IV Domingo da Páscoa, Domingo do Bom Pastor, Ano B

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: At 4,8-12; Sl 118(117); 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Pastor Eterno e Amoroso

Jo 10,11-18

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor, nos motiva a contemplar o Bom Pastor e a nossa experiência de ovelha que escuta a sua voz que nos conduz ao redil onde saciamos definitivamente a fome e a sede. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 10,11-18.

O evangelista João nos apresenta três importantes dimensões do Cristo, Bom Pastor: Jesus é o Bom Pastor que cuida; o seu redil já não está restrito à Jerusalém terrestre e, por fim, o Bom Pastor dá a vida pela salvação das ovelhas.

Jesus é o Bom Pastor porque é pleno ao cuidar do rebanho confiado pelo Pai. Por isso, foi até as últimas consequências na cruz e, de braços abertos, acolhe as ovelhas. O seu rebanho nasce da entrega e do cuidado visíveis no seu amor misericordioso.

Nós, você e eu, somos convidados a seguir a voz do Bom Pastor, o Pastor divino. O Autor da Vida também espera a oferta do nosso coração (muitas vezes de pedra), pois quer fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21,5). Que atitudes do Bom Pastor temos tido diante da vida e dos irmãos? Temos, todos nós, missões que se parecem com a condução de um rebanho. Somos também pastores como ministros ordenados, como consagrados, pais e mães de família, como coordenadores de pastorais, como chefes de repartições. Também devemos imitar o Bom Pastor na escuta ao outro e em muitas outras experiências de cuidado que devem ser realizadas com simplicidade, justiça e misericórdia.

Num segundo momento Cristo nos diz que há ovelhas que não são do redil (de Jerusalém) que devem ser apascentadas (cf. Jo 10,16). Os cristãos devem acolher cada um que vem e quer se inserir no rebanho do Senhor, pois o Bom Pastor acolheu a todos, em um só rebanho e um só Pastor. O acolhimento e o cuidado do Bom Pastor faz a diferença na semeadura do Evangelho.

Por fim Jesus nos ensina que a sua vida é oferecida para a salvação do mundo: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo.” (Jo 10,18). A entrega é gratuita e livre em favor da humanidade. O Ressuscitado quer abrir a nossa inteligência para que possamos entender as Escrituras.

Somos motivados a meditar se nossas ações são em função das coisas do alto ou de interesses fúteis e ou mesmo de atitudes úteis das coisas terrestres (cf. Cl 3,1-4). Como usamos o nosso cajado diante de nossa missão de servir? O cajado do pastor é para apontar e proteger o caminhar e não para bater nas ovelhas. Os maus pastores, os mercenários, fogem diante dos perigos ou batem com o cajado nas ovelhas quando estas se perdem (cf Jo 10,12).

E o que dizer dos governantes? Responsáveis pela saúde pública, pela educação, pelo cuidado do povo. Estes, escolhidos pelo seu próprio rebanho, com frequência causam muitos sofrimentos como o mercenário do Evangelho de hoje. Não promovem a justiça e o bem comum. Jesus nos ensina que o pastor deve ter amor e compromisso na sua missão, promovendo a dignidade do povo.

Por fim, rezemos pelos nossos pastores (Papa, Bispos, padres, diáconos, muitos coordenadores de pastorais), para que sejam fiéis à sua missão de cuidar do redil, que é a Igreja. E a nós, ovelhas reunidas em torno da Palavra e da Eucaristia, ouçamos a voz do Bom Pastor que nos conduz ao aprisco onde nossa fome e sede são saciadas definitivamente, e que possamos ser também responsáveis naquilo que o Bom Pastor nos confiou.

 

***

⇒ POESIA ⇐

O Pastor e a Ovelha

Ó Pastor supremo e bom,
Que a todas as ovelhas,
Trata com tanto carinho,
Que orienta o caminho,
Totalmente por amor,
Ó eterno bom Pastor,
Não nos deixe aqui sozinhos.

Ó Pastor supremo e verdadeiro,
Que doa a vida livremente,
Para a todos vir salvar,
Sem assim descriminar,
Nenhum dos seres humanos,
Com verdade e sem enganos.
Vem nos fortificar.

