V Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 6,1-7; Sl 32(33); 1Pd 2,4-9; Jo 14,1-12

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus, no Caminho, Verdade e Vida

Jo 14,1-12

 

Estamos no 5º domingo da Páscoa quando o evangelho para esta liturgia está em Jo 14, 1-12: “Eu sou o Caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). Estas palavras foram ditas para os seus discípulos momentos após o gesto do Lava-pés, quando Tomé se declara um pouco angustiado sem saber para onde ir (cf. Jo 14,5). Jesus se apresentando como o caminho, indica que para segui-lo, seus discípulos devem estar em constante movimento. E abraçar a peregrinação da missão pelo mundo, levando, com o testemunho, a verdade e a vida.

Felipe faz um pedido: Senhor mostra-nos o Pai, isso nos basta (cf. Jo 14,8). Diante destes sentimentos dos discípulos, Jesus responde que o seu rosto misericordioso é a imagem do Pai (cf. Jo 14,9-11). Olhar para ele, ver suas ações, seu jeito de lidar com as pessoas, seu acolhimento e seu perdão, expressam a ação e a imagem de Deus Pai.

Os discípulos, após a ressurreição, como continuadores da missão de Jesus e em comunhão com ele, deverão apresentar em suas ações, a presença de Cristo ressuscitado que viveu em comunhão perfeita com o Pai e que, após a sua ressurreição, encarregará todos os seus seguidores de agirem como seu mestre.

Na leitura de Atos dos Apóstolos (cf. 6,5-6), podemos conferir que a missão se expande e se faz necessário eleger mais discípulos para que o serviço do amor seja executado. Nesse momento são escolhidos os sete primeiros diáconos da Igreja, para que estejam a serviço da caridade em favor dos necessitados. A Igreja nasce do amor aos pobres e necessitados, porque Cristo viveu toda a sua caminhada terrestre em função do amor aos necessitados e do serviço da justiça e da paz entre as pessoas. Hoje devemos retomar a Igreja dos Atos dos Apóstolos, voltando o nosso olhar e a nossa ação para o serviço dos carentes materiais, espirituais e humanos.

São Pedro na sua primeira carta vai nos dizer: “Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, formai o edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Cristo” (1Pd 2,5). Assim serão todos os batizados, discípulos de Cristo, em favor do Reino de Deus, os quais são enviados a mostrarem o rosto misericordioso e caridoso do Pai, como pedras vivas, na edificação de um mundo novo.

Nas primeiras comunidades, os seguidores de Jesus viveram a experiência de missão além da Galileia. O desafio foi espalhar a Palavra de vida pelo mundo e, para esse fim, foi necessária a expansão com novos discípulos para dar continuidade a missão de Cristo na Igreja nascente. Também era preciso que os missionários tivessem a consciência de que deveriam ser pedras vivas e edifícios espirituais.

Hoje, são os cristãos as pedras vivas para a construção de uma Igreja que vive a missão da caridade, da evangelização e da formação de novos discípulos. Os batizados são chamados a espalharem o amor também, pelas famílias sem muros, através do serviço aos necessitados e abandonados. Esta é também a Vinha do Senhor que precisa de cuidado e carinho dos seus discípulos.

Hoje os cristãos são chamados a serem sinais de Cristo além dos altares e dos templos, acolhendo, escutando e cuidando das pessoas isoladas e machucadas pelas tantas realidades de sofrimentos. Cristãos, sal da terra e luz do mundo, nestes tempos de pandemia, onde muitas pessoas sofrem e morrem com o Covid-19, com outras doenças e, ao mesmo tempo, estes seres humanos são hostilizados pelo vírus da indiferença, da falta de cuidado, falta de respeito, falta de compaixão e de solidariedade. Muitos perderam a esperança e a coragem de lutar por um mundo de paz e de justiça, outros foram embriagados pelas ideologias que trazem como consequências a revolta, o vazio e a angústia da desestruturação familiar e social.

Enfim, o rosto amoroso e misericordioso de Cristo deve está presente em cada um de nós. Somos batizados (inseridos) em Cristo para expressarmos a imagem dele neste mundo, como sacerdotes a serviço do culto verdadeiro, como profetas anunciadores da Palavra da verdade e reinando com o Senhor sobre as potestades e pestes que afligem o nosso mundo. Este é nosso caminho, busquemos e ajudemos as pessoas a encontrarem o caminho da vida e da esperança, o próprio Cristo e sua Palavra que liberta e salva. Amém!

