XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1Rs 19,9a.11-13a; Sl 84(85); Rm 9,1-5; Mt 14,22-33

POESIA

A TRAVESSIA DO MAR DA VIDA

No remar da nossa vida,
Nas noites das tempestades,
Nas chegadas e partidas,
Em nossas fragilidades,
Procuremos o Senhor,
Que nos dá tranquilidade.

E ao fazermos a travessia,
Nos mares da insegurança,
Busquemos a harmonia,
Nossa força e esperança,
Com o olhar fixo em Cristo,
Ele nos dá segurança.

Nas nossas noites escuras,
Nossa fé, fortifiquemos,
Quando vem as amarguras,
Em Deus todos confiemos,
Para seguirmos no mar,
Sem que nós nos afundemos.

Nossos medos e tristezas,
Não nos venha apavorar,
Não nos tire a beleza,
Da vida e do caminhar,
Para vivermos a missão,
Firmes e sem vacilar.

Que a barca do Senhor,
Vença as tribulações,
E que a força e o amor,
Traga paz entre as nações,
Nossa Igreja a remar,
Vencendo as contradições.

Que a mesa da alegria,
Reúna todos os irmãos,
Com a paz e harmonia,
Sangue e corpo, comunhão,
Que chama à fraternidade,
Destino à ressurreição.

HOMILIA

Chamados e enviados a remar com o Senhor

Irmãos e irmãs, hoje, 19º Domingo do Tempo Comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus que após a multiplicação dos pães ordena aos discípulos a entrarem na barca e seguirem para o outro lado do mar (cf. Mt 14,22). Depois do milagre material do Pão, Jesus chama e ordena que seus discípulos sigam em frente.

Caminhar é preciso, mesmo em meio aos desafios da vida, quando as tribulações e a insegurança os apavoram. Precisam avançar na missão pelo Reino de Deus. Do outro lado há necessitados da salvação e da misericórdia de Deus.

Jesus procura um lugar para sua oração pessoal com o Pai (cf. Mt 14,23). Isto para mostrar a sua sintonia com o Pai. A sintonia que os seus discípulos precisam ter com Deus através da oração. Para quando navegarem nas ondas tempestuosas de suas vidas no mundo, dentro da grande barca de Cristo, a Igreja, poderem fortificar a sua fé e seguirem remando em frente para anunciar a esperança ao mundo.

É madrugada escura e os discípulos estão no alto mar. A barca está agitada pelos ventos contrários ao percurso dos remadores. Os discípulos pescadores, sem Jesus na barca, são invadidos pela insegurança e pelo medo de afundarem antes da travessia. Jesus vem ao encontro dos seus seguidores para acalmá-los (cf. Mt 14,25). Inicialmente, têm dificuldade de reconhecer Jesus e, por isso, em suas mentes, pensam se tratar de um fantasma. E Jesus os tranquiliza: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,26-27).

A cena prossegue e Jesus os chama para que o encontrem mesmo em meio a tempestade. Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,29-30)Sair da barca e deixar os outros não foi uma boa opção para Pedro, ele começa a andar mas afunda. Jesus entra na barca e devolve o devolve ao grupo e a calmaria retorna.

Quantos ensinamentos podemos colher das cenas deste Evangelho. Falando em ondas e tempestades, refletimos que aquele acontecimento no mar de Tiberíades ficou marcado na mente e no coração dos discípulos, principalmente na pessoa do apóstolo Pedro o qual, depois da ressurreição, enfrentou muitas perseguições do Império Romano.

Nós cristãos na atualidade também enfrentamos a insegurança e a falta de fé quando navegamos nas águas do mar da vida e corremos o risco de nos faz afundar. As vezes queremos caminhar sem Jesus, e fora da comunidade dos irmãos, e é então que somos invadidos pelo medo que nos faz afundar em nossa insegurança e falta de fé.

Somos chamados a servir ao Senhor, e quando não caminhamos sobre a força e a alegria de seu Evangelho, a verdade é que o ignoramos. Porque a presença de Cristo em nosso caminhar também nos desafia a ir ao seu encontro pela nossa fé. Precisamos sempre ir ao encontro do Senhor para fazer a travessia na confiança e na esperança.

A fé é que nos faz ter segurança diante das tempestades da vida. A fé que nos faz reconhecer o Cristo como aquele que tem o total poder sobre as tribulações e tempestades causadas pelos poderes do mal. Os cristãos seguem Jesus na barca que é a Igreja, e às vezes caminham sobre as águas (realidades) das superficialidades da vida, das ideologias relativistas e das injustiças que só os causam insegurança e uma mentalidade fantasiosa da existência humana.

Por isso que a presença de Deus em nosso caminhar deve ser reconhecida e acolhida no espírito de simplicidade, como foi a experiência de Elias. E depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” (1Rs 1,13a). É na brisa suave da vida que encontramos Deus e deixamos ele fazer parte de nossa experiência de fé. É na suavidade que encontramos Deus em nossa existência.

Na tempestade do mar da Galileia, o evangelista Mateus nos fala: “Assim que subiram no barco, o vento se acalmou” (Mt 14,32). Quando deixamos Jesus entrar na barca da nossa vida, as coisas se calmam e podemos seguir a travessia. É na calmaria que podemos encontrar a direção da nossa existência. É na confiança da presença de Deus que somos impedidos de afundar na insegurança e no medo de avançar em nosso caminhar.

Os momentos de encontro com o Senhor nos faz seguir pelo mar da vida, vencendo as tempestades junto com os nossos irmãos e irmãs. Confiemos nossa travessia de discípulos ao Cristo que nos oferece sua mão protetora para o retorno à barca. Ele é quem nos salva dos naufrágios da vida. Rezemos com o refrão do salmo 84(85): Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!” Amém.

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR, FESTA (ANO A)

Leituras: Dn 7,9-10.13-14; Sl 96(97); 2Pd 1,16-19; Mt 17,1-9

POESIA

ESCUTAI O MEU FILHO AMADO

Ouvi o meu Filho querido,
Diz Deus Pai nos ensinando,
Para descermos do monte,
Continuar anunciando,
Sem temer a morte e a cruz,
Ter o Senhor como luz,
Sua Palavra semeando.

Levantar e não ter medo,
O Senhor vem nos dizer,
Quer que sigamos com ele,
E esta ordem obedecer,
Pois no mundo há ilusão,
Tem morte e opressão,
E nós precisamos vencer.

Fixar o olhar em Cristo,
Pra seguir na segurança,
Fazer santa experiência,
Da nova e viva Aliança,
Viver a Transfiguração,
Abraçando a paixão,
E seguir na esperança.

Não temer a sua voz,
Que vem nos questionar,
Às vezes nos provocando,
Pra poder nos levantar,
E sair da insegurança,
Continuar as andanças,
E o Reino anunciar.

Buscar o Senhor no silêncio,
Na escuta interior,
Desfazermos do supérfluo,
E optarmos pelo amor,
Que nos faz filhos queridos,
E por Deus, sempre reunidos,
Na vida e também no louvor.

Formar a comunidade,
Na paz e na alegria,
Reunir os batizados,
Velas que ao mundo alumia,
Nutrir-se da comunhão,
Brindar sempre a união,
Pra ressurgir novo o dia.

