XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Jr 20,7-9; Sl 63(62); Rm 12,1-2; Mt 16,21-27

POESIA

CRISTO NOS ENSINA A DOAÇÃO

Sigamos o Cristo da doação,
Tendo como sinal a sua cruz,
Que olha para nosso sofrimento,
Sendo força de paz que nos conduz,
Ensinando-nos os frutos do amor,
Que pelo seu chamado nos seduz.

Ofereçamos nosso culto espiritual,
Num sacrifício vivo e agradável,
Elevando ao altíssimo a nossa alma,
Numa atitude santa e louvável,
Entregando-nos de todo o coração,
Aos braços de nosso Deus amável.

Que a tentação da fuga da missão,
Não venha a nos incomodar,
Que abracemos a vida por inteiro,
Mesmo que venhamos a tropeçar,
E aceitemos a vida de Nosso Senhor,
E nas glórias e fadigas a perseverar.

Despeçamo-nos da velha criatura,
Para a nova criatura resplandecer,
Retomemos a viva imagem de Deus,
Que para o mundo quer aparecer,
Para vencer as ilusões e fantasias,
E abraçar o caminho que faz viver.

Deixemo-nos seduzir por Deus amado,
Que dá sentido ao nosso existir,
Que nos faz pedras de construção,
Da Igreja que faz seu povo reunir,
Ao redor da Palavra e da Eucaristia,
Comungando na alegria de existir.

HOMILIA

As chaves e os tijolos da construção espiritutal

“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” (Mt 16,24). Será que compreendemos essa máxima de Jesus, ao carregar um crucifixo em nosso peito? Refletindo de forma mais profunda esse versículo, somos capazes de aceitar essa condição humana do sofrimento como consequência da nossa resposta a Cristo?

Quando Jesus começou a explicar para os seus discípulos que as consequências da sua missão seriam também o sofrimento, a cruz e a morte, Pedro não aceitou e o repreendeu. Ele que, pouco tempo antes (domingo passado), tinha sido elogiado por Jesus por ter dado uma resposta vinda de Deus: Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16,16), agora decepciona seu mestre por pensar como o demônio: Deus não permita tal coisa, Senhor!” (Mt 16,22).

A resposta anterior de Pedro estava fundamentada ainda na compreensão de um Deus apenas triunfante, onde o sofrimento e a derrota não faziam parte. Nesse sentido talvez também pensassem os outros discípulos. O pensamento de afastar o sofrimento e a cruz do caminho da redenção é considerado diabólico. A vida não é feita só de glórias e a de Cristo também não foi. A nossa caminhada, quando é feita de compromissos e respostas a Deus, trará também, naturalmente, como consequência o sofrimento. Por isso Jesus chama a atenção de Pedro: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço…” (Mt 16,21).

Pedro, que antes foi denominado de pedra de construção da Igreja, por uma resposta de acordo com a vontade de Deus, agora é denominado um tropeço. Isso porque a sua resposta desta vez não foi de acordo com o querer de Deus mas com o pensamento totalmente humano. O caminhar com Jesus é diferente do caminhar com os projetos ilusórios do mundo. Tirar a cruz do itinerário da vida cristã é como mergulhar num mar de alienação e de ilusões. Seria um cristianismo desvirtuado do caminho anunciado por Jesus.

Faz-se necessário deixar-se seduzir por Deus, como nos falou o profeta Jeremias: “Seduziste-me Senhor, e deixei-me seduzir…” (Jr 20,7). Quando nós deixamos nos seduzir por Deus, conseguimos entender o sentido da nossa caminhada com o Senhor. Entendemos que a vida é feita de tristezas e alegrias, de derrotas e vitórias. A vida em Cristo nasce da nossa resposta consciente de caminhar com ele em todas as dimensões humanas rumo a glorificação.

Faz necessário oferecer a nossa vida em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, um culto espiritual, como nos falou São Paulo (cf. Rm 12,1). Neste sentido, o discípulo viverá livre das tentações que querem o desviar do caminho da vida. Olhando para Pedro, podemos ver que o nosso caminhar com Cristo ainda é parecido com o dele (uma expectativa triunfalista). Às vezes também queremos somente um Cristo glorioso, longe do sofrimento e da dor. E não sendo possível, poderá haver decepção ou distorção do Evangelho.

Com o tempo os discípulos foram aprendendo que viver com Cristo é viver as duas realidades que fizeram parte de seu ministério salvífico. É preciso que na caminhada de anúncio do Reino possamos renunciar ao homem velho o qual é carregado de interesses humanos e inspirado nas concepções de glórias do mundo. O mundo dos homens não quer aceitar um Deus que foi derrotado na cruz. Quer um Deus totalmente triunfante longe das misérias e das dores humanas.

Caminhar com o Senhor é busca-lo numa entrega em nossa oração e no nosso culto agradável, de toda alma e de todo o coração, como a terra que precisa da água da vida. Rezemos com o salmo 63(62): Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A minha alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água!” Amém.

XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A

Leituras: Is 22,19-23; Sl 1437(138); Rm 11,33-36; Mt 16,13-20

POESIA

PEDRAS DE EDIFICAÇÃO DA IGREJA

No caminhar com o Senhor,
Somos sempre interrogados,
Por sua Palavra viva,
Que nos faz os congregados,
Pedras de edificação,
Seu rebanho consagrado.

Seu rebanho consagrado,
Que escuta a voz do amor,
Seguindo-o por sua vida,
Como nosso redentor
Respondendo seu chamado,
Da alegria e do esplendor.

De alegria e de esplendor,
Será sempre a missão,
Que se da a todo dia,
Na vida de todo cristão,
Na fé e perseverança,
Que nos leva à salvação.

Que nos leva a salvação,
Assim, Pedro proclamou:
Tu és filho do Deus vivo,
Assim ele acreditou,
Foi por Deus iluminado,
Pois sua fé professou.

Pois sua fé professou,
Não das várias opiniões,
Dos outros que estão lá fora,
Com suas fortes emoções.
Mas da sua intimidade,
Retirando as ilusões.

Retirando a ilusões,
É para nós os cristãos,
Que abraçamos fielmente,
As trilhas da salvação,
Que nos dá a segurança,
A Paz e a redenção.

A Paz e a redenção,
É o que todos nós sonhamos,
Na busca de um mundo novo,
Onde o pão partilhamos,
E a Santa Eucaristia,
Seriamente comungamos.

HOMILIA

As chaves e os tijolos da construção espiritutal

“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 19,19).

Quem é Jesus para nós? Ele que nos diz, entregar a chave nas mãos dos que ficam por conta do seu rebanho? Quem é esse Deus que permite aos seus sucessores ser como pedras de fundamento para a sua Igreja?