Ó Pastor supremo e amigo,
Que fala palavras eternas,
Para nos alimentar,
Para nos encorajar,
Pois tua voz queremos ouvir,
Sem medo de te seguir,
Vem sempre nos iluminar.

Somos teu rebanho vivo,
Que quer sempre te encontrar,
Queremos o teu infinito amor,
Acende-nos com tua luz e teu ardor,
Para a nossa forte felicidade,
Para a nossa viva caridade,
Tu és nosso belo e bom Pastor.

Pastor que cuida com tanto zelo,
As ovelhas cansadas e feridas,
O seu rebanho por ti tão querido,
Trata-nos como teus amigos,
E vai também a outros rebanhos,
Não consideram como estranhos,
Acolhe e carrega quem está sofrido.

Prepara-nos a mesa do amor,
Com taças e o vinho da alegria,
Para as ovelhas sempre acolher,
Pois sua vida vem a nos oferecer,
E não deixa de fora ninguém,
Seu rebanho alimenta do sumo bem,
No banquete vem a todos receber.

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Bom Pastor, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,14a.36-41; Sl 22(23); 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus Cristo é o verdadeiro Pastor dos “pastores”

Jo 10,1-10

 

Estamos no 4º Domingo da Páscoa, também conhecido como o domingo do Bom Pastor, quando contemplamos o Senhor como nosso guia eterno. Ele, que nos conduz e que nos ensina por onde caminharmos, também nos ensina a sermos discípulos pastores, porque muitas vezes temos um pequeno ou grande rebanho (paróquia, diocese, comunidade, família, grupo, pastoral ou movimento) sobre nossa responsabilidade para caminhar com ele. Porém este mesmo rebanho é sempre do Senhor, ele é o dono, e é quem conduz o seu povo.

E o evangelho desta liturgia está em João (cf. 10,1-10). Neste texto, Jesus nos diz: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo” (Jo 10,9). Quando nós vamos à celebração encontramos a casa do Senhor de portas abertas, para que nos encontremos com ele, possamos nos reunir como rebanho dele. Queremos escutar a sua voz e participar do seu banquete, onde encontramos o alimento eterno que é a sua Palavra, o seu corpo e o seu sangue.

O que nos cabe como seguidores do supremo Pastor é que façamos o esforço de imitá-lo, amá-lo e buscar nele a nossa força e salvação. Que possamos também carregar em nosso ministério e em nossas responsabilidades o cheiro dos que estão sob nossa condução, como nos fala o Papa Francisco: “Vo-lo peço que sejam pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens.”[1]

Precisamos também nos lembrar de que diante do que vivemos na caminhada cristã somos primeiramente rebanho do Senhor. Antes de tudo somos convidados a ouvir a voz do nosso pastor, Cristo, para seguirmos por caminhos seguros, por lugares onde haja alimento, paz, justiça e a certeza de segurança em Deus.

Hoje são muitas as vozes e pastores que se dizem verdadeiros, que querem ser ouvidos e seguidos. Diante de tantas realidades e ofertas de vida, de tantas opções, que o mundo oferece, faz-se necessário que primeiramente nos acostumemos a ouvir a voz de Cristo que nos fala pela Palavra Sagrada, que nos convoca através das celebrações da Palavra e da Eucaristia. Agindo primeiro desta forma, teremos o discernimento de seguirmos pelo caminho que nos leva a verdadeira liberdade e à salvação.

No tempo em que Cristo caminhou com os homens, pela Galileia, antes da sua ressurreição, existiam também os falsos pastores, os ladrões e assaltantes (cf. Jo 10,8). Estes não ofereciam vida e segurança para o povo e, portanto, armavam pesados fardos através de leis injustas e preconceituosas as quais oprimiam as pessoas, principalmente, os pobres, as mulheres, os doentes…

Hoje não é diferente, há ainda muitas vozes e portas que soam e se abrem para nós, nos apelando para as injustiças, para as fake news (notícias faças), a hipocrisia, a ganância, a opressão e para as ideologias que nos desviam do caminho do Bom Pastor. São caminhos de ilusões e escravidões na nossa existência

Precisamos treinar o nosso ouvido para podermos ouvir a voz verdadeira que vem de Cristo. Somos um rebanho que muitas vezes não encontra a porta verdadeira e por isso caímos no pecado e nos perdemos.

