31º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Por uma Igreja aberta a todos ⇐
⇒ Mês do Rosário 
⇒ Mês Missionário 2022 
» Tema: A Igreja é missão «
» Lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8) «

Leituras: Sb 11,22-12,2; Sl 144(145),1-2.8-9.10-11.13cd-14 (R. cf. 1); 2Ts 1,11-2,2; Jo 3,16; Lc 19,1-10

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Ele Veio Procurar e Salvar o que Estava Perdido

Lc 19,1-10

 

Meus irmãos e minhas irmãs, estamos no 31º Domingo do Tempo Comum, do Ano C, o quinto Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade (ou da comunhão da Igreja), roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 31º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo que veio procurar e salvar o que estava perdido.

E foi numa passagem de Jesus pela cidade de Jericó que a vida do rico, chefe dos cobradores de impostos, Zaqueu, foi transformada. Como uma criança ou como um garoto curioso, Zaqueu, por ser de baixa estatura (na sua “pequenez” humana) subiu numa árvore, um sicômoro ou uma figueira(1), para ver Jesus (cf. Lc 19,3). De uma atitude curiosa os dois olhares se cruzam. Jesus ergueu seu olhar para cima e logo ordena a Zaqueu que desça depressa, pois a salvação logo entrará em sua casa! (cf. Lc 19,5).

E Jesus entra não somente na casa do chefe dos publicanos, mas na vida daquele homem. O acolhimento e a escuta para com Zaqueu, o conduzirá a um exame de consciência. O seu ato penitencial o fará com que repense a sua vida, sua trajetória pregressa e suscite atitudes concretas, às quais mudarão para sempre sua vida. E de pé, Zaqueu proclama: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais.” (Lc 19,8).

O encontro com a pessoa de Jesus fará surgir, naquele que o encontrar, uma nova criatura, um testemunho vivo de compaixão, de honestidade, de moralidade e de caridade para com os pobres e as vítimas da corrupção. Jesus nos escuta, nos acolhe e nos acompanha com a sua misericórdia, com a sua amizade. Ele é um Deus próximo, que caminha conosco e que não discrimina ninguém em função de classes sociais ou econômicas, pois “o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.” (Lc 19, 10).

Jesus faz cumprir o que a Primeira Leitura desta Liturgia, do livro da Sabedoria, nos apresenta: “a todos, porém, tu tratas com bondade, porque tudo é teu, Senhor, amigo da vida. […] É por isso que corriges com carinho os que caem e os repreendes, lembrando-lhes seus pecados, para que se afastem do mal e creiam em ti” (Sb 11,26; 12,2).

Nosso Senhor quer que nós saiamos do nosso pecado e sigamos com nossa existência transformada para melhor, sem exibicionismo e prepotência. Não podemos levar a nossa vida cristã conduzida por obrigações e preceitos, mas de coração livre e disponível, numa atitude de humildade e acolhimento do outro, o qual não cabe a nós julgá-lo. Muitas vezes, podemos fazer parte da multidão e dos julgadores que impedem o irmão de ver Jesus. Porém, somente Deus na sua infinita misericórdia nos julga e nos ensina o caminho da nossa conversão e para a nossa salvação.

Na nossa caminhada de discípulos e missionários do Senhor, somos convidados a viver o nosso testemunho de perseverança e fé ativa, como nos fala São Paulo na Segunda Carta aos Tessalonicenses: “Que ele [nosso Deus], por seu poder, realize todo o bem que desejais e torne ativa a vossa fé.” (2Ts 1,11).

Que no encerramento do Mês Missionário e Mês do Rosário, continuemos rezando por todos os missionários, os que estão perto de casa e os que estão longe de sua terra natal, fazendo a Igreja ser missão e sendo testemunhas de Cristo (cf. At 1,8). A Igreja vive em estado permanente de missão, do mesmo modo os seus pastores e ministros, para o bem, para a justiça, para a paz e para a salvação do mundo, pois foi para isso que o Pai enviou o seu Filho (cf. Jo 3,17). Amém.

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(1) Em geral, as traduções bíblicas, referente a Lc 19,4, denominam essa árvore como sendo um sicômoro. Sicômoro é um tipo de figueira que produz um fruto de menor qualidade, mas que também é comestível. Na cultura bíblica, a figueira é um bom lugar para meditar a partir da palavra de Deus, tendo em vista que produz frutos comestíveis e é abundante na Terra Prometida, mas é também um lugar do justo. Recordamos que Amós, o profeta que denuncia a cruel realidade das “ruínas de José”, isto é, os pobres de Israel (cf. Am 6,6), além de vaqueiro, cultivava sicômoro (cf. Am 7,14) e foi enviado em missão para pregar no Reino do Norte.

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⇒ POESIA ⇐

Um Olhar que Encontrou a Salvação

 

Olhares que se encontraram e se cruzaram,
De Jesus e do publicano curioso,
Não conhecia o Deus misericordioso,
Jesus entra na casa e na vida de Zaqueu,
Que o acolhe e ele em muito se arrependeu,
Caminhará com o Mestre amoroso!
*
Mudará sua vida para sempre,
Dá-se conta que precisa partilhar,
Aos pobres em muito devolverá,
Proclama para Jesus sua conversão,
Reconhece seu pecado de corrupção,
Como discípulo agora quer caminhar!
*
Nosso Deus é um juiz compassivo,
Que acolhe todos sem distinção,
Ele escuta nosso louvor ou lamentação,
Muitas vezes quer nos visitar,
Entrar em nossa vida e operar,
Trazendo-nos a nossa salvação
*
Jesus vem procurar os pecadores,
Para lhes suscitar a conversão,
Transformar a vida e o coração,
Dos que se sentem perdidos,
Pelos os pecados corrompidos,
E assim opera a transformação!
*
Ó Senhor, Mestre querido e amado,
Nossa pequenez e fraqueza vem olhar,
Nossos olhos aos irmãos vêm purificar,
Tirai de nós, nossos julgamentos,
Transformai nossos pensamentos,
E o acolher vem nos ensinar!
*
Evita-nos fazer parte daquela multidão,
Que causa obstáculos para o pecador,
Que quer encontrar com o Senhor,
Sejamos seguidores da compaixão,
Como sinais de Deus para o irmão,
Alimentados do divino amor!
*
Ao banquete da Palavra e da Eucaristia,
Sejamos por Jesus todos convidados,
Em comunhão e também transformados,
Que o encontro santo gere confraternização,
Atitudes de paz, justiça e comunhão,
E por tua misericórdia sempre abraçados!