O Evangelho de hoje nos pede inicialmente a nos perguntarmos quem é Jesus para cada um de nós. Nós que caminhamos com a Igreja, que escutamos a Palavra do Senhor, que participamos da sua mesa, não podemos caminhar sem conhecê-lo ou sem fazermos uma experiência mais profunda em nossas vidas. Nossas respostas não podem ser aquelas decoradas ou pronunciadas por outros irmãos, ou melhor, deve ser expressão da nossa convicção, da nossa experiência íntima na caminhada de vida orante junto a Cristo e nas graças que recebemos dele.

Por isso é importante aceitarmos que somente quando caminhamos com Jesus, vivendo no seu amor, sendo fiel a seu evangelho, buscando viver a justiça, a caridade, e vivendo em comunhão com os irmãos e com os mandamentos da Igreja é que teremos conhecido cada vez mais a Ele. E a nossa resposta para os que nos perguntam são ditas com o auxilio de Deus e através do nosso testemunho de vida. Resposta que damos com as nossas ações caridosas e acolhedoras, porque somos discípulos de Cristo.

Somente vivendo em oração, atento a Palavra, alimentando-se da Eucaristia, participando da ceia, nos encontro com os irmãos, podemos ter convicção de quem é Jesus para nós.

Pedro, que iluminado pela graça de Deus, proclamou o conhecimento verdadeiro de Cristo, agora recebe duas missões exigentes: primeiro ser pedra firme do Edifício Divino que é a Igreja e depois receber as chaves para conduzir o Reino de Deus na terra. Por isso caberá a ele, em nome de Cristo, ligar e desligar. E o poder do mal não mais vencerá (cf. Mt 13,18b), porque em Cristo, que é a nossa rocha, está o reino de amor

E nós, os cristãs de agora, somos também convidados a sermos tijolos de construção do Edifício Espiritual, que é a Igreja. Formamos a comunidade dos seguidores de Jesus. Formamos o rebanho que é conduzido pelo sucessor de Pedro, o Papa. Como responsáveis por uma família, por um grupo da Igreja ou por uma missão confiada e confirmada pela Igreja, e iluminados pelo Espírito Santo devemos ter a chave que é a nossa condução, a nossa responsabilidade em cuidar e colaborar com Cristo na construção do seu Reino.

E Cristo que nos chamou continua a completar em nós a obra que ele iniciou. Somos a, cada dia, formados, recriados entre nossas misérias e virtudes, para sermos sinais de Cristo no mundo.

Rezemos por todos os ministérios leigos, servidores da Igreja e base do povo de Deus, que formam a missão evangelizadora da Igreja. Que o Espírito Santo ilumine o irmão e a irmã que doa seu tempo e sua boa vontade para fazer crescer o rebanho do Senhor. Amém.

XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1Rs 19,9a.11-13a; Sl 84(85); Rm 9,1-5; Mt 14,22-33

POESIA

A TRAVESSIA DO MAR DA VIDA

No remar da nossa vida,
Nas noites das tempestades,
Nas chegadas e partidas,
Em nossas fragilidades,
Procuremos o Senhor,
Que nos dá tranquilidade.

E ao fazermos a travessia,
Nos mares da insegurança,
Busquemos a harmonia,
Nossa força e esperança,
Com o olhar fixo em Cristo,
Ele nos dá segurança.

Nas nossas noites escuras,
Nossa fé, fortifiquemos,
Quando vem as amarguras,
Em Deus todos confiemos,
Para seguirmos no mar,
Sem que nós nos afundemos.

Nossos medos e tristezas,
Não nos venha apavorar,
Não nos tire a beleza,
Da vida e do caminhar,
Para vivermos a missão,
Firmes e sem vacilar.

Que a barca do Senhor,
Vença as tribulações,
E que a força e o amor,
Traga paz entre as nações,
Nossa Igreja a remar,
Vencendo as contradições.

Que a mesa da alegria,
Reúna todos os irmãos,
Com a paz e harmonia,
Sangue e corpo, comunhão,
Que chama à fraternidade,
Destino à ressurreição.

HOMILIA

Chamados e enviados a remar com o Senhor

Irmãos e irmãs, hoje, 19º Domingo do Tempo Comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus que após a multiplicação dos pães ordena aos discípulos a entrarem na barca e seguirem para o outro lado do mar (cf. Mt 14,22). Depois do milagre material do Pão, Jesus chama e ordena que seus discípulos sigam em frente.

Caminhar é preciso, mesmo em meio aos desafios da vida, quando as tribulações e a insegurança os apavoram. Precisam avançar na missão pelo Reino de Deus. Do outro lado há necessitados da salvação e da misericórdia de Deus.

Jesus procura um lugar para sua oração pessoal com o Pai (cf. Mt 14,23). Isto para mostrar a sua sintonia com o Pai. A sintonia que os seus discípulos precisam ter com Deus através da oração. Para quando navegarem nas ondas tempestuosas de suas vidas no mundo, dentro da grande barca de Cristo, a Igreja, poderem fortificar a sua fé e seguirem remando em frente para anunciar a esperança ao mundo.

É madrugada escura e os discípulos estão no alto mar. A barca está agitada pelos ventos contrários ao percurso dos remadores. Os discípulos pescadores, sem Jesus na barca, são invadidos pela insegurança e pelo medo de afundarem antes da travessia. Jesus vem ao encontro dos seus seguidores para acalmá-los (cf. Mt 14,25). Inicialmente, têm dificuldade de reconhecer Jesus e, por isso, em suas mentes, pensam se tratar de um fantasma. E Jesus os tranquiliza: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,26-27).

A cena prossegue e Jesus os chama para que o encontrem mesmo em meio a tempestade. Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,29-30)Sair da barca e deixar os outros não foi uma boa opção para Pedro, ele começa a andar mas afunda. Jesus entra na barca e devolve o devolve ao grupo e a calmaria retorna.

Quantos ensinamentos podemos colher das cenas deste Evangelho. Falando em ondas e tempestades, refletimos que aquele acontecimento no mar de Tiberíades ficou marcado na mente e no coração dos discípulos, principalmente na pessoa do apóstolo Pedro o qual, depois da ressurreição, enfrentou muitas perseguições do Império Romano.

Nós cristãos na atualidade também enfrentamos a insegurança e a falta de fé quando navegamos nas águas do mar da vida e corremos o risco de nos faz afundar. As vezes queremos caminhar sem Jesus, e fora da comunidade dos irmãos, e é então que somos invadidos pelo medo que nos faz afundar em nossa insegurança e falta de fé.

Somos chamados a servir ao Senhor, e quando não caminhamos sobre a força e a alegria de seu Evangelho, a verdade é que o ignoramos. Porque a presença de Cristo em nosso caminhar também nos desafia a ir ao seu encontro pela nossa fé. Precisamos sempre ir ao encontro do Senhor para fazer a travessia na confiança e na esperança.