HOMILIA

Transfiguração: sinal da glorificação eterna

“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles.” (Mt 17,1-2a). A liturgia da Transfiguração nos apresenta a manifestação de Jesus na sua realidade divina junto aos seus discípulos, antes da sua ressurreição, quando peregrinou com seus seguidores nas terras da Palestina. Palavra divina que se fez carne, veio visitar o seu povo, habitou na humanidade e mostrou a sua glória que recebeu do Pai (cf. Jo 1,14). Essa é a compreensão que nos conduz a encontrar no homem Jesus a sua natureza divina.

Temos, na segunda leitura, o belo testemunho ocular de Pedro, o qual participa daquela profunda experiência mística com Jesus, na montanha: “Não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. ‘Este é o meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer’. Esta voz, nós a ouvimos, vinda do céu, quando estávamos com ele no monte santo.” (2Ped 1,17.18).

A transfiguração de Jesus na montanha é a realização da visão que o profeta Daniel no apresentou na primeira leitura: “… e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença” (Dn 7,13). Em Cristo se concretiza o que o profeta anunciou: “…seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá. (Dn 7,14).

Prosseguindo nossa meditação, mergulharemos em outros versículos que nos ajudam em nossa caminhada de discípulos do Senhor. Moisés e Elias (a Lei e os profetas) nos levam a refletir sobre todo o processo da história da salvação que agora culminada em Jesus. Eles foram importantes, mas agora se cumpre tudo o que a antiga lei orientou e se realiza todas as profecias contidas na primeira Aliança. Pedro ainda teve a incompreensão de igualar Jesus à Moisés e a Elias, quando sugeriu as três tendas (Mt 17,4).

Como Pedro, também queremos permanecer na Transfiguração (cf. Mt 17,4). É claro que quando somos invadidos pela experiência de amor e presença do Senhor, queremos ficar sempre na montanha dos louvores, dos encontros, dos retiros, das celebrações, porque na verdade é “muito bom”. Mas é preciso partir para a missão. Faz-se necessário descermos para o encontro com as realidades humanas, onde está o sofrimento do outro e há carência da presença libertadora de Cristo.

“Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” (cf. Mt 17,5). Naquela experiência dos três discípulos quando Deus Pai lhes fala, o susto toma conta de seus corações. Diante disso Jesus os tranquiliza. Levantai-vos, e não tenhais medo” (Mt 17,7). Pois a partir daquele momento precisam seguir em frente com a missão de anunciarem o Reino.

Nós também precisamos ouvir a voz do Pai o qual nos ordena escutar o seu Filho. Levantar e seguir em frente. Vencer os nossos medos e inseguranças. Quantas vezes somos marcados pelo comodismo e pessimismo e queremos ficar somente na segurança da montanha?

Na nossa caminhada, quantos medos nos invadem e nos aterrorizam, quando não escutamos a voz de Deus. Não ouvir o Filho amado é seguir por caminhos de dúvidas. Por isso em muitos momentos temos receios do novo provocado pelo Evangelho. Queremos ficar na nossa zona de conforto. A Palavra de Deus é viva e dinâmica e nos impulsiona a nos movimentar e transformar as realidades de alienação e escravidão em nova consciência que liberta o homem do relativismo religioso e ideológico. A nossa liberdade está em optar pelo caminho de Cristo para que o seu Reino cresça e fermente o mundo.

Que a força e a alegria da Ressurreição de Cristo, prefigurada na Transfiguração, nos impulsione a descermos do monte de nossas comodidades e conveniências pessoais, para seguirmos ouvindo a Palavra fortificadora e libertadora do Evangelho. Porque em nossa caminhada de discípulos e discípulas do Senhor, podemos rezar e cantar como o salmo 96(97): Porque vós sois o Altíssimo, Senhor, muito acima do universo que criastes, e de muito superais todos os deuses.” Somente em Cristo temos a verdadeira segurança e liberdade. Amém.

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1Rs 3,5.7-12; Sl 118(119); Rm 8,28-30; Mt 13,44-52

POESIA

O REINO DE DEUS É PRECIOSO

Ele é nosso tesouro,
Que se dá gratuitamente,
Nossa riqueza e beleza,
Que se faz em nós presente,
Sempre e sempre encontrado,
Pra vida eternamente.

Ele é a nossa Pérola,
Que também nós procuramos,
Exige assim nosso esforço,
Quando então nós o buscamos,
Precisamos então vender,
Tudo que idolatramos.

Ó sabedoria eterna,
Que Salomão suplicou,
Fazendo-lhe um grande sábio,
Porque a Deus o conquistou,
Foi um rei de muita dádiva
E este tesouro comprou.

E no mar da nossa vida,
Que a todos sempre alcança,
Na rede do julgamento,
O amor nossa esperança,
Pois no amor somos julgados,
E o Reino é nossa herança.

Busquemos incansavelmente,
O Reino, nossa riqueza
Este dom tão valioso,
Que nos traz a fortaleza,
Quem o encontra jamais deixa,
Porque dar força e firmeza.

E hoje o Povo de Deus,
Encontra na Eucaristia,
O tesouro precioso,
Que lhe dar força e alegria
Já não é mais escondido,
Está visto à luz do dia.

HOMILIA

Reino de Deus: tesouro e pérola

Irmãos e irmãs, hoje o Senhor nos convoca para mais uma vez participarmos da mesa da sua Palavra e do seu corpo e sangue. Alimentos que não perecem e que matam para sempre a nossa fome e sacia eternamente a nossa sede.

O capítulo 13 de Mateus, o qual nos conta várias parábolas, hoje é concluído, com mais três histórias que Jesus nos conta para comparar com o Reino de Deus. Diante da missão, Jesus sempre usou da sua criatividade para que sua mensagem pudesse atingir o coração das pessoas. Para os fariseus ele era um contraventor, um desobediente à Lei. Para o povo era o mestre, o defensor e representava a esperança.

A primeira parábola é a do tesouro escondido, que é encontrado por um homem do campo, que vende tudo o que tem para comprar aquele pedaço de chão e poder tomar posse do tesouro (cf. Mt 13,44). Foi este tesouro que muitos encontraram ao ouvir as Palavras de Jesus. Foi esta riqueza que os discípulos, deixando suas redes, suas família e suas rotinas, compraram. Eles entenderam o sentido do Reino de Deus, pois foram capazes de desfazerem até de suas próprias vidas para testemunharem e também pregarem sobre a Boa-Nova.

Foi este tesouro (a sabedoria) que Salomão optou quando foi ao santuário e em oração fez o seu encontro pessoal com Deus. Disse o Senhor: Pede o que desejas e eu te darei (cf. 1Rs 3,5). E Salomão responde: Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal (cf. 1Rs 3,9). Foi com este segredo que Salomão se tornou o rei mais sábio de Israel. Ele fez a opção pela sabedoria de Deus e se deixou guiar por ela.

A segunda é muito parecida com a primeira. A diferença é que quem compra pérolas, se esforça para encontrar uma de maior valor possível. Quando a encontra vende seus bens para poder adquirir aquela valiosa pérola (cf. Mt 13,44). Neste segundo momento vale lembrar que precisa-se do empenho, do esforço para que o Reino seja encontrado. Há uma busca e uma valorização maior, porque parte de quem se interessa.

Em nossos dias sabemos que este Reino ainda está escondido, mas sempre é possível de ser encontrado. Está escondido e ao mesmo tempo pode ser encontrado nos grupos, nas pessoas que deixaram (venderam) um modo de vida e refizeram seus caminhos e vivem seguros de terem encontrado o mais valioso tesouro que dá o sentido de suas vidas, o próprio Cristo, sua Palavra, seu Corpo e Sangue (Eucaristia).

