XI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ex 19,2-6a; Sl 99(100); Rm 5,6-11; Mt 9,36-10,8

POESIA

A MISSÃO DOS DISCÍPULOS DE JESUS

Eis o tamanho da messe,
Que Jesus a contemplou,
Tendo compaixão do povo,
Quando aos discípulos chamou,
Pra levar a libertação,
Pela evangelização,
Que ele mesmo iniciou.

Pra curar todos os enfermos,
Jesus chamou seguidores,
Pra levar a libertação,
Das doenças e das dores,
Pra levar o amor e a vida,
Força e paz distribuídas,
Pelos anunciadores.

Pra ressuscitar os mortos,
Dos abismos e ilusões,
Pra renascer a esperança,
As forças e as motivações,
Pra trazer a divina coragem,
De Deus retomar a imagem,
E pulsar dos corações.

Pra expulsar as tantas lepras,
Jesus também nos envia,
Limpar as tantas feridas,
Que a muitos angustia,
As mentiras combater,
A hipocrisia vencer,
E espalhar a alegria.

Expulsar os divisores,
Que provoca a tentação,
Que o demônio quer trazer,
Pelas forças da opressão,
Combater a idolatria,
Saí da vida vazia,
Pra viver a compaixão.

Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vendo ovelhas sem pastor,
Pede-nos pra que rezemos,
Pela missão do amor,
Construir libertação,
Anunciar a salvação,
Do Reino do Criador.

Que a Palavra e a Eucaristia,
Fortifique a nós cristãos,
Pra vivermos o dia a dia,
As obras da santa missão,
E o Reino anunciarmos,
Jesus Cristo comungarmos,
Isto sim, é comunhão.

HOMILIA

A missão de curar, ressuscitar, purificar e expulsar o mal

Na liturgia da palavra deste 11º domingo do tempo comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus tendo compaixão pela multidão, porque ele percebeu que aquele povo estava como ovelhas sem Pastor (cf. Mt 9,36). Isso porque aos que cabia a responsabilidade de conduzir o povo (fariseus, mestres da lei, responsáveis pela religião) não estava sendo cumprida. Pelo contrário, oprimiam, desprezavam e hostilizavam as multidões. Os chefes políticos, responsáveis pelo bem comum da nação, também a explorava. Ou seja, a opressão estava presentes em todas as dimensões de comando da sociedade judaica como, por exemplo, na econômica, política e religiosa.

Diante desta situação, Jesus contempla aquela multidão e sente compaixão. Ter compaixão é sentir nas entranhas a dor do sofredor. Com isso Jesus ver a necessidade não somente de pão material mas de libertação, de justiça e, sobretudo, de dignidade humana. Num segundo momento Jesus percebe a necessidade de verdadeiros anunciadores do Reino de Deus e pede que se faça a oração para que o dono da messe suscite mais operários para a missão de cuidá-la. (cf. Mt 9,38). Rezar para que aumente os colaboradores na missão salvífica em favor do Reino, não somente depois desta vida terrena, mas ainda aqui, para que haja a presença do amor, da fraternidade e da paz.

E diante da compaixão e a motivação da oração em favor da messe, Jesus toma a atitude de chamar discípulos para a missão a fim de prolongar a sua mensagem. É preciso espalhar a Boa-Nova por todas as aldeias (cf. Mt 10,6). O povo de Deus que há centena de anos recebeu de Deus a promessa da aliança e sua fidelidade, agora é chamado a viver a nova aliança. Os doze discípulos missionários, chamados e ao mesmo tempo enviados, lembram as doze tribos do povo da antiga aliança.

E nós cristão de hoje somos parte deste novo povo, chamados a ter compaixão dos sofredores e a rezarmos para que novos evangelizadores respondam ao chamado de Deus. Aqui a necessidade de anunciar com a nossa vida o evangelho da alegria ao todos. Os bispos, os presbíteros, os diáconos, os religiosos, os catequistas, os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, os jovens, leigos dos mais diversos movimentos, as comunidades de vida e de aliança, todos e todas são chamados a partir em missão.

Os eleitos por Jesus vão com uma mensagem e uma missão específica: Primeiro devem anunciar que o Reino está perto… Depois, devem curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos e expulsar os demônios (cf. Mt 10,8). Também essa é a missão dos cristãos nos dias de hoje em meio a tantas doenças, tantas mortes, tantas lepras e muitas divisões demoníacas que destroem as famílias e as diversas relações humanas.

Podemos nos perguntar o que significou para os discípulos de Jesus naquele tempo e o que significa hoje esta missão a qual Jesus designou a todos nós batizados em seu nome. Curar os enfermos é esta atitude de libertá-los de tudo que é contra a vida. Ajudar as pessoas em aceitar as enfermidades irreversíveis, como um caminho de experiência e conversão espiritual.

Ressuscitar os mortos como um processo de ajudar a muitos irmãos e irmãs a reacenderem a esperança na sua vida de desilusão e enfrentarem os seus desesperos existenciais. Limpar os leprosos é esta ação de vencer todas as impurezas que a mentira, a falsidade, a ações hipócritas constroem contra o humano e trazer a verdade, a simplicidade a justiça e resgatar a honradez. Expulsar os demônios num caminho de afastar tudo aquilo que é mal e que divide a vida das pessoas. Combater a idolatria aos bens materiais e os apegos a tantas ideologias e interesses obsessivos.

Eis a missão da Igreja nos dias de hoje: fazer com que as doenças, as mortes, as lepras e os demônios sejam banidos da vida da humanidade. Fazer com que o Reino de Deus aconteça já na caminhada das comunidades, das famílias, dos grupos, dos movimentos e trabalhos missionários em favor do amor, da paz e da vida.

Cristo é a razão da nossa existência e nós devemos buscar a reconciliação com ele. São Paulo nos diz na segunda leitura: “Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.” (Rm 5,11). Cristo é misericordioso e ele tem amor e compaixão por todos nós. Ele quer curar nossas feridas, limpar nossas lepras que tanto nos oprimem, nos ressuscitar para uma vida nova e expulsar todas as tentações que nos afastam do caminho do amor de Deus. Amém.

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

Leituras: Dt 8,2-3.14b-16a; Sl 147(146-147); 1Cor 10,16-17; Jo 6,51-58

POESIA

ALIMENTO SANTO

Ó Deus amável de eterna bondade,
Que se fez carne e alimento,
Sendo pureza e simplicidade,
O seu corpo santo, nosso sustento,
Fazendo-nos forte na caminhada,
Nesta vida, na nossa jornada,
Que vivenciamos no teu seguimento.

Ó Senhor de paz e de plena caridade,
Que nos ajuda na conversão,
Ensinando ao mundo que é tão faminto,
O valor da vida e da comunhão,
Pra vencer as tramas do nosso egoísmo,
Que às vezes causa um imenso abismo,
Nos separando da salvação.

O Senhor da vida alimento eterno,
No santo altar o amor nos traz,
Lá no sacrário a nossa espera,
Para o encontro da santa paz
Pão que traz força e alegria,
É o santo corpo, é Eucaristia,
Alimento puro que satisfaz.