Como ovelhas, vivendo no rebanho do Senhor e seguindo-o como discípulos seus, podemos atrair outras ovelhas para seguirem pelo caminho do Bom Pastor. Isso aconteceu com a pregação de Pedro, como podemos conferir no livro dos Atos dos Apóstolos (cf. 2,41), quando se uniram a eles mais ou menos três mil pessoas, depois que Pedro pregou ao povo no dia de Pentecostes.

Precisamos buscar sempre no Senhor o nosso repouso. Ele nos conduz por caminhos de alegria e alimentos fartos, ele nos abre a porta, nos leva ao seu banquete (cf. Sl 22/23), para que nos saciemos e encontremos o amor e a paz.

Que o Espírito Santo nos anime e nos ilumine quando for preciso retornar aos braços do Bom Pastor e nos dê sempre perseverança para continuarmos firmes nos caminho do Senhor e fazendo parte do seu rebanho.

Rezemos por todos os que são chamados a seguirem como colaboradores do Bom Pastor (bispos, padres, diáconos, agentes de pastorais, catequistas, coordenadores de grupos e movimentos) para que sejam sempre animados a continuarem a colaborar com dignidade as tarefas que Deus lhes confiou. Porque, O Senhor é o pastor que nos conduz, paras as águas repousantes nos encaminham (Sl 22). Amém.

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[1] CNBB. Roteiros homiléticos para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal: Ano A, São Mateus. “Celebremos a páscoa do cordeiro!”. abril / junho 2017. Ano 3 – nº 13, Brasília: Edições CNBB, 2017. p. 50.

 

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⇒ POESIA ⇐

O Bom Pastor

O Bom Pastor,
É a porta da vida,
Para a acolhida,
Na sua casa santa,
Onde nos alegra,
E assim se entrega,
Na Paz oferecida.

O Bom Pastor,
É quem nos conduz,
Com sua luz,
Por caminhos retos,
Somos seu rebanho,
Não é um estranho,
É Amor que seduz.

O Bom Pastor
É nossa sorte,
Que vence a morte,
Com seu poder,
Tudo rompendo,
E nos acolhendo,
Com a sua voz forte.

O Bom Pastor
Está nos chamando,
Nos conquistando,
Para segui-lo,
Por seus caminhos,
Não nos deixa sozinhos
Ele vai nos guiando.

O Bom Pastor,
Quer-nos sempre unidos,
Do seu amor, imbuídos,
O mundo iluminando,
E na nossa missão,
Na santa comunhão,
Sempre, sempre nutridos.

O Bom Pastor,
Tem o cheiro da gente,
Ver seu povo carente,
Vem ao nosso curral,
Pela porta ele entra,
Seu rebanho alimenta,
Novo povo de crentes.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Bom Pastor, ilumine o seu caminho! ***

 

IV DOMINGO DA PÁSCOA, ANO  C – SÃO LUCAS

 

Leituras: At 13,14.53-52; Sl 99; Ap 7,9.14b-17; Jo 10,27-30

“O Bom Pastor”, 1886–1894. Por J. Tissot (1836–1902)


Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

O verdadeiro pastor é aquele que dá a vida pelas suas ovelhas

Jo 10,27-30

 

Neste 4º domingo da Páscoa, contemplemos o Cristo, o Bom Pastor, que além de conduzir as ovelhas pelo caminho do amor, doa a sua vida por elas. Este é o grande sentido e o diferencial da missão do verbo encarnado no mundo: conduzir todos para o caminho do amor e da comunhão com o Pai, reunindo a grande multidão dos que o seguiram e seguem com firmeza e coragem.

Meditemos, brevemente, o evangelho e as leituras desta liturgia. Olhemos para Cristo, como o Bom Pastor, que tem uma voz (cf. Jo 10,27), que doa a sua vida, não uma vida temporal, mas a vida eterna, ele está em comunhão com o Pai (cf. Jo 10,30).