 

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Obra: “Zacchaeus in the Sycamore Awaiting the Passage of Jesus”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que veio procurar e salvar o que estava perdido, ilumine o seu caminho! 

 

 

IV Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Domingo da Alegria, Domingo Lætare, Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: 2Cr 36,14-16.19-23; Sl 137(136); Ef 2,4-10; Jo 3,14-21

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Amor Gratuito de Deus por Nós

Jo 3,14-21

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo da Quaresma, o Domingo da Alegria, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar o amor gratuito de Deus por nós. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 3,14-21.

Com esta Liturgia a Igreja nos lembra da proximidade da Páscoa, o grande dia da vitória de Cristo, quando cantaremos, com grande júbilo, o Aleluia e o Glória em honra ao vencedor da morte, Ressuscitado para também nos ressuscitar. Este é o motivo de celebrarmos o Domingo Lætare, do latim “Alegra-te!”, pois se aproxima o grande dia.

O evangelista João nos apresenta o encontro com Nicodemos, em que Jesus demonstra o amor ilimitado e gratuito de Deus pela humanidade. Ele faz referência à serpente erguida no deserto comparando-a com a sua crucificação. No deserto, os israelitas não foram convidados a erguer os olhos para a serpente de bronze para contemplá-la, que é um animal venenoso em si, mas para voltar o olhar para o alto, onde Deus está. Deus que cura e liberta a todos do mal.

O Evangelho nos convida a olhar para o Crucificado, não para ver apenas o sofrimento cruel e humilhante, mas para perceber o limite do amor de Deus por todos nós. Este Deus que entregou seu Filho para que crendo alcancemos a vida eterna (cf. Jo 3,16). Por isso somos chamados a caminhar com dignidade, mesmo em meio as tentações e as cruzes. Deus nos oferece os meios para nos livrar do veneno do pecado que impede a salvação. Jesus veio nos mostrar o caminho do amor e da salvação e não o da condenação (cf. Jo 3,17).

Deus sempre caminhará conosco, apesar da nossa infidelidade, como podemos ver na Primeira Leitura desta Liturgia. O povo, que teve o Templo destruído, receberá de Deus o grande favor através do rei Ciro, que é tocado para anunciar a reconstrução do Templo, que foi destruído pela infidelidade e desobediência aos Mandamentos.

Muitas vezes, em função da nossa carne fraca, nós reforçamos a imagem de que Deus é vingativo. Nossas faltas e pecados são consequências de nossas escolhas em desobediência aos Mandamentos. Além de nossas falhas, as quedas podem ser provocadas pela ação do inimigo que nos tenta com diversas seduções.

Nesse sentido, o evangelista João nos mostra que a salvação é obtida hoje, no agora de cada um, pois depende das escolhas a cada momento, afirmando que “Quem nele crê, não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus.” (3,18).

A condenação, portanto, virá quando não houver adesão ao projeto do Filho de Deus. Logo, devemos carregar a certeza de que a salvação é gratuita para os que têm fé, porém a adesão é espontânea. Nunca será tarde para nossa adesão e arrependimento, mas precisamos ter pressa na decisão para que nossas ações de amor e de testemunho também ajudem o mundo a melhorar.

E neste ano, em que a Campanha da Fraternidade trás como tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” vamos lembrar o que o Papa Francisco nos fala por ocasião do lançamento desta Campanha: “a fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial a vida dos mais vulneráveis”. E no contexto de pandemia, o Papa Francisco ainda fala: “precisamos vencer a pandemia e nós os faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida.”

Que o Espírito Santo nos guie neste itinerário para a Páscoa, para que, ao chegarmos à festa do Ressuscitado, tomemos posse da alegria do Cristo que venceu a morte para nós. Ergamos nossa cabeça em direção a Deus, que nos liberta e nos salva. É no alto da cruz que encontramos a razão da entrega de Deus por amor a toda humanidade.

 

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⇒ POESIA ⇐

Um Amor que se Derrama

 

Por amor,
Deus nos pensou,
Para que fôssemos amados,
E agraciados,
Como um grande presente,
Basta que sejamos crentes.

Por amor,
Deus nos criou,
Para o mundo embelezar,
E o governar,
Com sua sabedoria,
Que nunca se esvazia.

Por amor,
Deus se encarnou,
Para a nossa salvação,
E para a santificação,
Conosco vem caminhar,
Ensinando-nos a amar.

Por amor,
Deus se entregou,
Um Deus apaixonado,
Por nós crucificado,
Ergamos a visão,
Para a nossa salvação,

Por amor,
Deus nos iluminou,
Com o Espírito Santo,
O Eterno encanto,
Que, pelo mundo inteiro,
Fez-nos mensageiros.

Por amor,
Deus se fez alimento,
Na Palavra e na Eucaristia,
Que nos traz a alegria,
Do encontro verdadeiro,
Dos fiéis companheiros.

 

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**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o enviado do Pai para salvar o mundo, ilumine o seu caminho! ***