Pão vivo e santo que desceu do céu,
Nossas consciências vêm alertar,
Sobre os perigos de nossa prepotência,
Que muitas vezes vem nos tentar,
Pois comungar é ser coerente,
Em corpo e alma, espírito e mente,
É viver em Cristo, sem profanar.

Pão vivo e vinho que vem a nós,
Pra mesa santa ser bem completa,
Comei e bebei, eis o mandato,
Que a cada missa ele nos alerta,
Pra que na vida sempre haja pão,
E o vinho novo, festa comunhão,
Pra que a alegria seja completa.

HOMILIA

Palavra que se fez carne e veio a nós

Eu sou o Pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre” (Jo 6,51a). Esta é a verdade da Eucaristia apresentada por Jesus quando se refere ao verdadeiro Pão da vida. Não mais como o maná que nossos pais comeram no deserto e morreram (cf. Dt 8,16; Jo 6,58), mas o alimento eterno que mata a fome, bebida de vida que dá alegria e sacia por completo a sede de todo ser humano.

No Deuteronômio, na primeira leitura, Moisés faz uma memória da caminhada libertadora de Deus que caminhou com seu povo. Deus, através de Moisés, orientou o povo pela sua Palavra e também o alimentou, livrou-o e o libertou. A Palavra de Deus se faz alimento em nossa vida, nos desertos de nossa existência.

Cristo é Palavra que alimenta a fé da Igreja, o novo povo de Deus. Multidão que caminha nas vias do mundo, testemunhando a caridade, fraternidade e a comunhão. Neste sentido São Paulo nos diz pergunta, na segunda leitura: “O cálice da benção, o cálice que abençoamos, não é a comunhão com o Corpo de Cristo? E o Pão que partimos, não é comunhão com o Corpo de Cristo?” (1Cor 10,16). Na celebração Eucarística não só prestamos culto a Deus Pai e nos identificamos com seu Filho, como também comungamos com os irmãos, fortalecendo a relação de fraternidade[1]. Comungar, portanto, é viver coerentemente a vida de Cristo e em Cristo, que se dá na nossa lida diária, no nosso trabalho e nas nossas relações e interações sociais.

Somos membros do mesmo corpo de Cristo que é a Igreja e todos participamos do mesmo pão e do mesmo vinho (cf. 1Cor 10,17). E seguimos na comunidade oferecendo nossos dons como ofertas da nossa vida e de nossa pertença a Cristo. Comungar é também partilhar nossas habilidades pessoais e a nossa dedicação a serviço de Cristo e do seu Reino.

O Evangelho de João vem nos apresentar o discurso de Jesus ao povo que tinha se saciado no deserto com a multiplicação dos pães materiais (Jo 6,11-13). Jesus ajuda as pessoas a refletirem além da superficialidade material e vai para a dimensão espiritual. Cristo é o próprio Pão a ser oferecido em favor da vida eterna. Quantas vezes também caímos na tentação de ver Cristo apenas como àquele que deve nos favorecer somente na nossa dimensão material e de acordo com os nossos anseios.

Portanto a Eucaristia deve nos levar a sermos outro Cristo, pois ele nos alimenta com a sua Palavra nos fortificando no nosso testemunho e com o seu corpo e sangue nos dar o sustento para a nossa experiência de discípulos e evangelizadores. Seremos cristãos Eucarísticos quando, em qualquer lugar que estivermos, deixarmos transparecer a imagem e a ação de Cristo. O cristão coerente vive também a solidariedade, a partilha e a alegria do Evangelho. Atitudes que muitas vezes está na contra mão de um mundo totalmente desvirtuado daquele que é proposta do Reino de Deus.

Que o Santíssimo Sacramento, o corpo do Senhor, nos alimente e nos faça ser um só rebanho participante da mesma mesa de amor e de comunhão. Que os nossos dons oferecidos no altar do Senhor, sejam sinais de vida além do templo material e atinjam o ser humano, para que o verdadeiro santuário de Cristo seja o coração e a alma de todos aqueles que encontraram em Deus, Pão eterno para a salvação. Amém.

[1] ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 185-186.

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Leituras: Ex 34,4b-6.8-9; Sl Dn 3,52-56; 2Cor 13,11-13; Jo 3,16-28

POESIA

SANTÍSSIMO DEUS TRINITÁRIO

Deus Santíssimo e amável,
Que nos reúne no amor,
Que fica próximo de nós
Para nos dá força e vigor,
Guiando os nossos caminhos.
Que não nos deixa soizinhos,
Origem, imagem e defensor.

Deus Santíssimo e presente,
Na história da salvação,
Que conduziu o seu povo,
Guiando-o na compaixão,
Que trouxe os mandamentos,
Dando maná como alimento,
Em busca da libertação.

Deus Santo e misericórdia,
Perfeita comunidade,
Que vence o individualismo,
A ferir a humanidade.
Deus de nossa Salvação,
Que nos faz ser comunhão,
E viver a fraternidade.

 Deus Santo e Encarnado,
Rosto humano se mostrou,
Que veio nos trazer a paz,
E a verdade nos ensinou,
Conosco veio morar,
A vida nova nos dar,
Por isso ressuscitou.

Deus da vida e a da Paz,
Três pessoas em união,
Que sempre vem mostrar,
A romper a solidão,
Vence as trevas do egoísmo,
É contra qualquer terrorismo,
E a favor da união.

Deus Santo que nos reúne,
Pra vivermos a unidade,
Pai, Filho e Santo Espírito,
No templo a nos ensinar,
Ao mundo a nos enviar,
A viva fraternidade.

HOMILIA

O nosso Deus é uma comunidade santa

Após o domingo de Pentecostes temos mais uma solenidade que é, também, de muita importância para os cristãos. Celebrar a Santíssima Trindade é reconhecer a particularidade que tem o Deus dos Cristãos. Nosso Deus é uma comunidade perfeita: Pai, Filho e Espírito Santo. O Deus dos cristãos não é um Deus solitário. Também não está distante; ele caminha conosco, como nos prometeu o próprio Jesus Cristo: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” (Mt 28,20).

Sendo um Deus presente e que está em todos os momentos, ele também é misericordioso, cheio de compaixão e de infinito amor. É um Deus Pai, fonte de tudo! Que criou o mundo, nos criou e quer continuar nos recriando, pela nossa conversão, pelo seu perdão, no seu caminho de salvação. É um Deus Filho, que se encarnou e veio morar conosco, nos ensinando o mandamento novo do amor, o qual supera toda a Lei e todo manipulação do poder e da escravidão. É um Deus Espírito Santo, que desde a Criação pairava sobre as águas, que falou pelos profetas, que veio a Maria para a encarnação do Verbo, que soprou sobre os apóstolos e fez nascer o novo povo de Deus, a Igreja, no dia de Pentecostes.

A comunidade cristã, os batizados, pertence à família de Deus. São filhos, membros do mesmo Pai, irmãos do único Filho, Jesus Cristo, e são animados pelo mesmo Espírito.[1] E todos devem contemplar a perfeição da Santíssima Trindade como modelo para a vida da Igreja.

