SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

Leituras: Ez 34,11-12.15-17; Sl 22(23); 1Cor 15,20-26.28; Mt 25,31-46

POESIA

O REINADO QUE VEM DO SENHOR

O Reinado do Senhor,
É justiça e caridade,
Caminho ao paraíso,
Marcada pela bondade,
Seremos chamados benditos,
Porque consolamos os aflitos,
Pela solidariedade.

O Reinado do Senhor,
É o amor em nosso agir,
Enxergando-o nos sofredores,
No seu corpo a se ferir.
No chão da nossa existência,
Em tudo que for carência,
No humano a existir.

O Reinado do Senhor,
É herança garantida,
Para todos os benditos,
Pelo Rei oferecida,
Pois o critério é o amor,
Ao Cristo no sofredor,
Para retomar a vida.

O Reinado do Senhor,
Nos leva a meditar,
Há tempo para se rever,
Para no seu reino entrar.
Recriar nossa postura,
Retomar nossa ternura,
Para não nos enganar.

O Reinado do Senhor,
É encontro e alegria,
É o encontro com o outro,
Sendo noite ou de dia,
É caridade ao irmão
É serviço e gratidão,
Que brota da Eucaristia.

 

HOMILIA

Um Reino que não é deste mundo

Celebramos neste 34º domingo do tempo comum, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Também encerramos o ano litúrgico e, daqui uma semana, seremos chamados a começar um novo percurso litúrgico. No próximo domingo já será tempo do advento, será ano novo na liturgia da Igreja e desta vez orientados pelos textos do evangelista Marcos.

Celebrar a realeza de Cristo é olhar para ele como o Pastor que cuida do seu rebanho com amor, mas também vê-lo como o juiz que tem o julgamento sobre nossas ações enquanto caminhamos nesta terra. A caridade é critério principal para participarmos do seu Reino.

O Senhor nos ensina sobre a nossa caridade e como amá-lo na pessoa do irmão: “pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me.” (Mt 25,35-36).

O amor ao irmão necessitado tem o mesmo valor que a mesa do Altar do Senhor. Dizia São Crisóstomo: “Por conseguinte, enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo”.[1] Muitas vezes temos dificuldade de conceber esta verdade de que é mais importante a preocupação com os sofredores do que o nosso apego ao espaço material.

Nosso exagero referente à nossa preocupação com os paramentos é questionável…  Devemos refletir sobre isso e nos perguntar como está a minha atenção ao Cristo escondido nos pobres, o crucificado nos irmãos e irmãs que clamam o amor concreto de Deus.

Os textos da liturgia apresentam o Senhor como o Pastor e Rei do mundo. Pastor que cuida, que conduz, que vai atrás da ovelha perdida, reúne ao seu redor, faz justiça e oferece o alimento para matar nossa fome (cf. 1ª Leitura). O Rei que julga as ovelhas, separando-as de acordo com os critérios do amor.

Aos que obedeceram a voz do Senhor acolhendo-o nos pobres, famintos, sedentos, estrangeiros, despidos e presos, receberão a herança do Reino, serão chamados benditos do meu Pai (cf. Mt 25,34).

Quanto aos que desconheceram a presença do Senhor nos que sofrem, ele os dirá: “afastai-vos de mim malditos” (Mt 25,41). As consequências destes, será o fogo eterno. Parece muito duro ouvir do próprio Jesus, falar malditos, mas precisamos aprender que ainda há tempo para rever nossas atitudes de indiferença com as palavras do Pastor e Rei.

As palavras de Cristo neste último domingo do ano litúrgico poderão servir para fazermos uma avaliação das nossas ações como cristãos, durante todo o tempo em que escutamos a Palavra, comungamos da Mesa e nos reunimos na comunidade dos irmãos e amigos de Cristo. Haverá sempre a necessidade de revermos nosso agir; de aprofundarmos sobre nossa postura como discípulos e ovelhas do mesmo rebanho do Senhor.

Que o Espírito Santo nos ilumine e nos fortaleça em nossa missão no mundo moderno. Ainda há tempo para avaliar, propor e melhorar nossa qualidade de seguidores do Pastor que nos conduz pelos caminhos retos, mas que também nos julga quando somos ovelhas distantes e errantes que não reconhecem o sofrimento de Cristo na existência humana.

 

[1] Das homilias sobre Mateus, de são João Crisóstomo (*309+407), bispo e doutor da Igreja. In Liturgia das Horas, 1999, vol. IV, p. 157.

XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Sb 6,12-16; Sl 62(63); 1Ts 4,13-18; Mc 25,1-13

POESIA

A SABEDORIA EM VIGIAR

Vigiar é sabedoria,
Para seguir o Caminho,
Da prudência e do bem,
Dos que não vivem sozinhos,
Que abastecem o coração,
Com azeite da oração,
Na entrega e no carinho.

Vigiar é atenção,
À Palavra do Senhor,
Que é o verbo da vida,
Repleta do pleno amor,
É viver sempre atento,
Pela escuta e seguimento,
Ele o noivo, o Salvador.

Vigiar é caridade,
Que se dá em nossa missão,
Na doação e na ajuda,
Em favor do nosso irmão,
É ser luz e sal da terra,
Plantar paz em vez da guerra,
Em favor da união.

Vigiar é prontidão,
Para a festa prometida,
Que se dá pela presença,
De Cristo e sua acolhida,
Que vem a qualquer momento,
Precisamos estar atentos,
Para o encontro da vida.

Vigiar é oração,
Que vem nos abastecer,
Com a chama da alegria,
Que nos ajuda a viver,
Dando à vida um sentido,
Ao caminho percorrido,
Para o Reino acontecer.

Vigiar é movimento,
Na santa sabedoria,
É a busca do encontro,
Rumo à Eucaristia,
É viver sendo prudente,
E o Senhor que está presente,
Com o Evangelho da alegria.

HOMILIA

Vigiar para o encontro com o Senhor

Ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora (Mt 25,13). O que se faz necessário para que vivamos a verdadeira vigilância a qual Jesus nos fala neste Evangelho relatado por Mateus? Será que a resposta ao chamado para a festa da vida que se dá no culto e na missão está alimentada pelo azeite que impede a decepção do desencontro com o Senhor? No mundo dos cristãos podemos perceber um comportamento que se faz referente à postura das dez virgens.

Esta liturgia já nos encaminha para o final do tempo comum e, juntamente com este final, nos reporta ao julgamento de Cristo. Por isso que o Evangelho nos motiva a refletirmos sobre o sentido da vigilância. E o que é ser prudente e carregar o azeite que mantem a lâmpada acesa para a chegada do noivo? É exatamente viver alimentado pelo óleo do amor, da justiça e da presença do Espírito Santo.