Olhemos para nós, as ovelhas, que querem ouvir a voz do Pastor, querem segui-lo e viver para sempre com ele… “Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com sua mão” (salmo 95). No Senhor somos unidos para sempre, como rebanho que quis seguir a voz do Pastor eteno, eterno por que na segunda leitura podemos meditar sobre esta certeza, que, de acordo com o Apocalipse, João contempla uma multidão diante do trono do Cordeiro. Trata-se de uma multidão que reuniu gente de todas as nações, tribos, povos e línguas e que era incontável (cf. Ap 7,9).

O interessante é que ao mesmo tempo em que somos ovelhas do Senhor, somos também chamados por ele para caminhar como seu rebanho e em comunhão fraterna, numa realidade de irmãos que se ajudam na motivação da fé e na busca da santidade.

Em Atos dos Apóstolos (cf. 13,45) temos o testemunho missionário de São Paulo e São Barnabé. Eles anunciam a Palavra de Deus aos judeus. E as consequências da ação missionária dos dois já sabemos: perseguição, realidade própria de todos aqueles que anunciam a Palavra libertadora de Jesus. Sobre isso São João, no Apocalipse, também dá testemunho da sua visão: “Então um dos anciãos me disse: ‘Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do trono de Deus e lhe prestam culto, dia e noite, no seu templo’.” (Ap 7,14b-15).

Podemos lembrar de tantos santos e santas que viveram a experiência do encontro com o Bom Pastor e que em vida terrena já pronunciavam a certeza de fazer parte da incontável multidão na Igreja celestial. Viveram fiéis até o derramamento de sangue (São Sebastião – *256+286), viveram na pobreza (São Francisco de Assis – *1181+1226 – e Santa Tereza de Calcutá – *1910*1997), na profundidade da meditação espiritual deixando tantos escritos que chegaram até nossos dias como riqueza da espiritualidade cristã (Santa Tereza D’Ávila – *1515+1582 – e São João da Cruz – *1542+1591), além dos inúmeros anônimos que testemunharam e testemunham a fé na simplicidade, na doação de vida, na missão e na vivência das virtudes próprias de ovelhas que escutam a voz do Senhor e estão ligadas a ele.

Lembremos que o Senhor chamou, preparou e enviou discípulos para cuidar do seu rebanho e estes vocacionados o representam na caminhada da Igreja. O Papa, os bispos, os padres, os diáconos, os catequistas, os evangelizadores e tantos cristãos coerentes na fé que vivem no mundo do trabalho, nos mostram, pelo seu testemunho, a face do Bom Pastor que cuida das suas ovelhas. Porém não esqueçamos que o Rebanho é do Senhor, não sendo, portanto, propriedade particular de ninguém, por que ao mesmo tempo em que somos lideranças (pastores) somos também ovelhas do mesmo rebanho.

Rezemos por todos aqueles que estão na caminhada evangelizadora proclamando o Reino de Deus com a sua vida nas diversas realidades do mundo, para que sejam perseverantes na sua vocação e fermento de amor entre os irmãos, numa postura e consciência de que são discípulos do Ressuscitado, mas que são ao mesmo tempo parte integral do Rebanho que é conduzido pelo Bom Pastor.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Supremo Pastor dos pastores

Voz que conduz a multidão
Que orienta e purifica,
Que plenifica.
Que leva à eternidade,
Sendo caridade,
Cajado que dignifica.

Pastor que conhece o rebanho,
Protegendo-o no caminhar,
Não deixando desgarrar.
Mão protetora,
Vida salvadora,
Que se deixa amar.

Cordeiro supremo da vida nova,
Que acolhe a incontável multidão,
Que se une em comunhão,
Às diversas realidades das nações,
Mártires das tribulações,
Alvejados para a santificação.

E nós ovelhas seguidoras,
A sua voz escutamos,
A ele nos ligamos.
E como rebanho nos unimos,
Vida eterna garantimos,
E chegar ao trono, almejamos.