Por isso que participar da Igreja é exatamente, ser filho deste mesmo Pai, que faz nascer o sol sobre todos (cf. Mt 5,45); membros do mesmo corpo de Cristo (cf. 1Cor 12,13), ele, filho único de Deus que se faz Eucaristia. Também é ser animados e presenteados pelos dons do mesmo Espírito. O apóstolo Paulo nos diz: “um só é o mesmo Espírito que opera todas as coisas, repartindo a cada um como quer”. (1Cor 12,11).

O evangelista João nos fala na liturgia desta festa: “Deus não enviou seu filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17b). Muitas vezes temos uma compreensão de um Deus que se encarnou no mundo para ficar apontando os erros humanos a fim de condenar as pessoas de forma cruel.

O nosso Deus, Santo e Trino, não é um olheiro que fica de longe para ver nossos erros. Em Jesus Cristo somos instruídos para o amor e para aprendemos a comunhão. Ele veio nos mostrar a face misericordiosa do Pai e nos ensinar como amar, perdoar e cuidar do irmão que carece de cura, de libertação e de pão. Primeiramente, nosso Deus é puro e perfeito amor.

O nosso Deus não é um castigador. Ele não castiga. Quem nos castiga é o nosso pecado, como consequências das nossas escolhas livres, porém erradas em relação ao caminho que o Senhor nos mostra. Quantas opções nós fazemos as quais nos levam às trilhas da perdição e às trevas do pecado. Quando reconhecemos os equívocos em nossa vida e queremos refazer o nosso caminho de volta à casa de nosso Deus, ele prontamente nos acolhe, vem e nos abraça nos devolvendo a dignidade de filhos inseridos na mesma comunidade de amor e perdão.

São Paulo, na segunda leitura, nos exorta com uma saudação muito comum em nossas celebrações: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2Cor 13,13). Trata-se de uma saudação trinitária. É isso que devemos fazer em primeiro lugar, no início de nossos momentos de oração, em nossos encontros, nas nossas reuniões… Todos os cristãos quando se encontram, devem ter a consciência de estarem na presença da Trindade Santa.

Diante do que refletimos acima: devemos nos perguntar sempre se nossas atitudes, nossas ações pastorais, convivências e amizades, estão inspiradas no amor de nosso Deus Pai, Filho e Espírito Santo? E no nosso dia a dia, deixamos transparecer a face amorosa, a alegria e a misericórdia que brotam da nossa relação com Deus? Relação que acontece na escuta constante da Palavra, no encontro com a Eucaristia, na comunhão Espiritual, na visita e adoração a Jesus Sacramentado, nas novenas, nos encontros com os irmãos, nas visitas aos doentes e carentes da presença carinhosa e caridosa de Deus.

Portanto o nosso Deus, Trindade Santa, está presente em nosso hino de louvor, na saudação inicial de nossas celebrações, no nosso sinal da Cruz e em todos os sacramentos. Isso para nos dizer que ele está conosco em todos os momentos da caminhada de nossa vida terrena.

Que o Pai, o Filho e o Espírito Santo nos converta, com a sua Palavra e o seu corpo, a Eucaristia, nos anime com o fogo do amor corajoso, esplendor da verdade Santa a fim de vivermos nossa missão de sermos sal e luz do mundo. E com perseverança e a consciência de filhos do mesmo Pai, irmãos em Cristo, sejamos iluminados e fortificados pelo amor do Espírito Santo. Amém.

[1] Cf. ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 177-183.

SOLENIDADE DE PENTECOSTES

Leituras: At 2,1-11; Sl 103(104); 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23

POESIA

SOPRO DE VIDA NOVA

Sopro santo de Deus,
Nas narinas da criatura humana,
Imagem e semelhança,
Que sua bondade emana,
E se espalha pelo mundo inteiro,
Através dos discípulos mensageiros,
Sobre todos aqueles que a Deus amam.

Sopro e fogo de Deus,
Nos discípulos agora encorajados,
Pela presença dos dons oferecidos,
Pelos frutos do amor inflamados,
Para que vivam a sua missão,
Pregando o Reino da salvação,
E pelos confins do mundo espalhados.

Sopro e luz de Deus,
No Pentecostes do nosso agora,
Nos discípulos no mundo atual,
Dizendo a todos que desperte na aurora,
Na diversidade das nossas situações,
Transformando os nossos corações,
Para anunciarmos que chegou a hora.

Sopro e força de Deus,
Agindo naqueles que estão chegando,
Que pelo Batismo são inseridos,
E à comunidade, vão se irmanando,
Tornando-se um povo em comunhão,
Impulsionados para a missão,
E a Igreja Santa vai aumentando.

Sopro e benção de Deus,
Que vem e desce sobre a Santa Mesa,
Para transformar o pão e o vinho,
Trazendo-nos o amor e a fortaleza,
Dando-nos o Santo e vivo alimento,
Para a comunidade o sustento,
Deus belo, forte… Nossa realeza.

HOMILIA

Manifestação pública do Espírito Santo

Celebramos neste domingo a descida do Espírito sobre a Igreja nascente, agora não somente sobre os apóstolos, mas também sobre as nações e culturas as quais compreendem a mensagem do amor e da fé em sua própria língua. O que antes era uma experiência do grupo dos apóstolos, agora se expande pelo mundo com o sopro e o fogo do Espírito Santo. O que estava preso a um grupo de homens e mulheres que conviveram com Jesus na terra agora é manifestado para aqueles que abraçaram a fé por milagres, pelas pregações e pelo testemunho corajoso dos discípulos do Senhor.

O antigo Pentecostes era a festa que lembrava a chegada do povo ao monte Sinai cinquenta dias após a libertação do Egito e onde Moisés recebe de Deus os mandamentos e os apresenta ao povo. O novo Pentecostes é o ápice do Tempo Pascal porque inicia o tempo da Igreja, tempo este que já na Ascensão estava se iniciando, pois o mesmo Senhor que sobe aos céus está presente no meio de nós, na total doação de seu Corpo e Sangue, pela sua Palavra e pelos os dons oferecidos aos que se tornam também o Corpo de Cristo no mundo.

O Evangelho de João nos faz memória da ressurreição quando os discípulos ainda estão profundamente marcados pelo medo, fechados em si e no espaço físico (cf. Jo 20,19). A alegria renasce quando o Senhor traz a paz para o grupo, que no mesmo momento é enviado para missão, com o objetivo de anunciar ao mundo a alegria do Evangelho. A partir desta experiência de encontro com Cristo ressuscitado, todos os que ali estavam reunidos ganham força e coragem para caminharem pregando a experiência da ressurreição.

Na primeira leitura (At 2,1-11) temos a narração de Pentecostes, quando todos os discípulos estavam reunidos e então há a manifestação do Espírito Santo, um fenômeno diferente, o qual os discípulos ainda não tinham presenciado. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava” (2,4).

Aquilo que o Senhor anunciou nas suas aparições antes e depois da ressurreição agora se concretiza, pois a manifestação do Espírito Santo agora é para que os seus discípulos anunciem ao mundo a Boa-Nova do Reino nas diversas culturas, línguas, realidades e recantos do mundo.

Por isso que o Espírito Santo não tem limites, sopra onde quer (cf. Jo 3,8), vai aonde quer, como quer e oferece sua luz e força a quem ele quiser, desde que os convocados na sua liberdade queiram receber a sua presença.