A fé é que nos faz ter segurança diante das tempestades da vida. A fé que nos faz reconhecer o Cristo como aquele que tem o total poder sobre as tribulações e tempestades causadas pelos poderes do mal. Os cristãos seguem Jesus na barca que é a Igreja, e às vezes caminham sobre as águas (realidades) das superficialidades da vida, das ideologias relativistas e das injustiças que só os causam insegurança e uma mentalidade fantasiosa da existência humana.

Por isso que a presença de Deus em nosso caminhar deve ser reconhecida e acolhida no espírito de simplicidade, como foi a experiência de Elias. E depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” (1Rs 1,13a). É na brisa suave da vida que encontramos Deus e deixamos ele fazer parte de nossa experiência de fé. É na suavidade que encontramos Deus em nossa existência.

Na tempestade do mar da Galileia, o evangelista Mateus nos fala: “Assim que subiram no barco, o vento se acalmou” (Mt 14,32). Quando deixamos Jesus entrar na barca da nossa vida, as coisas se calmam e podemos seguir a travessia. É na calmaria que podemos encontrar a direção da nossa existência. É na confiança da presença de Deus que somos impedidos de afundar na insegurança e no medo de avançar em nosso caminhar.

Os momentos de encontro com o Senhor nos faz seguir pelo mar da vida, vencendo as tempestades junto com os nossos irmãos e irmãs. Confiemos nossa travessia de discípulos ao Cristo que nos oferece sua mão protetora para o retorno à barca. Ele é quem nos salva dos naufrágios da vida. Rezemos com o refrão do salmo 84(85): Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!” Amém.

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1Rs 3,5.7-12; Sl 118(119); Rm 8,28-30; Mt 13,44-52

POESIA

O REINO DE DEUS É PRECIOSO

Ele é nosso tesouro,
Que se dá gratuitamente,
Nossa riqueza e beleza,
Que se faz em nós presente,
Sempre e sempre encontrado,
Pra vida eternamente.

Ele é a nossa Pérola,
Que também nós procuramos,
Exige assim nosso esforço,
Quando então nós o buscamos,
Precisamos então vender,
Tudo que idolatramos.

Ó sabedoria eterna,
Que Salomão suplicou,
Fazendo-lhe um grande sábio,
Porque a Deus o conquistou,
Foi um rei de muita dádiva
E este tesouro comprou.

E no mar da nossa vida,
Que a todos sempre alcança,
Na rede do julgamento,
O amor nossa esperança,
Pois no amor somos julgados,
E o Reino é nossa herança.

Busquemos incansavelmente,
O Reino, nossa riqueza
Este dom tão valioso,
Que nos traz a fortaleza,
Quem o encontra jamais deixa,
Porque dar força e firmeza.

E hoje o Povo de Deus,
Encontra na Eucaristia,
O tesouro precioso,
Que lhe dar força e alegria
Já não é mais escondido,
Está visto à luz do dia.

HOMILIA

Reino de Deus: tesouro e pérola

Irmãos e irmãs, hoje o Senhor nos convoca para mais uma vez participarmos da mesa da sua Palavra e do seu corpo e sangue. Alimentos que não perecem e que matam para sempre a nossa fome e sacia eternamente a nossa sede.

O capítulo 13 de Mateus, o qual nos conta várias parábolas, hoje é concluído, com mais três histórias que Jesus nos conta para comparar com o Reino de Deus. Diante da missão, Jesus sempre usou da sua criatividade para que sua mensagem pudesse atingir o coração das pessoas. Para os fariseus ele era um contraventor, um desobediente à Lei. Para o povo era o mestre, o defensor e representava a esperança.

A primeira parábola é a do tesouro escondido, que é encontrado por um homem do campo, que vende tudo o que tem para comprar aquele pedaço de chão e poder tomar posse do tesouro (cf. Mt 13,44). Foi este tesouro que muitos encontraram ao ouvir as Palavras de Jesus. Foi esta riqueza que os discípulos, deixando suas redes, suas família e suas rotinas, compraram. Eles entenderam o sentido do Reino de Deus, pois foram capazes de desfazerem até de suas próprias vidas para testemunharem e também pregarem sobre a Boa-Nova.

Foi este tesouro (a sabedoria) que Salomão optou quando foi ao santuário e em oração fez o seu encontro pessoal com Deus. Disse o Senhor: Pede o que desejas e eu te darei (cf. 1Rs 3,5). E Salomão responde: Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal (cf. 1Rs 3,9). Foi com este segredo que Salomão se tornou o rei mais sábio de Israel. Ele fez a opção pela sabedoria de Deus e se deixou guiar por ela.

A segunda é muito parecida com a primeira. A diferença é que quem compra pérolas, se esforça para encontrar uma de maior valor possível. Quando a encontra vende seus bens para poder adquirir aquela valiosa pérola (cf. Mt 13,44). Neste segundo momento vale lembrar que precisa-se do empenho, do esforço para que o Reino seja encontrado. Há uma busca e uma valorização maior, porque parte de quem se interessa.

Em nossos dias sabemos que este Reino ainda está escondido, mas sempre é possível de ser encontrado. Está escondido e ao mesmo tempo pode ser encontrado nos grupos, nas pessoas que deixaram (venderam) um modo de vida e refizeram seus caminhos e vivem seguros de terem encontrado o mais valioso tesouro que dá o sentido de suas vidas, o próprio Cristo, sua Palavra, seu Corpo e Sangue (Eucaristia).

De outro modo, outras pessoas, “caindo em si” (cf. Lc 15,17), procuraram comprar a pérola mais preciosa, a mais importante, a qual precisava tomar posse. Buscar a pedra mais cara exige esforço, busca, perseverança e um redirecionamento da vida. Tomar posse do Reino de Deus e fazer com que ele se torne realidade é um processo no qual se inicia a nossa peregrinação rumo a salvação.

A terceira parábola fala da diferença que há entre os que têm o tesouro e o que o desprezaram. Os peixes bons e os maus. Os que buscaram o amor e os que fizeram a sua opção por algo sem valor. O Reino de Deus está em nosso meio, mas precisa ser encontrado e buscado por cada um de nós.

No julgamento final seremos avaliados de acordo com as nossas opções. Os que abraçaram o valioso tesouro do Reino de Deus (os bons), serão separados dos que não optaram e se deixaram levar pelas ilusões do mundo. Que no dia do juízo possamos rezar como o salmo 118: “Como eu amo, Senhor, vossa lei, vossa Palavra! É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata”. Reflitamos sobre o Reino de Deus e seu valor incalculável! Amém.

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Sb 12,13.16-19; Sl 85(86); Rm 8,26-27; Mt 13,24-43

POESIA

A PACIÊNCIA DE DEUS

Reino de Deus, sem limites,
Que cresce imensamente,
Em meio aos males do joio,
Vai se espalhando fortemente,
Para a colheita do amor,
Santa e divina semente.