 

*** Que a Palavra e a Luz do Bom Pastor, o Ressuscitado, ilumine o seu caminho ***

 

IV DOMINGO DA PÁSCOA

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: At 4,8-12; Sl 117; 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18

POESIA

O PASTOR E A OVELHA

Ó Pastor supremo e bom,
Que a todas as ovelhas,
Trata com tanto carinho,
Que orienta o caminho,
Totalmente por amor,
Ó eterno bom Pastor,
Não nos deixe aqui sozinhos.

Ó Pastor supremo e verdadeiro,
Que doa a vida livremente,
Para a todos vim salvar,
Sem assim descriminar,
Nenhum dos seres humanos,
Com verdade e sem enganos.
Vem nos fortificar.

Ó Pastor supremo e amigo,
Que falas palavra eternas,
Para nos alimentar,
Para nos encorajar,
Pois tua voz queremos ouvir,
Sem medo de te seguir,
Vem sempre nos iluminar.

Somos teu rebanho vivo,
Que quer sempre te encontrar,
Queremos o teu infinito amor,
Acende-nos com tua luz e teu ardor,
Para a nossa forte felicidade,
Para a nossa viva caridade,
Tu és nosso belo e bom Pastor.

Pastor que cuida com tanto zelo,
As ovelhas cansadas e feridas,
O seu rebanho por ti tão querido,
Trata-nos como teus amigos,
E vai também a outros rebanhos,
Não consideram como estranhos,
Acolhe e carrega quem está sofrido.

Prepara-nos a mesa do amor,
Com taças e o vinho da alegria,
Para as ovelhas sempre acolher,
Pois sua vida vem a nos oferecer,
E não deixa de fora ninguém,
Seu rebanho alimenta do sumo bem,
No banquete vem a todos receber.

 

HOMILIA

O Pastor Eterno e Amoroso

A liturgia deste quarto domingo da Páscoa celebra a figura do Bom Pastor, Jesus Cristo, nosso caminho de Salvação. Somos chamados neste dia a refletirmos nossa condição de participantes do rebanho do Senhor numa experiência de escuta da voz do Bom Pastor e na participação da sua mesa, onde há o alimento que mata para sempre a nossa fome e a bebida que sacia eternamente a nossa sede.

No evangelho desta liturgia, no texto de João 10,11-18, podemos refletir três pontos importantes para a nossa vida de Cristãos: primeiro Jesus se apresenta como o Bom Pastor que é diferente dos mercenários, os quais conduzem o rebanho por interesse e por dinheiro, não se importando com as ovelhas que estão aos seus cuidados.

Jesus é o Bom Pastor porque ele dá a vida pelo seu rebanho, por isso foi até as últimas consequências: foi pregado numa cruz. Ele tem a vocação vinda de Deus Pai que o confia como verdadeiro pastor. Braços abertos para acolher o rebanho que nasce da entrega e do seu cuidado que brota da força de seu amor incalculável.

Nós, cristão que nos reunimos como rebanho do Senhor, somos convidados a ouvir a voz do nosso Pastor divino e ao mesmo tempo segui-lo. Somos também convidados a colocar no nosso coração e na nossa vida, as qualidades e as marcas da experiência de Jesus aquele que nos guia por caminhos seguros. Que gestos, atitudes e postura do Bom Pastor temos diante da vida e dos irmãos?

Na vida nossa de cada dia, temos responsabilidades e missões que se parecem com a condução de um rebanho. Portanto, somos também pastores a exemplo de Cristo, como pais e mães de família, como coordenadores de grupos da Igreja, como chefes de repartições, com políticos, no nosso trabalho, nas pastorais sociais, nas organizações, também como ouvintes, conselheiros confidenciais e muitas outras experiências que devem ser realizadas com justiça e sinceridade, sem interesses e sem descaso.

Num segundo momento Jesus nos diz: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir.” (Jo 10,16). É interessante que a missão de Jesus não está restrita a grupo dos seus (povo judeus), mas também a outros pastoreios que precisam também ouvir a sua voz e aos quais ele os considera. Os cristãos são convidados a acolher cada ser humano, que vem e quer se inserir no rebanho do Senhor.

Portanto, o amor de Cristo se estende a todos, por que é o desejo de Deus que haja um só rebanho e um só Pastor no amor. É vontade do Bom Pastor que todos encontrem nele a vida nova e o sentido da sua existência. Por isso o acolhimento e o cuidado do bom Pastor faz a diferença na semeadura do Evangelho.