Também podemos dizer: é sobre o Santo Espírito que na sua ilimitada manifestação, com suas diversas formas atemporais, que age além das nossas expectativas humanas e barreiras geográficas. Foi esta verdade anunciada e constatada na Igreja em toda a Tradição cristã, que conseguiu chegar a nós em pleno século XXI. Foi a experiência de abertura para a missão dos primeiros cristãos que, carregados da fé corajosa, conscientes, e às vezes também com marcas humanas de fraquezas, fez a messe do Senhor crescer e dar frutos e se espalhar pelos imensos espaços do mundo até nossos dias.

Há outra dimensão da ação do Espírito Santo que merece a nossa reflexão, apresentada na segunda leitura da liturgia desta solenidade: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos.” (1Cor 12,4-6). São Paulo nos fala da manifestação do Espírito Santo em cada um de nós. São os dons oferecidos aos que se deixam conduzir pela ação de Deus e do seu Espírito.

Os cristãos, como membros de um mesmo corpo, recebem dons para colocarem a serviço do bem comum. É isto que faz a beleza e a ilimitada ação do Espírito Santo na Igreja e no mundo, pois somos membros que agem com diferentes serviços para que a vida de Deus esteja presente em todos os homens.

Quantos dons temos a oferecer a Deus desde o simples acolher na porta do templo, do cantar, preparar o altar, pregar para o povo, coordenar o grupo, animar as comunidades e grupos, visitar as famílias… E para fora dos espaços da Igreja, quantas capacidades podem ser oferecidas para levar Deus e sua Palavra no cuidado quando estamos a evangelizar…

Também a arte de compor uma música, de cantar, de fazer um poema, dar aulas e palestras, escrever uma matéria, defender a vida nos espaços políticos e sociais, escolas e meios culturais… Tudo isso são dons do mesmo Espírito o qual estava no início da Criação, que falou pelos profetas, que anunciou a Maria a encarnação do Verbo, que esteve presente no batismo de Jesus e o conduziu ao deserto e a sua missão, animou os apóstolos após a ressurreição, que desceu em Pentecostes e que impulsionou a Igreja na propagação do Evangelho no decorrer dos séculos até os nossos tempos.

E em quantas realidades mais, podemos certificar a presença do Espírito Santo, tais como nos sacramentos, no chamado vocacional, na missão, nos nossos trabalhos pastorais, na vida familiar, nas diversas profissões etc. Agradeçamos a Deus pelos tantos dons do Espírito Santo oferecidos à Igreja para o serviço do Reino.

E quanto a nós, devemos sempre nos manter na convicção de que tudo aquilo que vivemos e fazemos para o bem maior, é pela força do Espírito Santo, que é Deus, a alma da Igreja, Senhor que dá a vida, que renova a face da terra e que nos santifica na vida de seguidores e seguidoras do Senhor Ressuscitado. Amém!

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

Leituras: At 1,1-11; Sl 46(47); Ef 1,17-23; Mt 28,16-20

POESIA

CRISTO NOS ELEVA A SANTIDADE

Igreja que nasce do mandato de Cristo,
Gerada no mistério da ressurreição,
Que é chamada a viver e espalhar o amor,
Sendo sinal de paz, justiça e libertação,
Sobre a força viva do consolador,
Conduzindo seus filhos a santificação.

Povo novo nascido do lado de Cristo,
Animado pela beleza de se viver,
Enviado além da pequena Galileia,
E o coração vivo sempre a arder,
Chamando os povos à Santa Assembleia,
Semeando o Evangelho sem esmorecer.

A Santidade de Cristo também é nossa,
Ele subiu ao céu para a nossa santificação,
Esperando um dia também a nossa santidade,
Porque ele nos veio para a nossa salvação,
E neste mundo pregou sempre a igualdade,
Nos conduzindo para uma vida de comunhão.

E nesta caminhada de filhos peregrinos,
O Senhor está sempre conosco a caminhar,
Nos guia, nos ensina e nos faz missionários,
Para o Evangelho pelo mundo inteiro semear.
E nós devemos ir aos tantos destinatários,
Para na vida nova de santidade apresentar.

Cristo cumpre sua promessa de estar conosco,
Nos diversos momentos de nossa existência.
Ele está conosco na Santa e viva Eucaristia,
Na sua palavra Sagrada e divina ciência,
Na caridade, no bem da vida de cada dia,
Nos encontros, na missão e na benevolência.

HOMILIA

Cristo subiu ao Céu para nos elevar à santidade

Neste domingo da Ascensão do Senhor celebramos a plena glorificação de Cristo e a vitória de todos seus seguidores. Todos nós estamos destinados à santidade porque o nosso Deus é santo e nos faz santos.

“Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo…” (Mt 28,19). A Igreja é fundada neste mandato missionário que os discípulos recebem de Cristo. E ela nasce a partir do Batismo, sacramento que insere todos no caminho da santidade, como filhos e filhas do mesmo Deus. Caminho da santidade porque ser batizado significa ser santificado, lavado do pecado original e de todos os pecados. As manchas que colocamos em nossa vida após o batismo serão lavadas pelo sacramento do perdão e reconciliação.

Porém não é suficiente somente batizar, mas é necessário que os enviados por Cristo ensinem os convertidos a observarem tudo o que o Senhor os ordenou (cf. Mt 28,20a). O discipulado é aperfeiçoado pelo ensinamento do Evangelho na vida de batizado, para que na sua existência ele conheça cada vez mais a vida em Cristo. Esta tarefa na Igreja cabe aos ordenados, aos consagrados e aos catequistas, os quais recebem tal mandato de preparar as famílias (crianças, jovens e adultos) para o encontro com Jesus, nos sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Eucaristia e Crisma).

Naquela despedida de Jesus, ele encerra dizendo: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,20b). Todos os que evangelizam e vivem a experiência com Cristo, devem ter esta certeza: O Senhor caminha com a gente. Porque a subida de Cristo ao céu não significou ausência do seu Espírito em nossas vidas. Significa sim que ele se elevou para também nos elevar à santidade.

Cristo estará sempre presente na missa, encontro com seu corpo e sangue, que é a Eucaristia. Ele permanece na Palavra proclamada, nos altares, no meio da família, nos encontros, nas caminhadas penitenciais e romarias. Também está presente nos trabalhos pastorais, na caridade para com os necessitados e na convivência fraterna. Também quando partilhamos nossas alegrias e angústias e queremos que ele nos ajude e nos aponte o caminho a seguir.

Outro aspecto importante da nossa vida cristã é que somos marcados por realidades humanas e celestes. Os discípulos, no momento da Ascensão, ficaram quase que atordoados com a visão das nuvens. Diante disso, eles recebem a mensagem dos homens de branco: “Homens da Galileia, por que ficais aqui parados, olhando para o céu?” (At, 1,11a). Esta mensagem nos ensina que o nosso olhar deve está voltado para Cristo que caminha conosco, pois ainda vivemos as situações terrenas. Não podemos ficar somente na contemplação, mas também partir para a ação. É preciso seguir em frente para a missão até os confins do mundo.