Uns são mais prudentes na sua experiência de encontro com o Senhor pela oração e adoração. Outros vivem meio desligados do seu papel e mergulhados na desmotivação do sentido de sua existência em Cristo. Outros ainda estão alheios às exigências e essência do Evangelho. E um último grupo está centrado nas normas e no culto mais como uma obrigação do que como uma necessidade de encontrar com o noivo e alimentar o sentido de sua vida.

E a imprudência? Como se apresenta hoje na vida do Cristão? Está na atitude que se dá pelo abandono dos valores do Evangelho; quando se banaliza e se relativiza os valores do Reino. Está na incoerência da pregação quando se proclama a prosperidade na aquisição dos bens materiais e no acúmulo do dinheiro. Também quando se abandona a prática da justiça e da caridade e se prega a Palavra em favor das conveniências pessoais e dos interesses individualistas e de dominação.

A Palavra de Deus nos pede que se proclame o amor, a justiça, a vida, a esperança, a fraternidade e a paz. Este é o conteúdo das nossas lâmpadas em virtude do encontro com o esposo da Igreja, Jesus Cristo ressuscitado, que sempre nos convida para a festa da sua Palavra e do seu corpo.

A cada Eucaristia que participamos, abastecemos a lâmpada da nossa fé para o encontro com o Senhor. Preparamo-nos prudentemente para a chegada do noivo a cada encontro na comunidade, onde se partilha a Palavra de Deus e se reflete sobre a fraternidade, a comunhão entre os irmãos e a busca da justiça.

A ação missionária em favor da construção do Reino de Deus é outra maneira de se viver em vigilância para a grande festa da vida e da salvação. Cristo espera que todos estejam preparados para a sua chegada e com a lâmpada abastecida e com o coração predisposto à alegria do encontro com ele.

Acolhamos os conselhos da primeira leitura: a sabedoria sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos (cf. Sb 6,16). A sabedoria do homem está em buscar o sentido (azeite) da sua existência no mundo, como filho de um Deus que é puramente amor e quer encontra-lo sempre para festa da vida e da comunhão. Amém.

DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO

Leituras: Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 46(45); 1Cor 3,9c-11.16-17; Jo 2,13-22

POESIA

TEMPLO SANTO

Templo Santo,
É onde se escuta a Palavra,
Que ressoa aos que querem ouvir,
Para a santificação e comunhão,
Filhos e filhas em união,
Em um único Pai a reunir.

Templo Santo,
É o lugar da partilha verdadeira,
Que alimenta a esperança dos irmãos,
Para que a fome seja saciada,
E a alegria seja saboreada,
Dos que querem a salvação.

Templo Santo,
É o espaço da esperança e da saída,
Para o anúncio do Reino do Senhor,
Num caminhar de caridade e paz,
Rumo a Vida infinita que satisfaz,
Que todos querem alimentar no amor.

Templo Santo,
São todos os caminheiros da vida,
Que deixam ressoar em seus ouvidos,
A palavra Santa de amor e do amado,
Que faz a gente no maná alimentados,
No banquete vivo dos redimidos.

Templo Santo,
Somos todos nós filhos e filhas,
Composição do corpo místico do Senhor,
Habitação Santa do Espírito Santo,
Quando somos sinais e encanto,
Da força divina e de seu esplendor.

HOMILIA

Cristo, o Templo Vivo, nos indica como sermos templos vivos

Celebramos no dia 9 de novembro a dedicação da Basílica do Latrão, a catedral do Papa, Igreja mãe de todo o povo católico. “Foi construída pelo imperador Constantino no tempo do Papa Silvestre I, sendo dedicada no ano de 324. Sua festa antes era celebrada apenas pela cidade de Roma e após a reforma do calendário litúrgico, foi estendida a todas as comunidades católicas de rito latino de todo o mundo.”[1]

Quando o martírio dos cristãos é cessado pela liberdade religiosa no Império Romano no século IV, pelo imperador Constantino, o culto ao Senhor é transferido das casas de família e das catacumbas para os grandiosos e imponentes templos (catedrais, basílicas), construídos pelos diversos governantes e ricos do período da cristandade.

Celebrar hoje a dedicação da Basílica do Latrão é muito mais que engrandecer o monumento de pedra. É confirmar a importância de todas as igrejas, isto é, das mais ornamentadas e grandiosas possivelmente até os mais simples e pequenos templos espalhados pelo mundo inteiro onde habita o Senhor da nossa vida. Nesse sentido não é apenas o espaço físico que poderá abarcar ou reter a presença e habitação de Deus, pois a sua grandeza é infinita, Ele abarca o céu, a terra e, principalmente, os corações humanos, daqueles que se deixam habitar-se e moldar-se pelo amor e sacralidade profunda de poder invencível e de vida infinita.

Os textos bíblicos desta liturgia nos ajudam a refletir sobre o templo como algo além do espaço físico, como lugar por excelência onde habita o Deus vivo e verdadeiro. O templo verdadeiro está fundamentado em Cristo como Pedra fundamental do edifício espiritual onde as pessoas são também templos vivos, onde o Espírito Santo habita e faz ressoar a todos os homens a voz de Deus e a sua obra se manifesta como realização do Reino definitivo.

No Evangelho que ouvimos encontramos Jesus no templo de Jerusalém. Ele constata que no lugar onde deveria estar presente o culto a Deus, onde a Palavra Sagrada pudesse ser escutada e meditada está acontecendo o contrário: o lugar sagrado, espaço de oração, está sendo difamado pelo comércio e desonrado pela distorção dos cambistas e vendedores de animais para serem sacrificados.

A partir desta realidade Jesus nos ensina que a relação com Deus passa a ser uma experiência além do templo de Pedra, pois o corpo do próprio Cristo será o verdadeiro templo de adoração. Será destruído absurdamente pelos homens (morte), mas em três dias será reconstruído (ressurreição) para sempre, sem ameaça de derrota. Por toda a eternidade Cristo será o novo templo, o templo sagrado que nos transformará em templos vivos onde habitará a presença do seu Espírito e de onde ressoará o amor e a comunhão verdadeira da Igreja. Amém.

[1] Roteiros homiléticos do Tempos Comum II – Ano A – São Mateus. Brasília: Edições CNBB, 2014, p. 66.