Reino de Deus paciente,
Que cresce enquanto dormimos,
Que tem raízes profundas,
Pois nele, nós existimos,
Cada dia, cultivados,
E ao semeador nos unimos.

Reino de Deus de bondade,
Que julga com retidão,
Que queima as força do mal,
Com Espírito de purificação,
Convertendo a nossa vida,
A partir do coração.

Reino de Deus consistente,
Cheio de Simplicidade,
Como a pequena mostarda,
Cheia de capacidade,
Que cresce e traz seu verdor,
Com força e vivacidade.

Reino de Deus em mistério,
Fermento que vai crescendo,
Com calma vai se espalhando,
Como que se escondendo,
Mas que vai se construindo,
E aos seus servos acolhendo.

Reino de Deus de alegria,
Que faz a todos, irmãos,
Que nos reúne em festa,
Pra colhermos a união,
Fortalecendo o encontro,
Vivido na comunhão.

HOMILIA

A semente boa, a mostarda e o fermento no mundo

Na liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum, Jesus continua ensinando à multidão camponesa da Palestina. Suas belas parábolas (comparações) tocavam o coração das pessoas e os fazia entender o sentido daquilo que é o Reino de Deus. A linguagem simples de Jesus aproximava cada ouvinte do amor de Deus e o ajudava a encontrar o sentido de suas vidas, nas suas buscas. Talvez a dificuldade dos fariseus em entender Jesus fosse exatamente esta resistência em aceitar um Deus muito próximo. Um Deus simples, amável, misericordioso e paciente com o pecador.

Com que se parece o Reino dos Céus? O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo”. (Mt 13,24). “É também como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo” (Mt 13,31) …Ou “como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado” (Mt 13,33). Essa era a pedagogia de Jesus: perguntar e comparar as coisas do céu com a vida concreta do povo.

A semente boa foi plantada. Depois, outras sementes, piores, foram também jogadas e germinaram juntas com as primeiras. Como entender que Deus, o bom semeador, permita que o maligno semeie o mal em meio ao bem? Esta realidade Jesus percebeu quando pregava ao povo. Enquanto o seu Reino de amor era anunciado, outros também anunciavam os males da divisão. O coração das pessoas ficava, muitas vezes, confuso e dividido. Mas ao mesmo tempo a palavra ia crescendo e se espalhando junto com as ideologias do poder romano. Era preciso deixar que Deus pudesse cuidar do julgamento e oferecer seu parecer.

Inicialmente, o Reino dos céus é simples e aparentemente insignificante, como uma minúscula semente, mas que vai nascendo aos poucos e tornando-se grande como o pé de mostarda. É assim o agir do nosso Deus, ele nos transforma de forma leve e paciente. E nós, aos poucos, vamos nos deixando conduzir por ele. Com o tempo, como seus servos, nos mostraremos como sinais da presença de Deus no mundo.

Aos poucos vamos deixando o seu Espírito agir em nossa vida através da oração. São Paulo nos fala, na segunda leitura: “Nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis” (Rm 8,26). Deixemos Deus agir em nosso caminhar e ele nos mostra as trilhas do nosso percurso.

Jesus insiste ainda que podemos observar o Reino como o fermento. Sem percebermos a sua presença visualmente, ele faz crescer a massa, com sua força química. A força (fermento) do Reino está crescendo em meio à sociedade, sem que possamos ver.

Como entender o ambiente de Paz, respeito e lealdade em nossas repartições públicas e privadas? E a caridade material e espiritual em meio a tanta miséria nas mais diversas realidades humanas? E as manifestações pela vida e pela justiça social, nas ruas e nas praças públicas? É a presença invisível do Reino dos céus crescendo e fermentando os corações humanos com a força do bem.

Em nossas comunidades, se mergulharmos profundamente em suas histórias, perceberemos que muitas coisas mudaram. A comunidade, o grupo ou o movimento nascem pequenos e vão crescendo. A participação do povo aumentou, novos movimentos vão surgindo e se expandem pelos mais diversos lugares da cidade e do campo. Talvez muitas pessoas, que não participam, não percebam. Mas as que estão na caminhada sentem de forma relevante que suas vidas se transformaram e que elas têm uma missão a realizar em favor do bem e da paz.

Olhemos a Igreja e vejamos que ela é a boa semente, o grão de mostarda e o fermento que nasceu, cresceu e se espalhou pelo mundo. Nasceu quando do alto da Cruz foi regada pelo sangue de Jesus. Foi fecundada e, ao mesmo, tempo foi se expandindo em meio aos males e controvérsias do mundo. Mas como semente boa, produziu e produz muitos frutos para o crescimento do Reino de Deus.

O amor de Cristo como fermento, faz crescer no coração invisível do homem a essência e a força do Reino dos céus. Cada batizado, como aqueles servos da parábola, carrega ao mesmo tempo o trigo e o joio. Aos poucos vai se deixando transformar com a força do Espírito Santo, que o converte e o faz Santo. Somente Jesus foi a semente perfeita que, humanamente caído na terra, fecundou e fez nascer a salvação para toda humanidade.

Que o nosso Deus, que é bom, é clemente e fiel (cf. Sl 85/86) venha com o seu Reino, pela ação do seu Espírito, fecundar o coração das crianças, dos jovens, das famílias e dos idosos, para que os frutos do amor, da fraternidade e da paz cresçam e transformem o nosso mundo. Sendo paciente e bondoso, o Senhor faz crescer a sua vinha e no dia oportuno virá para a colheita. Ele julgará com sua justiça a fim de que o seu Reino seja implantado definitivamente.

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 55,10-11;  Sl 64; Rm 8,18-23; Mt 13,1-23

POESIA

PALAVRA SEMENTE

Palavra,
Que se fez carne,
Veio à terra e se fez humana,
No homem fez o seu templo,
E ascendeu-lhe uma nova chama.

Palavra,
Que vem de mansinho,
Semeada com amor,
Quase sem ser percebida,
Mas cheia de muito vigor.

Palavra,
Semente do Reino,
Evangelho semeado,
Nos mais diversos terrenos,
Para serem fecundados.

Palavra,
Que se espalhou,
Entre as pedras ou espinhos,
Grão da vida em terra boa,
Também a beira do caminho.

Palavra,
Que se faz esperança,
Na alma de tanta gente,
Na vida do dia a dia,
Alimenta a fé do crente.

Palavra,
Que traz alegria,
Fortifica a caminhada,
Dá-nos força e muita paz,
Retoma nossa harmonia.

Palavra,
Semeada em nós,
Cristo o semeador,
O Evangelho em nossas vidas,
Por obra do seu amor.

Palavra,
Que se faz partilha,
Que ecoa e é doada,
Aos ouvidos e à boca,
Da assembleia convocada.

