IV Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,14a.36-41; Sl 22(23); 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus Cristo é o verdadeiro Pastor dos “pastores”

Jo 10,1-10

 

Estamos no 4º Domingo da Páscoa, também conhecido como o domingo do Bom Pastor, quando contemplamos o Senhor como nosso guia eterno. Ele, que nos conduz e que nos ensina por onde caminharmos, também nos ensina a sermos discípulos pastores, porque muitas vezes temos um pequeno ou grande rebanho (paróquia, diocese, comunidade, família, grupo, pastoral ou movimento) sobre nossa responsabilidade para caminhar com ele. Porém este mesmo rebanho é sempre do Senhor, ele é o dono, e é quem conduz o seu povo.

E o evangelho desta liturgia está em João (cf. 10,1-10). Neste texto, Jesus nos diz: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo” (Jo 10,9). Quando nós vamos à celebração encontramos a casa do Senhor de portas abertas, para que nos encontremos com ele, possamos nos reunir como rebanho dele. Queremos escutar a sua voz e participar do seu banquete, onde encontramos o alimento eterno que é a sua Palavra, o seu corpo e o seu sangue.

O que nos cabe como seguidores do supremo Pastor é que façamos o esforço de imitá-lo, amá-lo e buscar nele a nossa força e salvação. Que possamos também carregar em nosso ministério e em nossas responsabilidades o cheiro dos que estão sob nossa condução, como nos fala o Papa Francisco: “Vo-lo peço que sejam pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens.”[1]

Precisamos também nos lembrar de que diante do que vivemos na caminhada cristã somos primeiramente rebanho do Senhor. Antes de tudo somos convidados a ouvir a voz do nosso pastor, Cristo, para seguirmos por caminhos seguros, por lugares onde haja alimento, paz, justiça e a certeza de segurança em Deus.

Hoje são muitas as vozes e pastores que se dizem verdadeiros, que querem ser ouvidos e seguidos. Diante de tantas realidades e ofertas de vida, de tantas opções, que o mundo oferece, faz-se necessário que primeiramente nos acostumemos a ouvir a voz de Cristo que nos fala pela Palavra Sagrada, que nos convoca através das celebrações da Palavra e da Eucaristia. Agindo primeiro desta forma, teremos o discernimento de seguirmos pelo caminho que nos leva a verdadeira liberdade e à salvação.

No tempo em que Cristo caminhou com os homens, pela Galileia, antes da sua ressurreição, existiam também os falsos pastores, os ladrões e assaltantes (cf. Jo 10,8). Estes não ofereciam vida e segurança para o povo e, portanto, armavam pesados fardos através de leis injustas e preconceituosas as quais oprimiam as pessoas, principalmente, os pobres, as mulheres, os doentes…

Hoje não é diferente, há ainda muitas vozes e portas que soam e se abrem para nós, nos apelando para as injustiças, para as fake news (notícias faças), a hipocrisia, a ganância, a opressão e para as ideologias que nos desviam do caminho do Bom Pastor. São caminhos de ilusões e escravidões na nossa existência

Precisamos treinar o nosso ouvido para podermos ouvir a voz verdadeira que vem de Cristo. Somos um rebanho que muitas vezes não encontra a porta verdadeira e por isso caímos no pecado e nos perdemos.

Como ovelhas, vivendo no rebanho do Senhor e seguindo-o como discípulos seus, podemos atrair outras ovelhas para seguirem pelo caminho do Bom Pastor. Isso aconteceu com a pregação de Pedro, como podemos conferir no livro dos Atos dos Apóstolos (cf. 2,41), quando se uniram a eles mais ou menos três mil pessoas, depois que Pedro pregou ao povo no dia de Pentecostes.

Precisamos buscar sempre no Senhor o nosso repouso. Ele nos conduz por caminhos de alegria e alimentos fartos, ele nos abre a porta, nos leva ao seu banquete (cf. Sl 22/23), para que nos saciemos e encontremos o amor e a paz.

Que o Espírito Santo nos anime e nos ilumine quando for preciso retornar aos braços do Bom Pastor e nos dê sempre perseverança para continuarmos firmes nos caminho do Senhor e fazendo parte do seu rebanho.

Rezemos por todos os que são chamados a seguirem como colaboradores do Bom Pastor (bispos, padres, diáconos, agentes de pastorais, catequistas, coordenadores de grupos e movimentos) para que sejam sempre animados a continuarem a colaborar com dignidade as tarefas que Deus lhes confiou. Porque, O Senhor é o pastor que nos conduz, paras as águas repousantes nos encaminham (Sl 22). Amém.

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[1] CNBB. Roteiros homiléticos para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal: Ano A, São Mateus. “Celebremos a páscoa do cordeiro!”. abril / junho 2017. Ano 3 – nº 13, Brasília: Edições CNBB, 2017. p. 50.

 

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⇒ POESIA ⇐

O Bom Pastor

O Bom Pastor,
É a porta da vida,
Para a acolhida,
Na sua casa santa,
Onde nos alegra,
E assim se entrega,
Na Paz oferecida.

O Bom Pastor,
É quem nos conduz,
Com sua luz,
Por caminhos retos,
Somos seu rebanho,
Não é um estranho,
É Amor que seduz.

O Bom Pastor
É nossa sorte,
Que vence a morte,
Com seu poder,
Tudo rompendo,
E nos acolhendo,
Com a sua voz forte.

