VI Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

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Leituras: Jr 17,5-8; Sl 1; 1Cor 15,12.16-20; Lc 6,17.20-26

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Felicidade que Não se Acaba

Lc 6,17.20-26

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do VI Domingo do Tempo Comum, neste Ano “Família Amoris Lætitia, nos motiva a contemplar Jesus apresentando as bem-aventuranças aos pobres e o alerta aos ricos. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 6,17.20-26.

Nesta Liturgia, Jesus continua percorrendo a Galileia, possivelmente ao pé da colina de Tabgha, onde fica a Igreja da Multiplicação (também conhecida como Igreja do Primado de São Pedro). Tabgha está entre Genesaré e Cafarnaum.

Neste Domingo, a Igreja nos apresenta o programa do vocacionado, ou seja, aqueles que são chamados a serem discípulos e missionários. E as bem-aventuranças – e as ameaças aos ricos – são apresentadas por Jesus após a eleição do grupo dos Doze (cf. Lc 6,12-16). O Evangelista nos conta que, ao descer da montanha e, diante de uma imensa multidão oriunda da Judeia, de Jerusalém e de Tiro e Sidônia, Jesus ensina aos Seus discípulos (cf. Lc 6,17.20).

Jesus se dirige aos pobres – sejam famintos, odiados, perseguidos (cf. Lc 6,20-22) – e Sua pregação revela uma realidade que oprime o povo com fome, angústia, hostilidade. Mas a pregação do Jovem Galileu também traz um alento e revela o amor (a caridade), a esperança e a fé como recursos para que os discípulos (os vocacionados) alcancem e anunciem o Reino de Deus.

Jesus, o Profeta por excelência, anuncia e denuncia o sofrimento do povo expondo um conflito com a elite religiosa (e política) de sua época. Na segunda parte do Evangelho desta Liturgia (cf. Lc 6,24-26) a Palavra se volta, em modo de ameaça, aos ricos. E diz Jesus: “Ai de vós ricos, porque já tende vossa consolação… Ai de vós que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!” (Lc 6,24-25). Deste modo, Jesus quer converter os que agem com avareza e zombaria, para que usem seus dons (bens e capacidades) para uma vida de amor (uma vida de caridade e de fraternidade).

Os que buscam experiência da confiança no Senhor e que lutam por um mundo melhor são como “como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca de umidade, por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde” (Jr 17,8). Portanto, a primeira leitura desta Liturgia nos indica que é Deus a fonte da nossa força quando somos atingidos pelo sofrimento, provindo da pobreza, da opressão e das calúnias – consequência do exercício do discipulado.

A Palavra de Deus será sempre o alimento e o guia para o cristão seguir em frente com desprendimento (ou seja, a pobreza evangélica), pois os bem-aventurados encontram em Deus o sentido pleno de suas existências, sem reproduzir atitudes desumanas, incoerentes com o Evangelho. A cada encontro com o Senhor, através de Sua Palavra, todos somos convidados a refletir sobre o sentido das bem-aventuranças.

recisamos entender que as bem-aventuranças não representam uma apologia ao sofrimento vitimista, mas é uma forma de fazer a vontade de Deus, proporcionando o encontro com a verdadeira felicidade, pois as bem-aventuranças (ou as felicidades) nos apontam para a vida eterna, onde tudo é pleno e permanente.

Portanto, irmãos e irmãs, podemos nos perguntar: como está nossa vida de seguidor e de servidor de Cristo? Como agimos no nosso dia a dia? Em quem depositamos nossa confiança? E a resposta para tais questões podemos encontrar na experiência da fé no Ressuscitado, pois Cristo é o fundamento que nos faz seguir vivendo como peregrinos em busca da felicidade plena.

São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, escreve na Primeira Carta aos Coríntios: “na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.” (1Cor 15,20). Nossa fé cristã deve se fundamentar nessa verdade para que possamos prosseguir com segurança no discipulado a serviço do Reino de Deus.

Por fim, roguemos a Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, Distribuidor dos Dons Celestes, para que possamos ouvir como discípulos e falar (anunciar) como missionários a Boa-Nova das bem-aventuranças. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Raízes Mais Profundas da Vida


Como a raiz da árvore próxima ao rio,
Buscando a energia e a força vital,
Assim é o homem que busca o Senhor,
Vivendo sua essência original,
Com os pés no chão da vida, firmando,
Com segurança ele vai caminhando,
Sendo mensageiro e para o mundo um sinal.
*
Seguir o caminho da vida aventurada,
Na busca do verdadeiro sentido,
Nos propósitos das bem-aventuranças,
Com o caminho iluminado e fortalecido,
Sem se render a uma posição superficial,
Mas mergulhando na Palavra que é sinal,
E nos braços de Deus – Amor e Pai querido!
*
O Senhor nos alerta a viver a felicidade,
Que se constrói pela nossa conversão,
Que se expressa na coerência e bondade,
Porque Ele nos ensina a compaixão,
Nos motiva a vivermos no sumo bem,
Abraçados pela sua misericórdia também,
Porque Ele nos oferece a Redenção.
*
A Palavra do Senhor é também alimento,
Para os peregrinos da paz e da alegria,
Para os que promovem a justiça e a vida,
Na realidade da criação, a cada dia,
Porque Deus nos criou para a felicidade,
Para comunhão, o encontro e a fraternidade,
Como Pai amoroso nos fortalece e nos sacia!

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos dá o alimento e o guia para a realização da nossa vocação, ilumine o seu caminho!