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

Leituras: Ap 7,2-4.9-14; Sl 23(24); 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12a

POESIA

QUEM É SANTO…

Para buscar e viver a santidade
Deve-se trilhar nos caminhos do Senhor,
Estar atento a Bíblia sagrada,
Ser manso, justo e ter muito amor.
Deve-se viver as bem-aventuranças
Que Jesus nos deu como herança,
Que é centro do seu plano salvador.

A santidade não é coisa qualquer
Que a gente possa imaginar,
É caminhar no chão concreto da vida,
Não ter medo do que se possa encontrar,
Pois ser santo tem suas consequências,
Muitas vezes precisa-se paciência,
Para no caminho não desanimar.

No início da história dos cristãos,
Ser santo implicava muita ousadia,
Muitas vezes implicava ser devorado pelas feras,
Ou ser colocado em grelha com brasas que ardia,
Mas o santo em sua enorme dor,
Ainda carregava o senso de humor,
Quando o fogo em chama lhe consumia.

O ser santo é sempre destinado
Para toda pessoa que quiser,
Mas para isso é preciso requisito,
Pois, não se santifica de um jeito qualquer,
Pra isso é preciso ter vocação,
Não viver na fantasia e na ilusão,
Mas é possível para homem quanto para a mulher.

Tem que ter um coração de amor,
Ter muita paz e muita alegria,
Mesmo diante das tantas misérias,
Fazer da noite às vezes o dia,
Ser bondoso e de muita caridade,
Promover a paz e a unidade,
Onde há muitas vezes má sintonia.

Às vezes é também ser ignorado,
Não ser reconhecido ainda em vida,
Pois ser santo exige além do presente,
Vivendo o amor e uma paz refletida,
Carregar um coração aberto às ações divinas,
Acreditar noutra vida que não termina,
E em Jesus apostar o caminho e a lida.

Muitos viveram radicalmente a castidade,
Entregaram sua vida totalmente,
Sem de nada ter nem um apego,
Carregavam no corpo e em sua mente
Um coração entregue somente ao Senhor,
Vivendo o trabalho na oração e no amor,
Vivendo no serviço às pessoas carentes.

Temos que também reconhecer
Que santos não são somente os do altar,
Temos tantos santos que não os conhecemos,
Por isso é preciso acreditar,
Que santo são todos os bens-aventurados,
Que viveram o amor ao bem amado,
Na esperança no céu e com Jesus morar.

HOMILIA

Bem-aventurados são os que procuram o Senhor

Estamos iniciando mais um mês de caminhada com Jesus, celebramos liturgicamente o dia de todos os santos. Lembrando que no calendário geral da Igreja este dia é celebrado em 1º de novembro. No Brasil, esta solenidade é transferida para o domingo mais próximo para que o maior número de irmãos e irmãs possam refletir sobre a sua vocação para a santidade.

O Evangelho nos apresenta Jesus que sobe à montanha e senta para proclamar as bem-aventuranças à multidão e aos seus discípulos. É bom lembrarmos que a montanha na realidade bíblica e dos judeus é o lugar da manifestação de Deus. Na montanha, Deus fala com Moisés e lhe entrega o decálogo, ou seja, a lei para que o povo siga e busque prosseguir nos caminhos do Senhor. O sentar-se de Jesus também tem um significado: Jesus é o mestre. Ele ensina com autoridade, pois dá testemunho de todas as bem-aventuranças.

Diante dessa passagem escolhida pela Igreja para a liturgia de todos os Santos, podemos refletir sobre o ser santo. Quem, de acordo com as bem-aventuranças, então é santo? Quais a exigências para viver a santidade?

Primeiramente a santidade nos pede que sejamos discípulos de Cristo, na simplicidade, na humidade, com o pé no chão da vida e, sobretudo, no olhar atento às diversas situações do mundo, sejam econômicas, políticas, sociais ou religiosas. Sendo discípulo de olho no mundo, faz-se necessário outro olhar e uma vivência que é mais profunda: a nossa mansidão, a nossa fome de amor, a nossa sede de justiça, e a nossa preocupação com a paz entre as nações.

Podemos nos perguntar: o que tem a ver comigo os conflitos no oriente médio? A violência nas cidades e no campo? A intolerância religiosa nos diversos recantos do mundo? Ser santo é estar atento a tudo isso. É pregar e viver o evangelho no mundo atual, sempre mantendo a essência da mensagem de Jesus Cristo.

Em segundo lugar temos de refletir que Jesus ainda apresenta uma última bem-aveturança e desta vez mais exigente do que simplesmente estar atento às realidades humanas do mundo: serão bem-aventurados (felizes) os que forem perseguidos por causa da justiça, também serão bem-aventurados os que forem perseguidos, injuriados e caluniados por causa de Jesus. (cf. Mt 5,10-12). A busca pela justiça e a experiência das consequências desta luta nos fará santos e nos levará aos céus. Esta deverá ser a alegria e a felicidade completa para os santos.

Finalmente não podemos esquecer que a vivência da santidade deve ser testemunhada no aqui e agora. Devemos ser mansos, justos, puros de coração, promotores da paz no grupo onde participamos, no nosso ciclo de trabalho, nas relações sociais e no nosso lar. Pois é na família, no meio dos filhos, irmãos, esposos, amigos que precisa-se de santos e santas. No meio dos ministros ordenados e religiosos, na missão cristã de cada dia, precisa-se de santos e santas.

Santos e santas, pessoas que sejam sal, luz e fermento na massa para aumentar cada vez mais a multidão dos bem-aventurados. Santos e santas que leiam e vivam a Palavra, que rezem e que sejam livres nos caminhos do Senhor e que façam o bem a todos.

Portanto, é sendo santos que podemos nos “juntar a multidão imensa de gente de todas as nações, tribos povos e línguas, incontáveis” (Ap 7,9), como nos fala são João na primeira leitura. Esta busca de santidade deve ser sempre no Senhor, como discípulos missionários. Assim podemos citar também o final da segunda leitura: “Todo o que espera nele purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1Jo,3,3). E concluirmos com o refrão do salmo desta liturgia: “É assim a geração do que procuram o Senhor” (Sl 23/24). Sejamos, no meio do mundo, esta geração que procura o Senhor e que semeia o Evangelho para a santidade e salvação de todos. Amém.

COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS

Leituras: Jó 19,1.23-27a; Sl 26(27); 1Jo 3-1-2; Jo 6,37-40

POESIA

NOSSA VIDA ESTÁ EM DEUS

Em nós há uma vida escondida,
Há um existir transcendente,
De algo tão permanente,
De portas que se abrem,
Ontem, hoje, amanhã e sempre.

