IV Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐

 

Leituras: Jr 1,4-5.17-19; Sl 71(70); 1Cor 12,31-13,13; Lc 4,21-30

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Caridade como Chave para o Reino de Deus

Lc 4,21-30

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do IV Domingo do Tempo Comum, do Ano C, nos motiva a continuar contemplando Jesus de Nazaré, em Seu ministério, como sendo o cumprimento de tudo o que Deus prometeu ao povo através de Moisés e dos profetas. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 4,21-30, sequência, do tipo revezamento, do Evangelho do Domingo passado.

Nesta Liturgia, Jesus continua na Sinagoga de Nazaré, em observação a um dos preceitos do Sábado, quando anunciou o cumprimento da profecia de Isaías (cf. Is 61,1-2) sobre a chegada do Enviado do Pai portador da Boa-Nova aos pobres.

Para esta Liturgia, o início do Evangelho que a Igreja nos oferece é o final do Texto do Domingo passado, em Lc 4,21, que diz: “Então começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura’.” A afirmação de Jesus provoca reação em dois grupos diferentes: os que davam testemunho a Seu respeito pelas palavras que saíam da Sua boca (cf. Lc 4,22); e os que ficaram furiosos – estes O expulsaram da cidade e queria lançá-Lo no precipício (cf. Lc 4,28-29).

O Evangelho desta Liturgia nos proporciona dois elementos para meditarmos sobre a nossa ação evangelizadora. O primeiro é o fato de Jesus ser um conterrâneo: “Não é este o filho de José?” (Lc 4,22) e o segundo, que provoca a fúria de alguns, é que o Enviado do Pai não está a serviço de um grupo de privilegiados, como Jesus mesmo faz memória da ação de Deus em favor de estrangeiros como a viúva em Sarepta (cf. 1Rs 17,7-24) e do leproso Naamã (cf. 2Rs 5,1-27).

Pois bem, como discípulos missionários do Senhor precisamos caminhar com a pertença de algum lugar e com a liberdade profética que nos leva onde quer o Senhor. Na pregação sempre haverá os que escutam e ficam até admirados (e elogiam), depois dão testemunhos como seguidores do Senhor. Por outro lado, há os que não aceitam e até matam os profetas da verdade.

Na primeira leitura desta Liturgia, ouvimos sobre a vocação do profeta Jeremias. Diz o texto sagrado: “antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações.” (Jr 1,5). Somos, enquanto cristãos, chamados a pregar a experiência de ser como Cristo, que foi hostilizado (e ignorado) e perseguido. O chamado profético quer a nossa adesão, que nos aprofundemos na Palavra e que sejamos testemunhas do projeto salvífico no mundo (cf. CIgC 785).

Há, ainda, outra dimensão própria dos cristãos, presente tanto em Jeremias quanto em Lucas: a universalização da Palavra, em que todos são os destinatários da salvação, mas livres para aceitar ou rejeitar o Chamado de Cristo. Vimos, desde os profetas do Antigo Testamento, que a liberdade esperada pelos hebreus era destinada a todas as nações.

A segunda leitura desta Liturgia, da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, nos exorta para abraçar as virtudes necessárias para nos firmarmos na caminhada com o Senhor. Diz o Apóstolo: “atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.” (1Cor 13,13). Tudo o que fazemos deve ser fundamentado no amor caritativo, para que nossa pregação não caia no vazio e nossa ação social não seja apenas uma filantropia que não aponta para Deus e Seu projeto salvífico.

Por fim, peçamos a intercessão de São João da Cruz, Doutor Místico da Igreja e um dos principais ícones do Carmelo, que sejamos fortes para abraçar nossas circunstâncias com a certeza de que, como disse o próprio São João da Cruz, “ao entardecer do meu mortal viver serei julgado pelo Amor”. Amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

Marcados pelo Amor


Somente no amor,
Somos capazes de caminhar,
Seguir firmemente e sem desanimar,
Caminhar com o coração livre e dizer:
Que a caridade não se deixa vencer,
Pois o nosso julgamento final será pelo amor.
Quando em nós houve o agir acolhedor,
E a esperança nunca a desaparecer!
*
Somente com o amor,
Exalamos o perfume da vida verdadeira,
Vindo da Flor que sai da Videira,
Vida que segue até eternamente,
Se estendendo com calma e fraternalmente,
Fundamentada na Palavra sempre viva,
Encarnada e com a unção ativa
Que se cumpre no hoje no povo crente.
*
Somente no amor,
Semeamos também nos gestos de profecia,
Da verdade não aceitada que se anuncia,
Porque a Palavra está na boca dos profetas,
Para que as almas estejam despertas,
Denunciam as mentiras e as injustiças,
Os poderes, opressões e as cobiças,
E por isso caminha também em alerta!
*
Somente com o amor,
Somos capazes de entender,
Que desde o ventre e ao nascer,
Fomos por Deus, chamados e amados,
A serviço do Reino a ser implantado,
Que se dar na vida e na comunhão,
Na comunidade viva dos irmãos,
No encontro que nos faz congregados.