O Bom Pastor
Está nos chamando,
Nos conquistando,
Para segui-lo,
Por seus caminhos,
Não nos deixa sozinhos
Ele vai nos guiando.

O Bom Pastor,
Quer-nos sempre unidos,
Do seu amor, imbuídos,
O mundo iluminando,
E na nossa missão,
Na santa comunhão,
Sempre, sempre nutridos.

O Bom Pastor,
Tem o cheiro da gente,
Ver seu povo carente,
Vem ao nosso curral,
Pela porta ele entra,
Seu rebanho alimenta,
Novo povo de crentes.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Bom Pastor, ilumine o seu caminho! ***

 

XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 66,18-21; Sl 116(117); Hb 12,5-7.11-13; Lc 13,22-30

 

“Jesus discutindo com os judeus, um evento comum durante o seu ministério” , por J. Tissot (1886-1894)

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

A porta do Reino

Lc 13,22-30

 

Neste 21º Domingo do Tempo Comum, a liturgia da palavra nos apresenta um texto de São Lucas (cf. 13,22-30), onde Jesus nos fala que a porta do Reino Eterno é estreita e exige, de cada um de nós, força para cumprir os critérios para entrar no Reino e ser conhecido por ele.

Alguém perguntou a Jesus: “Senhor é verdade que são poucos os que se salvam?” (Lc 13,23). Talvez esta seja a pergunta de muitos dos que estão nas missas nos domingos ou que participam todos os dias. Talvez seja também a pergunta dos que fazem parte dos diversos ministérios responsáveis pela liturgia e buscam cumprir todas as normas e ritos.

A resposta de Jesus, como sempre, não vem com um sim ou um não, mas trará um apelo para os seus ouvintes: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13,24). Portanto, a resposta de Jesus não é se são poucos ou muitos os que se salvam, mas ele ensina o que se deve fazer para entrar no seu Reino. E Jesus vai além. Ele ensina como fazer: uma maneira é se esforçando para entrar pela porta estreita. Qual a chave para podermos entrar por esta porta que nos leva à salvação? O que poderá me atrasar à chegada da porta do Reino?

Neste texto de Lucas, Jesus nos ensina que precisamos nos esforçar para poder chegarmos a tempo à porta que leva ao Reino definitivo. Esforçarmos para viver o amor, o perdão, a fraternidade e a prática da Justiça. Porque o seu Reino não é para um grupo de privilegiados, mas para os que vivem o que ele anunciou ao mundo, isto sem discriminação de cultura, raça ou nação.

Por isso ele nos diz: “Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus” (Lc 13,29). Ou seja, a salvação de Deus é oferecida a todos os homens que seguem o caminho de Jesus e que já foi anunciado muito tempo antes pelo profeta Isaías: “Eu que conheço suas obras e seus pensamentos, virei para reunir todos os povos e línguas; eles virão e verão minha glória” (Is 66,18). Em Jesus se cumpre a promessa da salvação universal anunciada pelos profetas.

Agora ficam duas reflexões para nós cristãos que ouvimos a Palavra e buscamos nos aperfeiçoar no caminho de Jesus. Primeiramente, já sabemos o que devemos fazer para chegar a tempo à porta estreita e depois sermos acolhidos pelo dono da casa celestial. Depois, não devemos ignorar os outros que, mesmo sem o completo conhecimento dos valores do evangelho, poderão fazer parte da mesa do Reino de Deus.

Jesus nos fala que será grande o nosso sofrimento, haverá choro e ranger de dentes, se nós, que comemos e bebemos da Mesa do Senhor e que escutamos sua Palavra, chegarmos atrasados à porta e depois o dono da casa não nos conhecer. Porque durante o caminhar terrestre com Jesus não fomos capazes de testemunhar o bem, a simplicidade, a humildade, promover a paz, realizar a caridade para com o necessitado, ou seja, viver as bem-aventuranças que ele anunciou a todos.

Rezemos neste dia por todos os catequistas, os quais são responsáveis nas comunidades paroquiais por ajudar as crianças, os jovens e os adultos fazerem a experiência de encontro com o Senhor Jesus, ele que viveu a paixão de amor à humanidade, foi crucificado e que ressuscitou para nos oferecer a vida que nunca terá fim.

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⇒ POESIA ⇐

A porta do Reino de Deus

 

Busquemos a entrada da porta do Reino,
Antes que esteja para nós, fechada!
Busquemos viver os valores do amor maior,
Para que não percamos neste Reino a entrada.

Corramos para anunciar a todos os irmãos,
Que a porta está a nossa espera para nos acolher,
Mas para isso é preciso seguir o Senhor,
Nos caminhos do seu amor que nos faz crescer.

Imitemos os gestos, e o agir de Cristo,
Andemos vivendo o que ele nos pediu,
Com um caminhar firme e alegre viver,
Junto à mesa Santa que ele nos reuniu.

Mas também acolhemos a todos
Como o Senhor abraçou aos que lhe seguiram,
Porque há muitos que estão tão perto,
Mas que por outros caminhos se decidiram.

Sigamos, sigamos em frente e sem olhar para trás,
Mirando no essencial que nos leva à vida,
Pois a porta estreita nos faz contemplar o Céu,
E porta larga é um beco sem saída.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz do Bom Pastor ilumine o seu caminho ***