De outro modo, outras pessoas, “caindo em si” (cf. Lc 15,17), procuraram comprar a pérola mais preciosa, a mais importante, a qual precisava tomar posse. Buscar a pedra mais cara exige esforço, busca, perseverança e um redirecionamento da vida. Tomar posse do Reino de Deus e fazer com que ele se torne realidade é um processo no qual se inicia a nossa peregrinação rumo a salvação.

A terceira parábola fala da diferença que há entre os que têm o tesouro e o que o desprezaram. Os peixes bons e os maus. Os que buscaram o amor e os que fizeram a sua opção por algo sem valor. O Reino de Deus está em nosso meio, mas precisa ser encontrado e buscado por cada um de nós.

No julgamento final seremos avaliados de acordo com as nossas opções. Os que abraçaram o valioso tesouro do Reino de Deus (os bons), serão separados dos que não optaram e se deixaram levar pelas ilusões do mundo. Que no dia do juízo possamos rezar como o salmo 118: “Como eu amo, Senhor, vossa lei, vossa Palavra! É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata”. Reflitamos sobre o Reino de Deus e seu valor incalculável! Amém.

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Sb 12,13.16-19; Sl 85(86); Rm 8,26-27; Mt 13,24-43

POESIA

A PACIÊNCIA DE DEUS

Reino de Deus, sem limites,
Que cresce imensamente,
Em meio aos males do joio,
Vai se espalhando fortemente,
Para a colheita do amor,
Santa e divina semente.

Reino de Deus paciente,
Que cresce enquanto dormimos,
Que tem raízes profundas,
Pois nele, nós existimos,
Cada dia, cultivados,
E ao semeador nos unimos.

Reino de Deus de bondade,
Que julga com retidão,
Que queima as força do mal,
Com Espírito de purificação,
Convertendo a nossa vida,
A partir do coração.

Reino de Deus consistente,
Cheio de Simplicidade,
Como a pequena mostarda,
Cheia de capacidade,
Que cresce e traz seu verdor,
Com força e vivacidade.

Reino de Deus em mistério,
Fermento que vai crescendo,
Com calma vai se espalhando,
Como que se escondendo,
Mas que vai se construindo,
E aos seus servos acolhendo.

Reino de Deus de alegria,
Que faz a todos, irmãos,
Que nos reúne em festa,
Pra colhermos a união,
Fortalecendo o encontro,
Vivido na comunhão.

HOMILIA

A semente boa, a mostarda e o fermento no mundo

Na liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum, Jesus continua ensinando à multidão camponesa da Palestina. Suas belas parábolas (comparações) tocavam o coração das pessoas e os fazia entender o sentido daquilo que é o Reino de Deus. A linguagem simples de Jesus aproximava cada ouvinte do amor de Deus e o ajudava a encontrar o sentido de suas vidas, nas suas buscas. Talvez a dificuldade dos fariseus em entender Jesus fosse exatamente esta resistência em aceitar um Deus muito próximo. Um Deus simples, amável, misericordioso e paciente com o pecador.

Com que se parece o Reino dos Céus? O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo”. (Mt 13,24). “É também como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo” (Mt 13,31) …Ou “como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado” (Mt 13,33). Essa era a pedagogia de Jesus: perguntar e comparar as coisas do céu com a vida concreta do povo.

A semente boa foi plantada. Depois, outras sementes, piores, foram também jogadas e germinaram juntas com as primeiras. Como entender que Deus, o bom semeador, permita que o maligno semeie o mal em meio ao bem? Esta realidade Jesus percebeu quando pregava ao povo. Enquanto o seu Reino de amor era anunciado, outros também anunciavam os males da divisão. O coração das pessoas ficava, muitas vezes, confuso e dividido. Mas ao mesmo tempo a palavra ia crescendo e se espalhando junto com as ideologias do poder romano. Era preciso deixar que Deus pudesse cuidar do julgamento e oferecer seu parecer.

Inicialmente, o Reino dos céus é simples e aparentemente insignificante, como uma minúscula semente, mas que vai nascendo aos poucos e tornando-se grande como o pé de mostarda. É assim o agir do nosso Deus, ele nos transforma de forma leve e paciente. E nós, aos poucos, vamos nos deixando conduzir por ele. Com o tempo, como seus servos, nos mostraremos como sinais da presença de Deus no mundo.

Aos poucos vamos deixando o seu Espírito agir em nossa vida através da oração. São Paulo nos fala, na segunda leitura: “Nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis” (Rm 8,26). Deixemos Deus agir em nosso caminhar e ele nos mostra as trilhas do nosso percurso.

Jesus insiste ainda que podemos observar o Reino como o fermento. Sem percebermos a sua presença visualmente, ele faz crescer a massa, com sua força química. A força (fermento) do Reino está crescendo em meio à sociedade, sem que possamos ver.

Como entender o ambiente de Paz, respeito e lealdade em nossas repartições públicas e privadas? E a caridade material e espiritual em meio a tanta miséria nas mais diversas realidades humanas? E as manifestações pela vida e pela justiça social, nas ruas e nas praças públicas? É a presença invisível do Reino dos céus crescendo e fermentando os corações humanos com a força do bem.

Em nossas comunidades, se mergulharmos profundamente em suas histórias, perceberemos que muitas coisas mudaram. A comunidade, o grupo ou o movimento nascem pequenos e vão crescendo. A participação do povo aumentou, novos movimentos vão surgindo e se expandem pelos mais diversos lugares da cidade e do campo. Talvez muitas pessoas, que não participam, não percebam. Mas as que estão na caminhada sentem de forma relevante que suas vidas se transformaram e que elas têm uma missão a realizar em favor do bem e da paz.

Olhemos a Igreja e vejamos que ela é a boa semente, o grão de mostarda e o fermento que nasceu, cresceu e se espalhou pelo mundo. Nasceu quando do alto da Cruz foi regada pelo sangue de Jesus. Foi fecundada e, ao mesmo, tempo foi se expandindo em meio aos males e controvérsias do mundo. Mas como semente boa, produziu e produz muitos frutos para o crescimento do Reino de Deus.

O amor de Cristo como fermento, faz crescer no coração invisível do homem a essência e a força do Reino dos céus. Cada batizado, como aqueles servos da parábola, carrega ao mesmo tempo o trigo e o joio. Aos poucos vai se deixando transformar com a força do Espírito Santo, que o converte e o faz Santo. Somente Jesus foi a semente perfeita que, humanamente caído na terra, fecundou e fez nascer a salvação para toda humanidade.

Que o nosso Deus, que é bom, é clemente e fiel (cf. Sl 85/86) venha com o seu Reino, pela ação do seu Espírito, fecundar o coração das crianças, dos jovens, das famílias e dos idosos, para que os frutos do amor, da fraternidade e da paz cresçam e transformem o nosso mundo. Sendo paciente e bondoso, o Senhor faz crescer a sua vinha e no dia oportuno virá para a colheita. Ele julgará com sua justiça a fim de que o seu Reino seja implantado definitivamente.

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 55,10-11;  Sl 64; Rm 8,18-23; Mt 13,1-23

POESIA

PALAVRA SEMENTE

Palavra,
Que se fez carne,
Veio à terra e se fez humana,
No homem fez o seu templo,
E ascendeu-lhe uma nova chama.