 

***

⇒ POESIA ⇐

Cristo, rosto de Deus

Não se perturbe teu coração,
Mas tenha a fé no Senhor,
Porque ele é o caminho,
Rosto divino do amor,
Que nos ensina a caridade,
Que nos leva a eternidade,
Ele é nosso redentor.

O Senhor também é vida,
Para a nossa alegria,
Faz-nos seus missionários,
E dá-nos paz a cada dia,
Sua vida é sempre nova,
Sua ressurreição é a prova,
De tudo que ele anuncia.

Somos nele pedras vivas,
Ele, a Pedra angular,
Somos também nação santa,
Para o mundo edificar.
Nossa fé nos faz honrados,
Em Cristo somos banhados,
Banho que nos vem salvar.

E abraçando a caridade,
Em favor de toda a gente,
O Senhor nos convocou,
A servi-lo para sempre,
Vivendo a diaconia,
Na noite e também no dia,
Em favor do irmão carente.

Ele, nossa divina verdade,
Que nos dar a esperança.
Nós seguimos com coragem,
Vivendo na temperança.
Palavra que nos orienta,
Corpo e sangue que sustenta,
Trazendo-nos a segurança.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,14a.36-41; Sl 22(23); 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus Cristo é o verdadeiro Pastor dos “pastores”

Jo 10,1-10

 

Estamos no 4º Domingo da Páscoa, também conhecido como o domingo do Bom Pastor, quando contemplamos o Senhor como nosso guia eterno. Ele, que nos conduz e que nos ensina por onde caminharmos, também nos ensina a sermos discípulos pastores, porque muitas vezes temos um pequeno ou grande rebanho (paróquia, diocese, comunidade, família, grupo, pastoral ou movimento) sobre nossa responsabilidade para caminhar com ele. Porém este mesmo rebanho é sempre do Senhor, ele é o dono, e é quem conduz o seu povo.

E o evangelho desta liturgia está em João (cf. 10,1-10). Neste texto, Jesus nos diz: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo” (Jo 10,9). Quando nós vamos à celebração encontramos a casa do Senhor de portas abertas, para que nos encontremos com ele, possamos nos reunir como rebanho dele. Queremos escutar a sua voz e participar do seu banquete, onde encontramos o alimento eterno que é a sua Palavra, o seu corpo e o seu sangue.

O que nos cabe como seguidores do supremo Pastor é que façamos o esforço de imitá-lo, amá-lo e buscar nele a nossa força e salvação. Que possamos também carregar em nosso ministério e em nossas responsabilidades o cheiro dos que estão sob nossa condução, como nos fala o Papa Francisco: “Vo-lo peço que sejam pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens.”[1]

Precisamos também nos lembrar de que diante do que vivemos na caminhada cristã somos primeiramente rebanho do Senhor. Antes de tudo somos convidados a ouvir a voz do nosso pastor, Cristo, para seguirmos por caminhos seguros, por lugares onde haja alimento, paz, justiça e a certeza de segurança em Deus.

Hoje são muitas as vozes e pastores que se dizem verdadeiros, que querem ser ouvidos e seguidos. Diante de tantas realidades e ofertas de vida, de tantas opções, que o mundo oferece, faz-se necessário que primeiramente nos acostumemos a ouvir a voz de Cristo que nos fala pela Palavra Sagrada, que nos convoca através das celebrações da Palavra e da Eucaristia. Agindo primeiro desta forma, teremos o discernimento de seguirmos pelo caminho que nos leva a verdadeira liberdade e à salvação.

No tempo em que Cristo caminhou com os homens, pela Galileia, antes da sua ressurreição, existiam também os falsos pastores, os ladrões e assaltantes (cf. Jo 10,8). Estes não ofereciam vida e segurança para o povo e, portanto, armavam pesados fardos através de leis injustas e preconceituosas as quais oprimiam as pessoas, principalmente, os pobres, as mulheres, os doentes…

Hoje não é diferente, há ainda muitas vozes e portas que soam e se abrem para nós, nos apelando para as injustiças, para as fake news (notícias faças), a hipocrisia, a ganância, a opressão e para as ideologias que nos desviam do caminho do Bom Pastor. São caminhos de ilusões e escravidões na nossa existência

Precisamos treinar o nosso ouvido para podermos ouvir a voz verdadeira que vem de Cristo. Somos um rebanho que muitas vezes não encontra a porta verdadeira e por isso caímos no pecado e nos perdemos.