Muitas vezes temos a tentação de nos fixar somente num dos extremos da vida da Igreja: Ou somos muito espirituais ou somos muito ativistas. Buscamos a Igreja estrutural, sua hierarquia, nos voltamos para a estrutura. Em outros momentos ficamos quase que flutuando com os pés distantes do chão. A experiência de oração e escuta constante da Palavra, nos faz encontrar o equilíbrio.

Não podemos esquecer que toda a nossa vida é guiada pelo Espírito Santo, o Espírito da sabedoria. São Paulo, na sua carta aos Efésios, nos fala: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a Glória, vos dê um espírito de sabedoria… Que ele abra o vosso coração à luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá…” (Ef 1,17.18). É este espírito de sabedoria que ilumina, que guia e que dá força ao discípulo missionário no mundo.

Portanto, depois destes quarenta dias de vida pascal, nós, irmãos e irmãs, como os discípulos daquele tempo lá na Galileia, somos chamados e enviados a vivermos o Evangelho nas nossas diversas realidades concretas, fora dos muros da Igreja e com os pés no chão. Porque Cristo está conosco, ele caminha ao nosso lado para nos dá perseverança e nos capacitar para a missão. A Ascensão é o acontecimento mais profundo da ressurreição de Jesus, porque a sua elevação também nos eleva. A sua santificação é para a nossa santificação pela ação do Pai e do Filho e do Espírito Santo. É este o nosso destino. Amém.

VI DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 8,5-8.14-17; Sl 65(66); 1Pd 3,15-18; Jo 14,14-21

POESIA

O ESPÍRITO SANTO, AO NOSSO LADO

Mandamento novo é o amor,
Que nos faz guardar no coração a verdade,
Que nos faz caminharmos na confiança,
Deixando que a vida seja liberdade,
Fazendo-nos mantermos a esperança.

Fazendo-nos mantermos a esperança,
Nos dias do nosso desafiante discipulado,
Mantendo-nos filhos fiéis e queridos,
Sob a luz do Espírito o nosso advogado,
Por Cristo Nosso Senhor prometido.

Por Cristo Nosso Senhor prometido,
O Espírito Santo é nosso defensor,
Que veio em Pentecostes, publicamente
Trazendo à Igreja um novo vigor,
E levar a Santa Palavra a todo gente.

E levar a Santa Palavra a todo gente,
Rompendo as barreiras de Israel,
Espalhando pelo mundo uma nova vida,
Como uma nação santa e povo fiel,
Construindo comunidades bem fortalecidas.

Construindo comunidades bem fortalecidas.
Na esperança e também na conversão,
Para o mundo velho assim transformar,
Dando para esperança sempre uma razão,
Deixando a semente de o Reino germinar.

Deixando a semente de o Reino germinar,
Na vida do trabalho e de cada dia,
Nos encontros de irmãos sempre reunidos,
Alimentados pela Palavra e a Eucaristia,
Igreja, novo povo, por Cristo redimido.

HOMILIA

Preparando-nos para Pentecostes

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Esta frase de Jesus nos faz pensarmos: Quando a gente ama alguém e confia nesta pessoa, sempre guardamos suas palavras e seus conselhos. Esta foi a motivação que Jesus fez para orientar os seus seguidores sobre as continuidade da sua missão. O discípulo que ama o Senhor guardará no seu coração e na sua vida, através de suas ações, o mandamento novo do amor. Viverá como Jesus viveu e buscará sempre ser uma presença que manifeste a imagem de Deus.

Jesus também promete: “eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro defensor para que permaneça convosco” (Jo 14,16). Este outro defensor é o Espírito Santo que estará sempre com os seguidores do Senhor nas mais diversas realidades do mundo. Os desafios serão imenso na propagação da palavra de Deus e o Espírito Santo estará conduzindo a missão pelo Reino, pois ele é o dom permanente de Cristo Ressuscitado que age no mundo.

O sexto Domingo da Páscoa nos coloca num clima de advento para Pentecostes, onde o próprio Jesus é o precursor[1]. Trata-se de espera alegre. E já preparando toda a Igreja para a manifestação pública do Paráclito sobre a Igreja que está nascendo. O Espírito Santo é aquele que estará ao lado dos primeiros missionários de Jesus e ao mesmo tempo germinando e fortalecendo o nascimento de novas comunidades.

Após a ressurreição de Jesus, a promessa dele se cumprirá: o Espírito Santo descerá para iluminar, defender e conduzir todo o percurso dos apóstolos. Eles sairão pelo mundo, encontrarão perseguições, denúncias, martírio, mas o Espírito os defenderá da tentação do medo e da desistência. Iluminados e conduzidos pelo Espírito eles perseverarão e seguirão em frente fazendo o bem. Curando as pessoas e, sobretudo fazendo nascer a Igreja, novo povo em torno do Ressuscitado.

Na primeira leitura, podemos comprovar a missão de Filipe, ele é um dos primeiros diáconos instituídos na primeira leitura do domingo passado. Fugindo das perseguições vai à Samaria. Lá as multidões seguem com atenção o que ele falava, porque viam os milagres e prodígios que eles fazia. (cf. At 8,6). Pedro e João vão também àquela cidade para que a comunidade, após o batismo, seja confirmada no Espírito Santo (cf. At 8,17).

Pedro na sua carta diante dos sofrimentos e perseguições, nos fala: “Estejam sempre prontos a da razão da vossa esperança, a todo aquele que vo-la pedir”. (1Pd 3,15). Esta consciência da fé em Cristo dos primeiros apóstolos, motivou a adesão de judeus e não judeus a viverem a partilha, a mansidão, o amor, a união e a conversão, pois, foi isto que Jesus pregou e viveu com os seus discípulos na Galileia.

Esta mesma fé, este mesmo Espírito está presente na vida da Igreja hoje. E a mesma missão também deve ser vivida por todos os cristãos. O Ressuscitado está na comunidade reunida, na assembleia que atenta escuta a Palavra de Deus. A presença do e a ação do Espírito Santo mantém a comunidade viva, iluminando, conduzindo, e defendendo o discípulo de tudo daquilo que pode afastá-lo da vida nova em Cristo.

Com a mesma força e com o mesmo vigor, o Paráclito nos ajuda a buscarmos, na nossa vida de oração, na nossa escuta da Palavra, na participação da Eucaristia, no dia a dia de nossa vida e missão, o motivo e a razão de nossa fé.

As perseguições poderão vir, as provocações poderão nos bater a porta, as tentações poderão nos provocar, mas se temos motivos para viver o nosso amor e a nossa fé no Ressuscitado, seguiremos em frente e faremos nascer novas comunidades em Cristo. Como também nos curaremos e ajudaremos muitos a se curarem e a encontrarem a razão e o motivo de sua esperança em Deus.

Muitas vezes não conseguimos avançar na conversão pessoal e na missão porque afastamos de nós a certeza da presença do Espírito que nos defende das armadilhas do mal. Em outros momentos não nos deixamos conduzir pelas luzes e dons divinos e pelo seu vigor. Talvez porque ainda não avançamos no nosso itinerário espiritual e ainda estamos como os discípulos na despedida de Jesus, antes da sua ressurreição, como que marcados pela tristeza e desânimo. Os cristãos devem levar aos outros, a alegria, o entusiasmo e a motivação diante das dificuldades que muitos vezes tiram o chão do pés de muitos.

