I Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐

 

Leituras: Jr 33,14-16; Sl 25(24); 1Ts 3,12-4,2; Lc 21,25-28.34-36

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Advento Chegou! Esperemos Alegres o Senhor que Vem!

Lc 21,25-28.34-36

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do I Domingo do Advento do Ano C, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar a chegada desse Tempo com os temas da Encarnação do Verbo de Deus no seio da Virgem Maria e a expectativa da segunda vinda de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 21,25-28.34-36, passagem que está localizada na quinta parte do Evangelho segundo São Lucas, intitulada “O ministério de Jesus em Jerusalém”.

Nesta Liturgia Jesus está no Templo ensinando aos Seus discípulos. Essa ação ocorre nos dias posteriores à entrada messiânica e os eventos de Sua paixão, quando passa o dia ensinando no Templo e as noites, ao relento, no monte das Oliveiras.

O evangelista Lucas apresenta uma perspectiva de libertação dos que buscam em Deus a salvação. Por isso, Jesus alerta: “ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem.” (Lc 21,36). Para os judeus, o fim do mundo significava a destruição de Jerusalém. No entanto, o que Jesus anuncia é o início do tempo do novo Povo de Deus, que inclui todas as nações.

Esse novo tempo de salvação está anunciado na primeira leitura desta Liturgia. Diz o profeta Jeremias: “Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante; este é o nome que servirá para designá-la: ‘O Senhor é a nossa Justiça’.” (Jr 33,16). Já a segunda leitura desta Liturgia, São Paulo, dirigindo-se aos tessalonicenses, confirma a promessa da vinda gloriosa de Cristo, quando expressa “que assim ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.” (1Ts 3,13).

A Liturgia de hoje, portanto, nos motiva a ficar atentos quanto ao anúncio do Evangelho, de modo que seja transmitido na esperança e na fraternidade. A violência que vemos todos os dias através dos meios de comunicação é consequência da ausência do Deus amor e também da ausência da Palavra proclamada e rezada em família, experiência essa que deve ser alimentada pela participação na Missa, nos círculos bíblicos, com o Santo Rosário ou outra modalidade que provoque a conversão e a firmeza na caminhada.

São estas atitudes que nos prepararão para acolhermos Jesus Menino, que veio morar conosco e sentir nossas dores, mas também nossas alegrias e vitórias. O Advento é propício para termos atitude de cautela, de alegre espera, porém vigilantes. Por isso precisamos tomar cuidado em nossa vida cotidiana, na evangelização, que às vezes é falha, raquítica e marcada por preconceitos.

Também devemos ter cuidado com a “nossa” zona de conforto traduzida no “está tudo bem” dos limites das missas dominicais, dos serviços e pastorais…, mas e lá fora como está? É nosso dever saber? Precisamos ir aos que foram batizados e não vieram mais à Igreja? O Advento, como primeira etapa do ciclo do Natal que é finalizado no Batismo do Senhor, também tem a função de nos conduzir para a noite de Natal, quando seremos testemunhas junto com os anjos e os pastores.

E neste Domingo, em que a Igreja, universalmente, está voltada para o início de mais um Ano Litúrgico, a ser iluminado pelo evangelista Lucas, queremos motivar a caminhada no itinerário da Novena de Natal. Em 2021, a Novena, ofertada pela CNBB, tem como guia a Encíclica Fratelli Tutti(1), sobre a fraternidade e a amizade social, assinada pelo Papa Francisco no dia de São Francisco de Assis em 2020, sobre o túmulo do Santo de Assis.

Peçamos a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, cultuada no dia 27 de novembro, que ela rogue por nós para que sejamos merecedores do Espírito Santo, Espírito da Paz, e preparados para acolher o Menino Deus. Amém.

 

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(1) Cf. Carta Encíclica Fratelli Tutti. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html>. Publicado em: 3 out. 2020. Acesso em: 26 nov. 2021.

 

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⇒ POESIA ⇐

A Nossa Alegre Espera

Caminhamos esperando o Senhor,
Na verdade, já caminhamos com Ele,
No encontro com a sua Palavra,
No alimento do Seu Corpo,
E no saciar da sede da alma.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Com cuidado nas nossas ações,
Com a alegria em vez do medo,
Com o olhar atento à vida,
Marcados pela esperança.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Atentos aos irmãos que tropeçam,
Também, levantando das nossas quedas,
Mas querendo caminhar de novo,
De mãos dadas na missão.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Vivendo a oração perseverante,
Num olhar além do nosso chão,
Na estrada de todos os discípulos,
Para estar de pé diante d’Ele.

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Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a estar preparados para a Sua vinda, ilumine o seu caminho!

 

 

I Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Gn 9,8-15; Sl 25(24); 1Pd 3,18-22; Mc 1,12-15

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo nos Ensina a Vencer as Tentações

Mc 1,12-15

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do I Domingo da Quaresma, do Ano B, nos motiva a contemplar Jesus conduzido pelo Espírito ao deserto para viver a experiência do jejum e da oração a fim de nos ensinar como vencer as tentações. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,12-15.