Por fim Jesus nos ensina que a sua vida é oferecida para a salvação do mundo: Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo.” (Jo 10,18). Há uma entrega gratuita e totalmente livre de Jesus em favor da humanidade. Não poderá haver total entrega quando há imposições.

Somos então convidados a refletir sobre a nossa vida de cristãos membros do rebanho do Senhor. Até que ponto nossas ações e opções de vida são uma experiência verdadeira de entrega sem interesses fúteis e vazios? Como nos sentimos dentro deste rebanho de Cristo, o Bom Pastor? Como usamos o nosso cajado das responsabilidades diante de nossa missão de servir?

O Cajado do pastor é para a pontar e proteger o caminhar do rebanho e não para bater nas ovelhas. Os maus pastores, fogem quando veem os perigos, e, muitas vezes batem com o cajado na cabeça das suas ovelhas quando estas se perdem ou caem pelo caminho. A estes, Jesus chama de mercenários, porque eles não se importam com a sua tarefa de cuidar. (cf Jo 10,12).

O que dizer dos chefes das nações, dos estados, dos municípios, os quais são responsáveis pela condução de um povo, como representantes. Estes, muitas vezes escolhidos pelo seu próprio rebanho, com frequência causam muitos sofrimentos ao povo quando não se interessa em cuidar com carinho daquilo que lhe foi confiado. Não se interessam em fazer valer a justiça, o bem comum e a vida digna. Jesus nos ensina que o pastor deve ter amor e compromisso na sua missão de fazer valer a dignidade e a igualdade a um povo.

Portanto, busquemos rezar pedindo pelos nossos pastores aqui na terra (Papa, Bispos, padres, diáconos) para que sejam fiéis na sua missão e que o seu trabalho seja vivenciado numa entrega verdadeira e numa atitude de carinho, fé e esperança.

E a nós, ovelhas reunidas em torno das mesas da Palavra e da Eucaristia, que possamos seguir em frente ouvindo a voz do Bom Pastor e se alimentando da sua mesa a caminho da verdadeira vida e sendo responsáveis naquilo que o Bom Pastor nos confiou.

IV DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 2,14a.36-41; Sl 22(23); 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

POESIA

O BOM PASTOR

O Bom Pastor,
É a porta da vida,
Para a acolhida,
Na sua casa santa,
Onde nos alegra,
E assim se entrega,
Na Paz oferecida.

O Bom Pastor,
É quem nos conduz,
Com sua luz,
Por caminhos retos,
Somos seu rebanho,
Não é um estranho,
É Amor que seduz.

O Bom Pastor
É nossa sorte,
Que vence a morte,
Com seu poder,
Tudo Rompendo,
E nos acolhendo,
Com a sua voz forte.

O Bom Pastor
Está nos chamando,
Nos conquistando,
Para segui-lo,
Por seus caminhos,
Não nos deixa sozinhos
Ele vai nos guiando.

O Bom Pastor,
Quer-nos sempre unidos,
Do seu amor, imbuídos,
O mundo iluminando,
E na nossa missão,
Na santa comunhão,
Sempre, sempre nutridos.

O Bom Pastor,
Tem o cheiro da gente,
Ver seu povo carente,
Vem ao nosso curral,
Pela porta ele entra,
Seu rebanho alimenta,
Novo povo de crentes.

HOMILIA

Jesus é o verdadeiro Pastor dos “pastores”

Irmãos e irmãs, hoje o Cristo nos diz: Eu sou a porta (cf. Jo 10,7). “Quem entrar por mim, será salvo” (Jo 10,9). Quando vamos à celebração encontramos a casa do Senhor de portas abertas, para que nos encontremos com ele, possamos nos reunir como rebanho dele. Queremos escutar a sua voz e participar do seu banquete, onde encontramos o alimento eterno que é o seu corpo e o seu sangue.