Palavra,
Que vem de mansinho,
Semeada com amor,
Quase sem ser percebida,
Mas cheia de muito vigor.

Palavra,
Semente do Reino,
Evangelho semeado,
Nos mais diversos terrenos,
Para serem fecundados.

Palavra,
Que se espalhou,
Entre as pedras ou espinhos,
Grão da vida em terra boa,
Também a beira do caminho.

Palavra,
Que se faz esperança,
Na alma de tanta gente,
Na vida do dia a dia,
Alimenta a fé do crente.

Palavra,
Que traz alegria,
Fortifica a caminhada,
Dá-nos força e muita paz,
Retoma nossa harmonia.

Palavra,
Semeada em nós,
Cristo o semeador,
O Evangelho em nossas vidas,
Por obra do seu amor.

Palavra,
Que se faz partilha,
Que ecoa e é doada,
Aos ouvidos e à boca,
Da assembleia convocada.

HOMILIA

O Semeador Divino

Na liturgia da palavra deste 15º Domingo do Tempo Comum, contemplamos, graças ao Evangelho de Mateus, o mestre Jesus sentado na barca e ensinando ao povo através de parábolas. Ele faz referência à ação da sua Palavra, semente do Reino, em nossas vidas. Há um semeador (Deus), que vem jogar a semente (Palavra) nos diversos terrenos (homem) para que fecunde a vida verdadeira e possa produzir os frutos do amor, da paz e da comunhão.

De acordo com Armellini, a verdade é que a colheita não depende tanto da semente e do semeador quanto depende da qualidade da terra. Isto é, se o coração está duro (como um chão batido que não permite ao Evangelho penetrar na terra), se é um coração inconstante (que se entusiasma e logo desanima, como a semente que cai na pedra, que logo germina e é queimada pelo sol), se é coração inquieto (que se agita em função das circunstâncias), se é um coração bom (que produz frutos em abundância)[1].

O profeta Isaias nos diz: “A Palavra não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la, diz o Senhor (Is 55,11). Quando plantada em nossos corações também é assim, a Palavra do Senhor produz uma ação transformadora em nossas vidas. Faz nascer em nós a esperança e nos motiva a continuar caminhando como missionários que, por sua vez, também se tornam semeadores do Reino de Deus.

Como evangelizadores, catequizadores e missionários, os cristãos, às vezes tem a impressão de que as sementes do Evangelho são semeadas em lugares que não há possibilidade de fecundar. Esta foi a mensagem de Jesus: É preciso continuar anunciando, sem prejulgamentos, mesmo que em alguns momentos não tenhamos resultados. Semeando sempre nos diversos corações e sem sabermos quando haverá ou se haverá o que colher. Fazendo a nossa parte, perseverando na semeadura, muitos acolherão e deixarão que algo possa nascer e dar bons frutos.

É importante entendermos que a preocupação principal de Jesus foi espalhar a semente do Reino no coração das pessoas. Somente persistindo podemos ver o Reino de Deus acontecer nos mais diversos cantos do mundo. Faz se necessário semear o bem que nasce e se alimenta do Evangelho e que trará os frutos da fraternidade.

Constatamos uma sociedade marcada por muitos desafios, tais como a falta de esperança, o individualismo, as guerras e a violência. Estas realidades vêm a comprometer a Paz no mundo e a dividir os filhos de Deus. Portanto, em diversos momentos o comando das diversas ideologias, a manipulação das riquezas podem impedir que a mensagem e os frutos de vida nova possam acontecer.

Como nos fala São Paulo: “a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou” (Rm 8,20). A autossuficiência do homem se confunde com a liberdade e a autonomia em busca da vida e da fraternidade. O apóstolo continua: “Com efeito, sabemos que toda a criação, até ao tempo presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8,22).

Diante das palavras de São Paulo concluímos que a fuga e/ou a falta de acolhimento à Palavra de Deus, como semente que traz nova vida, causa sofrimento à humanidade. Sendo assim o que vale então a liberdade em não acolher o bem?

Somos então, muitas vezes, esse terreno pedregoso, cheio de espinhos, árido e desinteressado pela semente do Evangelho, o qual quer transformar as nossas vidas. O semeador divino e a sua semente querem fecundar a esperança, alegria e uma vida nova. Palavra que uma vez acolhida e regada no terreno bom do nosso coração, nos conduz a salvação. Lembremos que a semente é a mesma para os diversos terrenos. O que muda neste processo é a predisposição e receber ou não a Palavra semeada.

A Igreja, portanto precisa de semeadores que levem a Palavra aos diversos corações. Também cada batizado é chamado a preparar o seu terreno (coração) para acolher a semente de Cristo que quer fecundar o sentido mais profundo da vida. Somente com o testemunho de terreno que acolhe a palavra podemos colaborar com a semeadura que Cristo nos pede.

Olhemos para Maria e José que se fizeram terrenos bons para acolher o verbo encarnado e sua semente em favor da salvação e por isso se tornaram colaboradores da salvação. Também contemplemos os apóstolos que deixaram a voz do Senhor ressoar profundamente em seus corações e ao mesmo tempo acolheram radicalmente o convite de serem continuadores do projeto do Reino de Deus. Veneremos os Santos e Santas que, pela fé, deixaram a semente lançada pelo Senhor fecundar em suas vida, para serem sinais vivos do Evangelho no mundo.

E por fim, olhemos para todas as pessoas que se deixaram seduzir pelo chamado de Cristo nos dias atuais e são testemunhos do Senhor, nas diversas opções de vida cristã: missionários(as), consagrados(as), ordenados, celibatários(as), casados e tantos jovens disponíveis a semear a palavra do Senhor com a com a boca, o coração e o testemunho em favor da vida e da salvação do mundo.

[1] Cf. ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 274-275.

XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Zc 9,9-10; Sl 144(145); Rm 8,9-11.13; Mt 11,25-30

POESIA

O DESCANSO COM O SENHOR

“Vinde a mim os que estão cansados”,
Diz o Senhor a nos acolher,
Pois sua Palavra é luz a nos fortalecer,
Faz nascer a esperança e traz o ardor,
Quer que vençamos as fadigas a nos invadir,
Para superarmos o cansaço e assim prosseguir,
Nesta vida alimentada pela fé e o amor.

“Aprendei de mim que sou manso e humilde”,
Outro convite que nos vem ressoar,
Porque sua mensagem nos vem libertar,
Tirando o cansaço que a vida quer nos trazer,
Para caminharmos rumo a libertação,
Vivendo a cura do nosso coração,
Que no Senhor quer se converter.

Tomai sobre vós o meu julgo,
É a promessa segura que vem do Senhor,
Julgamento realizado pelo seu amor,
Que alivia o peso da condenação,
Pois sua lei é para a liberdade,
Realiza-se pelo cuidado e pela caridade,
Buscando tirar todos nós da perdição.

Sou manso e humilde de coração,
Esta é a atitude do Mestre a nos ensinar,
Ação do Santo Espírito a nos iluminar,
Que mora em nós e nos dá a vida,
Porque o que atrai é a humildade,
Prática de quem busca a santidade,
E quer ser um porto de acolhida.

Só no Senhor o repouso completo,
Que nos preenche e nos dá sentido,
Deixando nosso ser fortalecido,
Quando nas labutas da peregrinação,
Precisamos parar em nossa estrada,
E quando vem o cansaço da jornada,
Consequência do caminhar na missão.