O evangelista Marcos nos apresenta Jesus que vai ao deserto, logo após o seu batismo, para se preparar para a sua missão: pregar o Reino de Deus e trazer a salvação a todos.

Após retornar do deserto, Jesus vai para a Galileia pregando o Evangelho. A sua mensagem principal é um alerta e, ao mesmo tempo, um convite: o tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo (cf. Mc 1,15). Para dizer: o tempo da pregação de João já passou, agora chegou o Messias do qual ele pregou ao povo.

A segunda mensagem é exatamente um apelo ao povo: convertei-vos e crede no evangelho (cf. Mc 1,15). A mudança de vida e fé na Boa-Nova são requisitos concretos para a acolhida e a realização do Reino de Deus.

Na Quarta-Feira de Cinzas a Liturgia nos apresentou as bases para a vivência quaresmal e os exercícios da esmola, do jejum e da oração, mais que penitenciais, devem ser vividos rasgando o coração e não as vestes, como profetizou Joel (cf. Jl 2,13), na primeira leitura da Liturgia da Quarta-Feira de Cinzas. Ou seja, é a partir de uma atitude interior que devemos viver este retiro de quarenta dias em nossa Igreja.

Na primeira leitura desta Liturgia, Deus se dirige a Noé e a seus filhos para estabelecer uma aliança com eles e inclusive com toda a criação de animais, prometendo não provocar mais dilúvio (cf. Gn 9,9.11). E o sinal desta promessa, desta aliança, será o arco nas nuvens o qual representará este pacto do céu com a terra.

A mudança de vida sempre nos ajudará a evitar os diversos dilúvios que produzimos com a violência. Olhando o nosso mundo, são tantos os desastres construídos por nós em função de interesses financeiros que produzem desemprego, pobreza e morte.

A falta de cuidado com a criação de Deus nos faz devastadores da natureza e nos colocam em descaso com a saúde do nosso planeta, nossa “casa comum”. Para isso, precisamos mudar as nossas atitudes e somente a conversão nos afastará dos diversos dilúvios.

Deus quer sempre reconduzir a humanidade para o bem, ele destrói o mal e por isso estará em busca de conduzir a todos nos seus caminhos. Portanto a ação de Deus é sempre uma busca de reconstruir o coração do homem para que siga a sua aliança e carregue no seu coração os preceitos de amor e fidelidade.

O apóstolo Pedro, na segunda leitura, diz que o dilúvio representa o nosso batismo, pois assim como do dilúvio surge uma nova humanidade, no batismo somos renovados para uma vida nova em Cristo. Porém não significa que já somos vitoriosos, mas que iremos também enfrentar as tentações como Jesus enfrentou.

Na vida sempre teremos provações. Seremos tentados, mas com Cristo venceremos, pois ele nos ensinou como vencer. Não somente no deserto ele foi tentado e perseguido, mas durante toda a sua missão. Por que a sua pregação causou mudanças nas estruturas do velho homem. Os poderes humanos foram abalados pela Palavra que se fez carne.

E neste ano a Campanha da Fraternidade nos apresenta o tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” e o lema, tirado da Carta de São Paulo aos Efésios, “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez unidade. Que sejamos cristãos do diálogo, evitando as diversas divisões e os julgamentos contra os irmãos, pois não somos juízes um dos outros e sim filhos do mesmo Pai e pertencentes ao mesmo rebanho do Senhor.

Que o Espírito Santo nos conduza pelos desertos da vida e que aprendamos de Jesus como vencer as tentações a fim de fortalecer nossa conversão aos caminhos do Evangelho e anunciarmos o Reino com o testemunho de nossas vidas e com anúncio verdadeiro da palavra do Senhor.

 

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⇒ POESIA ⇐

Os Desertos da Vida

 

Por onde caminhamos,
Inseridos na vida do Senhor,
Não estamos livres das tentações,
Que nos traz medo e dor,
Mas Cristo no dá forças e nos ensina
E grava em nossos corações,
Como vencer o tentador.

Pelo nosso Santo Batismo,
Como Jesus, quando batizado,
E conduzidos pelo Espírito Santo,
Somos todos também tentados,
Nas diversidades da vida terrena,
Quando marcados pelo pranto,
Com Cristo somos justificados.

E do deserto nós descemos,
Para no mundo anunciar,
Vivendo como discípulos em missão,
Com o testemunho e também a pregar,
Nos caminhos escuros da humanidade,
Semeando a paz e comunhão,
Com fé e sem medo de tropeçar.

Somos o povo de Deus peregrinando,
Pelo mundo de tantas diversidades,
Reunimo-nos para o culto ao Senhor,
Para fortalecer nossas capacidades,
Que vem da fonte do puro amor,
Comungamos do alimento eterno e santo,
Que nos conduz a eternidade.

 

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**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o novo Adão que nos trouxe o dom gratuito e superabundante da justiça, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Jn 3,1-5.10; Sl 25(24); 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Pescadores no Mar da Humanidade

Mc 1,14-20

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do III Domingo do Tempo Comum, deste Ano de São José, nos motiva a caminhar com Jesus que prega a Boa-Nova tão esperada pelo povo de Israel. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,14-20.