HOMILIA

O Semeador Divino

Na liturgia da palavra deste 15º Domingo do Tempo Comum, contemplamos, graças ao Evangelho de Mateus, o mestre Jesus sentado na barca e ensinando ao povo através de parábolas. Ele faz referência à ação da sua Palavra, semente do Reino, em nossas vidas. Há um semeador (Deus), que vem jogar a semente (Palavra) nos diversos terrenos (homem) para que fecunde a vida verdadeira e possa produzir os frutos do amor, da paz e da comunhão.

De acordo com Armellini, a verdade é que a colheita não depende tanto da semente e do semeador quanto depende da qualidade da terra. Isto é, se o coração está duro (como um chão batido que não permite ao Evangelho penetrar na terra), se é um coração inconstante (que se entusiasma e logo desanima, como a semente que cai na pedra, que logo germina e é queimada pelo sol), se é coração inquieto (que se agita em função das circunstâncias), se é um coração bom (que produz frutos em abundância)[1].

O profeta Isaias nos diz: “A Palavra não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la, diz o Senhor (Is 55,11). Quando plantada em nossos corações também é assim, a Palavra do Senhor produz uma ação transformadora em nossas vidas. Faz nascer em nós a esperança e nos motiva a continuar caminhando como missionários que, por sua vez, também se tornam semeadores do Reino de Deus.

Como evangelizadores, catequizadores e missionários, os cristãos, às vezes tem a impressão de que as sementes do Evangelho são semeadas em lugares que não há possibilidade de fecundar. Esta foi a mensagem de Jesus: É preciso continuar anunciando, sem prejulgamentos, mesmo que em alguns momentos não tenhamos resultados. Semeando sempre nos diversos corações e sem sabermos quando haverá ou se haverá o que colher. Fazendo a nossa parte, perseverando na semeadura, muitos acolherão e deixarão que algo possa nascer e dar bons frutos.

É importante entendermos que a preocupação principal de Jesus foi espalhar a semente do Reino no coração das pessoas. Somente persistindo podemos ver o Reino de Deus acontecer nos mais diversos cantos do mundo. Faz se necessário semear o bem que nasce e se alimenta do Evangelho e que trará os frutos da fraternidade.

Constatamos uma sociedade marcada por muitos desafios, tais como a falta de esperança, o individualismo, as guerras e a violência. Estas realidades vêm a comprometer a Paz no mundo e a dividir os filhos de Deus. Portanto, em diversos momentos o comando das diversas ideologias, a manipulação das riquezas podem impedir que a mensagem e os frutos de vida nova possam acontecer.

Como nos fala São Paulo: “a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou” (Rm 8,20). A autossuficiência do homem se confunde com a liberdade e a autonomia em busca da vida e da fraternidade. O apóstolo continua: “Com efeito, sabemos que toda a criação, até ao tempo presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8,22).

Diante das palavras de São Paulo concluímos que a fuga e/ou a falta de acolhimento à Palavra de Deus, como semente que traz nova vida, causa sofrimento à humanidade. Sendo assim o que vale então a liberdade em não acolher o bem?

Somos então, muitas vezes, esse terreno pedregoso, cheio de espinhos, árido e desinteressado pela semente do Evangelho, o qual quer transformar as nossas vidas. O semeador divino e a sua semente querem fecundar a esperança, alegria e uma vida nova. Palavra que uma vez acolhida e regada no terreno bom do nosso coração, nos conduz a salvação. Lembremos que a semente é a mesma para os diversos terrenos. O que muda neste processo é a predisposição e receber ou não a Palavra semeada.

A Igreja, portanto precisa de semeadores que levem a Palavra aos diversos corações. Também cada batizado é chamado a preparar o seu terreno (coração) para acolher a semente de Cristo que quer fecundar o sentido mais profundo da vida. Somente com o testemunho de terreno que acolhe a palavra podemos colaborar com a semeadura que Cristo nos pede.

Olhemos para Maria e José que se fizeram terrenos bons para acolher o verbo encarnado e sua semente em favor da salvação e por isso se tornaram colaboradores da salvação. Também contemplemos os apóstolos que deixaram a voz do Senhor ressoar profundamente em seus corações e ao mesmo tempo acolheram radicalmente o convite de serem continuadores do projeto do Reino de Deus. Veneremos os Santos e Santas que, pela fé, deixaram a semente lançada pelo Senhor fecundar em suas vida, para serem sinais vivos do Evangelho no mundo.

E por fim, olhemos para todas as pessoas que se deixaram seduzir pelo chamado de Cristo nos dias atuais e são testemunhos do Senhor, nas diversas opções de vida cristã: missionários(as), consagrados(as), ordenados, celibatários(as), casados e tantos jovens disponíveis a semear a palavra do Senhor com a com a boca, o coração e o testemunho em favor da vida e da salvação do mundo.

[1] Cf. ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 274-275.

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Jr 20,10-13; Sl 68(69); Rm 5,12-15; Mt 10,26-33

POESIA

O EVANGELHO VENCE O MEDO

Pregar o Santo Evangelho,
Não é status e honraria,
Mas um mandato exigente,
Que se vive a cada dia,
Muitas vezes vem o medo,
Que espanta a alegria.

 Com Cristo vencemos o medo,
Das garras da perseguição,
Dos fortes maltratos terrenos,
Consequência da missão,
Dos fracassos e da morte
Que causam a desilusão.

Como discípulos amados
Queremos seguir em frente,
Vencer as tantas barreiras,
Que enfrenta o povo crente,
Porque Evangelizar,
É tarefa exigente.

Ser discípulos do Senhor,
Exige-se a doação,
Entregar-se a uma causa,
A favor da salvação,
Pregando sempre a verdade,
Com coragem e decisão.

Caminhar como cristão,
Com Cristo Nosso Senhor,
Vence-se o medo e a dúvida,
E afasta-se o temor,
Segue-se na segurança,
Numa trilha de amor.

A consequência do anúncio,
É também perseguição,
Pois o mundo distorcido,
Traz desprezo e opressão,
E assim os missionários,
Sofrem também a repressão.

Olhemos para os profetas,
Que foram ignorados,
Por pregarem a verdade,
Muitos foram torturados,
E nos reinos poderosos,
Os seus sangues derramados.

Quem quiser ser um profeta,
Nesta pós-modernidade,
Deve vencer todo o medo,
Pra viver na lealdade,
Não ter medo da derrota,
E pregar sempre a verdade.

Que a Santa Comunhão,
Forte e vivo alimento,
Do discípulo caminheiro,
Seja sempre o alimento,
Dando força à vida inteira,
Em todos os seus momentos.

