II Domingo da Páscoa, Domingo da Misericórdia, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: At 2,42-47; Sl 118(117); 1Jo 5,-16; Jo 20,19-31

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo tem Misericórdia dos que Duvidam

Jo 20,19-31

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do II Domingo da Páscoa, o Domingo da Misericórdia, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar o Ressuscitado que derrama misericórdia nos que duvidam. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 20,19-31.

O evangelista João nos apresenta as primeiras experiências dos discípulos com o Ressuscitado em dois momentos, sempre no primeiro dia da semana.

Na primeira parte (cf. Jo 20,19-25) Jesus aparece quando estava anoitecendo e o grupo estava de portas fechadas, inseguros e o Ressuscitado, vencedor da morte, rompe a escuridão e declara “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Após mostrar as chagas, repete a saudação para que os discípulos tenham consciência de que a missão redentora agora é para os confins do mundo. Depois, Cristo sopra o Espírito para que anunciem a salvação e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada.

Na segunda parte (cf. Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: onde estava Tomé naquela primeira aparição? Talvez seu distanciamento fosse causado pela desesperança. Ao encontrar os irmãos, Tomé duvida da aparição de Cristo e também da Ressurreição, ele quer uma prova, como muitos de nós quando fraquejamos na fé e nos isolamos da comunidade. Oito dias depois, Tomé está na comunidade e vê o Senhor. Novamente Jesus deseja a Paz e convoca aquele discípulo que não acreditou antes, e diz a Tomé: “ ‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’.” (Jo 20,27). Jesus disse mais: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). A resposta de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo acolhe e tem misericórdia de Tomé que duvidou.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os que acreditam sem ter visto e sem ter tocado nas chagas, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu Corpo quando recebem a Eucaristia (inclusive espiritualmente), nutrindo-se da fé na vida verdadeira e prosseguindo no discipulado.
Portanto, cada Domingo também é como aquele Oitavo Dia, quando também professamos a nossa fé no Ressuscitado, quando escutamos os ensinamentos dos Apóstolos, louvamos, colocamos em comum a nossa oração, partilhamos o pão, fazemos nossas ofertas materiais e espirituais como as primeiras comunidades dos Atos dos Apóstolos (cf. At 2,46).

Há feridas humanas que precisamos sentir e tocar, as quais estão presentes nos crucificados dos nossos dias. Essas feridas aparecem nos que passam fome, nos desempregados, nos presos, nos que sofrem os impasses e impactos da pandemia, também nos que, injustamente, são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade e injustiças de opções e projetos políticos, econômicos e sociais.

Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, em muitas pessoas do bem, que se empenham em vista de uma sociedade justa, fraterna, solidária e cheia de vida e de paz.

E neste Domingo da Misericórdia peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do medo, do fechamento e do egoísmo, para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho, o qual se expressa na nossa alegria, na nossa paz, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Meu Senhor e Meu Deus

 

Tomé e seus irmãos somos nós,
Quando nos isolamos,
Quando também duvidamos,
E ficando tão distantes,
Numa tristeza constante,
Fechados e não acreditamos.

Tomé, assim somos nós
Quando queremos fazer comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
As feridas e ilusões.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e muito amor,
E assim recomeçamos.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
No seu Corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar vivo e crente,
Sem medo e sem duvidar.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
E de amor se consumir.

Como Tomé e os irmãos,
Nossas dúvidas então rompamos,
De portas abertas sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o Ressuscitado,
E então não desistamos.

Seja a Palavra luz forte,
Em nosso peregrinar,
Sua luz a nos clarear,
Pra vencer a escuridão,
E seguirmos de pé no chão,
Sem medo de tropeçar.

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que tem misericórdia dos que duvidam, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

 

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo tem misericórdia dos que duvidaram

Jo 20,19-31

 

Neste segundo domingo da Páscoa a liturgia da Palavra  nos traz um texto do evangelho de João (cf. 20,19-31), o qual nos apresenta dois momentos para nos mostrar a experiência dos discípulos em meio à Ressurreição de Jesus. Estes dois momentos acontecem sempre no primeiro dia da semana (Dies domini), o domingo, porque foi no primeiro dia da semana que tudo mudou na caminhada de fé dos primeiros seguidores de Jesus. Daí nasce a fé dos primeiros cristãos e que depois se espalhou por todo o mundo até chegar a nós do século XXI.

