplicação (também conhecida como Igreja do Primado de São Pedro). Tabgha está entre Genesaré e Cafarnaum.

Neste Domingo, a Igreja nos apresenta o programa do vocacionado, ou seja, aqueles que são chamados a serem discípulos e missionários. E as bem-aventuranças – e as ameaças aos ricos – são apresentadas por Jesus após a eleição do grupo dos Doze (cf. Lc 6,12-16). O Evangelista nos conta que, ao descer da montanha e, diante de uma imensa multidão oriunda da Judeia, de Jerusalém e de Tiro e Sidônia, Jesus ensina aos Seus discípulos (cf. Lc 6,17.20).

Jesus se dirige aos pobres – sejam famintos, odiados, perseguidos (cf. Lc 6,20-22) – e Sua pregação revela uma realidade que oprime o povo com fome, angústia, hostilidade. Mas a pregação do Jovem Galileu também traz um alento e revela o amor (a caridade), a esperança e a fé como recursos para que os discípulos (os vocacionados) alcancem e anunciem o Reino de Deus.

Jesus, o Profeta por excelência, anuncia e denuncia o sofrimento do povo expondo um conflito com a elite religiosa (e política) de sua época. Na segunda parte do Evangelho desta Liturgia (cf. Lc 6,24-26) a Palavra se volta, em modo de ameaça, aos ricos. E diz Jesus: “Ai de vós ricos, porque já tende vossa consolação… Ai de vós que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!” (Lc 6,24-25). Deste modo, Jesus quer converter os que agem com avareza e zombaria, para que usem seus dons (bens e capacidades) para uma vida de amor (uma vida de caridade e de fraternidade).

Os que buscam experiência da confiança no Senhor e que lutam por um mundo melhor são como “como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca de umidade, por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde” (Jr 17,8). Portanto, a primeira leitura desta Liturgia nos indica que é Deus a fonte da nossa força quando somos atingidos pelo sofrimento, provindo da pobreza, da opressão e das calúnias – consequência do exercício do discipulado.

A Palavra de Deus será sempre o alimento e o guia para o cristão seguir em frente com desprendimento (ou seja, a pobreza evangélica), pois os bem-aventurados encontram em Deus o sentido pleno de suas existências, sem reproduzir atitudes desumanas, incoerentes com o Evangelho. A cada encontro com o Senhor, através de Sua Palavra, todos somos convidados a refletir sobre o sentido das bem-aventuranças.

recisamos entender que as bem-aventuranças não representam uma apologia ao sofrimento vitimista, mas é uma forma de fazer a vontade de Deus, proporcionando o encontro com a verdadeira felicidade, pois as bem-aventuranças (ou as felicidades) nos apontam para a vida eterna, onde tudo é pleno e permanente.

Portanto, irmãos e irmãs, podemos nos perguntar: como está nossa vida de seguidor e de servidor de Cristo? Como agimos no nosso dia a dia? Em quem depositamos nossa confiança? E a resposta para tais questões podemos encontrar na experiência da fé no Ressuscitado, pois Cristo é o fundamento que nos faz seguir vivendo como peregrinos em busca da felicidade plena.

São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, escreve na Primeira Carta aos Coríntios: “na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.” (1Cor 15,20). Nossa fé cristã deve se fundamentar nessa verdade para que possamos prosseguir com segurança no discipulado a serviço do Reino de Deus.

Por fim, roguemos a Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, Distribuidor dos Dons Celestes, para que possamos ouvir como discípulos e falar (anunciar) como missionários a Boa-Nova das bem-aventuranças. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Raízes Mais Profundas da Vida