HOMILIA

Não ter medo de anunciar

“Não tenhais medo dos homensNão há nada que esteja escondido que não seja revelado” (Mt 10 26). É isso que nos fala o evangelho de Mateus, neste 12º domingo do tempo comum. Os poderes do mundo tentam esconder suas tramas e seus planos, mas o Evangelho é luz na escuridão, pois ilumina e faz aparecer a verdade que está escondida. Por isso pregar o Evangelho em favor da justiça e da lealdade, pode causar medo e insegurança. Neste sentido teremos que estar sempre iluminados e alimentados por Cristo para vencer nossos temores e enfrentar as trevas que tentam escurecer a vida humana.

As consequências da pregação missionária nem sempre são as multidões em louvores, as igrejas cheias, os ginásios e estádios lotados. Muitas vezes pregar o evangelho é viver em meio ao medo e às fugas. E então, precisamos buscar a coragem no Espírito Santo para seguirmos firmes e iluminados. Ser um discípulo de Cristo é muitas vezes viver o desprendimento, a entrega total da vida e caminhar também ao encontro da morte do corpo material. Os primeiros cristãos viveram esta experiência. E durante a nossa história cristã, muitos entregaram seu corpo através do batismo de sangue (martírio), por que colocaram toda sua esperança e força em Cristo.

Pregar a Palavra de Deus é apresentar a proposta do Reino Divino que nem sempre agrada a todos, que nem sempre produz o elogio. Em diversos momentos podemos até encontrar a hostilidade e a perseguição como resultado deste anúncio. Pois a Palavra semeada, em muitas ocasiões e lugares traz provocações contra as ideologias de opressão, de alienação, de manipulação e do relativismo.

A liturgia deste domingo vem nos mostrar este outro lado da vida do cristão, o qual nem sempre costumamos dar atenção. Ou seja, viver o Evangelho, também traz o sacrifício e a entrega da vida em favor de um propósito, de um projeto. Construir o bem também pode trazer desafios e sofrimentos. Deixar que a luz da Palavra ilumine a vida das pessoas para não serem manipuladas, pode causar a intriga e a perseguição por parte dos que alienam e massificam a ideologia da opressão em favor de interesses unicamente materiais e desumanos.

A primeira leitura nos apresenta um exemplo do destino daqueles que lutam pelo o bem comum das pessoas. O profeta Jeremias é sensível à realidade de sofrimento de seu povo, quando se encontra para ser invadido pela Babilônia. Diante da opressão ele grita e lamenta: “Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: denunciai-o, denunciemo-lo” (Jr 20, 10). Este texto expressa a realidade concreta do Evangelho proclamado. Ser profeta é perceber a realidade de sofrimento de uma nação e denunciá-la, sem medo. É ser porta voz da Palavra de Deus.

Somos chamados a viver a missão do anúncio do Evangelho, que se dá, sobretudo, pela denúncia das injustiças e das estruturas políticas, econômicas e ideológicas desumanas que causam medo às pessoas. Não podemos ficar alheios ao chão que pisamos, ao mundo que nos circunda. A palavra de Deus deve nos ajudar, iluminando nossas consciências, para que sejamos sensíveis aos que sofrem e precisam de uma palavra de defesa.

Devemos denunciar os frutos do pecado iniciados com o primeiro homem, Adão. Pelo pecado entrou a morte (cf. Rm 5,12). Em Cristo somos inseridos na vida e na luta contra a morte eterna, a qual provoca nossos medos. Por isso, quem está com Cristo deve vencer o medo da morte.

Na comunidade cristã deve reinar um ambiente de segurança e de coragem, pois quando nos reunimos em Cristo, a alegria do Evangelho e a sua força devem está presentes. Por isso devemos ter cuidado em nossos prejulgamentos moralistas, os quais causam medo nas pessoas. Devemos sim apresentar a misericórdia de Deus como o sinal de salvação.

Portanto, fiquemos atentos ao que o Senhor nos aconselha no Evangelho desta liturgia: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutai ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!” (Mt 10,27). Ou seja, o que aprendemos na experiência com a Palavra e na oração, na vida de intimidade com o Senhor, devemos proclamar ao mundo no dia a dia de nossa missão.

E nos momentos de nossas aflições e inquietações, fruto do nosso apostolado, do sofrimento injusto do irmão ou de nossas angústias, elevemos nossa oração de confiança e entrega a Deus como nos reza o salmo 68: … “Elevo para vós minha oração, neste tempo favorável, Senhor Deus! Respondei-me pelo vosso imenso amor, pela vossa salvação que nunca falha! Senhor ouvi-me, pois suave é vossa graça, ponde os olhos sobre mim com grande amor.” Amém.

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ex 19,2-6a; Sl 99(100); Rm 5,6-11; Mt 9,36-10,8

POESIA

A MISSÃO DOS DISCÍPULOS DE JESUS

Eis o tamanho da messe,
Que Jesus a contemplou,
Tendo compaixão do povo,
Quando aos discípulos chamou,
Pra levar a libertação,
Pela evangelização,
Que ele mesmo iniciou.

Pra curar todos os enfermos,
Jesus chamou seguidores,
Pra levar a libertação,
Das doenças e das dores,
Pra levar o amor e a vida,
Força e paz distribuídas,
Pelos anunciadores.

Pra ressuscitar os mortos,
Dos abismos e ilusões,
Pra renascer a esperança,
As forças e as motivações,
Pra trazer a divina coragem,
De Deus retomar a imagem,
E pulsar dos corações.

Pra expulsar as tantas lepras,
Jesus também nos envia,
Limpar as tantas feridas,
Que a muitos angustia,
As mentiras combater,
A hipocrisia vencer,
E espalhar a alegria.

Expulsar os divisores,
Que provoca a tentação,
Que o demônio quer trazer,
Pelas forças da opressão,
Combater a idolatria,
Saí da vida vazia,
Pra viver a compaixão.

Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vendo ovelhas sem pastor,
Pede-nos pra que rezemos,
Pela missão do amor,
Construir libertação,
Anunciar a salvação,
Do Reino do Criador.

Que a Palavra e a Eucaristia,
Fortifique a nós cristãos,
Pra vivermos o dia a dia,
As obras da santa missão,
E o Reino anunciarmos,
Jesus Cristo comungarmos,
Isto sim, é comunhão.

HOMILIA

A missão de curar, ressuscitar, purificar e expulsar o mal

Na liturgia da palavra deste 11º domingo do tempo comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus tendo compaixão pela multidão, porque ele percebeu que aquele povo estava como ovelhas sem Pastor (cf. Mt 9,36). Isso porque aos que cabia a responsabilidade de conduzir o povo (fariseus, mestres da lei, responsáveis pela religião) não estava sendo cumprida. Pelo contrário, oprimiam, desprezavam e hostilizavam as multidões. Os chefes políticos, responsáveis pelo bem comum da nação, também a explorava. Ou seja, a opressão estava presentes em todas as dimensões de comando da sociedade judaica como, por exemplo, na econômica, política e religiosa.