Portanto, tudo depende do amor aos mandamentos de Cristo e a ele e também a nossa certeza na presença do Paráclito em nossa vida de discípulos. E, sobretudo da confiança num Deus que veio para nos comunicar o seu amor, nos ensinando como vivermos na irmandade e em comunidade.

Um Deus que não nos deixou órfãos, mas nos fez filhos através de seu Filho, nos dando o Espírito de Verdade e nos fazendo participantes do seu Reino levando a alegria do Evangelho ao mundo. Ele que nos deu a sua salvação e nos santifica como Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

[1] cf. CANTALAMESSA, Raniero. O Verbo se fez carne: reflexões sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C. São Paulo: Ave Maria, 2012. p. 86.

V DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 6,1-7; Sl 32(33); 1Pd 2,4-9; Jo 14,1-12

POESIA

CRISTO, O ROSTO DE DEUS

Não se perturbe teu coração,
Mas tenha a fé no Senhor,
Porque ele é o caminho,
Rosto divino do amor,
Que nos ensina a caridade,
Que nos leva a eternidade,
Ele é nosso redentor.

O Senhor também é vida,
Para a nossa alegria,
Faz-nos seus missionários,
E dá-nos paz a cada dia,
Sua vida é sempre nova,
Sua ressurreição é a prova,
De tudo que ele anuncia.

Somos nele pedras vivas,
Ele, a Pedra angular,
Somos também nação santa,
Para o mundo edificar.
Nossa fé nos faz honrados,
Em Cristo somos banhados,
Banho que nos vem salvar.

E abraçando a caridade,
Em favor de toda a gente,
O Senhor nos convocou,
A servi-lo para sempre,
Vivendo a diaconia,
Na noite e também no dia,
Em favor do irmão carente.

Ele, nossa divina verdade,
Que nos dar a esperança.
Nós seguimos com coragem,
Vivendo na temperança.
Palavra que nos orienta,
Corpo e sangue que sustenta,
Trazendo-nos a segurança.

HOMILIA

Jesus, nosso Caminho, Verdade e Vida

Cristo nos fala no evangelho deste 5º domingo da Páscoa: “Eu sou o Caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6). Estas palavras foram ditas para os seus discípulos momento após o gesto do Lava-pés, quando Tomé se declara um pouco angustiado sem saber para onde ir (cf. Jo 14, 5). Jesus se apresentando como o caminho, significa que para segui-lo, seus discípulos devem estar em constante movimento. É abraçar a peregrinação da missão pelo mundo, levando a verdade e a vida.

Felipe faz um pedido: Senhor mostra-nos o Pai, isso nos basta (cf. Jo 14, 8b). Diante destes sentimentos dos discípulos, Jesus responde que o seu rosto misericordioso é a imagem do Pai. Olhar para ele, ver suas ações, seu jeito de lidar com as pessoas, seu acolhimento e seu perdão, expressam ação e a imagem de Deus Pai.

Os discípulos, após a ressurreição, como continuadores da missão de Jesus e em comunhão com ele, deverão apresentar em suas ações, a presença de Cristo ressuscitado que viveu em comunhão perfeita com o Pai e que após a sua ressurreição encarregará todos os seus seguidores de agirem como seu mestre.

Na primeira leitura podemos comprovar que a missão se expande e se faz necessário eleger mais discípulos para que o serviço do amor seja executado. Nesse momento são escolhidos os sete primeiros diáconos para que estejam a serviço da caridade em favor dos necessitados (cf. At 6,5-6). A Igreja nasce do amor aos pobres e necessitados, porque Cristo viveu toda a sua caminhada terrestre em função do amor aos pobres e do serviço da justiça e da paz entre as pessoas. Hoje devemos retomar a Igreja dos Atos dos Apóstolos, voltando o nosso olhar e a nossa ação para o serviço dos carentes materiais, espirituais e humanos.

São Pedro na sua primeira carta vai nos dizer: “Do mesmo modo, também vós, como Pedras vivas, formai o edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Cristo” (1Pd 2,5). Assim serão todos os batizados, discípulos de Cristo, em favor do Reino de Deus, os quais são enviados a mostrarem o rosto misericordioso e caridoso do Pai como pedras vivas, na edificação de um mundo novo.

Nas primeiras comunidades os seguidores de Jesus viveram a experiência de missão além da Galileia. O desafio foi espalhar a Palavra de vida pelo mundo. Para isso foi necessário a expansão com novos discípulos para dar continuidade a missão de Cristo na Igreja nascente. Para isso foi preciso a consciência de que os missionários fossem como pedras vivas e edifícios espirituais.

Os primeiros cristãos carregavam em si a mística necessária para semearem o evangelho vivo. A vida do ressuscitado era tão forte que favorecia a coragem para a entrega total pelo Reino de Deus. Sem medo das perseguições, chegavam a ponto de derramarem o próprio sangue através do martírio.

Hoje são os cristãos, as pedras vivas para a construção de uma Igreja que vive a missão da caridade, da evangelização e da formação de novos discípulos. Os batizados são chamados a espalharem o amor pelas famílias sem muros, através do serviço aos necessitados e abandonados.

Missão realizada sobre a luz do sol, que às vezes é escaldante, ou sobre a noite fria que muitas vezes é escura e desafiante, quando nas realidades dos pobres, nas ruas e praças de nossas cidades. Esta é também a Vinha do Senhor que precisa de cuidado e carinho dos seus discípulos.

Também os cristãos devem ser sinais de Cristo além dos altares e templos, acolhendo e escutando as pessoas muradas, isoladas e machucadas pelas tantas realidades de sofrimentos. Muitos perderam a esperança e a coragem de lutarem por um mundo de paz e de justiça. Outros foram embriagados pelas ideologias que somente trazem como consequências o vazio e a angústia da desestruturação familiar e social.

Enfim, o rosto amoroso e misericordioso de Cristo deve está presente em cada um de nós. Somos batizados (inseridos) em Cristo para expressarmos a imagem dele neste mundo, como sacerdote a serviço do culto verdadeiro, profetas anunciadores da Palavra verdadeira e reis com o Senhor sobre as potestades que afligem o nosso mundo. Este é nosso caminho, ajudemos as pessoas a encontrarem o caminho, o próprio Cristo. Amém!

IV DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 2,14a.36-41; Sl 22(23); 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

POESIA

O BOM PASTOR

O Bom Pastor,
É a porta da vida,
Para a acolhida,
Na sua casa santa,
Onde nos alegra,
E assim se entrega,
Na Paz oferecida.

O Bom Pastor,
É quem nos conduz,
Com sua luz,
Por caminhos retos,
Somos seu rebanho,
Não é um estranho,
É Amor que seduz.

O Bom Pastor
É nossa sorte,
Que vence a morte,
Com seu poder,
Tudo Rompendo,
E nos acolhendo,
Com a sua voz forte.