Como a raiz da árvore próxima ao rio,
Buscando a energia e a força vital,
Assim é o homem que busca o Senhor,
Vivendo sua essência original,
Com os pés no chão da vida, firmando,
Com segurança ele vai caminhando,
Sendo mensageiro e para o mundo um sinal.
*
Seguir o caminho da vida aventurada,
Na busca do verdadeiro sentido,
Nos propósitos das bem-aventuranças,
Com o caminho iluminado e fortalecido,
Sem se render a uma posição superficial,
Mas mergulhando na Palavra que é sinal,
E nos braços de Deus – Amor e Pai querido!
*
O Senhor nos alerta a viver a felicidade,
Que se constrói pela nossa conversão,
Que se expressa na coerência e bondade,
Porque Ele nos ensina a compaixão,
Nos motiva a vivermos no sumo bem,
Abraçados pela sua misericórdia também,
Porque Ele nos oferece a Redenção.
*
A Palavra do Senhor é também alimento,
Para os peregrinos da paz e da alegria,
Para os que promovem a justiça e a vida,
Na realidade da criação, a cada dia,
Porque Deus nos criou para a felicidade,
Para comunhão, o encontro e a fraternidade,
Como Pai amoroso nos fortalece e nos sacia!

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos dá o alimento e o guia para a realização da nossa vocação, ilumine o seu caminho!

 

 

V Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas religiosas e consagradas ⇐

 

Leituras: Is 6,1-2a.3-8; Sl 138(137); 1Cor 15,1-11; Lc 5,1-11

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

“Eis-me Aqui, Envia-me!”

Lc 5,1-11

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do V Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar a vocação como uma iniciativa de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 5,1-11.

Nesta Liturgia, Jesus está nas margens do lago de Genesaré(1). Genesaré ficava situada entre Cafarnaum e Magdala, que são separadas por uma distância de 10 quilômetros.

Neste Domingo, a Igreja nos apresenta a dimensão vocacional. Anteriormente, no Domingo passado, vimos que Jesus agiu e falou sozinho, mas agora estará em movimento, fora do espaço religioso e às margens do Lago, formando, assim, o Seu grupo (discípulos e Apóstolos) e futuros missionários a todas as nações (cf. Lc 24,44-48).

Para isso, a Liturgia nos apresenta o Evangelho em três momentos: o primeiro é a pregação à multidão (cf. Lc 5,1-3); o segundo é a pesca milagrosa (cf. Lc 5,4-7); e terceiro é o chamado aos quatro primeiros discípulos (cf. Lc 5,8-11).

Podemos imaginar o cenário daquela manhã às margens do Lago: uma multidão que cerca Jesus; pescadores desanimados pelo insucesso do trabalho noturno e barcos vazios de peixe. Depois de dar o ensino às multidões, Jesus ordena a Pedro e aos seus companheiros que lancem suas redes em águas mais profundas (cf. Lc 5,4), pois estavam na margem.

Como resultado, eles pescam uma abundância de peixes que chega a romper as redes. Em resposta, Pedro, aos pés de Jesus, diz “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” (Lc 5,8). Isso indica que começa a acontecer o reconhecimento de que Jesus é o Senhor e Ele mesmo já sinaliza para a sua Ressurreição quando vencerá a morte, dando-nos a prova de que Ele é o Deus verdadeiro e quer que todos ressuscitem.

O momento final é o chamado para serem pescadores de homens e lançarem suas redes anunciando a chegada do Reino. E a resposta está contida numa belíssima descrição. Diz o Evangelista: “Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.” (Lc 5,11).

A barca simboliza a Igreja onde Jesus sacia os famintos (uma imagem da Mesa da Palavra) e onde também Jesus opera o milagre da abundância (imagem da Mesa da Eucaristia). Ao nos dar o ensino e o milagre da abundância, Jesus nos fornece elementos essenciais para combater o desânimo, a desmotivação e a desesperança. Mas há um detalhe importante: para ensinar, Jesus tinha à sua disposição duas barcas (cf. Lc 5,2) e Ele escolhe a de Pedro (cf. Lc 5,3). Naquele dia, a barca de Pedro, “uma barca petrina”, foi um verdadeiro ambão, uma verdadeira Mesa da Palavra.