Como ovelhas, vivendo no rebanho do Senhor e seguindo-o como discípulos seus, podemos atrair outras ovelhas para seguirem pelo caminho do Bom Pastor. Isso aconteceu com a pregação de Pedro, como podemos conferir no livro dos Atos dos Apóstolos (cf. 2,41), quando se uniram a eles mais ou menos três mil pessoas, depois que Pedro pregou ao povo no dia de Pentecostes.

Precisamos buscar sempre no Senhor o nosso repouso. Ele nos conduz por caminhos de alegria e alimentos fartos, ele nos abre a porta, nos leva ao seu banquete (cf. Sl 22/23), para que nos saciemos e encontremos o amor e a paz.

Que o Espírito Santo nos anime e nos ilumine quando for preciso retornar aos braços do Bom Pastor e nos dê sempre perseverança para continuarmos firmes nos caminho do Senhor e fazendo parte do seu rebanho.

Rezemos por todos os que são chamados a seguirem como colaboradores do Bom Pastor (bispos, padres, diáconos, agentes de pastorais, catequistas, coordenadores de grupos e movimentos) para que sejam sempre animados a continuarem a colaborar com dignidade as tarefas que Deus lhes confiou. Porque, O Senhor é o pastor que nos conduz, paras as águas repousantes nos encaminham (Sl 22). Amém.

——–

[1] CNBB. Roteiros homiléticos para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal: Ano A, São Mateus. “Celebremos a páscoa do cordeiro!”. abril / junho 2017. Ano 3 – nº 13, Brasília: Edições CNBB, 2017. p. 50.

 

***

⇒ POESIA ⇐

O Bom Pastor

O Bom Pastor,
É a porta da vida,
Para a acolhida,
Na sua casa santa,
Onde nos alegra,
E assim se entrega,
Na Paz oferecida.

O Bom Pastor,
É quem nos conduz,
Com sua luz,
Por caminhos retos,
Somos seu rebanho,
Não é um estranho,
É Amor que seduz.

O Bom Pastor
É nossa sorte,
Que vence a morte,
Com seu poder,
Tudo rompendo,
E nos acolhendo,
Com a sua voz forte.

O Bom Pastor
Está nos chamando,
Nos conquistando,
Para segui-lo,
Por seus caminhos,
Não nos deixa sozinhos
Ele vai nos guiando.

O Bom Pastor,
Quer-nos sempre unidos,
Do seu amor, imbuídos,
O mundo iluminando,
E na nossa missão,
Na santa comunhão,
Sempre, sempre nutridos.

O Bom Pastor,
Tem o cheiro da gente,
Ver seu povo carente,
Vem ao nosso curral,
Pela porta ele entra,
Seu rebanho alimenta,
Novo povo de crentes.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Bom Pastor, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,14.22-33; Sl 15(16); 1Pd 1,17-21; Lc 24,13-35

 

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Palavra e Pão que faz arder o coração

Lc 24,13-35

 

 

Neste 3º Domingo da Páscoa a liturgia da Palavra nos apresenta um texto do Evangelho segundo São Lucas (cf. 24,13-35). Trata-se do belo texto dos discípulos de Emaús, o qual nós já refletimos na quarta-feira da Oitava da Páscoa, você lembra? Vamos fazer uma breve memória…

Naquele mesmo dia da Páscoa, o primeiro da semana, os dois discípulos fugiam de Jerusalém em direção a um povoado chamada Emaús (cf. Lc 24,13). Caminhavam sem esperança, com um sentimento de que tudo tinha acabado e que não teriam mais motivos para sonharem com o Reino de Deus. A quem eles mais amavam e estimavam, tinha sido assassinado, pregado numa cruz. Mas a vida continuava e seria preciso caminhar para algum lugar, mesmo que seja fugindo, para encontrar um repouso seguro e tranquilo.

E Jesus aparece no caminho deles, fazendo memória das Sagradas Escrituras sobre o acontecido. E apesar do coração deles arder, naquele momento, quando ainda estavam no caminho e o escutavam (cf. Lc 24,32), não foi possível se tocarem sobre quem falava com eles. Somente no momento em que estão à mesa, quando Jesus toma o pão, abençoa, parte e distribui, é que aqueles discípulos abrem os olhos e o reconhecem…

E assim também, na nossa vida, Deus caminha com a gente para nos ensinar com sua Palavra; para se fazer companheiro, solidário e se doar-se como o pão da vida aos que ele amou e ama. Para fazer arder o coração da gente e nos motivar para o retorno à nossa Jerusalém de nossos compromissos assumidos, da nossa vocação pessoal, na nossa missão de anunciar que o Senhor está vivo e caminha conosco em todos os nossos momentos, seja de alegria, seja de tristeza, seja de aparente derrota ou seja de vitória e glória.