 

 

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Jr 17,5-8; Sl 1; 1Cor 12.16-20,1-11; Lc 6,17.20-26

 

⇒ POESIA ⇐

MERGULHO NO MAIS PROFUNDO DA VIDA

 

Como a raiz da árvore próxima ao rio,
Buscando a energia e a força vital,
Assim é o homem que busca ao Senhor,
Vivendo sua essência original,
Com os pés no chão da vida, firmando,
Com segurança ele vai caminhando,
Sendo mensageiro, e, para o mundo um sinal.

Seguir o caminho da vida aventurada,
Na busca do verdadeiro sentido,
Nos propósitos das bem-aventuranças,
Com o caminho iluminado e fortalecido,
Sem se render a uma posição superficial,
Mas mergulhando na Palavra que é sinal,
E no abraço de um Deus amor e Pai querido!

O Senhor nos alerta a viver a felicidade,
Que se constrói pela nossa conversão,
Que se constrói na coerência e bondade,
Porque ele nos ensina a compaixão,
Nos motiva a vivermos no sumo bem,
Abraçados pela sua misericórdia também,
Porque ele nos oferece a redenção.

A Palavra do Senhor é também alimento,
Para os peregrinos da paz e da alegria,
Para os que promovem a justiça e a vida,
Na realidade da criação, a cada dia,
Porque Deus nos criou para a felicidade,
Para comunhão, o encontro e a fraternidade,
Como Pai amoroso nos fortalece e nos sacia!

 

⇒ HOMILIA ⇐

A felicidade que não se acaba

Lc 6,17.20-26

 

A liturgia deste Domingo nos apresenta Jesus descendo do monte e pregando as bem-aventuranças para as multidões e, especialmente, para os discípulos. A palavra de Jesus se dirige aos pobres, aos que passam fome, os que choram e aos que são odiados (cf. Lc 6,20-22). Esta realidade era percebida por Jesus no seu contato com o povo e na sua realidade conflituosa com os chefes políticos e religiosos da sua época.

A pregação de Jesus denuncia a realidade de pobreza, de fome, de angústia e de hostilidade em que o povo era vítima. Ele traz um alento e ajuda às pessoas a fim de que acreditem que as realidades de sofrimento humanas e terrenos podem passar. Outra realidade surgirá após esta vida. Jesus ao contemplar a realidade de seu povo traz a esperança e a segurança de que Deus está com os que sofrem e que ele quer construir um mundo de justiça, de paz e de alegria já neste mundo.

Os que buscam experiência da confiança no Senhor e que lutam por um mundo melhor são como a árvore plantada junto às águas, que estendem as raízes em busca de umidade (cf. Jr 17,8). Por essa razão, as pessoas que buscam o Senhor encontram força quando são atingidos pelo sofrimento, provindo da pobreza, da opressão e das calúnias que poderiam vir como consequência do discipulado.

A Palavra do Senhor será sempre o alimento que fortalece e a seta que orienta o cristão a seguir em frente. E, portanto, quem coloca sua existência numa busca do sentido mais profundo entenderá o significado das bem-aventuranças pregadas por Jesus. Os discípulos que acolheram o seu chamado entenderam que era preciso viver a experiência de desprendimento (pobreza) e, neste sentido, seriam também os bem-aventurados, os que encontraram em Deus o significado pleno de suas existências.

Num segundo momento a Palavra de Jesus também é dirigida a outro grupo: “Aí de vós ricos, porque já tende vossa consolação… Ai de vós que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!” (Lc 6,24.25). Jesus alerta e provoca os que usam as suas riquezas com arrogância, aqueles que zombam dos que sofrem. Os “ais” de Jesus podem estimular a conversão dos avarentos, desumanos e zombadores. Sua voz pode ressoar como um apelo a uma mudança de vida em direção ao amor, à fraternidade e, sobretudo, a caridade.

Os cristãos podem se perguntar se no dia a dia de suas vidas não reproduzem as atitudes e posições desumanas e incoerentes ao evangelho. A cada encontro com o Senhor através de sua Palavra somos convidados a refletir sobre o sentido das bem-aventuranças.

Cabe nos perguntar sobre a provocação que as palavras de Jesus produzem no coração daqueles que se colocaram numa posição de opressão, de injustiça e firmam sua confiança unicamente nas obras e ações humanas, na adoração aos bens materiais, realidade que não possibilitam estabilidade à manutenção da essência do homem.

Precisamos entender que as bem-aventuranças não são uma apologia ao sofrimento, mas uma forma de dizer que a vontade de Deus seja presente e que o ser humano encontre a verdadeira felicidade. As bem-aventuranças nos apontam para a vida eterna, onde tudo é permanente passará e a vida será plena em Deus.

Portanto podemos nos perguntar: como está nossa vida de seguidor e servidor de Cristo?            Como procedemos e agimos no nosso dia a dia? Em quem depositamos nossa confiança? Para responder estas questões é importante vivermos em profundidade a experiência da fé no Ressuscitado e na nossa ressurreição, pois Cristo é o fundamento que nos faz seguir vivendo como peregrinos neste mundo em busca de uma vida de aventurança plena.

São Paulo escreve na sua carta aos coríntios: “… na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morrem. Nossa fé cristã deve se fundamentar na verdade destas palavras do apóstolo” (1Cor 15,20). Somente com esta confiança e esta certeza na ressurreição, podemos prosseguir com segurança nossa vida de discípulos e colocarmos nossos dons e testemunho a serviço do Reino de Deus, o qual já se inicia aqui pela nossa vivência fraterna, digna e coerente com o Evangelho. Amém!