Seja o Senhor o alimento procurado,
Quando paramos para nos abastecer,
Acolhendo a Palavra a nos preencher,
Sentando-se à mesa da fraternidade,
Para partilhar da santa refeição,
Comida e bebida que gera união,
Que sustenta a vida da comunidade.

HOMILIA

A Palavra de Jesus é um jugo suave

As palavras do Evangelho deste 14º Domingo do Tempo Comum vêm ressoar em nossos ouvidos o chamado libertador de Cristo: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso.” (Mt 11,28). Diante deste convite do Senhor, podemos nos questionar: Que Deus maravilhoso é o nosso, que em vez de nos impor obrigações, leis e tecer julgamentos, ele nos chama a descansar, e a buscar refúgio nele. Neste sentido o Senhor nos leva também a uma perguntar: Quais os nossos cansaços e nossas cargas? Quais nossos fardos?

Naquele tempo, na Galileia, Jesus percebeu o cansaço e o sofrimento do povo oprimido com o peso dos fardos das rígidas leis, criadas pelo sistema político do Império, como também as normas religiosas dos fariseus e doutores, as quais julgavam os trabalhadores da roça, os empregados, os pescadores, as mulheres e as crianças. Era o povo simples das margens sociais e econômicas que sofriam e eram julgados pelo peso das tantas normas religiosas e políticas.

A mensagem do Mestre chegava àquelas pessoas. Elas entendiam as palavras simples pronunciadas por Jesus, porque ele compadecia no seu coração o cansaço e os pesados fardos de seu povo. Suas palavras curavam, aliviavam o sofrimento das pessoas, faziam muita gente a tomar uma nova direção em suas vidas. Muitos mudaram de vida e encontraram o sentido dos seus caminhos.

Hoje também nós sentimos, muitas vezes, nosso cansaço como consequência da correria do dia a dia. O tempo é pouco na nossa rotina, o que nos impossibilita o descanso e o alimento do Espírito e das nossas motivações. E assim, muitas vezes, as nossas férias não oferecem descanso e relaxamento. Somos oprimidos e sufocados por tantas obrigações às quais nos impedem do encontro restaurador conosco, com Deus e com o outro. Precisamos buscar no Senhor o nosso repouso para podermos ter vida de verdade. Muitas vezes fugimos destas possibilidades e nos afogamos no ativismo e no barulho que nos impede de rezar e de meditar sobre o sentido de nosso existir.

Outro aspecto que podemos refletir inspirado neste Evangelho é que, na atualidade também sentimos o peso das leis de morte e de opressão que maltrata os pobres (pequeninos) colando o fardo da fome, o aumento da pobreza, do desemprego, da desigualdade social. E a corrupção que traz muitas consequências, massacrando grande parte da população mundial. Diante disto, o papa Francisco nos diz que os pobres são os primeiros a sentir efeitos da corrupção.” [1]

Diante da mensagem, meu jugo é suave e o meu fardo é leve (cf. Mt 11,30), entendemos que a primeira e a principal lei de Cristo é amor e a misericórdia, porque, primeiramente, ele acolhe a pessoa como ela é, nas suas fragilidades, na sua história e nas suas angústias para depois propor um caminho liberador e salvador. O jugo leve é esta forma de Jesus pregar o Reino no mundo, primeiramente no seu acolhimento amoroso e cheio de cuidado, para depois ir curando das feridas e restaurando os que o buscam ou os que são chamados por ele.

Os discípulos de Cristo foram os primeiros a serem cuidados por ele e iniciaram um processo de caminhada nova. Eles são os pequeninos a quem Jesus se dirige e quer que encontrem segurança e repouso. Pois foram pessoas tiradas do meio do povo, homens simples, mas abertos à mensagem do reino.

Olhando para Jesus, na sua ação messiânica, podemos ver a concretização daquilo que falou o profeta Zacarias: “Eis que vem teu rei ao teu encontro, ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria de jumenta” (Zc 9,9). Esta cena nós constatamos e até fazemos parte na ação ritual do domingo de Ramos. Os batizados tem o Espírito de Cristo (cf. Rm 8,9), vivem na certeza de que o nosso Deus é amor e humildade e nos ensina a vivermos neste caminho. Também como cristãos somos agraciados pela força do Senhor que nos deu vida nova. Nele, aliviamos nossos fardos diários, quando somos alimentados pela Palavra e pela Eucaristia. Porque o Senhor “sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou” (Sl 144,14). Amém.

[1] PAPA FRANCISCO. Papa: os pobres são os primeiros a sentir efeitos da corrupção. Disponível em: <http://br.radiovaticana.va/news/2017/06/30/papa_os_pobres_s%C3%A3o_os_primeiros_a_sentir_a_corrup%C3%A7%C3%A3o/1322324>. Acesso em: 7 jul. 2017.

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Leituras: At 12,1-11; Sl 33(34); 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19

POESIA

AS COLUNAS DA IGREJA

Um é o pescador
Dos mares da existência,
Chamado pelo Senhor,
Para uma experiência,
Segue-O pelo caminho
Não viverá sozinho,
Mas terá as exigências.

Outro é o doutor,
O sábio e rigoroso,
Que seguiu sem temor,
O Senhor amoroso.
Deixou a estrada da morte,
E seguiu firme e forte,
Apaixonado, fervoroso.

Os dois seguem andando,
Superando as barreiras,
Cristo os foi conquistando,
Para a missão primeira,
Que é o Reino implantar,
E Palavra a semear,
Pela sua vida inteira.

Pedro viveu com o Senhor,
Ainda neste mundo,
Conheceu seu amor,
Mais forte e mais profundo.
E quando o Senhor partiu,
E então ressurgiu,
Ele saiu pelo mundo.

Paulo viveu diferente,
Toda a sua conversão,
E foi seguindo em frente,
Caminhando em missão,
Formou as comunidades,
E pregou toda a verdade,
Nas busca da comunhão.

Hoje Pedro, o nosso Papa,
Segue firme, a remar,
Essa barca, que é a Igreja,
E o mundo, o imenso mar,
Vai sempre anunciando,
E com Cristo caminhando,
Sem medo de afundar.

E nós, os tantos cristãos,
Da nossa atualidade,
Como ser comunhão,
Nesta sociedade,
Como ser sal e luz,
Como carregar a cruz,
E forma fraternidade.

Somos Pedro e Paulo,
Pela várias estradas,
Comunhão e missão,
São as nossas jornadas.
Somos a fraternidade,
Vivendo a caridade,
E sendo vidas doadas.

HOMILIA

Pedro e Paulo: colunas da Igreja

Na liturgia de hoje, a Igreja celebra a solenidade de São Pedro e São Paulo. Estes dois Santos, colunas da Igreja, foram responsáveis pela condução e missão de levar a mensagem amorosa e vital do Ressuscitado ao mundo. Cabe, nesta homilia, tecermos uma análise do percurso destes apóstolos, ambos martirizados em Roma, entre 64 e 67 d.C.

Contemplemos primeiramente Pedro, o pescador da Galileia, filho de Jonas e irmão de André. Em Tiberíades, quantos dias e quantas noites ficou no mar para buscar o seu sustento? Vivia a procura de muitos peixes! Foi naquele mar que Jesus o encontrou num dia de pesca e o chamou para tornar-se pescador de pessoas. Com o seu coração conquistado pelo chamado de Jesus de Nazaré, seguiu-o e, no percurso deste seguimento teve altos e baixos, inclusive negando ser do grupo dos discípulos, quando na paixão de Cristo alguém o interrogou se era um dos seguidores dele.