E assim, discípulos de Emaús também somos nós que caminhamos às vezes desiludidos, fugindo das nossas responsabilidades, compromissos, ou da comunidade dos irmãos. Às vezes não meditando sobre as ações de Deus em nossa vida, como nossas vitórias, como nossas alegrias e as curas materiais e espirituais que ao longo do nossa existência vão acontecendo pela ação do Ressuscitado.

Você já percebeu que este texto da narração dos discípulos de Emaús nos apresenta a estrutura da celebração da missa? Primeiro o nosso caminhar em busca do templo com o coração em Cristo (a estrada, o caminho); depois, a nossa entrada à casa de Deus e a entrada de quem preside a celebração de ceia (Cristo Sacerdote), o início do encontro dos irmãos; em seguida Ele nos fala através da sua Palavra (leituras, cânticos e salmos, o Evangelho) e continua a nos falar na homilia. Neste momento ele nos explica a sua ação na nossa vida e nos acontecimentos do mundo, fazendo arder o nosso coração. À mesa Cristo parte o Pão conosco e nos faz reconhecê-lo como o Senhor da vida eterna que nos oferece um banquete santo, banquete de irmãos que partilham da mesma mesa.

E quando alimentados pelo corpo e pelo sangue do Senhor voltamos para a “nossa Jerusalém” onde está nossa família, nossos amigos e nossos irmãos e irmãs de caminhada profissional, membros da nossa comunidade, e outros que iremos encontrando durante a semana e a vida.

Precisamos testemunhar e confirmar que Cristo está vivo como fez o apóstolo Pedro, nos Atos dos Apóstolos, o porta-voz da comunidade dos seguidores do Senhor: “Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai, realizou milagres e sinais em favor do povo. Ele foi escolhido por muitos e rejeitados por outros até a morte na Cruz. ‘Mas Deus o ressuscitou, libertando-o da angústias da morte’, revelando a eficácia de sua doação a serviço do projeto divino de salvação.” (At 2,22.24).

O Ressuscitado caminha conosco, nos alimentando e nos encorajando a continuar o caminho de discípulos missionários na nossa vida diária. Como nos falou Pedro na sua carta, nós fomos resgatados “… pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1Pd 1,19).

Que a cada celebração possamos seguir firmes no amor a Cristo ressuscitado, através de atitudes concretas na nossa relação conosco e com os irmãos. E que possamos cantar como o salmo 15(16): “Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós felicidade sem limites!” Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Fazer arder o coração

Tua Palavra Senhor,
Faz arder o nosso coração,
Porque nos vem encorajar,
Vencendo a nossa solidão,
Mostrando-nos aonde ir,
Por onde e quando prosseguir.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Dando-nos, ao caminhar o sentido,
Conduzindo-nos a santa comunhão,
Fazendo-nos à mesa sentarmos,
Para de vós nos alimentarmos.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Porque nos faz retornarmos,
Para o anúncio da Ressurreição,
Pelo amor nos reenvia,
Por um caminho de alegria.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Tirando-nos das nossas fugas,
Vencendo nossa desilusão,
Para que voltemos a acreditar,
Na vida que vem a brotar.

Tua Palavra, Pão e Vinho,
Faz-nos de novo, reunirmos,
Para partilharmos da vida,
Para a estrada prosseguirmos,
A viva alegria exalarmos,
E à “nossa Jerusalém” voltarmos.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Enviado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

 

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo tem misericórdia dos que duvidaram

Jo 20,19-31

 

Neste segundo domingo da Páscoa a liturgia da Palavra  nos traz um texto do evangelho de João (cf. 20,19-31), o qual nos apresenta dois momentos para nos mostrar a experiência dos discípulos em meio à Ressurreição de Jesus. Estes dois momentos acontecem sempre no primeiro dia da semana (Dies domini), o domingo, porque foi no primeiro dia da semana que tudo mudou na caminhada de fé dos primeiros seguidores de Jesus. Daí nasce a fé dos primeiros cristãos e que depois se espalhou por todo o mundo até chegar a nós do século XXI.

Na primeira parte (cf. Jo 20,19-25), o evangelista nos fala que estava anoitecendo quando Jesus aparece. A vida estava obscura para aquele grupo de seguidores, havia medo, insegurança, portas fechadas… E o Ressuscitado com a força do amor e da paz, rompe as barreiras físicas se pondo no meio deles e dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Era preciso que os discípulos ouvissem esta saudação para a confirmação de que o Príncipe da Paz estava no meio deles, Ressuscitado, vencedor, para trazer vida nova e reanimá-los para continuarem.