Há em nós um forte chamado,
Para um seguimento ao amor,
Para curarmos da dor,
Pela Palavra santa e eterna
Que cura o nosso clamor.

Há uma busca de eternidade,
Um apego a este existir material,
Um querer ser imortal,
Sendo distantes de Deus,
Na desilusão total.

Está no Senhor, nossa vida,
Feliz, completa, não passageira,
Vida eterna e verdadeira,
Sem pausa e sem decepção,
Nossa vocação primeira.

Está em Deu nosso repouso,
Nossa sede de existência,
Nossa vida sem ausência,
Sem medo e decepção,
Só em Deus, a nossa essência.

HOMILIA

A lembrança dos defuntos fiéis nos aponta para a Glória do Deus vivo

“Pois esta é a vontade do meu Pai: Que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,40).

Um dos objetivos que a Igreja nos apresenta para o dia de finados é lembrarmos e meditarmos que a nossa vida verdadeira está em Deus, que somos todos destinados à glória de Deus. Muitos são os textos bíblicos que fazem referências à comemoração dos fiéis defuntos, por isso, mesmo fazendo escolha pelas leituras apresentadas acima, vamos meditar de forma mais geral sobre esse tema.

Quando refletimos sobre a corrupção da carne desprovidos do sentido mais profundo que ela nos traz e com a ausência da iluminação da Palavra de Deus, a morte é o grande incômodo e rompimento da nossa existência. Ela atrapalha nossos sonhos terrenos, projetos e obras humanas; vai contra nossas expectativas, nossos apegos e nossas ligações afetivas.

Mas se buscamos na Sagrada Escritura a explicação, a luz e o conforto verdadeiro com um olhar na eternidade de Deus como destinação de sua glória, teremos outra concepção, e desta vez marcada pela nossa esperança numa vida futura de glória e infinita. Em Deus somos eternos e destinados à salvação para fazer parte de seu Reino. No Senhor temos a vida verdadeira.

O Evangelho citado acima nos apresenta a vontade de Deus manifestada no Filho Jesus Cristo: “Que eu não perca nenhum daqueles que meu Pai me deu, mas os ressuscite no último dia.” (Jo 6,39). A vontade de nosso Deus é que nenhum dos seus filhos se percam, que todos sejam salvos na sua glória. A salvação é a meta de todos aqueles que caminham iluminados pela Palavra do Senhor e que seguem os seus preceitos. Todos queremos o que é bom, o que é santo e o que é eterno.

Esta esperança e essa ânsia de vida perpassa os séculos e os milhares de anos do homem religioso. Podemos ver na primeira leitura as palavras de Jó: “Eu sei que meu Defensor está vivo e que no fim se levantará sobre o pó: quando tiver arrancado esta minha pele, fora da minha carne verei a Deus.” (Jó 19,25-26). O que nos faz refletir estas palavras de Jó? Primeiro, é que Deus é vida e sendo vivo e eterno também nos devolverá a vida dentro de outro plano o qual é perfeito, pois somos uma espécie de pó corruptível. Somos uma matéria marcada pela possibilidade de corrupção, mas neste mesmo corpo seremos reconstituídos para a santidade e salvação eterna.

São João, na segunda leitura, fala que “quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é.” (1Jo 3,2). E isso só acontecerá na glória de Deus. Cristo nos traz a salvação e concretiza a esperança proclamada por Jó. Para a nossa salvação basta-nos a nossa reconciliação em Deus, ou seja, como pecadores devemos buscar a purificação através do sacramento da confissão. Reconhecer nossos pecados e buscar a reconciliação é a atitude concreta dos que querem a santidade e a vida eterna.

O dia de finados nos servirá para a meditação sobre a justiça da morte que, segundo o cântico de São Francisco, vem a todos, ao fraco e ao forte. Segundo o santo ela é irmã dos homens, por ela somos conduzidos para uma vida eterna e verdadeira oferecida por Cristo Ressuscitado. Mas também não se faz necessário que reprimamos nossos sentimentos de saudade em relação aos que já nos deixaram porque eles fizeram parte de nossas vidas e muitos nos ajudaram nesta compreensão do valor da vida em Deus.

Portanto diante dos túmulos visitados, das velas acendidas e das orações proclamadas e das missas celebradas, busquemos mergulhar no mistério da morte e ressurreição de Cristo. Pois, nele somos também ressuscitados e inseridos na glória celeste. Por Cristo somos chamados à santidade, nos alimentamos da Palavra da consolação, do pão da vida eterna que nos sacia de forma completa.

Seja nossa vida uma constante busca da santidade e do preparo para quando chegarmos a nossa hora, possamos estar preparados para o encontro definitivo com o Senhor que nos chama para estar com ele e que chama a nos unirmos à multidão de todos os que formam o seu Reino de amor e de paz. Amém.

XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ex 22,20-26; Sl 17(18); 1Ts 1,5c-10; Mt 22,34-40

POESIA

O AMOR VERTICAL E HORIZONTAL

Querendo amar ao nosso Deus
A quem fisicamente nós não vemos,
Precisamos também sempre amar,
Ao outro a quem nós conhecemos.

Assim é a vida do cristão,
Que busca viver a comunhão,
Num culto ao Deus da vida,
Celebrado no encontro de irmãos.

Viver os santos mandamentos
É viver a prática do amor,
Deixando sempre Deus agir,
Com sua presença e vigor.

Fixando em Deus e no humano,
Olhando no alto e também no chão,
No respeito e na reverência,
Na escuta e no olhar de atenção.

O Senhor vem nos ensinar,
Que o Amor é sempre a sua essência,
Lei máxima de seu reto agir,
Que invade à nossa existência.

Orienta-nos na nossa caminhada,
Boa-Notícia de paz e liberdade,
Que santifica e enobrece nosso ser,
E se espalha na vida de comunidade.

Em Cristo novo mandamento,
Para vencer todo vão rigorismo,
Aproximando a quem está distante,
E que vive no individualismo.

Porque o amor abarca toda lei,
Acima das letras ele permanece,
É o sentido da nossa existência,
Que nunca, nunca enfraquece.

Amar a Deus de todo o coração,
Com toda alma e entendimento,
E ao irmão como a si mesmo,
Pois o amor é vida e sentimento.

O Senhor também nos ensina,
Que seu amor é transcendente,
Está acima de nossas pretensões,
Existiu, existe e existirá para sempre.