Sendo obediente, o discípulo precisa ir além das práticas religiosas e se lançar no mundo como testemunha da Salvação. E diante do desânimo e da debilidade, se volte para Deus, fonte de coragem para ser sal e luz do mundo no caminho que Deus mesmo indica. Para isso, é preciso discernir quando deixar aquilo que para nós “é tudo” e seguir em frente, mesmo continuando a nossa profissão, mas colocando os dons (bens e capacidades) a serviço da Missão.

Recordarmos que neste mês as intenções do Papa Francisco, herdeiro da barca de Pedro, estão voltadas para as religiosas e consagradas, que respondem a muitos desafios e são exemplos de fé, esperança e caridade, num tempo carente de pão, fruto da terra, mas também, e sobretudo, do Pão descido do Céu que nos sacia verdadeiramente (cf. Jo 6,58).

Por fim, roguemos a Nossa Senhora, Torre de Marfim, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, Espírito das Virtudes, para sermos melhores cristãos, pois, como diz São Paulo, pela graça de Deus (cf. 1Cor 15,10) e completemos com as palavras do profeta Isaías: “aqui estou! Envia-me!” (cf. Is 6,8). Amém.

*   *   *
(1) Depois de ser expulso de Nazaré (cf. Lc 4,29), Jesus vai para Cafarnaum (cf. Lc 4,31-41). Em seguida, sai de Cafarnaum em segredo e vai pregar nas sinagogas da Judeia (cf. Lc 4,42-44).

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Avancemos para a Messe


Avancemos para os campos,
Para as cidades, vilas e favelas,
Anunciemos nelas,
O dom do amor,
Também do fervor,
Sempre a proclamar,
E acreditar,
No que diz o Senhor.
*
Avancemos com a barca de Jesus,
Em busca das multidões,
Em mutirões,
Para viver a pesca,
Pois ainda resta,
A nossa obediência,
Na paciência,
E na vida honesta.
*
Avancemos com os discípulos,
Que firmes seguiram,
E se uniram,
A caminhar,
Vivendo a pregar,
As vezes a cair,
Mas sem desistir,
Sempre a levantar.
*
Avancemos para os mundos humanos,
Em suas existências,
Com suas essências,
Se fazendo união,
Na vida de irmãos,
Nas tantas partilhas,
Nas estradas e trilhas,
Pela comunhão!

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que tem a iniciativa da nossa vocação, ilumine o seu caminho!

 

 

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês Vocacional – Domingo da Vocação para a Vida Religiosa ⇐

 

Leituras: Ap 11,19a;12,1-6a.10ab; Sl 45(44); 1Cor 15,20-27a; Lc 1,39-56

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Maria e Isabel: O Encontro da Profecia e da Salvação

Lc 1,39-56

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar a assunção de Nossa Senhora ao Céu, de corpo e alma, sendo a primeira a participar da redenção e da glorificação celeste. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,39-56.

A Assunção de Nossa Senhora à glória celeste, de corpo e alma, é um dogma proclamado pela Igreja, ou seja, uma verdade de fé, e é o mais recente entre os quatro dogmas marianos, tendo sido proclamado pelo Papa Pio XII no ano de 1950(1). Os outros três dogmas marianos são: Maternidade Divina, Imaculada Conceição e Virgindade Perpétua.

No Evangelho desta Liturgia, o evangelista São Lucas nos apresenta a caminhada de fé da jovem Virgem rumo à casa de Isabel. A Virgem Maria, grávida por obra do Espírito Santo (cf. Mt 1,20), segue pelo longo percurso de 150 km rumo à Judeia e caminha, por entre as montanhas, para levar a caridade e a alegria à sua prima. Com esta missão, a Virgem, grávida do Salvador e vazia de interesses pessoais, dá mais um passo para torna-se Sacrário Vivo do Senhor.

A Virgem peregrina nos dá exemplo de como abraçar o Chamado e da firme decisão para crescer na resposta de fé, em atitude de amor e de doação. A Mãe do Salvador se doa de forma lenta e desinteressada, mas vai apressadamente para servir a outra grávida, portadora da profecia em seu ventre (João Batista), que preparará os caminhos do Enviado para que os homens o acolham, sejam curados, chamados e redimidos pelo sangue do Cordeiro.