O Bom Pastor
Está nos chamando,
Nos conquistando,
Para segui-lo,
Por seus caminhos,
Não nos deixa sozinhos
Ele vai nos guiando.

O Bom Pastor,
Quer-nos sempre unidos,
Do seu amor, imbuídos,
O mundo iluminando,
E na nossa missão,
Na santa comunhão,
Sempre, sempre nutridos.

O Bom Pastor,
Tem o cheiro da gente,
Ver seu povo carente,
Vem ao nosso curral,
Pela porta ele entra,
Seu rebanho alimenta,
Novo povo de crentes.

HOMILIA

Jesus é o verdadeiro Pastor dos “pastores”

Irmãos e irmãs, hoje o Cristo nos diz: Eu sou a porta (cf. Jo 10,7). “Quem entrar por mim, será salvo” (Jo 10,9). Quando vamos à celebração encontramos a casa do Senhor de portas abertas, para que nos encontremos com ele, possamos nos reunir como rebanho dele. Queremos escutar a sua voz e participar do seu banquete, onde encontramos o alimento eterno que é o seu corpo e o seu sangue.

Estamos no domingo do Bom Pastor quando contemplamos o Senhor como nosso guia eterno. Ele que nos conduz e que nos ensina por onde caminharmos. Também nos ensina a sermos discípulos pastores, porque muitas vezes temos um pequeno ou grande rebanho (paróquia, diocese, comunidade, família, grupo, pastoral ou movimento) sobre nossa reponsabilidade para caminhar com ele. Porém o rebanho, que está sobre nossa responsabilidade, é sempre do Senhor, ele é o dono e o condutor do rebanho.

O que nos cabe como seguidores do supremo Pastor é que façamos o esforço de imitá-lo, amá-lo e buscar nele a nossa força e salvação. Que possamos também carregar em nosso ministério o cheiro dos que estão sob nossa condução, como nos fala o Papa Francisco: “Vo-lo peço pelo que sejam pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens.”[1]

Precisamos também nos lembrar de que diante do que vivemos na caminhada cristã somos primeiramente rebanho do Senhor. Antes de tudo somos convidados a ouvir a voz do nosso pastor supremo, para seguirmos por caminhos seguros, por lugares onde haja alimento, paz e certeza de segurança em Deus.

Hoje são muitas as vozes e pastores que se dizem verdadeiros, que querem ser ouvidos e seguidos. Diante de tantas realidades e ofertas de vida, de tantas opções, que o mundo oferece, faz-se necessário que primeiramente nos acostumemos a ouvir a voz de Cristo que nos fala pela Palavra Sagrada, que nos convoca através das celebrações da Palavra e da Eucaristia. Agindo primeiro desta forma, teremos o discernimento de seguirmos pelo caminho que nos leva a verdadeira liberdade e à salvação.

No tempo em que Cristo caminhou com os homens, na vida terrena, antes da sua ressurreição, existiam também os falsos pastores, os ladrões e assaltantes (cf. Jo 10,8). Estes não ofereciam vida e segurança para o povo e, portanto, armavam pesados fardos através de leis injustas e preconceituosas as quais oprimiam as pessoas, principalmente, os pobres, as mulheres e os doentes.

Hoje não é diferente, há ainda muitas vozes e portas que soam e se abrem para nós, nos apelando para as injustiças, para a hipocrisia, para a ganância, opressão e para as ideologias que nos desviam do caminho do Bom Pastor. São caminhos de ilusões.

Precisamos treinar o nosso ouvido para podermos ouvir a voz verdadeira que vem de Cristo. Somos um rebanho que muitas vezes não encontra a porta verdadeira e por isso caímos no pecado e nos perdemos. São atitudes que se expressam na fuga e na perda da ovelha em relação ao rebanho do Bom Pastor.

Haverá retorno quando, pelo reconhecimento dos erros e pela volta à casa do Pai misericordioso, somos conduzidos à confissão. O Senhor até nos carrega nos seus braços para retornarmos ao seu redil e também as porta da sua casa estão sempre abertas para o acolhimento.

Como ovelhas, vivendo no rebanho do Senhor e seguindo-o como discípulos seus, podemos atrair outras ovelhas para seguirem este Supremo Pastor. Isso aconteceu com a pregação de Pedro, como podemos ver na primeira leitura, pois depois de pregar para o povo, no dia de Pentecostes, “mais ou menos três mil pessoas se uniram a eles” (At 2,41).

Precisamos buscar sempre no Senhor o nosso repouso. Ele nos conduz por caminhos de alegria e alimentos fartos, ele nos abre a porta, nos leva ao seu banquete (Sl 22/23), para que nos saciemos e encontremos o amor e a paz.

Que o Espírito Santo anime e nos ilumine quando for preciso retornar aos braços do Bom Pastor e nos dê sempre perseverança para continuarmos firmes nos caminho do Senhor e fazendo parte do seu rebanho.

Rezemos por todos os que são chamados a seguirem como colaboradores do Bom Pastor (bispos, padres, diáconos, agentes de pastorais, coordenadores de grupos e movimentos) para que sejam sempre animados a continuarem a colaborar com dignidade as tarefas que Deus lhes confiou. Amém.

[1] CNBB. Roteiros homiléticos para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal: Ano A, São Mateus. “Celebremos a páscoa do cordeiro!”. abril / junho 2017. Ano 3 – nº 13, Brasília: Edições CNBB, 2017. p. 50.

III DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 2,14.22-33; Sl 15(16); 1Pd 1,17-21; Lc 24,13-35

POESIA

FAZER ARDER O CORAÇÃO

Tua Palavra Senhor,
Faz arder o nosso coração,
Porque nos vem encorajar,
Mostrando-nos aonde ir,
Por onde e quando persistir,
Vencendo nossa solidão.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Dando-nos, ao caminhar o sentido,
Fazendo-nos à mesa sentarmos,
Para nos alimentarmos
Conduzindo-nos a santa comunhão.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Porque nos faz retornarmos,
Por um caminho de alegria,
Pelo amor nos reenvia,
Para o anúncio da ressurreição.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Tirando-nos das nossas fugas,
Para que voltemos a acreditar,
Na vida que faz brotar,
E que vence a desilusão.

Tua Palavra, Pão e vinho,
Faz-nos de novo reunirmos,
Para a partilharmos da vida,
À nossa Jerusalém voltarmos,
A viva alegria exalarmos,
Para a estrada prosseguirmos.

HOMILIA

Palavra e Pão que faz arder nosso coração

“Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão” (Lc 24,34). Esta é a conclusão a qual chegam aqueles dois discípulos fujões que vão a Emaús. É ainda naquele mesmo dia da Páscoa que os dois caminham sem esperança, com um sentimento de que tudo tinha acabado e que não teriam mais motivos para sonharem com o reino de Deus. A quem eles mais amavam e estimavam, tinha sido assassinado. Incialmente, este é o sentimento que nos passa o evangelho do 3º Domingo da Páscoa.

Mas a vida continuava e seria preciso caminhar para algum lugar, mesmo que seja fugindo para encontrar um repouso seguro e tranquilo. E no nosso caminhar, Deus caminha com a gente para nos ensinar com sua Palavra; para se fazer companheiro, solidário e se doar como o pão da vida com os que ele amou e ama; para fazer arder o coração da gente e nos motivar para o retorno na grande missão de anunciar que o Senhor está vivo e caminha com os seus discípulos.