Na primeira parte (cf. Jo 20,19-25), o evangelista nos fala que estava anoitecendo quando Jesus aparece. A vida estava obscura para aquele grupo de seguidores, havia medo, insegurança, portas fechadas… E o Ressuscitado com a força do amor e da paz, rompe as barreiras físicas se pondo no meio deles e dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Era preciso que os discípulos ouvissem esta saudação para a confirmação de que o Príncipe da Paz estava no meio deles, Ressuscitado, vencedor, para trazer vida nova e reanimá-los para continuarem.

Depois, mostrando as marcas da crucificação, repete a saudação, confirmando sua presença de vida plena e anuncia que eles devem continuar a missão redentora da paz, da misericórdia, da justiça e do amor. Agora não devem ir somente para às aldeias, povoados e arredores de Jerusalém, mas para os confins do mundo.

Por isso o sopro do Espírito Santo foi concedido pelo próprio Ressuscitado para que anunciem e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada e dedicada também a missão do Redentor.

Na segunda parte deste Evangelho (cf. Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: Onde estava Tomé naquela primeira aparição? Por que estava distante dos irmãos? Talvez porque o seu desânimo era maior do que a esperança, e, portanto, foi inundado por esta realidade, ficando isolado, fechado em si.

Ao encontrar os seus companheiros, Tomé duvida da aparição de Cristo. Ele desafia a Jesus, pois não acredita ainda na sua ressurreição. Quer uma prova concreta como muitos de nós cristãos quando nos isolamos e ficamos fora da comunidade. Às vezes duvidamos das maravilhas de Deus, e nos tornamos incrédulos.

Oito dias depois a comunidade dos discípulos está reunida e Tomé está presente. Novamente Jesus deseja a Paz e se volta para Tomé e lhe diz: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Jesus disse mais: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’” (Jo 20,27-28). A resposta de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo tem misericórdia de Tomé que duvidou, mas que depois professou a sua fé no Ressuscitado e na sua ressurreição.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os discípulos que acreditam sem terem visto e sem ter tocado as feridas e sem contemplarem o lado de Cristo, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu corpo quando na fila de Comunhão o recebem para se nutrirem da fé na vida verdadeira e prosseguirem a caminhada de fé.

Há feridas humanas que precisamos sentir e tocar, as quais estão presentes nos crucificados deste mundo. Essas feridas aparecem nos que passam fome, estão desempregados, nos presos, nos que estão com o Coronavírus e nos seus familiares, também nos que, injustamente, são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade e injustiças de opções e projetos políticos, econômicos e sociais. Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, em muitas pessoas do bem, que se empenham em vista de uma sociedade justa, fraterna, solidária e cheia de vida e de paz.

E neste Domingo da misericórdia peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do nosso medo, do fechamento e de nosso egoísmo, para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho, o qual se expressa na nossa alegria, na nossa paz, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem. Amém!

 

***

⇒ POESIA ⇐

Meu Senhor e meu Deus

Tomé somos nós,
Quando nos isolamos,
Quando duvidamos,
E ficando distante,
Numa tristeza constante,
Fechados, sem acreditar.

Tomé somos nós,
Quando queremos comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
Querendo as feridas olhar.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e amor,
Para podermos recomeçar.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
Nos seu corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar obediente,
Sem medo e sem desistir.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
Pois, ele é o Ressuscitado.

Como Tomé e os outros,
Nossa dúvidas todas rompamos,
Abramos as portas e sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o Ressuscitado,
Que conosco quer caminhar.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que tem misericórdia dos que duvidam, ilumine o seu caminho! ***

 

DOMINGO DA MISERICÓRDIA, ANO  C – SÃO LUCAS

Leituras: At 5,12-16; Sl 117(118); Ap 1,9-11a.12-13.17-19; Jo 20,19-31

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Ressurreição: vida nova de Cristo que cresce pelo mundo

Jo 20,19-31

Acabamos de vivenciar a semana chamada de oitava da páscoa, na qual a liturgia da Palavra foi marcada profundamente por tantos testemunhos, através de milagres, medos por parte dos apóstolos, choro das mulheres. Estes foram pessoas que viveram primeiramente a experiência da ressurreição do Senhor e proclamaram para o mundo tantas maravilhas.