A Esposa de São José, Maria, é a imagem perfeita da Igreja (cf. CIgC(2), nº 967), que é o Corpo Místico de Cristo (cf. CIgC, nº 787-810). Ela é também Sacrário Santo e vínculo de amor entre irmãos, é meio de salvação para todos que dela se aproximam para escutar e se alimentar do Senhor, sendo purificados pela fé e glorificados na dimensão celestial.

É ela a mulher “vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1), como nos fala a primeira leitura desta Liturgia. É ela porque tem no seu ventre o poder da vida e que esse poder vence o dragão da morte e devolve a vida verdadeira a todos os que acolhem os valores do Reino e querem a redenção e desejam participar da glória de Deus.

São Paulo nos diz que “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (1Cor 15,20). Deus antecipa para a Mãe do Salvador a graça da ressurreição e da glorificação. Ela é a primeira cristã entre os que seguiram e seguem o Senhor. Por isso podemos chamá-la de Nossa Senhora da Glória, pois é a Rainha que se encontra à direita do Rei, com o esplendor da sua beleza e da sua santidade, assim como cantamos no salmo responsorial desta Liturgia [cf. Sl 45(44)].

Para que vivamos um testemunho coerente, precisamos olhar para Virgem Maria, que interioriza e pratica as virtudes na simplicidade do seu cotidiano. Estando atentos ao que Deus nos pede, vivendo a obediência à Palavra do Senhor, não desviaremos a nossa atenção das diversas situações do mundo, principalmente no que se refere a todos os sofredores. Enfim, nos esvaziando do nosso egoísmo para poder nos encher da graça de Deus.

E neste terceiro Domingo do Mês Vocacional, dedicado à vocação à vida consagrada (religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, seculares), rezemos pelos que são chamados para a Evangelização missionária no mundo. Que possamos aprender da Virgem Maria sobre a escuta da Palavra, a obediência ao chamado de Deus, à vida de castidade, ao anúncio do Reino de Deus e a contemplação frutífera, através da oração perseverante.

 

*   *   *
(1) Através da constituição apostólica Munificentissimus Deus. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html>.
(2) Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html>.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A Primeira Crente da Nova Aliança

 

Aberta à voz de Deus e ao Seu chamado,
Grávida, a serviço da vida e da esperança,
Lá vai a caminheira para a santa missão,
Como primeira crente da nova Aliança.
*
Vai pelas montanhas entre o vento e a poeira,
Motivada pelo amor e levando a Força da Redenção,
Visita a sua prima Isabel, com gratuidade fraterna,
Levando um cântico de alegria, profecia e libertação.

*
Sua alma é engrandecida pelo amor supremo,
Pois a alegria é plena do Espírito Divino,
Porque o mundo a chamará Senhora Bendita,
Porque da sua boca nasce o Anúncio, por um belo hino.

*
É glorificada no Céu de corpo e alma,
Porque em Cristo és Mãe e Santificada,
Por isso o nosso culto a ti elevamos felizes,
Porque és a primeira cristã de vitória alcançada.
*
Rogai por nós, nos vales dos nossos sofrimentos,
Mãe da profecia e cheia do belo cantar de amor,
Ensina-nos a sermos vazios de nós e cheios da Graça,
Como servos atentos e santos de Nosso Senhor.


*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos deu como Mãe a Virgem Maria – assunta ao Céu de corpo e alma, ilumine o seu caminho!

Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Solenidade, Ano A

 

Leituras: Ez 34,11-12.15-17; Sl 23(22); 1Cor 15,20-26.28; Mt 25,31-46

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Um Reino que não é deste Mundo

Mt 25,31-46

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXXIV Domingo do Tempo Comum do Ano A, Solenidade de Cristo, Rei do Universo, nos motiva a contemplar a realeza de Cristo, na dimensão da justiça e da misericórdia. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 25,31-46, sequência do Domingo passado.