Mas antes deste episódio, na avaliação que Jesus faz com seus discípulos, quando lhes pergunta: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mt 16,13), Pedro responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,3.16). De Jesus recebe as chaves, para ligar e desligar no céu e na terra aquilo que convém ou não ao Reino (cf. Mt 16,19). Ele é pedra em torno da qual a Igreja de Cristo será edificada, ou seja, é vínculo de comunhão entre todos aqueles que seguem o Senhor, por que a Igreja é do Senhor.

A partir desta dimensão a Igreja será chamada apostólica por estar fundada nesta missão de levar ao mundo a evangelização e a construção do reino de Deus. Após a ressurreição este apóstolo foi fortalecido e encorajado. Pedro tornou-se então, um apaixonado pela missão de levar a mensagem da ressurreição. Uma paixão que venceu o medo e que o fez andar na contramão do Império Romano, batendo de frente com os fariseus e autoridades e chegando a ser preso.

Mas a presença do Ressuscitado, que não tem barreiras e é invencível, quebrou as correntes da prisão e o fez caminhar firme ao lado do anjo de Deus, de porta a fora, para a missão de anunciar o amor e a paz ao mundo, e também ter certeza de que o Senhor caminha junto nesta missão divina, vencendo o poder de opressão e da escravidão (cf. At 12,7-11).

Sobre Paulo também temos muito a dizer de acordo com as leituras bíblicas. Foi um doutor da lei, zeloso pela doutrina judaica, contemporâneo de Jesus e de seus discípulos. Foi perseguidor e inimigo do grupo dos seguidores de Jesus. Chegou a matar cristãos. Mas um dia Jesus também o conquistou de forma impressionante numa viajem na estrada de Damasco.

Após convertido coloca todo o seu saber, suas forças e suas motivações para propagar a fé em Jesus Ressuscitado. Viajou a diversos lugares e formou comunidades entre os judeus e pagãos. Também sofreu pelo Senhor, foi perseguido, maltratado e martirizado, mas alimentado pela presença do Senhor também disse: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7). Suas cartas são de uma riqueza espiritual e pastoral imensa para a Igreja da época e também no decorrer dos séculos. Continuam hoje como textos valiosos e profundos para a liturgia, a catequese, grupos, comunidades e para a vida missionária da Igreja no mundo inteiro.

A liturgia de hoje está repleta do testemunho destes dois apóstolos. Eles são chamados colunas da Igreja, por que marcaram e marcam a caminhada dos cristãos. Eles nos fazem refletir que Deus chama os pecadores para serem santos e para levar a mensagem do Reino através do testemunho de conversão e a missão de levar a Palavra ao mundo inteiro, formando comunidades de amor e sendo vínculo de comunhão.

Também aprendemos que não é somente os sábios (intelectuais) que o Senhor chama, mas as pessoas das diversas realidades de vida. Basta estar aberto ao chamado e querer viver uma experiência de caminhada com o Senhor numa busca de crescimento espiritual e de discipulado.

Na condução da Igreja de Cristo, hoje está Pedro, Papa, figura santa de unidade da fé cristã católica. Ele orienta e faz crescer o rebanho do Senhor. Ele governa e transmite o ensinamento na condução da barca do Senhor que é toda a Igreja. Barca que rema e enfrenta em meio ao imenso mar (o mundo), com suas controvérsias das mais diversas realidades humanas.

Com o testemunho de Paulo, somos motivados a seguir em missão pelas diversas aldeias e realidades da vida humana. A cada palavra do evangelho semeada nos corações, uma oportunidade de anunciarmos a Cristo, pregando a vida nova, podendo dizer quem é o Ressuscitado e o que é pede de todos nós. Nisto se dá o sentido da vida cristã: Levar a palavra aos vários cantos do mundo, com coragem, determinação e sem medo das consequências que poderão trazer a pregação sincera do Evangelho.

Portanto devemos seguir em frente olhando para São Pedro e São Paulo como bases da vida apostólica e missionária. Eles nos ensinam a caminharmos com o Ressuscitado e a superarmos nossas fragilidades e pecados que impedem de seguir em frente com ele. E assim podemos concluir, acolhendo as palavras de São Pedro: “Estejam sempre preparados para responder a qualquer um que lhes pedir, a razão da esperança que há em vocês” (1Pd 3,15). Amém.

 

 

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Jr 20,10-13; Sl 68(69); Rm 5,12-15; Mt 10,26-33

POESIA

O EVANGELHO VENCE O MEDO

Pregar o Santo Evangelho,
Não é status e honraria,
Mas um mandato exigente,
Que se vive a cada dia,
Muitas vezes vem o medo,
Que espanta a alegria.

 Com Cristo vencemos o medo,
Das garras da perseguição,
Dos fortes maltratos terrenos,
Consequência da missão,
Dos fracassos e da morte
Que causam a desilusão.

Como discípulos amados
Queremos seguir em frente,
Vencer as tantas barreiras,
Que enfrenta o povo crente,
Porque Evangelizar,
É tarefa exigente.

Ser discípulos do Senhor,
Exige-se a doação,
Entregar-se a uma causa,
A favor da salvação,
Pregando sempre a verdade,
Com coragem e decisão.

Caminhar como cristão,
Com Cristo Nosso Senhor,
Vence-se o medo e a dúvida,
E afasta-se o temor,
Segue-se na segurança,
Numa trilha de amor.

A consequência do anúncio,
É também perseguição,
Pois o mundo distorcido,
Traz desprezo e opressão,
E assim os missionários,
Sofrem também a repressão.

Olhemos para os profetas,
Que foram ignorados,
Por pregarem a verdade,
Muitos foram torturados,
E nos reinos poderosos,
Os seus sangues derramados.

Quem quiser ser um profeta,
Nesta pós-modernidade,
Deve vencer todo o medo,
Pra viver na lealdade,
Não ter medo da derrota,
E pregar sempre a verdade.

Que a Santa Comunhão,
Forte e vivo alimento,
Do discípulo caminheiro,
Seja sempre o alimento,
Dando força à vida inteira,
Em todos os seus momentos.

HOMILIA

Não ter medo de anunciar

“Não tenhais medo dos homensNão há nada que esteja escondido que não seja revelado” (Mt 10 26). É isso que nos fala o evangelho de Mateus, neste 12º domingo do tempo comum. Os poderes do mundo tentam esconder suas tramas e seus planos, mas o Evangelho é luz na escuridão, pois ilumina e faz aparecer a verdade que está escondida. Por isso pregar o Evangelho em favor da justiça e da lealdade, pode causar medo e insegurança. Neste sentido teremos que estar sempre iluminados e alimentados por Cristo para vencer nossos temores e enfrentar as trevas que tentam escurecer a vida humana.

As consequências da pregação missionária nem sempre são as multidões em louvores, as igrejas cheias, os ginásios e estádios lotados. Muitas vezes pregar o evangelho é viver em meio ao medo e às fugas. E então, precisamos buscar a coragem no Espírito Santo para seguirmos firmes e iluminados. Ser um discípulo de Cristo é muitas vezes viver o desprendimento, a entrega total da vida e caminhar também ao encontro da morte do corpo material. Os primeiros cristãos viveram esta experiência. E durante a nossa história cristã, muitos entregaram seu corpo através do batismo de sangue (martírio), por que colocaram toda sua esperança e força em Cristo.