HOMILIA

O amor ao divino e ao humano

“ ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37.39). Eis a grande exigência para vivência espiritual dos cristãos que brota do mandamento máximo pregado por Jesus. Eis a hierarquia simples dos preceitos de Deus apresentada pelo mestre nazareno para aquele grupo de fariseus, que mais uma vez colocam Jesus em uma situação embaraçosa.

Naquela época, os intelectuais da lei estudavam exaustivamente em busca de encontrar entre os 613 preceitos bíblicos o maior em uma hierarquia de importância. A pergunta feita a Jesus, pelo representante fariseu, é tendenciosa e tem o objetivo de pegá-lo em contradição.

Jesus vai buscar a sua resposta também nas escrituras: existem dois mandamentos que são maiores, que abrangem todos os outros: o primeiro é o amor total a Deus, um amor com todo o nosso coração, com toda a nossa alma, com todas as nossas forças e com todo o nosso entendimento (cf. Dt 6,4-5); o segundo é o amor ao próximo, igual ao amor por si próprio. Este preceito está no Levítico (cf. 19,18), que nos diz: Não seja vingativo, nem guarde rancor contra seus concidadãos. Ame o seu próximo como a si mesmo.”

Com certeza os fariseus sabiam deste preceito, mas não o consideravam importante, diferente da observância do sábado. Mas esta referência de amor ao próximo está escrita também no livro do Êxodo, na primeira leitura desta liturgia, quando diz: “não oprimas nem maltrate o estrangeiro, pois fostes também estrangeiros na terra do Egito” (Ex 22,20).

Estes versículos acima nos ensinam sobre a vivência do amor que devemos ter pelos sofredores e maltratados, os quais nem conhecemos e que precisamos acolhê-los como estrangeiros nas terras de nossa existência. Cada israelita carregava na sua história este sentimento de que um dia estivera em terra estranha e que Deus os tirou da escravidão. Neste sentido os judeus eram proibidos de desprezar um estrangeiro, uma viúva, um filho sem pai.

A resposta de Jesus sobre os dois maiores mandamentos é exatamente aquilo que ele vivia na sua missão e que nos testemunhou na sua entrega total no momento da crucificação. A sua vida foi uma permanente experiência de amor concreta ao Pai do Céu, na sua obediência, na sua oração e na sua sintonia contemplativa voltada para o alto.

Também esteve sempre com o seu coração e os seus braços voltados para socorrer os excluídos, discriminados pelo sistema religioso, político e econômico de seu tempo. Também esteve sempre aberto a acolher ricos e pobres que, pela conversão, decidiram abraçar o seu caminho e sua missão em favor do Reino de Deus.

O amor a Deus e ao próximo tem uma dimensão que nos lembra a cruz: um amor máximo ao alto onde está o nosso Deus (vertical) o qual se expressa no nosso culto verdadeiro pela escuta e obediência da Palavra; o segundo amor é dirigido ao irmão (horizontal) que caminha conosco, e que é imagem de Deus. Pelo amor ao nosso irmão, somos convidados a encontrar nele o próprio Cristo.

Não foi fácil para os fariseus aceitar esta condição que Jesus apresentou a eles e que inclusive estava escrito na lei. Colocar o amor a Deus e ao irmão no mesmo patamar, ainda hoje, é difícil para nós, pois exige a experiência da prática caritativa de amar o outro sem que ele nos ame. Amar os inimigos, aceitar muitas vezes os insultos, as críticas e as indiferenças e mesmo assim, querer o seu bem como queremos a nós mesmo, eis o desafio da experiência que brota da cruz de Jesus.

Muitas vezes somos motivados, naturalmente, pelo amor compensativo. Um amor que é dirigido aos que também nos amam. Aqui é importante dizer que entender o amor somente desta forma é ser incoerente ou incompleto no que se refere com ao mandamento de Cristo.

Ele se entregou por cada um de nós. Desceu a nossa condição de pecadores e miseráveis e se fez presente. Jesus nos ensinou a transcender no nosso amor: ir além dos nossos limites de puro sentimento e afetividade para uma entrega de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento.

Os pais e mães de família, os padres, os diáconos sabem muito bem desta realidade. Quantas vezes temos de acolher, por amor, aqueles que não simpatizamos, que são as ovelhas mais feridas de nosso rebanho. Quantas vezes nossos filhos nos enganam ou ignoram nossos conselhos e nós continuamos, por amor, rezando por eles e queremos o sem bem e seu sucesso. Este é o amor do qual Jesus nos fala no evangelho de hoje. Amar o próximo, a quem vemos, para amar a Deus, a quem não vemos (cf. 1Jo 4,20).

Esse amor que Jesus nos fala significa nosso movimento em direção aos que não conhecemos pessoalmente, tais como os doentes nos hospitais, os presos, o povo da rua e as família e crianças carentes. Eles precisam do nosso amor gratuito. É neles que está escondido o Cristo, crucificado pelos pecados humanos, e que precisam de nossa dedicação e atenção.

Lembremos sobre o amor a Cristo no irmão, como descrito no final do evangelho de Mateus: “eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar”. (Mt 25,35-36). Este amor nos conduzirá a salvação eterna.

Que o Espírito Santo nos fortaleça, nos anime e nos ensine a permanecermos amando a Deus na pessoa do nosso próximo, como uma experiência profunda do amor total a Cristo, nosso Rocha e Salvação. Amém.

XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 45,1.4-6; Sl  95(96); 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21

POESIA

SOMOS DE DEUS

A Deus toda nossa vida,
Porque somos todos seu,
Não somos do poder do mundo,
Nem dos políticos fariseus,
Somos filhos muito amados,
Em Cristo todos banhados,
Vida nova ele nos deu.

A Deus tudo o que existe,
Desde a sua Criação,
A natureza e o homem,
A justiça, a salvação,
A vida e a dignidade,
Amor e fraternidade,
Que geram a comunhão.

A Deus a Palavra santa,
Trazendo-nos o ensinamento,
Que alerta a cada filho,
A tê-la como alimento,
Pra o Evangelho anunciar,
Soltar a voz e denunciar,
Tudo que é sofrimento.

A César somente o que é seu,
Mas Deus sendo o primeiro,
Porque tudo ele criou,
E nos faz os seus herdeiros,
Para os seus bens, o cuidado,
E os césares são subordinados,
Por isso são derradeiros.

São tantas as injustiças.
Dos impérios atuais,
Dos recursos desviados,
Pelos esquemas mortais,
Surgem então os sofrimentos,
E o mundo em detrimento,
Padecendo sempre mais.