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Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos trouxe as virtudes necessárias para nos tornarmos filhos de Deus (cf. Jo 1,12), ilumine o seu caminho!

 

 

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C, SÃO LUCAS

Leituras: Jr 1,4-5.17-19; Sl 70(71); 1Cor 12,31;13-1-13; Lc 4,21-30

 

⇒ POESIA ⇐

MARCADOS PELO AMOR

Somente no AMOR,
Somos capazes de caminhar,
Seguir firmemente e sem desanimar,
Caminhar com o coração livre e dizer:
Que a caridade não se deixa vencer,
Pois o nosso julgamento final será pelo amor.
Quando em nós houve o agir acolhedor,
E a esperança nunca a desaparecer!

Somente com o AMOR,
Exalamos o perfume da vida verdadeira,
Vindo da flor que sai da videira,
Vida que segue até eternamente,
Se estendendo com calma e fraternalmente,
Fundamentada na Palavra sempre Viva,
Encarnada e com a unção ativa
Que se cumpre no hoje no povo crente.

Somente no AMOR,
Semeamos também nos gestos de profecia,
Da verdade não aceitada que se anuncia,
Porque a Palavra está na boca dos profetas,
Que falam, agem, motivam e despertam,
Denunciam as mentiras e a injustiças,
Os poderes, opressões e cobiças,
E por isso caminha também em alerta!

Somente no AMOR,
Somos capazes de entender,
Que desde o ventre e ao nascer,
Fomos por Deus, chamados e amados,
A serviço do Reino a ser implantado,
Que se dar na vida e na comunhão,
Na comunidade viva dos irmãos,
No encontro que nos faz congregados.

 

⇒ HOMILIA ⇐

A caridade como chave para o Reino de Deus

Lc 4,21-30

 

O Evangelho deste Domingo é a continuidade da liturgia dominical anterior. O texto do evangelista Lucas inicia exatamente onde terminou no Domingo passado: “Então começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura’.” (Lc 4,21). Diante da afirmação de Jesus dois grupos tiveram reações diferentes: os que davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca (cf Lc 4,22). E os que ficaram furiosos, que expulsaram da cidade e queria lançá-lo no precipício (cf. Lc 4,28-29).

Este texto nos traz duas reflexões importantes para a evangelização da Igreja nas diversas realidades humanas e culturais. Podemos recordar que diante das palavras de Jesus um grupo ficou admirado e até dava testemunho de Jesus, pois o reconhecia como um conterrâneo seu: “Não é este o filho de José?” (Lc 4,22). Porém outra turma ficou furiosa, pois quando Jesus faz memória da Primeira Aliança lembrando a ação de Deus em favor da viúva em Sarepta e do leproso Naamã que eram de outros povos, justificando que a ação de Deus não está restrita a um grupo de privilegiados, estes os expulsaram e queria assassiná-lo, lançando-o no precipício.

Pois bem, para os cristãos que estão na caminhada evangelizadora levando a Palavra como discípulos missionários, faz-se necessário estar atentos a estas duas realidades do mundo: na pregação sempre haverá os que escutam e ficam até admirados, depois dão testemunhos como seguidores do Senhor. Por outro lado, há os que não aceitam e até matam os profetas da verdade tentando calá-los.

Na primeira leitura lemos sobre o profeta Jeremias: “antes mesmo de te modelar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações.” (Jr 1,5). Aqui vale frisar a experiência da profecia. Os cristãos são chamados a viverem pela vida e pregarem a experiência de ser, às vezes hostilizado, ignorados ou perseguidos como Jesus.

Meu irmão, minha irmã, você já se sentiu perseguido porque falou verdade, porque denunciou alguma injustiça ou porque se colocou a favor da vida?

E há ainda outra dimensão própria dos cristãos e que Lucas faz questão de frisar nos seus textos: a universalização da Palavra. Ou seja, inicialmente, todos são destinatários da salvação, dentro da sua liberdade e possibilidade de aceitar ou não.

Quando se fala das nações é exatamente neste sentido da Palavra dirigida a todos os povos e não somente a Israel. Percebemos então que já havia uma mensagem da Palavra de Deus através dos profetas que fomentava a universalização da libertação esperada pelos hebreus, porém dirigida a todas as nações.

Por fim, é importante meditarmos sobre a carta de São Paulo aos coríntios: “atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.” (1Cor 13,13). Neste versículo temos a compreensão da base da vivência cristã, seja na evangelização ou nas ações sociais. Tudo o que fazemos deve ser fundamentado no amor com sentido caritas, pois sem este fundamento nossa pregação fica vazia e nossa ação será apenas uma filantropia fria e sem compromisso com o outro.

Peçamos as luzes do Espírito Santo para que ilumine nosso coração e nossa mente para entendermos o sentido principal do nosso ser cristão. Fiquemos com a máxima de São João da Cruz: “Pois ao entardecer do meu mortal viver serei julgado pelo amor.” Amém