O evangelista João nos conta que era noite, primeiro dia da semana, as portas fechadas por medo dos Judeus (cf. Jo 20,19), ou seja, os que acompanharam Jesus de perto, estavam ainda nas trevas, marcados pelo medo e pelo desespero.

Era dia do Senhor, o dia da ressurreição, e Jesus aparece numa realidade gloriosa, vivo, trazendo a sua Paz, alegrando os discípulos, apresentando o seu sopro de vida nova, para enviar-lhes em missão e transmitirem a autoridade do perdão dos pecados. Por que ele veio para salvar a todos dos pecados do mundo, mostrando a face de um Deus eterno em amor e misericórdia.

Outro ponto importante do evangelho é a descrença de Tomé. Inicialmente, Tomé não estava na comunidade quando Jesus aparece a primeira vez e por isso se mostra incrédulo, como um cientista que quer provas palpáveis para acreditar na verdade da ressurreição.

Após um período de oito dias, novamente no primeiro dia da semana (domingo), o senhor vem ao encontro da comunidade e está lá Tomé para viver a experiência da fé na vida nova.

Tomé é convidado a tocar as chagas de Jesus para ver e crer, assim como muitos de nós que para acreditarmos na ação salvadora do Senhor, precisamos de provas, de situações concretas para poder aumentar o nosso amor ao Senhor.

Disse Jesus a Tomé: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). Nós, cristãos da atualidade, somos felizes quando vivenciamos a nossa fé na ressurreição de Jesus e quando vivemos também vida nova em nossa caminhada e ao mesmo tempo somos transmissores desta verdade.

O que somos capazes de proclamar para os outros sobre o Ressuscitado? O que nos motiva a vivermos uma experiência de convicção da nossa fé? O tempo pascal é propício para reavaliarmos a nossa experiência de discípulos e discípulas do Senhor e levarmos a frente esta verdade.

Tenhamos a certeza de que foi a convicção dos que seguiram Jesus ou ouviram a pregação sobre ressuscitado, que fez chegar até nós, no nosso tempo, a mensagem maravilhosa de que o Senhor ressuscitou e nós podemos ressuscitar com ele.

Precisamos meditar por que Tomé duvidou exatamente quando estava fora da comunidade dos discípulos e por que Jesus não apareceu somente a ele após a aparição aos outros? Onde estava Tomé, porque estava ausente?

E foi exatamente após a caminhada de uma semana que Jesus se apresentou mais uma vez e agora se encontra Tomé que é convidado pelo Senhor da vida a tocar nas suas chagas. Como Tomé, as vezes precisamos de mais tempo para absorvermos uma realidade nova em nossa existência.

O evangelista João faz questão de nos lembrar das marcas da crucificação e da presença de Tomé no grupo. Talvez por duas razões: primeiro para provar que era Jesus mesmo que estava ali com eles, com as feridas, pois fora crucificado e também para dizer que a fé dos apóstolos foi alimentada na experiência da comunidade reunida.

Portanto, amigos e amigas, é na partilha da mesma realidade e no encontro com os irmãos e irmãs que alimentamos a nossa fé na ressurreição do Senhor e somos motivados a prosseguir um caminho novo. Peçamos ao Senhor da vida que possamos professar com convicção a frase de Tomé: Meu Senhor e meu Deus. Muitas vezes somos como aquele apóstolo, não temos a fé suficiente para acreditar na presença de Deus em nossa vida. Ele que nos alimenta com sua Palavra e com seu corpo nos fortalecendo na caminhada de filhos e filhas de Deus.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

“Ele está no meio de nós”

Ele está em nosso meio,
No encontro e na alegria,
Na reza de cada dia,
Na partilha do pão,
Fazendo-nos comunhão,
Viva e Santa Eucaristia.

Ele está na caminhada,
Dos caminheiros queridos,
Que mesmo com os pés feridos,
Das estradas compridas,
As vezes trazendo fadiga,
Mas se sentem agradecidos.