Depois, mostrando as marcas da crucificação, repete a saudação, confirmando sua presença de vida plena e anuncia que eles devem continuar a missão redentora da paz, da misericórdia, da justiça e do amor. Agora não devem ir somente para às aldeias, povoados e arredores de Jerusalém, mas para os confins do mundo.

Por isso o sopro do Espírito Santo foi concedido pelo próprio Ressuscitado para que anunciem e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada e dedicada também a missão do Redentor.

Na segunda parte deste Evangelho (cf. Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: Onde estava Tomé naquela primeira aparição? Por que estava distante dos irmãos? Talvez porque o seu desânimo era maior do que a esperança, e, portanto, foi inundado por esta realidade, ficando isolado, fechado em si.

Ao encontrar os seus companheiros, Tomé duvida da aparição de Cristo. Ele desafia a Jesus, pois não acredita ainda na sua ressurreição. Quer uma prova concreta como muitos de nós cristãos quando nos isolamos e ficamos fora da comunidade. Às vezes duvidamos das maravilhas de Deus, e nos tornamos incrédulos.

Oito dias depois a comunidade dos discípulos está reunida e Tomé está presente. Novamente Jesus deseja a Paz e se volta para Tomé e lhe diz: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Jesus disse mais: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’” (Jo 20,27-28). A resposta de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo tem misericórdia de Tomé que duvidou, mas que depois professou a sua fé no Ressuscitado e na sua ressurreição.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os discípulos que acreditam sem terem visto e sem ter tocado as feridas e sem contemplarem o lado de Cristo, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu corpo quando na fila de Comunhão o recebem para se nutrirem da fé na vida verdadeira e prosseguirem a caminhada de fé.

Há feridas humanas que precisamos sentir e tocar, as quais estão presentes nos crucificados deste mundo. Essas feridas aparecem nos que passam fome, estão desempregados, nos presos, nos que estão com o Coronavírus e nos seus familiares, também nos que, injustamente, são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade e injustiças de opções e projetos políticos, econômicos e sociais. Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, em muitas pessoas do bem, que se empenham em vista de uma sociedade justa, fraterna, solidária e cheia de vida e de paz.

E neste Domingo da misericórdia peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do nosso medo, do fechamento e de nosso egoísmo, para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho, o qual se expressa na nossa alegria, na nossa paz, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem. Amém!

 

***

⇒ POESIA ⇐

Meu Senhor e meu Deus

Tomé somos nós,
Quando nos isolamos,
Quando duvidamos,
E ficando distante,
Numa tristeza constante,
Fechados, sem acreditar.

Tomé somos nós,
Quando queremos comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
Querendo as feridas olhar.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e amor,
Para podermos recomeçar.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
Nos seu corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar obediente,
Sem medo e sem desistir.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
Pois, ele é o Ressuscitado.

Como Tomé e os outros,
Nossa dúvidas todas rompamos,
Abramos as portas e sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o Ressuscitado,
Que conosco quer caminhar.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que tem misericórdia dos que duvidam, ilumine o seu caminho! ***

 

Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 10,34a.37-43; Sl 117(118); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

 

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

A nossa Alegria é a Ressurreição do Senhor

Jo 20,1-9

 

Maravilhados das alegrias, vindas da vigília pascal, da noite do sábado, e despertados na manhã do sepulcro vazio, celebremos a vitória do primeiro a ressuscitar, Jesus Cristo, o mais belo entre todos os homens, glorioso, Deus da vida, o vencedor sobre a morte.

Iniciamos um novo tempo da Igreja, o tempo Pascal, onde tudo está voltado para os acontecimentos da ressurreição de Jesus, quando aprendemos e nos firmamos na fé, através de tantos testemunhos dos que seguiram e amaram profundamente o Senhor.

O evangelista João (cf. 20,1-9) nos fala da sua experiência com o Ressuscitado, de uma forma simples e, ao mesmo tempo, profunda. Simples por que descreve detalhes, tais como: faixas de linho no chão, pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte” (Jo 20,5-7).

Voltemos o nosso olhar também para quem foi primeiro ao túmulo de Jesus, quando ainda estava escuro, Maria Madalena, que percebeu a pedra retirada do túmulo. Ela anuncia primeiro aos discípulos Pedro e João, os quais vão, correndo, confirmar o acontecido. Eles que também ainda estavam marcados profundamente pela dor da morte de Jesus. “Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou.” (Jo 20,8).