Somos todos convocados,
Para o Evangelho pregar,
Anunciando sempre a vida,
Que vem em primeiro lugar,
E sairmos em missão,
Vivendo a evangelização,
Com nosso profetizar.

Que a santa Eucaristia,
Venha nos dá a coragem,
De buscarmos a santidade,
Buscando ser sua imagem,
E possamos oferecer,
Nossa fé, nosso viver,
Pregando a santa mensagem.

HOMILIA

O que é de César e o que é de Deus?

O Evangelho deste 29º Domingo do Tempo Comum nos apresenta um confronto, uma tentativa dos fariseus e alguns membros do partido de Herodes de colocarem Jesus em contradição (cf. Mt 22,16). Diante das perguntas referente ao imposto pago ao império, o grupo quer saber a opinião de Jesus sobre a licitude do tributo a César. A resposta de Jesus se tornou quase que um chavão para os cristãos justificarem o papel da religião e o do poder político, ou seja, separar as coisas.

“Dá, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,20). O que entendemos e como nos posicionamos sobre esta máxima de Jesus? Perguntemos incialmente sobre o que é de Deus: de Deus é o homem e toda a Criação, de Deus vem a justiça, o amor, a misericórdia. Deus é a fonte de tudo que o homem quer realizar de bom e para o bem do irmão e do mundo.

Deus é único e só a ele deve-se prestar culto verdadeiro. O profeta Isaías nos fala na primeira leitura: “Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há Deus (Is 45,5). Os homens, por mais cargos ou poderes que assumirem, serão sempre criaturas, filhos dependentes e limitados diante da grandeza de Deus. O homem, que quer ocupar o lugar de Deus, nunca agirá como ele, pois vem em primeiro lugar a sua autossuficiência como regra e o desejo de poder e dominação. E Deus está acima de tudo o que é realização humana, com suas pretensões e motivações.

O que é de César? Podemos interpretar como sendo as realidades ligadas ao poder, à política e a administração dos bens deste mundo. Todos nós pagamos impostos e desejamos que sejam revertidos para o bem comum. No tempo de Jesus, os impostos eram pagos ao imperador, que, por sua vez, se considerava um deus. O povo pobre vivia explorado pelos altos impostos, que não era revertido para a dignidade e a justiça social.

Hoje não é diferente. Também temos os tantos césares que nos exploram e que se aproveitam de nosso dinheiro. Por isso que os cristãos, sendo sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13), devem tomar posição na dinâmica politica, a qual, na sua origem, tem o bem comum como objeto de trabalho. Deus quer que todos tenham vida e vida digna. Cabe aos poderes da terra colocar em prática a distribuição de renda justa e digna para com o seu povo. Cabe aos cristãos, iluminados pelo Evangelho, pregarem a verdade, alertando e denunciando as injustiças cometidas pelos poderes políticos.

A nossa participação na Eucaristia tem a ver com o mundo concreto, fora das paredes da Igreja. Nossa presença nas missas deve nos levar ao questionamento sobre o cuidado com aquilo que é de Deus, para que o que é de César não tome o lugar das realidades divinas, ou ainda, para que não nos acomodemos e aceitemos todas as imposições dos poderes políticos que, de certa forma, fazemos parte.

Alimentemo-nos da mensagem nas palavras de São Paulo, na sua carta em que diz “diante de Deus, nosso Pai, recordemos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (Ts 1,3). Que a alegria do Evangelho não seja abafada por tantas realidades de injustiça e mortes. E que a fé, a esperança e a caridade estejam presentes nos corações de todos os homens de boa vontade. Amém.

XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 25,6-10a; Sl 22 (23); Fl 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14

POESIA

DEIXAR ECOAR O CONVITE DO SENHOR

Deixas que venha ecoar,
O convite do amor,
Pra festa plena da vida,
Chamado de Nosso Senhor,
Que quer te fazer acolhida,
E não te faltará comida,
No banquete do Senhor.

Deixas que venha ecoar
O chamado da alegria,
A invadir teu coração,
Da mais perfeita harmonia,
Na mesa da comunhão,
Onde todos são irmãos,
E que nunca se esvazia.

Deixas que venha ecoar,
A voz dos mensageiros,
Que o Pai quis enviar,
Os missionários caminheiros,
Que estão a convidar,
Os alertas a proclamar,
Aos irmãos e companheiros.

Deixas que venha ecoar
Por todas as encruzilhadas,
A voz para os excluídos,
E aos que são maltratados,
Os pobres e esquecidos,
Muitas vezes agredidos,
Mas que são por Deus amados.

Deixas que venha ecoar
O recado universal,
Que faz todos inseridos,
No Reino Espiritual,
Dos que foram acolhidos,
À festa do noivo unidos,
E na comunhão total.

Deixas que venha ecoar
O divino ensinamento,
Da aliança renovada,
Em Cristo, seu casamento,
Com a Igreja, sua amada,
Nova nação congregada,
Pelo novo mandamento.

HOMILIA

O Banquete Divino

“O Reino de Deus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho…” (Mt 22,2). Deus prepara uma festa eterna, quando todos nós somos convidados. É a festa da vida nova, da nova aliança, da união entre Cristo e a Igreja. O Esposo se une à sua esposa para sempre. Cristo esposo fiel, nos oferece um banquete a cada Eucaristia, pois, a sua festa se estende pelos séculos, como sinal de alegria e esperança.

O evangelho desta liturgia nos fala que nem todos aceitaram o convite, porque havia outras preocupações mais importantes (cf. Mt 22,5). Outros interesses eram prioridades para aqueles convidados, e por isso não quiseram aceitar o chamado do rei. Assim devemos nos perguntar: cada um de nós ao ser convidado para o banquete do cordeiro têm outras preocupações? Temos alguma desculpa para não participar? Cada missa é um uma festa que nos traz alegria e força, onde todos são convidados a participar da mesma mesa, com o rei da vida e do amor.

O salmo 22 nos diz do cuidado e carinho, com o qual Deus prepara o encontro conosco: “Preparais à minha frente uma mesa, bem a vista do inimigo, e com o óleo vos ungis minha cabeça; o meu cálice transborda…” Trata-se de uma mesa de dignidade onde todos os participantes são ungidos para viverem a festa e o encontro fraterno, com taças de vinho que transbordam. No banquete do Senhor, transborda a alegria verdadeira que se derrama sobre nós a qual é infinita e completa.