Diante desta situação, Jesus contempla aquela multidão e sente compaixão. Ter compaixão é sentir nas entranhas a dor do sofredor. Com isso Jesus ver a necessidade não somente de pão material mas de libertação, de justiça e, sobretudo, de dignidade humana. Num segundo momento Jesus percebe a necessidade de verdadeiros anunciadores do Reino de Deus e pede que se faça a oração para que o dono da messe suscite mais operários para a missão de cuidá-la. (cf. Mt 9,38). Rezar para que aumente os colaboradores na missão salvífica em favor do Reino, não somente depois desta vida terrena, mas ainda aqui, para que haja a presença do amor, da fraternidade e da paz.

E diante da compaixão e a motivação da oração em favor da messe, Jesus toma a atitude de chamar discípulos para a missão a fim de prolongar a sua mensagem. É preciso espalhar a Boa-Nova por todas as aldeias (cf. Mt 10,6). O povo de Deus que há centena de anos recebeu de Deus a promessa da aliança e sua fidelidade, agora é chamado a viver a nova aliança. Os doze discípulos missionários, chamados e ao mesmo tempo enviados, lembram as doze tribos do povo da antiga aliança.

E nós cristão de hoje somos parte deste novo povo, chamados a ter compaixão dos sofredores e a rezarmos para que novos evangelizadores respondam ao chamado de Deus. Aqui a necessidade de anunciar com a nossa vida o evangelho da alegria ao todos. Os bispos, os presbíteros, os diáconos, os religiosos, os catequistas, os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, os jovens, leigos dos mais diversos movimentos, as comunidades de vida e de aliança, todos e todas são chamados a partir em missão.

Os eleitos por Jesus vão com uma mensagem e uma missão específica: Primeiro devem anunciar que o Reino está perto… Depois, devem curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos e expulsar os demônios (cf. Mt 10,8). Também essa é a missão dos cristãos nos dias de hoje em meio a tantas doenças, tantas mortes, tantas lepras e muitas divisões demoníacas que destroem as famílias e as diversas relações humanas.

Podemos nos perguntar o que significou para os discípulos de Jesus naquele tempo e o que significa hoje esta missão a qual Jesus designou a todos nós batizados em seu nome. Curar os enfermos é esta atitude de libertá-los de tudo que é contra a vida. Ajudar as pessoas em aceitar as enfermidades irreversíveis, como um caminho de experiência e conversão espiritual.

Ressuscitar os mortos como um processo de ajudar a muitos irmãos e irmãs a reacenderem a esperança na sua vida de desilusão e enfrentarem os seus desesperos existenciais. Limpar os leprosos é esta ação de vencer todas as impurezas que a mentira, a falsidade, a ações hipócritas constroem contra o humano e trazer a verdade, a simplicidade a justiça e resgatar a honradez. Expulsar os demônios num caminho de afastar tudo aquilo que é mal e que divide a vida das pessoas. Combater a idolatria aos bens materiais e os apegos a tantas ideologias e interesses obsessivos.

Eis a missão da Igreja nos dias de hoje: fazer com que as doenças, as mortes, as lepras e os demônios sejam banidos da vida da humanidade. Fazer com que o Reino de Deus aconteça já na caminhada das comunidades, das famílias, dos grupos, dos movimentos e trabalhos missionários em favor do amor, da paz e da vida.

Cristo é a razão da nossa existência e nós devemos buscar a reconciliação com ele. São Paulo nos diz na segunda leitura: “Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.” (Rm 5,11). Cristo é misericordioso e ele tem amor e compaixão por todos nós. Ele quer curar nossas feridas, limpar nossas lepras que tanto nos oprimem, nos ressuscitar para uma vida nova e expulsar todas as tentações que nos afastam do caminho do amor de Deus. Amém.

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

Leituras: Dt 8,2-3.14b-16a; Sl 147(146-147); 1Cor 10,16-17; Jo 6,51-58

POESIA

ALIMENTO SANTO

Ó Deus amável de eterna bondade,
Que se fez carne e alimento,
Sendo pureza e simplicidade,
O seu corpo santo, nosso sustento,
Fazendo-nos forte na caminhada,
Nesta vida, na nossa jornada,
Que vivenciamos no teu seguimento.

Ó Senhor de paz e de plena caridade,
Que nos ajuda na conversão,
Ensinando ao mundo que é tão faminto,
O valor da vida e da comunhão,
Pra vencer as tramas do nosso egoísmo,
Que às vezes causa um imenso abismo,
Nos separando da salvação.

O Senhor da vida alimento eterno,
No santo altar o amor nos traz,
Lá no sacrário a nossa espera,
Para o encontro da santa paz
Pão que traz força e alegria,
É o santo corpo, é Eucaristia,
Alimento puro que satisfaz.

Pão vivo e santo que desceu do céu,
Nossas consciências vêm alertar,
Sobre os perigos de nossa prepotência,
Que muitas vezes vem nos tentar,
Pois comungar é ser coerente,
Em corpo e alma, espírito e mente,
É viver em Cristo, sem profanar.

Pão vivo e vinho que vem a nós,
Pra mesa santa ser bem completa,
Comei e bebei, eis o mandato,
Que a cada missa ele nos alerta,
Pra que na vida sempre haja pão,
E o vinho novo, festa comunhão,
Pra que a alegria seja completa.

HOMILIA

Palavra que se fez carne e veio a nós

Eu sou o Pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre” (Jo 6,51a). Esta é a verdade da Eucaristia apresentada por Jesus quando se refere ao verdadeiro Pão da vida. Não mais como o maná que nossos pais comeram no deserto e morreram (cf. Dt 8,16; Jo 6,58), mas o alimento eterno que mata a fome, bebida de vida que dá alegria e sacia por completo a sede de todo ser humano.

No Deuteronômio, na primeira leitura, Moisés faz uma memória da caminhada libertadora de Deus que caminhou com seu povo. Deus, através de Moisés, orientou o povo pela sua Palavra e também o alimentou, livrou-o e o libertou. A Palavra de Deus se faz alimento em nossa vida, nos desertos de nossa existência.

Cristo é Palavra que alimenta a fé da Igreja, o novo povo de Deus. Multidão que caminha nas vias do mundo, testemunhando a caridade, fraternidade e a comunhão. Neste sentido São Paulo nos diz pergunta, na segunda leitura: “O cálice da benção, o cálice que abençoamos, não é a comunhão com o Corpo de Cristo? E o Pão que partimos, não é comunhão com o Corpo de Cristo?” (1Cor 10,16). Na celebração Eucarística não só prestamos culto a Deus Pai e nos identificamos com seu Filho, como também comungamos com os irmãos, fortalecendo a relação de fraternidade[1]. Comungar, portanto, é viver coerentemente a vida de Cristo e em Cristo, que se dá na nossa lida diária, no nosso trabalho e nas nossas relações e interações sociais.