Assim, entramos na última semana do ano litúrgico. No próximo Domingo seremos chamados a começar um novo percurso, quando entraremos no Advento do Ano B, período em que teremos a orientação dos textos do evangelista Marcos.

Celebrar a realeza de Cristo é olhar para ele como o Pastor que cuida do seu rebanho com amor, mas também vê-lo como o Juiz que tem o julgamento sobre nossas ações enquanto caminhamos nesta terra.

A caridade é o critério principal para participarmos da sua alegria. Ele mesmo nos ensina: “pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me.” (Mt 25,35-36). O amor ao irmão necessitado tem o mesmo valor que a mesa do Altar do Senhor. Segundo São João Crisóstomo, ele diz “enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo”.[1] É mais importante a nossa preocupação com os sofredores do que o nosso apego ao espaço material. Nesse sentido, devemos refletir sobre isso e nos perguntar como está a atenção ao Cristo escondido nos pobres, o crucificado nos irmãos e irmãs que clamam o amor concreto de Deus.

Os textos da Liturgia apresentam o Senhor como o Pastor e o Rei do universo. Pastor que cuida, que vai atrás das ovelhas perdidas, reúne ao seu redor (cf. Ez 34,11-12.15-17), o Rei que julga as ovelhas, separando-as de acordo com os critérios do amor.

Aos que obedeceram a voz do Senhor acolhendo-o nos pobres, famintos, sedentos, estrangeiros, despidos e presos, estes receberão a herança do Reino, serão chamados benditos do Pai (cf. Mt 25,34).

Quanto aos que desconheceram a presença do Senhor nos que sofrem, ele os dirá: “afastai-vos de mim malditos” (Mt 25,41) e serão jogados no fogo eterno. Parece muito duro ouvir tais palavras do Jovem Galileu. O Evangelho nos motiva a estar atentos às palavras do Pastor e Rei.

As palavras de Cristo neste último Domingo do ano A nos convida a avaliar nossas ações como cristãos, durante todo o tempo em que escutamos a Palavra, comungamos da Mesa e nos reunimos na comunidade de discípulos de Cristo. É permanente a necessidade de rever nossas ações e posturas como ovelhas do redil do Bom Pastor.

Que o Espírito Santo nos ilumine e nos fortaleça em nossa missão. Que possamos usar nosso tempo para avaliar, propor e melhorar nosso agir como seguidores do Bom Pastor que nos conduz pelos caminhos retos, mas que também nos julga quando somos ovelhas distantes e errantes que não reconhecem o sofrimento do Filho Unigênito do Pai na existência humana.

***

[1] Das homilias sobre Mateus, de são João Crisóstomo (*309+407), bispo e doutor da Igreja. In Liturgia das Horas, 1999, vol. IV, p. 157.

***

 

⇒ POESIA ⇐

Um Reinado que Vem do Senhor

 

O Reinado do Senhor,
É justiça e caridade,
Caminho ao paraíso,
Marcado pela bondade,
Seremos chamados benditos,
Porque consolamos os aflitos,
Pela solidariedade.

O Reinado do Senhor,
É o amor em nosso agir,
Enxergando-o nos sofredores,
No seu corpo a se ferir.
No chão da nossa existência,
Em tudo que for carência,
No humano a existir.

O Reinado do Senhor,
É herança garantida,
Para todos os benditos,
Pelo Rei oferecida,
Pois o critério é o amor,
Ao Cristo no sofredor,
Para retomar a vida.

O Reinado do Senhor,
Nos leva a meditar,
Há tempo para se rever,
Para no seu reino entrar.
Recriar nossa postura,
Retomar nossa ternura,
Para não nos enganar.

O Reinado do Senhor,
É encontro e alegria,
É o encontro com o outro,
Sendo noite ou de dia,
É caridade ao irmão
É serviço e gratidão,
Que brota da Eucaristia.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que com justiça e misericórdia nos motiva a participar do Reino de Deus, ilumine o seu caminho! ***