Um segundo ponto da parábola: os primeiro convidados (os chefes de Israel) rejeitaram o convite do rei (Deus) para o banquete. Os membros da primeira aliança não aceitaram o Nazareno com a mensagem e por isso ignoraram o convite. Por esse motivo o crucificaram como resposta perversa ao que ele pregou e viveu. A eles Deus envia primeiramente o convite, porque deviam ser os primeiros a acolher o Messias e sua Boa-Nova.

Agora, outros recebem o convite, sem discriminação: maus e bons (cf. Mt 22,10). Todos são convidados, basta que estejam com a veste apropriada para a festa, Critério estendido a todos nós cristãos. E Deus, que conhece o nosso coração e vê o que está escondido (cf. Mt 6,18b), perceberá se estamos participando do seu banquete com a veste adequada. Ele poderá nos perguntar: “Amigo, como entraste aqui…?” (Mt 22,12b). Faz-se necessário estarmos vestidos com o traje da festa. Devemos nos perguntar, no nosso íntimo, se estamos sendo coerentes com o chamado de Deus.

Somos, pelo batismo, revestidos de Cristo e de sua justiça. É isso que é preciso para participarmos das núpcias do esposo. Está com a veste adequada, é ser coerente com o que o Senhor nos pediu: atender o seu chamado e deixar que ele faça sua vontade, como rezamos no Pai Nosso. Precisamos abandonar nossas falsidades, nossas invejas e maldades, diante do irmão e tomar o traje da lealdade, da coerência, do perdão e da disponibilidade para o ministério missionário.

Será que teremos tempo acolher o convite do Evangelho da alegria? Alegria, porque a festa do noivo divino trará um ambiente de banquete farto, de muitas comidas, de muitas músicas, de gente que dança com o coração cheio de paz e dignidade. Nesta festa também há comunhão, igualdade e fraternidade. Todos estão juntos à mesa, com a veste da justiça, requisito primeiro que possibilita a participação no banquete divino.

Em Cristo e em sua ressurreição se cumprirá o que o profeta anunciou na primeira leitura: O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra” (Is 25,8). O sonho de Deus é ver toda a humanidade participando da festa da dignidade, da comunhão e da fraternidade. Basta que os convidados possam aceitar o seu chamado e, ao mesmo tempo, vistam o traje adequado, que é a prática da justiça e do amor, que nascem das palavras santas do Evangelho. Amém!

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 5, 1-7; Sl 79 (80); Fl 4, 6-9; Mt 21, 33-43

POESIA

A VINHA É DO SENHOR

O divino dono da vinha,
Buscou terreno apropriado,
Cultivou com imenso carinho,
Como um agricultor dedicado.
Tirou todas as pedras e os espinhos,
A plantou e a cercou de cuidados.

Todo o amor foi para a sua vinha,
Pelo zelo da bela plantação,
Pelo amor e a sua beleza,
Pela guarda e pela proteção,
Construiu ao redor fortaleza,
No cultivo de sua plantação.

Confiando aos vinhateiros,
Sua vinha, a eles entregou,
Para quando na sua colheita,
Fazer o que planejou,
E ter suas uvas perfeitas,
Que ele felizes esperou.

Mas não se cumpriu o esperado,
Ouve morte e a crueldade,
Vinhateiros mal intencionados,
Com o egoísmo e muita maldade,
Torturam o Filho amado,
E se apossaram da propriedade.

O Senhor nos fez sua vinha,
De amor Ele vem nos cobrir,
Seus cuidados vêm nos cultivar,
Seu carinho a nos invadir,
Misericórdia que vem nos salvar,
Seu Espírito a nos consumir.

Os seus frutos, a bebida nos traz,
Quando vier a colheita devida,
Ele nos quer vinhateiros do bem,
Pra cuidar de sua vinha querida,
E nós seus herdeiros também,
Para a paz e a festa da Vida.

Que na vinha sejamos irmãos,
A vivermos a obediência e o amor,
A justiça possa acontecer,
A Comunhão seja o nosso esplendor
E o egoísmo possamos vencer,
Porque a vinha é do Senhor.

 

HOMILIA

Nós somos a vinha do Senhor

O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43). Estas palavras de Jesus, dirigidas mais uma vez aos sumo sacerdotes e anciãos do povo, anunciam as consequências da ignorância e da violência da qual os chefes de Israel trataram os profetas, o próprio Filho de Deus e seus discípulos.

Deus Pai, criador do universo, com tanto carinho e cuidado tratou o povo da antiga aliança com amor fiel e o alertou dos erros e perigos que poderia passar. Os profetas foram porta-vozes da sua Palavra anunciando a esperança e propagando a fidelidade ao projeto de Salvação.

O profeta Isaías faz referência a vinha criada por Deus: “Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens” (Is 5,2).

Muitas lideranças não acolheram o anuncio dos profetas, os torturaram e os mataram, pois não aceitarem os alertas no trato com a vinha divina. Apesar de tantas controvérsias das lideranças do Povo escolhido, Deus continuou amando e cuidando com muito amor e carinho da sua vinha. Mas a prepotência dos cuidadores confiados por Deus deixou os frutos se tornarem selvagens e amargos.

Deus Pai continua fiel ao seu projeto e assim envia o Filho ungido para tratar da vinha, mas os vinhateiros não o aceitam e o matam. Com a sua morte nasce uma vida nova e um novo povo. Novos vinhateiros são escolhidos para cuidar da vinha santa, a Igreja na qual deve se cultivar o Reino de Deus. Nisto nós nos voltamos para o início desta homilia: “O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos.” (Mt 21,43).

Hoje nós somos a nova vinha da qual se deve cultivar os frutos da justiça, da vida e da paz. Somos vinha e trabalhadores ao mesmo tempo, a serviço do agricultor divino. Devemos ter cuidado para não agirmos como os vinhateiros homicidas, os quais detiveram a vinha e não aceitaram a presença do Filho amado e assim promoveram a violência e a morte.

A vinha é de Deus, nós somos dele e a ele prestamos obediência, amor e culto. De certa forma estamos a serviço de pequenas vinhas: família, grupos, comunidades e uma atividade missionária. E nossa parte é exatamente o cuidado e a atenção para com a grande Vinha que Deus ama e quer que cresça pelo mundo, o Reino de Deus. Ao redor do banquete, nos alimentamos do pão e bebemos do vinho, fruto da terra, do trabalho do homem e que é alimento e bebida para a nossa salvação.

Neste momento nos perguntamos: como está a nossa condição de vinhateiros do Senhor? Estamos cuidando do terreno, zelando pelo cultivo para que dê frutos saborosos para alimentar a nossa esperança, suscitar a justiça, a paz e nos colocarmos a caminho da salvação? Nosso amor e cuidado fará a beleza e o esplendor da vinha amada por Deus. Se não cuidamos, outros poderão receber esse encargo de Deus.