Discípulos de Emaús também somos nós que caminhamos às vezes desiludidos, fugindo da comunidade dos irmãos. Às vezes não meditando sobre as ações de Deus em nossa vida, como nossas vitórias, como nossas alegrias e as curas materiais e espirituais que ao longo do caminhar vão acontecendo.

A narração dos discípulos de Emaús nos apresenta a estrutura da celebração Eucarística: Primeiro o nosso caminhar em busca do templo com o coração em Cristo; depois, a entrada do celebrante (Cristo) para se unir ao seu povo; em seguida ele nos fala através da sua palavra (cânticos e salmos) e continua a falar na homilia. Neste momento ele nos explica a sua ação na nossa vida e nos acontecimentos do mundo, fazendo arder o nosso coração. À mesa parte o pão conosco e nos faz reconhecê-lo como o Senhor da vida eterna.

E quando alimentados pelo corpo e pelo sangue do Senhor voltamos para a nossa “Jerusalém” onde está nossa família, nossos amigos e nossos companheiros de caminhada profissional, irmãos da comunidade, e outros que iremos encontrar durante a semana e a vida.

Precisamos testemunhar e confirmar que Cristo está vivo como fez o apóstolo Pedro, nos Atos dos Apóstolos, o porta-voz da comunidade dos seguidores do Senhor: “Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai, realizou milagres e sinais em favor do povo. Ele foi escolhido por muitos e rejeitados por outros até a morte na Cruz. ‘Mas Deus o ressuscitou, libertando-o da angústias da morte’, revelando a eficácia de sua doação a serviço do projeto divino de salvação.” (At 2, 22.24).

O Ressuscitado caminha conosco, nos alimentando e nos encorajando a continuar o caminho dos discípulos missionários na nossa vida diária. Como nos falou Pedro na sua carta, nós fomos resgatados “… pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1Pd 1,19).

Que a cada celebração, possamos seguir firmes no amor a Cristo ressuscitado, através de atitudes concretas na nossa relação conosco e com os irmãos. E possamos cantar como o salmo 15(16): “Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós felicidade sem limites!” Amém.

II DOMINGO DA PÁSCOA – DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA

Leituras: At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

POESIA

MEU SENHOR E MEU DEUS

Tomé somos nós,
Quando nos isolamos,
Quando duvidamos,
E ficando distantes,
Numa tristeza constante,
Fechados, sem acreditar.

Tomé somos nós,
Quando queremos comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
Querendo as feridas olhar.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e amor,
Para podermos recomeçar.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
Nos seu corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar obediente,
Sem medo e sem desistir.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
Pois, ele é o ressuscitado.

Como Tomé e os outros,
Nossa dúvidas todas rompamos,
Abramos as portas e sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o ressuscitado,
Que conosco quer caminhar.

HOMILIA

Cristo tem misericórdia dos que duvidaram

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, neste segundo domingo da Páscoa ressoa a voz do Ressuscitado: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto” (Jo, 20,29). O Evangelho de João apresenta-nos dois momentos para nos mostrar a experiência dos discípulos em meio à Ressurreição. Estes dois momentos acontecem sempre no primeiro dia da semana (Dies domini), o domingo, porque foi no primeiro dia da semana que tudo mudou na caminhada de fé dos primeiros seguidores de Jesus. Daí nasce a fé dos primeiros cristãos e que depois se espalhou por todo o mundo até chegar a nós do século XXI.

Na primeira parte (Jo 20,19-25), o evangelista nos fala que estava anoitecendo quando Jesus aparece. A vida estava obscura para aquele grupo de seguidores, havia medo, insegurança, portas fechadas… E o ressuscitado com a força do amor e da paz, rompe as barreiras físicas se pondo no meio deles e dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Era preciso que os discípulos ouvissem esta saudação para a confirmação de que o príncipe da paz estava no meio deles, ressuscitado, vencedor, para trazer vida nova e reanimá-los para continuarem.

Depois, mostrando as marcas da crucificação, repete a saudação, confirmando sua presença de vida plena e anuncia que eles devem continuar a missão redentora da paz, da misericórdia, da justiça e do amor. Agora não devem ir somente para às aldeias, povoados e arredores de Jerusalém, mas para os confins do mundo.

Por isso o sopro do Espírito Santo foi concedido pelo próprio ressuscitado para que anunciem e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada e dedicada também a missão do Redentor.

Na segunda parte deste Evangelho (Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: Onde estava Tomé naquela primeira aparição? Por que estava distante dos irmãos? Talvez porque o seu desânimo era maior do que a esperança, e, portanto foi inundado por esta realidade, ficando isolado, fechado em si.

Ao encontrar os seus companheiros, Tomé duvida da aparição de Cristo. Ele desafia a Jesus, pois não acredita ainda na sua ressurreição. Quer uma prova concreta como muitos de nós cristãos quando nos isolamos e ficamos fora da comunidade. Às vezes duvidamos das maravilhas de Deus, e nós tornamos incrédulos.

Oito dias depois os discípulos estão reunidos, inclusive Tomé, que dessa vez vê o Senhor. Novamente Jesus deseja a Paz e convoca aquele discípulo que não acreditou antes, e diz a Tomé: “‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Jesus disse mais: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’” (Jo 20,27-28). A declaração de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo tem misericórdia de Tomé que duvidou, mas que depois professou a sua fé no ressuscitado.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os discípulos que acreditam sem terem visto e sem ter tocado as feridas e sem contemplarem o lado de Cristo, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu corpo quando na fila de Comunhão o recebem para se nutrirem da fé na vida verdadeira e prosseguirem a caminhada de fé.

Há feridas humanas que precisamos sentir e tocar, as quais estão presentes nos crucificados deste mundo. Essas feridas aparecem nos que passam fome, estão desempregados, presos e nos que injustamente são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade das realidades políticas, econômicas e sociais. Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, e, por isso lutam por uma sociedade nova e cheia de vida e de paz.

Somente os que deixam as portas se abrirem e saem em missão para anunciar a vida nova em Cristo, e que deixam Jesus inundar de paz e coragem a sua vida, podem mostrar para o mundo o sentido verdadeiro da vida, da justiça e da esperança. Enquanto estivermos fechados em nosso egoísmo e individualismo e distantes da vida da Igreja que abre as suas portas, seremos discípulos infecundos e incrédulos.

Portanto, cada domingo também é como aquele oitavo dia, quando também professamos a nossa fé no ressuscitado. Em cada domingo, escutamos os ensinamentos dos apóstolos, louvamos, colocamos em comum a nossa oração, partilhamos o pão, fazemos nossas ofertas materiais e espirituais como as primeiras comunidades dos Atos dos Apóstolos (cf. At 2,46). Juntos, amamos o Senhor sem termos visto e esperamos a salvação que nos vem dele como nos fala São Pedro (cf. 1Pd 1,8).

Peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do nosso medo e do nosso isolamento para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho, o qual se expressa na nossa alegria, na nossa paz, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem. Amém!