Pregar a Palavra de Deus é apresentar a proposta do Reino Divino que nem sempre agrada a todos, que nem sempre produz o elogio. Em diversos momentos podemos até encontrar a hostilidade e a perseguição como resultado deste anúncio. Pois a Palavra semeada, em muitas ocasiões e lugares traz provocações contra as ideologias de opressão, de alienação, de manipulação e do relativismo.

A liturgia deste domingo vem nos mostrar este outro lado da vida do cristão, o qual nem sempre costumamos dar atenção. Ou seja, viver o Evangelho, também traz o sacrifício e a entrega da vida em favor de um propósito, de um projeto. Construir o bem também pode trazer desafios e sofrimentos. Deixar que a luz da Palavra ilumine a vida das pessoas para não serem manipuladas, pode causar a intriga e a perseguição por parte dos que alienam e massificam a ideologia da opressão em favor de interesses unicamente materiais e desumanos.

A primeira leitura nos apresenta um exemplo do destino daqueles que lutam pelo o bem comum das pessoas. O profeta Jeremias é sensível à realidade de sofrimento de seu povo, quando se encontra para ser invadido pela Babilônia. Diante da opressão ele grita e lamenta: “Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: denunciai-o, denunciemo-lo” (Jr 20, 10). Este texto expressa a realidade concreta do Evangelho proclamado. Ser profeta é perceber a realidade de sofrimento de uma nação e denunciá-la, sem medo. É ser porta voz da Palavra de Deus.

Somos chamados a viver a missão do anúncio do Evangelho, que se dá, sobretudo, pela denúncia das injustiças e das estruturas políticas, econômicas e ideológicas desumanas que causam medo às pessoas. Não podemos ficar alheios ao chão que pisamos, ao mundo que nos circunda. A palavra de Deus deve nos ajudar, iluminando nossas consciências, para que sejamos sensíveis aos que sofrem e precisam de uma palavra de defesa.

Devemos denunciar os frutos do pecado iniciados com o primeiro homem, Adão. Pelo pecado entrou a morte (cf. Rm 5,12). Em Cristo somos inseridos na vida e na luta contra a morte eterna, a qual provoca nossos medos. Por isso, quem está com Cristo deve vencer o medo da morte.

Na comunidade cristã deve reinar um ambiente de segurança e de coragem, pois quando nos reunimos em Cristo, a alegria do Evangelho e a sua força devem está presentes. Por isso devemos ter cuidado em nossos prejulgamentos moralistas, os quais causam medo nas pessoas. Devemos sim apresentar a misericórdia de Deus como o sinal de salvação.

Portanto, fiquemos atentos ao que o Senhor nos aconselha no Evangelho desta liturgia: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutai ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!” (Mt 10,27). Ou seja, o que aprendemos na experiência com a Palavra e na oração, na vida de intimidade com o Senhor, devemos proclamar ao mundo no dia a dia de nossa missão.

E nos momentos de nossas aflições e inquietações, fruto do nosso apostolado, do sofrimento injusto do irmão ou de nossas angústias, elevemos nossa oração de confiança e entrega a Deus como nos reza o salmo 68: … “Elevo para vós minha oração, neste tempo favorável, Senhor Deus! Respondei-me pelo vosso imenso amor, pela vossa salvação que nunca falha! Senhor ouvi-me, pois suave é vossa graça, ponde os olhos sobre mim com grande amor.” Amém.

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ex 19,2-6a; Sl 99(100); Rm 5,6-11; Mt 9,36-10,8

POESIA

A MISSÃO DOS DISCÍPULOS DE JESUS

Eis o tamanho da messe,
Que Jesus a contemplou,
Tendo compaixão do povo,
Quando aos discípulos chamou,
Pra levar a libertação,
Pela evangelização,
Que ele mesmo iniciou.

Pra curar todos os enfermos,
Jesus chamou seguidores,
Pra levar a libertação,
Das doenças e das dores,
Pra levar o amor e a vida,
Força e paz distribuídas,
Pelos anunciadores.

Pra ressuscitar os mortos,
Dos abismos e ilusões,
Pra renascer a esperança,
As forças e as motivações,
Pra trazer a divina coragem,
De Deus retomar a imagem,
E pulsar dos corações.

Pra expulsar as tantas lepras,
Jesus também nos envia,
Limpar as tantas feridas,
Que a muitos angustia,
As mentiras combater,
A hipocrisia vencer,
E espalhar a alegria.

Expulsar os divisores,
Que provoca a tentação,
Que o demônio quer trazer,
Pelas forças da opressão,
Combater a idolatria,
Saí da vida vazia,
Pra viver a compaixão.

Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vendo ovelhas sem pastor,
Pede-nos pra que rezemos,
Pela missão do amor,
Construir libertação,
Anunciar a salvação,
Do Reino do Criador.

Que a Palavra e a Eucaristia,
Fortifique a nós cristãos,
Pra vivermos o dia a dia,
As obras da santa missão,
E o Reino anunciarmos,
Jesus Cristo comungarmos,
Isto sim, é comunhão.

HOMILIA

A missão de curar, ressuscitar, purificar e expulsar o mal

Na liturgia da palavra deste 11º domingo do tempo comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus tendo compaixão pela multidão, porque ele percebeu que aquele povo estava como ovelhas sem Pastor (cf. Mt 9,36). Isso porque aos que cabia a responsabilidade de conduzir o povo (fariseus, mestres da lei, responsáveis pela religião) não estava sendo cumprida. Pelo contrário, oprimiam, desprezavam e hostilizavam as multidões. Os chefes políticos, responsáveis pelo bem comum da nação, também a explorava. Ou seja, a opressão estava presentes em todas as dimensões de comando da sociedade judaica como, por exemplo, na econômica, política e religiosa.

Diante desta situação, Jesus contempla aquela multidão e sente compaixão. Ter compaixão é sentir nas entranhas a dor do sofredor. Com isso Jesus ver a necessidade não somente de pão material mas de libertação, de justiça e, sobretudo, de dignidade humana. Num segundo momento Jesus percebe a necessidade de verdadeiros anunciadores do Reino de Deus e pede que se faça a oração para que o dono da messe suscite mais operários para a missão de cuidá-la. (cf. Mt 9,38). Rezar para que aumente os colaboradores na missão salvífica em favor do Reino, não somente depois desta vida terrena, mas ainda aqui, para que haja a presença do amor, da fraternidade e da paz.

E diante da compaixão e a motivação da oração em favor da messe, Jesus toma a atitude de chamar discípulos para a missão a fim de prolongar a sua mensagem. É preciso espalhar a Boa-Nova por todas as aldeias (cf. Mt 10,6). O povo de Deus que há centena de anos recebeu de Deus a promessa da aliança e sua fidelidade, agora é chamado a viver a nova aliança. Os doze discípulos missionários, chamados e ao mesmo tempo enviados, lembram as doze tribos do povo da antiga aliança.