Ele está em nossa vida,
Às vezes a portas fechadas,
Com a paz anunciada,
Para nos tranquilizar,
E fazer-nos caminhar,
Numa vida renovada.

Ele está em nosso ser,
Para a fé nos retomar,
E o medo espantar,
Pra nos dar a segurança,
E refazer-nos a esperança,
Para o caminho trilhar.

Enfim, ele está aqui e agora,
Quando faço poesia,
Nos passos de cada dia,
Presente em todo momento,
Sendo Deus fonte e alimento,
Que nunca se esvazia.

*** Que a Palavra e a Luz do Ressuscitado ilumine o seu caminho ***

 

II DOMINGO DA PÁSCOA – DOMINGO DA MISERICÓRDIA

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras:  At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

POESIA

MEU SENHOR E MEU DEUS

Tomé e seus irmãos somos nós,
Quando nos isolamos
Quando também duvidamos,
E ficando tão distantes,
Numa tristeza constante,
Fechados e não acreditamos.

Tomé, assim somos nós
Quando queremos fazer comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
As feridas e ilusões.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e muito amor,
E assim recomeçamos.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
Nos seu corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar vivo e crente,
Sem medo e sem duvidar.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
E de amor se consumir.

Como Tomé e os irmãos,
Nossas dúvidas então rompamos,
De portas abertas sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o ressuscitado,
E então não desistamos.

Seja a Palavra luz forte,
Em nosso peregrinar,
Sua luz a nos clarear,
Pra vencer a escuridão,
E seguirmos de pé no chão,
Sem medo de tropeçar.

 

HOMILIA

Cristo tem misericórdia dos que duvidam

 

Neste segundo Domingo da Páscoa, ressoa a voz do Ressuscitado: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto” (Jo, 20,29). O Evangelho de João apresenta-nos dois momentos para nos mostrar as primeiras experiências dos discípulos no encontro com o Ressuscitado.

No encontro da comunidade, Jesus se revela vivo e traz a Paz para os que estão com medo e mergulhados na insegurança. (Jo 20,19). Na vida comunitária também se acolhe os que estão em dúvida como Tomé (cf. Jo 20,25). Foi preciso que a comunidade dos discípulos tivesse calma e esperasse pelo processo deste discípulo, para, no momento, oportuno ele tivesse a experiência do seu encontro com o Senhor.

Então temos dois momentos, os quais se dão sempre no primeiro dia da semana (Dies domini, o dia do Senhor), o domingo, porque foi neste dia que tudo mudou na caminhada de fé dos primeiros seguidores de Jesus. Daí nasce a fé dos primeiros cristãos e que depois se espalhou por todo o mundo até chegar a nós do século XXI.

Na primeira parte (Jo 20,19-25), o evangelista nos fala: estava anoitecendo quando Jesus aparece. A vida estava obscura para aquele grupo de seguidores, havia medo, insegurança, feridas no coração dos discípulos, portas fechadas… E o ressuscitado com a força do amor e da paz, rompe as barreiras físicas se pondo no meio deles e dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19).

Era preciso que os discípulos ouvissem esta saudação para a confirmação de que o príncipe da Paz estava no meio deles, ressuscitado, vencedor, para trazer vida nova e reanimá-los para continuarem.

Depois, mostrando as marcas da crucificação, repete a saudação, confirmando sua presença de vida plena e ao mesmo tempo anuncia que eles devem continuar a missão redentora da paz, da misericórdia, da justiça e do amor. Agora não devem ir somente para às aldeias, povoados e arredores de Jerusalém, mas para os confins do mundo.

Por isso o sopro do Espírito Santo foi concedido pelo próprio ressuscitado para que anunciem e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada e dedicada também a missão do Redentor.

Na segunda parte deste Evangelho (Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: Onde estava Tomé naquela primeira aparição? Por que estava distante dos irmãos? Talvez porque o seu desânimo era maior do que a esperança, e, portanto foi inundado por esta realidade, ficando isolado, fechado em si, duvidando de Deus…

Ao encontrar os seus companheiros, Tomé duvida da aparição de Cristo. Ele desafia a Jesus, pois não acredita ainda na sua ressurreição. Tomé foi honesto em suas dúvidas, era preciso viver a experiência pessoal com o Senhor para pode professar: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28).