Meditemos alguns pontos importantes da liturgia deste domingo da Ressurreição do Senhor: “Maria Madalena viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo” (Jo 20,1) e por isso volta correndo para anunciar que algo estranho tinha acontecido.

Muitas vezes, nós também precisamos retirar a pedra que nos impede de perceber algo extraordinário em nossa vida, sobretudo referente à ação de Deus na nossa caminhada de discípulos que querem seguir o Ressuscitado.

Esta pedra muitas vezes é o nosso rito vazio, a nossa indiferença, a mesmice e a sensação de que mais um ano passou e nas festas pascais não conseguimos viver uma experiência nova, ou seja, vida que se faz ressurreição no Senhor.

O primeiro domingo da Páscoa é, por excelência, o dia do Senhor, de onde nasceu a nossa fé no Ressuscitado. Daquela manhã do túmulo vazio em diante, os discípulos passarão por uma nova ótica na experiência com Jesus.

Os discípulos, os quais viveram a experiência do Ressuscitado, sem muita clareza, foram crescendo de forma gradativa, dando motivo da sua fé, como Pedro professou: “Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia” (At 10,40).

Pedro viveu com Jesus as duas realidades: primeiro, caminhando com ele na sua missão terrena, pela Galileia, depois fazendo a sua experiência da ressurreição, quando em vários momentos encontrou-se com o ressuscitado. Desta forma, o apóstolo nos ensina o sentido profundo da vida renovada em sua missão apostólica.

“A ressurreição de Jesus é o mistério central da nossa fé cristã e o fundamento da nossa esperança de libertação total”[1]. Somente no Senhor somos totalmente livres e alegres, apesar dos sofrimentos e desilusões da vida terrena. Somente em nome do Senhor anunciamos a alegria do Evangelho que se concretiza na prática da justiça, do amor aos irmãos e na promoção da paz.

E nesta realidade da Covid-19, queremos suplicar ao Senhor em favor de todos aqueles familiares que perderam seus entes queridos por causa desta pandemia, que estes fortaleçam a sua fé na ressurreição e na vida eterna. E, ao mesmo tempo, queremos dá graças e louvores ao Senhor da vida pela cura de muitas pessoas, as quais já estão livres deste vírus.

Peçamos ao Espírito Santo a graça da fé no Ressuscitado, para vivermos cada momento de nossa vida, alimentados pela Palavra e pela Eucaristia, dando razões de nossa fé e sempre cantando como o Salmo 117(118): “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!”

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[1] CABALLERO, Basílio. A Palavra de cada domingo: Ano C. Apelação [Portugal]: Paulus, 2000. Pág. 92.

 

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⇒ POESIA ⇐

A manhã nova do Senhor

Ainda é escuro, é madrugada,
É o dia novo, da nova vida,
Pelos discípulos e por nós acolhida,
Arranquemos a pedra,
Pedra que impede um novo olhar,
Que às vezes nos faz tropeçar,
Olhemos para o alto, a nos alegrar!

A Luz vem chegando,
Percebamos os sinais da vitória,
Da luz, da nova vida em Glória,
Por que o Senhor não está entre os mortos,
Ele é o homem vivo para sempre,
Quer caminhar conosco eternamente
O Santo dos santos, o homem vivente!

Sua vida nos traz esperança,
Certeza de que seremos eternos,
Na nova comunidade, fraternos,
Estaremos para sempre com Ele,
Sem barreiras a nos atrapalhar,
Ele é Pão Vivo a nos alimentar,
Para além daqui quer nos elevar!

A sua glória é de todos,
O seu corpo é totalmente novo,
Sua vida nova é para o seu povo,
Pois nele está a esperança,
Que os discípulos sempre alcançam,
Caminhando no amor e na bonança!

Sigamos firmes,
Sigamos louvando,
Sigamos felizes e festejando,
Sigamos na fé, no Ressuscitado,
Sua vida nova é plena alegria,
Já não é mais noite, é novo dia,
Vamos ao banquete que nos sacia!

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos leva à vida eterna, ilumine o seu caminho! ***

 

V DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 6,1-7; Sl 32(33); 1Pd 2,4-9; Jo 14,1-12

POESIA

CRISTO, O ROSTO DE DEUS

Não se perturbe teu coração,
Mas tenha a fé no Senhor,
Porque ele é o caminho,
Rosto divino do amor,
Que nos ensina a caridade,
Que nos leva a eternidade,
Ele é nosso redentor.