E nós cristão de hoje somos parte deste novo povo, chamados a ter compaixão dos sofredores e a rezarmos para que novos evangelizadores respondam ao chamado de Deus. Aqui a necessidade de anunciar com a nossa vida o evangelho da alegria ao todos. Os bispos, os presbíteros, os diáconos, os religiosos, os catequistas, os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, os jovens, leigos dos mais diversos movimentos, as comunidades de vida e de aliança, todos e todas são chamados a partir em missão.

Os eleitos por Jesus vão com uma mensagem e uma missão específica: Primeiro devem anunciar que o Reino está perto… Depois, devem curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos e expulsar os demônios (cf. Mt 10,8). Também essa é a missão dos cristãos nos dias de hoje em meio a tantas doenças, tantas mortes, tantas lepras e muitas divisões demoníacas que destroem as famílias e as diversas relações humanas.

Podemos nos perguntar o que significou para os discípulos de Jesus naquele tempo e o que significa hoje esta missão a qual Jesus designou a todos nós batizados em seu nome. Curar os enfermos é esta atitude de libertá-los de tudo que é contra a vida. Ajudar as pessoas em aceitar as enfermidades irreversíveis, como um caminho de experiência e conversão espiritual.

Ressuscitar os mortos como um processo de ajudar a muitos irmãos e irmãs a reacenderem a esperança na sua vida de desilusão e enfrentarem os seus desesperos existenciais. Limpar os leprosos é esta ação de vencer todas as impurezas que a mentira, a falsidade, a ações hipócritas constroem contra o humano e trazer a verdade, a simplicidade a justiça e resgatar a honradez. Expulsar os demônios num caminho de afastar tudo aquilo que é mal e que divide a vida das pessoas. Combater a idolatria aos bens materiais e os apegos a tantas ideologias e interesses obsessivos.

Eis a missão da Igreja nos dias de hoje: fazer com que as doenças, as mortes, as lepras e os demônios sejam banidos da vida da humanidade. Fazer com que o Reino de Deus aconteça já na caminhada das comunidades, das famílias, dos grupos, dos movimentos e trabalhos missionários em favor do amor, da paz e da vida.

Cristo é a razão da nossa existência e nós devemos buscar a reconciliação com ele. São Paulo nos diz na segunda leitura: “Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.” (Rm 5,11). Cristo é misericordioso e ele tem amor e compaixão por todos nós. Ele quer curar nossas feridas, limpar nossas lepras que tanto nos oprimem, nos ressuscitar para uma vida nova e expulsar todas as tentações que nos afastam do caminho do amor de Deus. Amém.

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

Leituras: Dt 8,2-3.14b-16a; Sl 147(146-147); 1Cor 10,16-17; Jo 6,51-58

POESIA

ALIMENTO SANTO

Ó Deus amável de eterna bondade,
Que se fez carne e alimento,
Sendo pureza e simplicidade,
O seu corpo santo, nosso sustento,
Fazendo-nos forte na caminhada,
Nesta vida, na nossa jornada,
Que vivenciamos no teu seguimento.

Ó Senhor de paz e de plena caridade,
Que nos ajuda na conversão,
Ensinando ao mundo que é tão faminto,
O valor da vida e da comunhão,
Pra vencer as tramas do nosso egoísmo,
Que às vezes causa um imenso abismo,
Nos separando da salvação.

O Senhor da vida alimento eterno,
No santo altar o amor nos traz,
Lá no sacrário a nossa espera,
Para o encontro da santa paz
Pão que traz força e alegria,
É o santo corpo, é Eucaristia,
Alimento puro que satisfaz.

Pão vivo e santo que desceu do céu,
Nossas consciências vêm alertar,
Sobre os perigos de nossa prepotência,
Que muitas vezes vem nos tentar,
Pois comungar é ser coerente,
Em corpo e alma, espírito e mente,
É viver em Cristo, sem profanar.

Pão vivo e vinho que vem a nós,
Pra mesa santa ser bem completa,
Comei e bebei, eis o mandato,
Que a cada missa ele nos alerta,
Pra que na vida sempre haja pão,
E o vinho novo, festa comunhão,
Pra que a alegria seja completa.

HOMILIA

Palavra que se fez carne e veio a nós

Eu sou o Pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre” (Jo 6,51a). Esta é a verdade da Eucaristia apresentada por Jesus quando se refere ao verdadeiro Pão da vida. Não mais como o maná que nossos pais comeram no deserto e morreram (cf. Dt 8,16; Jo 6,58), mas o alimento eterno que mata a fome, bebida de vida que dá alegria e sacia por completo a sede de todo ser humano.

No Deuteronômio, na primeira leitura, Moisés faz uma memória da caminhada libertadora de Deus que caminhou com seu povo. Deus, através de Moisés, orientou o povo pela sua Palavra e também o alimentou, livrou-o e o libertou. A Palavra de Deus se faz alimento em nossa vida, nos desertos de nossa existência.

Cristo é Palavra que alimenta a fé da Igreja, o novo povo de Deus. Multidão que caminha nas vias do mundo, testemunhando a caridade, fraternidade e a comunhão. Neste sentido São Paulo nos diz pergunta, na segunda leitura: “O cálice da benção, o cálice que abençoamos, não é a comunhão com o Corpo de Cristo? E o Pão que partimos, não é comunhão com o Corpo de Cristo?” (1Cor 10,16). Na celebração Eucarística não só prestamos culto a Deus Pai e nos identificamos com seu Filho, como também comungamos com os irmãos, fortalecendo a relação de fraternidade[1]. Comungar, portanto, é viver coerentemente a vida de Cristo e em Cristo, que se dá na nossa lida diária, no nosso trabalho e nas nossas relações e interações sociais.

Somos membros do mesmo corpo de Cristo que é a Igreja e todos participamos do mesmo pão e do mesmo vinho (cf. 1Cor 10,17). E seguimos na comunidade oferecendo nossos dons como ofertas da nossa vida e de nossa pertença a Cristo. Comungar é também partilhar nossas habilidades pessoais e a nossa dedicação a serviço de Cristo e do seu Reino.

O Evangelho de João vem nos apresentar o discurso de Jesus ao povo que tinha se saciado no deserto com a multiplicação dos pães materiais (Jo 6,11-13). Jesus ajuda as pessoas a refletirem além da superficialidade material e vai para a dimensão espiritual. Cristo é o próprio Pão a ser oferecido em favor da vida eterna. Quantas vezes também caímos na tentação de ver Cristo apenas como àquele que deve nos favorecer somente na nossa dimensão material e de acordo com os nossos anseios.

Portanto a Eucaristia deve nos levar a sermos outro Cristo, pois ele nos alimenta com a sua Palavra nos fortificando no nosso testemunho e com o seu corpo e sangue nos dar o sustento para a nossa experiência de discípulos e evangelizadores. Seremos cristãos Eucarísticos quando, em qualquer lugar que estivermos, deixarmos transparecer a imagem e a ação de Cristo. O cristão coerente vive também a solidariedade, a partilha e a alegria do Evangelho. Atitudes que muitas vezes está na contra mão de um mundo totalmente desvirtuado daquele que é proposta do Reino de Deus.

Que o Santíssimo Sacramento, o corpo do Senhor, nos alimente e nos faça ser um só rebanho participante da mesma mesa de amor e de comunhão. Que os nossos dons oferecidos no altar do Senhor, sejam sinais de vida além do templo material e atinjam o ser humano, para que o verdadeiro santuário de Cristo seja o coração e a alma de todos aqueles que encontraram em Deus, Pão eterno para a salvação. Amém.

[1] ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 185-186.