Este discípulo ausente no primeiro momento, quer uma prova concreta como muitos de nós cristãos quando nos isolamos e ficamos fora da comunidade. Às vezes duvidamos das maravilhas de Deus e de suas obras, e nos tornamos incrédulos quando não participamos da experiência do encontro com o Senhor na comunidade reunida.

Oito dias depois, os discípulos estão reunidos e agora está também Tomé, que dessa vez vê o Senhor. Novamente Jesus deseja a Paz e convoca aquele discípulo que não acreditou antes, e diz a Tomé: “‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Jesus disse mais: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’” (Jo 20,27-28).

A declaração de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo acolhe e tem misericórdia de Tomé que duvidou, mas que depois professou a sua fé no Deus da vida. Nós também somos acolhidos na misericórdia de Deus quando, pela nossa fraqueza e dúvida, queremos provas da sua presença no meio de nós.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os discípulos que acreditam sem terem visto e sem ter tocado as feridas e sem contemplarem o lado de Cristo, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu corpo quando na fila de Comunhão o recebem para se nutrirem da fé na vida verdadeira e prosseguirem a caminhada de fé.

Há feridas humanas que precisamos sentirmos e tocarmos! Elas estão presentes nos crucificados deste mundo e aparecem nos que passam fome, nos desempregados, nos presos e nos que injustamente são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade das realidades políticas, econômicas e sociais.

Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Quem romperá o grupo fechado no medo e na omissão dos que se dizem seguidores do ressuscitado? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, e, por isso lutam por uma sociedade nova e cheia de vida e de paz.

Somente os que deixam as portas se abrirem e saem em missão para anunciar a vida nova em Cristo, e que deixam Jesus inundar de paz e coragem a sua vida. Estes podem mostrar para o mundo o sentido verdadeiro da vida, da justiça e da esperança.

Quando nos fechamos em nosso egoísmo e individualismo e ficamos distantes da vida da Igreja que abre as suas portas e assim nos tornamos discípulos infecundos e incrédulos. A misericórdia do ressuscitado nos abraça e nos acolhe, fazendo-nos forte na fé e nos ajudando a tirar as dúvidas e insegurança sobre a vida nova.

Enquanto alimentarmos uma fé somente devocional e não no dedicarmos a vida de discípulos missionários, a alegria do evangelho ficará como que guardado em nossas normas frias e sem força para evangelizar o mundo. Ficamos como em templos de portas fechadas por medo, comodismo e pessimismo e com a ausência de confiança no ressuscitado.

Portanto, cada domingo também é como aquele oitavo dia, quando também professamos a nossa fé no ressuscitado. Em cada domingo, escutamos os ensinamentos dos apóstolos, louvamos, colocamos em comum a nossa oração, partilhamos o pão, fazemos nossas ofertas materiais e espirituais como as primeiras comunidades dos Atos dos Apóstolos (cf. At 2,46).

Em cada encontro, a partilha da vida, nas suas alegrias e tristezas, porque é aí que se alimenta a fé e se revigora a caminhado do dia a dia de nossa existência. E então, nos perguntamos: como está a nossa partilha em nossas comunidades? Somos capazes de sentir a necessidade verdadeira do irmão carente? Sentimos a presença do Ressuscitado em nosso meio? Com quem nos identificamos: com Tomé ou com os outros discípulos?

Peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do nosso medo, da nossa insegurança e do nosso isolamento para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho. Atitudes que se expressam na nossa alegria, na nossa paz, na nossa fraternidade, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem. Amém!

II DOMINGO DA PÁSCOA – DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA

Leituras: At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

POESIA

MEU SENHOR E MEU DEUS

Tomé somos nós,
Quando nos isolamos,
Quando duvidamos,
E ficando distantes,
Numa tristeza constante,
Fechados, sem acreditar.

Tomé somos nós,
Quando queremos comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
Querendo as feridas olhar.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e amor,
Para podermos recomeçar.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
Nos seu corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar obediente,
Sem medo e sem desistir.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
Pois, ele é o ressuscitado.

Como Tomé e os outros,
Nossa dúvidas todas rompamos,
Abramos as portas e sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o ressuscitado,
Que conosco quer caminhar.