Estamos no domingo do Bom Pastor quando contemplamos o Senhor como nosso guia eterno. Ele que nos conduz e que nos ensina por onde caminharmos. Também nos ensina a sermos discípulos pastores, porque muitas vezes temos um pequeno ou grande rebanho (paróquia, diocese, comunidade, família, grupo, pastoral ou movimento) sobre nossa reponsabilidade para caminhar com ele. Porém o rebanho, que está sobre nossa responsabilidade, é sempre do Senhor, ele é o dono e o condutor do rebanho.

O que nos cabe como seguidores do supremo Pastor é que façamos o esforço de imitá-lo, amá-lo e buscar nele a nossa força e salvação. Que possamos também carregar em nosso ministério o cheiro dos que estão sob nossa condução, como nos fala o Papa Francisco: “Vo-lo peço pelo que sejam pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens.”[1]

Precisamos também nos lembrar de que diante do que vivemos na caminhada cristã somos primeiramente rebanho do Senhor. Antes de tudo somos convidados a ouvir a voz do nosso pastor supremo, para seguirmos por caminhos seguros, por lugares onde haja alimento, paz e certeza de segurança em Deus.

Hoje são muitas as vozes e pastores que se dizem verdadeiros, que querem ser ouvidos e seguidos. Diante de tantas realidades e ofertas de vida, de tantas opções, que o mundo oferece, faz-se necessário que primeiramente nos acostumemos a ouvir a voz de Cristo que nos fala pela Palavra Sagrada, que nos convoca através das celebrações da Palavra e da Eucaristia. Agindo primeiro desta forma, teremos o discernimento de seguirmos pelo caminho que nos leva a verdadeira liberdade e à salvação.

No tempo em que Cristo caminhou com os homens, na vida terrena, antes da sua ressurreição, existiam também os falsos pastores, os ladrões e assaltantes (cf. Jo 10,8). Estes não ofereciam vida e segurança para o povo e, portanto, armavam pesados fardos através de leis injustas e preconceituosas as quais oprimiam as pessoas, principalmente, os pobres, as mulheres e os doentes.

Hoje não é diferente, há ainda muitas vozes e portas que soam e se abrem para nós, nos apelando para as injustiças, para a hipocrisia, para a ganância, opressão e para as ideologias que nos desviam do caminho do Bom Pastor. São caminhos de ilusões.

Precisamos treinar o nosso ouvido para podermos ouvir a voz verdadeira que vem de Cristo. Somos um rebanho que muitas vezes não encontra a porta verdadeira e por isso caímos no pecado e nos perdemos. São atitudes que se expressam na fuga e na perda da ovelha em relação ao rebanho do Bom Pastor.

Haverá retorno quando, pelo reconhecimento dos erros e pela volta à casa do Pai misericordioso, somos conduzidos à confissão. O Senhor até nos carrega nos seus braços para retornarmos ao seu redil e também as porta da sua casa estão sempre abertas para o acolhimento.

Como ovelhas, vivendo no rebanho do Senhor e seguindo-o como discípulos seus, podemos atrair outras ovelhas para seguirem este Supremo Pastor. Isso aconteceu com a pregação de Pedro, como podemos ver na primeira leitura, pois depois de pregar para o povo, no dia de Pentecostes, “mais ou menos três mil pessoas se uniram a eles” (At 2,41).

Precisamos buscar sempre no Senhor o nosso repouso. Ele nos conduz por caminhos de alegria e alimentos fartos, ele nos abre a porta, nos leva ao seu banquete (Sl 22/23), para que nos saciemos e encontremos o amor e a paz.

Que o Espírito Santo anime e nos ilumine quando for preciso retornar aos braços do Bom Pastor e nos dê sempre perseverança para continuarmos firmes nos caminho do Senhor e fazendo parte do seu rebanho.

Rezemos por todos os que são chamados a seguirem como colaboradores do Bom Pastor (bispos, padres, diáconos, agentes de pastorais, coordenadores de grupos e movimentos) para que sejam sempre animados a continuarem a colaborar com dignidade as tarefas que Deus lhes confiou. Amém.

[1] CNBB. Roteiros homiléticos para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal: Ano A, São Mateus. “Celebremos a páscoa do cordeiro!”. abril / junho 2017. Ano 3 – nº 13, Brasília: Edições CNBB, 2017. p. 50.