Elevemos nossas orações ao Senhor através do salmo 79(80) para pedirmos a proteção em favor da nossa perseverança e de nossa fidelidade de bons vinhateiros do Senhor a serviço da vida e da paz: “Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos a vida, e louvaremos vosso nome! Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo, e sobre nós iluminai a vossa face! Se voltardes para nós, seremos salvos.” Amém!

XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ez 18, 25-28;  Sl 2 4; Fl  2,1-11; Mt 21, 28-32

POESIA

FILHOS DO SIM E DO NÃO

Está disponível para servir,
Ser coerente com o chamado,
De corpo e alma para vinha,
Como filho do Pai amado,
Dizer sim e confirmar,
Ao Evangelho semeado.

Buscar e viver o amor,
Prontos para anunciar,
Na vida da comunidade,
Vivendo pronto a partilhar,
Na vinha do nosso Deus,
Que está sempre a chamar.

Às vezes filhos dizendo não,
Quando o pecado vem a invadir,
E o coração querendo negar,
Por tantas coisas a infringir,
Fraquezas que vem e impedem,
A santa vinha querer servir.

Somos filhos que dizem sim,
Porque olhamos para o Senhor,
Que viveu a santa obediência,
Ao Pai Santo e vivo amor,
Porque a vinha veio cultivar,
Através do seu plano salvador.

Busquemos em Cristo a obediência,
E aprendamos o sim e o servir,
Abraçando a missão confiada,
E a voz do Senhor sempre a ouvir,
Servindo à messe tão imensa,
Que o dono quer a todos reunir.

A vinha precisa de trabalhadores,
Porque o dono os chama à colheita,
Para que se produza a alegria,
Que brota da fonte que é perfeita,
Jorrada da entrega do Santo fruto,
Que do Pai recebe a missão e aceita.

Busquemos na Mesa Sagrada,
A fazermos a santa experiência.
Com o Senhor que quer nos encontrar,
Que nos ama e cuida com paciência,
Por que na mesa queremos repartir,
E aprendermos a santa obediência.

 

HOMILIA

Chamado à vinha do Senhor

“Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21,31). O que nos incomoda nesta parábola de Jesus? Que questionamentos estas palavras nos trazem diante de nossa condição de batizados? São palavras de Jesus que nos inquietam e nos provocam a refletir sobre as nossas atitudes de discípulos dele. Trata-se de uma motivação para que avaliemos até que ponto a nossa obediência e nossa experiência com ele seja coerente.

Na liturgia deste domingo, Jesus se dirige aos sacerdotes e anciãos do povo (cf. Mt 21,31) com seus ensinamentos sobre o Reino de Deus (a vinha). Na compreensão dos sacerdotes e anciãos, somente o povo escolhido, ou seja, da primeira aliança (Israel), tinha direita à salvação. Portanto, o filho (povo) que disse sim a Deus, muitas vezes não foi capaz de segui-lo e obedecê-lo. Israel que ouviu os profetas, mas que, em muitos momentos, traiu a promessa da aliança. Agora, também não aceita o projeto de Jesus, o qual inclui todos ao plano da salvação. Essa é a questão!

Há outro filho (povo pagão), que disse não, mas que depois foi capaz de repensar a resposta e aderiu ao chamado em favor da vinha do Senhor. Jesus se refere aos pecadores, marginalizados, surdos, mudos e publicanos que vivem num caminho contrário ao projeto de salvação. Estes, pelas suas atitudes dizem não, mas na hora do chamado para vinha, abraçam de corpo e alma e seguem obedientes. Eles transformam suas vontades em favor do Reino de Deus. E inclusive dão testemunho do que falam e vivem na caminhada com o Senhor.

Diante deste ensinamento de Jesus, onde nos enquadramos? Com quem nos identificamos mais? Estamos do lado de quem? Dependendo da nossa postura, podemos nos assemelhar com o primeiro ou com o último filho. Muitas vezes dizemos “Senhor, Senhor” em nossas orações, mas não fazemos a vontade de Deus nosso dia a dia (cf. Mt 7,21). Poderemos falar de caridade, mas na prática, no contato com o outro, somos insensíveis e hostis. Isso significa dizer sim e não ir à vinha.

Por outro lado poderemos cair no pecado de recusa a vontade de Deus, de se colocar contrário ao seu projeto, porém, ao cairmos no arrependimento nos reconciliamos e a partir de uma decisão seguimos em frente fazendo a vontade de Deus. Muitas vezes, somos um pouco dos dois filhos. Com nossa natureza humana, vamos buscando acertar e dizer sim ao dono da vinha.

Quando o nosso discurso cristão está distante da prática, poderemos ser igual ao filho que disse ir para a vinha e não foi (cf. Mt 21,30). Nossa resposta positiva se dá na nossa caminhada com Cristo. Nossa confirmação para o discipulado é coerente quando assumimos a missão junto ao mestre que nos chama em cada momento de nossa vida.

Há um terceiro filho que diz sim e vai. O próprio Cristo é o filho coerente o qual devemos seguir e dar testemunho dele. Diz São Paulo: “Ele, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2,6-7). Cristo viveu a entrega total ao Pai quando se encarnou no meio de nós, sendo obediente até a morte e morte de cruz (cf. Fl 2,8).

Nós somos chamados a seguir o modelo do terceiro filho. Muito mais do que isso, deixar que o seu chamado e a sua pessoa faça parte de nossa vida, por inteiro. Quantas vezes precisamos nos entregar e nos esvaziar de nós mesmos, para que o Reino de Deus seja anunciado e seja presença na caminhada da Igreja. As nossas comunidades cristã são chamadas a viver o sim coerente ao projeto de salvação. Pelo batismo, somos todos chamados à grande vinha do Senhor. O nosso sim é a missão de cuidar da semeadura do Evangelho. Mas sempre com a consciência de que a vinha é sempre do Senhor.

E quando estivermos sentindo que o nosso sim está se tornando um não a Deus, pelos nossos pecados, precisamos repensar nossa vida. Precisaremos refazer o percurso, nossas atitudes, nossas ações e nossas orações. O ser cristão será sempre uma busca de viver o sentido de acordo com a Palavra de Deus.

Busquemos, sempre no Senhor, o sentido de nossa existência com ele. Rezemos com o salmo 24: Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação; em vós espero, ó Senhor, todos os dias!”. Amém!