HOMILIA

Cristo tem misericórdia dos que duvidaram

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, neste segundo domingo da Páscoa ressoa a voz do Ressuscitado: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto” (Jo, 20,29). O Evangelho de João apresenta-nos dois momentos para nos mostrar a experiência dos discípulos em meio à Ressurreição. Estes dois momentos acontecem sempre no primeiro dia da semana (Dies domini), o domingo, porque foi no primeiro dia da semana que tudo mudou na caminhada de fé dos primeiros seguidores de Jesus. Daí nasce a fé dos primeiros cristãos e que depois se espalhou por todo o mundo até chegar a nós do século XXI.

Na primeira parte (Jo 20,19-25), o evangelista nos fala que estava anoitecendo quando Jesus aparece. A vida estava obscura para aquele grupo de seguidores, havia medo, insegurança, portas fechadas… E o ressuscitado com a força do amor e da paz, rompe as barreiras físicas se pondo no meio deles e dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Era preciso que os discípulos ouvissem esta saudação para a confirmação de que o príncipe da paz estava no meio deles, ressuscitado, vencedor, para trazer vida nova e reanimá-los para continuarem.

Depois, mostrando as marcas da crucificação, repete a saudação, confirmando sua presença de vida plena e anuncia que eles devem continuar a missão redentora da paz, da misericórdia, da justiça e do amor. Agora não devem ir somente para às aldeias, povoados e arredores de Jerusalém, mas para os confins do mundo.

Por isso o sopro do Espírito Santo foi concedido pelo próprio ressuscitado para que anunciem e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada e dedicada também a missão do Redentor.

Na segunda parte deste Evangelho (Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: Onde estava Tomé naquela primeira aparição? Por que estava distante dos irmãos? Talvez porque o seu desânimo era maior do que a esperança, e, portanto foi inundado por esta realidade, ficando isolado, fechado em si.

Ao encontrar os seus companheiros, Tomé duvida da aparição de Cristo. Ele desafia a Jesus, pois não acredita ainda na sua ressurreição. Quer uma prova concreta como muitos de nós cristãos quando nos isolamos e ficamos fora da comunidade. Às vezes duvidamos das maravilhas de Deus, e nós tornamos incrédulos.

Oito dias depois os discípulos estão reunidos, inclusive Tomé, que dessa vez vê o Senhor. Novamente Jesus deseja a Paz e convoca aquele discípulo que não acreditou antes, e diz a Tomé: “‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Jesus disse mais: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’” (Jo 20,27-28). A declaração de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo tem misericórdia de Tomé que duvidou, mas que depois professou a sua fé no ressuscitado.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os discípulos que acreditam sem terem visto e sem ter tocado as feridas e sem contemplarem o lado de Cristo, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu corpo quando na fila de Comunhão o recebem para se nutrirem da fé na vida verdadeira e prosseguirem a caminhada de fé.

Há feridas humanas que precisamos sentir e tocar, as quais estão presentes nos crucificados deste mundo. Essas feridas aparecem nos que passam fome, estão desempregados, presos e nos que injustamente são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade das realidades políticas, econômicas e sociais. Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, e, por isso lutam por uma sociedade nova e cheia de vida e de paz.

Somente os que deixam as portas se abrirem e saem em missão para anunciar a vida nova em Cristo, e que deixam Jesus inundar de paz e coragem a sua vida, podem mostrar para o mundo o sentido verdadeiro da vida, da justiça e da esperança. Enquanto estivermos fechados em nosso egoísmo e individualismo e distantes da vida da Igreja que abre as suas portas, seremos discípulos infecundos e incrédulos.

Portanto, cada domingo também é como aquele oitavo dia, quando também professamos a nossa fé no ressuscitado. Em cada domingo, escutamos os ensinamentos dos apóstolos, louvamos, colocamos em comum a nossa oração, partilhamos o pão, fazemos nossas ofertas materiais e espirituais como as primeiras comunidades dos Atos dos Apóstolos (cf. At 2,46). Juntos, amamos o Senhor sem termos visto e esperamos a salvação que nos vem dele como nos fala São Pedro (cf. 1Pd 1,8).

Peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do nosso medo e do nosso isolamento para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho, o qual se expressa na nossa alegria, na nossa paz, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem. Amém!