Somos membros do mesmo corpo de Cristo que é a Igreja e todos participamos do mesmo pão e do mesmo vinho (cf. 1Cor 10,17). E seguimos na comunidade oferecendo nossos dons como ofertas da nossa vida e de nossa pertença a Cristo. Comungar é também partilhar nossas habilidades pessoais e a nossa dedicação a serviço de Cristo e do seu Reino.

O Evangelho de João vem nos apresentar o discurso de Jesus ao povo que tinha se saciado no deserto com a multiplicação dos pães materiais (Jo 6,11-13). Jesus ajuda as pessoas a refletirem além da superficialidade material e vai para a dimensão espiritual. Cristo é o próprio Pão a ser oferecido em favor da vida eterna. Quantas vezes também caímos na tentação de ver Cristo apenas como àquele que deve nos favorecer somente na nossa dimensão material e de acordo com os nossos anseios.

Portanto a Eucaristia deve nos levar a sermos outro Cristo, pois ele nos alimenta com a sua Palavra nos fortificando no nosso testemunho e com o seu corpo e sangue nos dar o sustento para a nossa experiência de discípulos e evangelizadores. Seremos cristãos Eucarísticos quando, em qualquer lugar que estivermos, deixarmos transparecer a imagem e a ação de Cristo. O cristão coerente vive também a solidariedade, a partilha e a alegria do Evangelho. Atitudes que muitas vezes está na contra mão de um mundo totalmente desvirtuado daquele que é proposta do Reino de Deus.

Que o Santíssimo Sacramento, o corpo do Senhor, nos alimente e nos faça ser um só rebanho participante da mesma mesa de amor e de comunhão. Que os nossos dons oferecidos no altar do Senhor, sejam sinais de vida além do templo material e atinjam o ser humano, para que o verdadeiro santuário de Cristo seja o coração e a alma de todos aqueles que encontraram em Deus, Pão eterno para a salvação. Amém.

[1] ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 185-186.

III Domingo do Advento (Gaudete)

Ano Nacional Mariano

Leituras: Is 35,1-6a.10; Sl 145(146); Tg 5,7-10; Mt 11,2-11

POESIA

A ALEGRIA NA ESPERA

Onde está a nossa alegria?
Que tanto nós almejamos,
Que na paz a gente busca,
E que em Deus nós esperamos,
A alegria mais completa,
A ânsia da nossa meta,
Que todo dia sonhamos.

Está no canto e nas santas cores,
Nas luzes, nas árvores e no altar,
Nos presépios, nas ruas e praças
Nossas casas, e no nosso lar
Nos corações orantes,
Nas celebrações vibrantes,
Na assembleia a celebrar.

Está também na profecia,
Na palavra viva ecoando,
No caminhar com os irmãos,
Na espera do novo nos alegrando,
No pão do encontro e do amor,
Eucaristia: força e vigor,
A cada dia nos alimentando.

A nossa espera é orante,
Como uma espera de alegria,
Pois já não se tem dúvidas,
Do tempo que se anuncia
Pois o novo esperamos,
Ouvimos e também pregamos,
O Natal, o grande dia.

Sejamos também precursores,
Desta alegria abençoada,
Dos frutos e dos milagres
Da redenção esperada,
Do amor de Deus menino,
Do louvor que se faz hino,
Que brota da mesa sagrada.

HOMILIA

Esperar com alegria

Estamos no 3º Domingo do Advento, o altar já está mais iluminado com as três velas do advento acessas, os paramentos podem ser de cor rosa, pois a alegria se torna mais forte, porque está próximo o grande momento, o grande dia, a celebração da encarnação do Filho do Altíssimo. Deus que veio ficar perto de nós para nos ensinar como caminharmos para o céu. Está chegando para alegrar o mundo dos que esperam confiante nele.

No Evangelho desta liturgia, Mateus nos apresenta um cenário de realidades e situações que nos fazem pensar como aconteceu a vinda do filho de Deus: João Batista, o precursor, já tem notícias dos sinais referentes ao que ele anunciou e por isso, enquanto está prisioneiro, envia discípulos para certificar-se se é mesmo o Messias que está no meio do povo.

A resposta de Jesus aos mensageiros de João sinaliza a certeza da presença de Deus feito homem no mundo. Pela sua presença e ação “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados.” (Mt 11,5). Agora muitos já desfrutaram da ação milagrosa do Filho de Deus, porque sentem a realização do Reino em suas vidas. Jesus ainda faz um elogio a João Batista: “Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele.” (Mt 11,11).

O Reino de Deus agora está no meio dos homens, a preparação desta vinda custou a condenação de João Batista, pois assim foi o destino de quase todos os profetas no Antigo Testamento. Os verdadeiros profetas, na caminhada de Israel, foram sempre anunciadores das realidades de Deus, seja da alegria, seja no anúncio da Justiça, seja na denúncia da opressão e morte contra o povo.

No que se refere ao anúncio da alegria e do júbilo, podemos constatar na primeira leitura, quando Isaías, pelas suas palavras, fala daquilo que o povo esperava já naquele tempo. Ele anuncia o que irá se cumprir em Jesus: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e louvores.” (Is 35,1-2). E os cristãos podem cantar esta realização, pois a salvação já se faz presente em todos, já veio a primeira vez, ressuscitou e agora espera-se uma vinda gloriosa não mais marcada pela carne, mas no Espírito, como o vencedor da morte, sem a barreira da corrupção, porque virá para chamar e levar para junto de si, na sua glória aqueles que fizeram opção pelo seu reino eterno.

São Tiago nos encoraja a continuarmos firmes nesta espera, como o agricultor, que nos desafios da seca, espera firme o tempo das chuvas para molhar o chão e ver germinar a semente sepultada no chão. E diz ainda que a vinda do Senhor está próxima, por isso é necessário manter-se na espera sem desanimar (cf. Tg 5,7-8).

Viver o Advento, portanto, é fazer a experiência da espera do Senhor em nossas vidas, é querer caminhar com perseverança alimentados pela Eucaristia, mesmo que os dias sejam de grandes sofrimentos. É ouvir a Palavra, mesmo que os nossos ouvidos estejam um pouco surdos, e muitas vezes infectados pelos barulhos do mundo que polui nossas consciências com palavras de desânimo e que destrói o otimismo e a fé. Mas nossa fé e nossa espera é em Deus que nos enche de alegria, otimismo e paz.

Abençoai Senhor o caminhar do povo de Deus e de tantos irmãos e irmãs que esperam dias de restauração em suas vidas e seus lares. Protegei os que anunciam a verdade do Evangelho e os que mesmo nas perseguições por causa do Reino, como João Batista, permanecem firmes e corajosos. Amém.