O Senhor também é vida,
Para a nossa alegria,
Faz-nos seus missionários,
E dá-nos paz a cada dia,
Sua vida é sempre nova,
Sua ressurreição é a prova,
De tudo que ele anuncia.

Somos nele pedras vivas,
Ele, a Pedra angular,
Somos também nação santa,
Para o mundo edificar.
Nossa fé nos faz honrados,
Em Cristo somos banhados,
Banho que nos vem salvar.

E abraçando a caridade,
Em favor de toda a gente,
O Senhor nos convocou,
A servi-lo para sempre,
Vivendo a diaconia,
Na noite e também no dia,
Em favor do irmão carente.

Ele, nossa divina verdade,
Que nos dar a esperança.
Nós seguimos com coragem,
Vivendo na temperança.
Palavra que nos orienta,
Corpo e sangue que sustenta,
Trazendo-nos a segurança.

HOMILIA

Jesus, nosso Caminho, Verdade e Vida

Cristo nos fala no evangelho deste 5º domingo da Páscoa: “Eu sou o Caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6). Estas palavras foram ditas para os seus discípulos momento após o gesto do Lava-pés, quando Tomé se declara um pouco angustiado sem saber para onde ir (cf. Jo 14, 5). Jesus se apresentando como o caminho, significa que para segui-lo, seus discípulos devem estar em constante movimento. É abraçar a peregrinação da missão pelo mundo, levando a verdade e a vida.

Felipe faz um pedido: Senhor mostra-nos o Pai, isso nos basta (cf. Jo 14, 8b). Diante destes sentimentos dos discípulos, Jesus responde que o seu rosto misericordioso é a imagem do Pai. Olhar para ele, ver suas ações, seu jeito de lidar com as pessoas, seu acolhimento e seu perdão, expressam ação e a imagem de Deus Pai.

Os discípulos, após a ressurreição, como continuadores da missão de Jesus e em comunhão com ele, deverão apresentar em suas ações, a presença de Cristo ressuscitado que viveu em comunhão perfeita com o Pai e que após a sua ressurreição encarregará todos os seus seguidores de agirem como seu mestre.

Na primeira leitura podemos comprovar que a missão se expande e se faz necessário eleger mais discípulos para que o serviço do amor seja executado. Nesse momento são escolhidos os sete primeiros diáconos para que estejam a serviço da caridade em favor dos necessitados (cf. At 6,5-6). A Igreja nasce do amor aos pobres e necessitados, porque Cristo viveu toda a sua caminhada terrestre em função do amor aos pobres e do serviço da justiça e da paz entre as pessoas. Hoje devemos retomar a Igreja dos Atos dos Apóstolos, voltando o nosso olhar e a nossa ação para o serviço dos carentes materiais, espirituais e humanos.

São Pedro na sua primeira carta vai nos dizer: “Do mesmo modo, também vós, como Pedras vivas, formai o edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Cristo” (1Pd 2,5). Assim serão todos os batizados, discípulos de Cristo, em favor do Reino de Deus, os quais são enviados a mostrarem o rosto misericordioso e caridoso do Pai como pedras vivas, na edificação de um mundo novo.

Nas primeiras comunidades os seguidores de Jesus viveram a experiência de missão além da Galileia. O desafio foi espalhar a Palavra de vida pelo mundo. Para isso foi necessário a expansão com novos discípulos para dar continuidade a missão de Cristo na Igreja nascente. Para isso foi preciso a consciência de que os missionários fossem como pedras vivas e edifícios espirituais.

Os primeiros cristãos carregavam em si a mística necessária para semearem o evangelho vivo. A vida do ressuscitado era tão forte que favorecia a coragem para a entrega total pelo Reino de Deus. Sem medo das perseguições, chegavam a ponto de derramarem o próprio sangue através do martírio.

Hoje são os cristãos, as pedras vivas para a construção de uma Igreja que vive a missão da caridade, da evangelização e da formação de novos discípulos. Os batizados são chamados a espalharem o amor pelas famílias sem muros, através do serviço aos necessitados e abandonados.

Missão realizada sobre a luz do sol, que às vezes é escaldante, ou sobre a noite fria que muitas vezes é escura e desafiante, quando nas realidades dos pobres, nas ruas e praças de nossas cidades. Esta é também a Vinha do Senhor que precisa de cuidado e carinho dos seus discípulos.

Também os cristãos devem ser sinais de Cristo além dos altares e templos, acolhendo e escutando as pessoas muradas, isoladas e machucadas pelas tantas realidades de sofrimentos. Muitos perderam a esperança e a coragem de lutarem por um mundo de paz e de justiça. Outros foram embriagados pelas ideologias que somente trazem como consequências o vazio e a angústia da desestruturação familiar e social.