E a Boa-Nova é a chegada do Reino, a proximidade da realeza de Deus. Por isso todos devem se voltar para Deus através da conversão (cf. Mc 1,15). E para a expansão do Reino, Jesus chama colaboradores, para caminharem com ele e se prepararem para a missão. Inicialmente, ele compõe um quarteto de discípulos para ajudá-lo em sua obra salvadora: Pedro e André, Tiago e João. É interessante que estes primeiros quatro homens convocados por Jesus eram todos pescadores, estavam no mar, nas suas atividades profissionais (cf. Mc 1,16-19).

Imediatamente deixam seus afazeres e seguem o mestre… porque “é preciso pescar diferente e o povo já sente que o tempo chegou”[1], assim nos fala uma canção do Pe Zezinho. Os discípulos continuarão pescadores, mas agora de pessoas, mudarão suas vidas e a de tantos que abraçarem o Chamado. As relações familiares serão mudadas porque o Caminho de Jesus está acima dos relacionamentos humanos.

Jonas, na primeira leitura desta Liturgia, é o mensageiro para converter os ninivitas dentro de um prazo de quarenta dias (cf. Jn 3,4). Sua mensagem é forte. O povo e o rei se convertem e a cidade foi preservada da destruição anunciada. Deus nos pede mudança de atitude. Assim foi a atitude dos ninivitas após a pregação de Jonas: “creram em Deus, convocaram um jejum e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.” (Jn 3,5).

Abraçar o caminho do Senhor nos impele a mudar hábitos, a mudar ações e qualidade das relações. Como os discípulos de Jesus, que deixaram a rotina das redes para serem seguidores, os ninivitas deixaram a rotina de pecado e transformaram a cidade em um lugar de paz e fraternidade, deixando que Deus conduzisse as suas vidas.

Nós cristãos também temos nossas redes particulares e que de diversas formas nos prendem a uma zona de conforto, que nos impede de sair em missão. Mesmo batizado, indo às celebrações semanais e praticando os preceitos, devemos sempre nos perguntar se algo mais deva ser feito pelo Reino de Deus.

Paulo, na sua Primeira Carta aos Coríntios, faz referência à brevidade do tempo dos homens. É preciso ficar atento porque as coisas terrenas passam e o amor de Deus precisa ser acolhido antes que seja tarde (cf. 1Cor 7,29-30). É urgente que aprofundemos nosso caminho com Cristo. Seja em nossa vida matrimonial, celibatária, de solteiros ou de viúvos, faz-se necessário que o nosso olhar esteja em Deus, porque o tempo da graça de Deus chegou para vivermos com mais intensidade a experiência com Deus.

Peçamos ao Espírito Santo que nos fortaleça para rompermos a nossa zona de conforto, seja ela qual for. Faz-se necessário sairmos em movimento, escutando o chamado de Jesus e seguindo em missão, como os discípulos saíram e propagaram pelo mundo o Evangelho.

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[1] Trecho da letra da música Há um barco esquecido na praia (Pe. Zezinho), Graça e paz, 1985, COMEP/Paulinas.

 

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⇒ POESIA ⇐

Pescadores no Mundo

Dos mares e das redes pessoais,
Saem os discípulos com o Senhor,
Atendem o chamado sem protelação,
Abraçam o caminho com muito amor,
Suas vidas e seus atos se transformarão,
Estão a serviço com grande ardor,
Seguindo os caminhos da santa missão.

Serão pescadores no mundo dos homens,
Buscando a muitos para a conversão,
Aprendem com o mestre como caminhar.
Pregando, curando e também a oração,
Para durante as jornadas não desanimar,
Porque desafios e tempestades enfrentarão,
Mas é preciso sempre e sempre continuar.

Mas uma coisa, deverão aprender,
Que suas vidas primeiro precisam mudar,
Para o testemunho de homens eleitos,
Seus caminhos comuns precisam alterar,
Pelo contrário não viverão o preceito,
Que é viver o Reino e este implantar,
Tem que ter conversão não há outro jeito.

E nós batizados, também seus discípulos,
Queremos de nossas redes desapegar,
Seguir os caminhos para salvação,
Deixando que a Palavra venha nos moldar,
Não tendo medo da transformação,
Que o chamado venha nos causar,
Para seguir o Cristo e sua missão.

A missão é de Cristo por excelência,
Devemos apenas lhe obedecer,
Sendo discípulos no aqui e no agora,
Para sua obra deixarmos crescer,
Não fujamos e nem vamos embora
Porque ele chama a todos a se converter,
Porque o Reino chegou sua hora.

E na ceia, lugar do amor partilhado,
Todos os discípulos sempre reunidos,
Para o encontro da vida de união,
Alimenta-se na alegria e são agradecidos,
Pois em Cristo, todos são irmãos,
Povo em missão e escolhido,
Vivendo na terra e no céu a comunhão.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, presença concreta do Reino de Deus entre nós, ilumine o seu caminho! ***