Enfim, o rosto amoroso e misericordioso de Cristo deve está presente em cada um de nós. Somos batizados (inseridos) em Cristo para expressarmos a imagem dele neste mundo, como sacerdote a serviço do culto verdadeiro, profetas anunciadores da Palavra verdadeira e reis com o Senhor sobre as potestades que afligem o nosso mundo. Este é nosso caminho, ajudemos as pessoas a encontrarem o caminho, o próprio Cristo. Amém!

IV DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 2,14a.36-41; Sl 22(23); 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

POESIA

O BOM PASTOR

O Bom Pastor,
É a porta da vida,
Para a acolhida,
Na sua casa santa,
Onde nos alegra,
E assim se entrega,
Na Paz oferecida.

O Bom Pastor,
É quem nos conduz,
Com sua luz,
Por caminhos retos,
Somos seu rebanho,
Não é um estranho,
É Amor que seduz.

O Bom Pastor
É nossa sorte,
Que vence a morte,
Com seu poder,
Tudo Rompendo,
E nos acolhendo,
Com a sua voz forte.

O Bom Pastor
Está nos chamando,
Nos conquistando,
Para segui-lo,
Por seus caminhos,
Não nos deixa sozinhos
Ele vai nos guiando.

O Bom Pastor,
Quer-nos sempre unidos,
Do seu amor, imbuídos,
O mundo iluminando,
E na nossa missão,
Na santa comunhão,
Sempre, sempre nutridos.

O Bom Pastor,
Tem o cheiro da gente,
Ver seu povo carente,
Vem ao nosso curral,
Pela porta ele entra,
Seu rebanho alimenta,
Novo povo de crentes.

HOMILIA

Jesus é o verdadeiro Pastor dos “pastores”

Irmãos e irmãs, hoje o Cristo nos diz: Eu sou a porta (cf. Jo 10,7). “Quem entrar por mim, será salvo” (Jo 10,9). Quando vamos à celebração encontramos a casa do Senhor de portas abertas, para que nos encontremos com ele, possamos nos reunir como rebanho dele. Queremos escutar a sua voz e participar do seu banquete, onde encontramos o alimento eterno que é o seu corpo e o seu sangue.

Estamos no domingo do Bom Pastor quando contemplamos o Senhor como nosso guia eterno. Ele que nos conduz e que nos ensina por onde caminharmos. Também nos ensina a sermos discípulos pastores, porque muitas vezes temos um pequeno ou grande rebanho (paróquia, diocese, comunidade, família, grupo, pastoral ou movimento) sobre nossa reponsabilidade para caminhar com ele. Porém o rebanho, que está sobre nossa responsabilidade, é sempre do Senhor, ele é o dono e o condutor do rebanho.

O que nos cabe como seguidores do supremo Pastor é que façamos o esforço de imitá-lo, amá-lo e buscar nele a nossa força e salvação. Que possamos também carregar em nosso ministério o cheiro dos que estão sob nossa condução, como nos fala o Papa Francisco: “Vo-lo peço pelo que sejam pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens.”[1]

Precisamos também nos lembrar de que diante do que vivemos na caminhada cristã somos primeiramente rebanho do Senhor. Antes de tudo somos convidados a ouvir a voz do nosso pastor supremo, para seguirmos por caminhos seguros, por lugares onde haja alimento, paz e certeza de segurança em Deus.

Hoje são muitas as vozes e pastores que se dizem verdadeiros, que querem ser ouvidos e seguidos. Diante de tantas realidades e ofertas de vida, de tantas opções, que o mundo oferece, faz-se necessário que primeiramente nos acostumemos a ouvir a voz de Cristo que nos fala pela Palavra Sagrada, que nos convoca através das celebrações da Palavra e da Eucaristia. Agindo primeiro desta forma, teremos o discernimento de seguirmos pelo caminho que nos leva a verdadeira liberdade e à salvação.

No tempo em que Cristo caminhou com os homens, na vida terrena, antes da sua ressurreição, existiam também os falsos pastores, os ladrões e assaltantes (cf. Jo 10,8). Estes não ofereciam vida e segurança para o povo e, portanto, armavam pesados fardos através de leis injustas e preconceituosas as quais oprimiam as pessoas, principalmente, os pobres, as mulheres e os doentes.

Hoje não é diferente, há ainda muitas vozes e portas que soam e se abrem para nós, nos apelando para as injustiças, para a hipocrisia, para a ganância, opressão e para as ideologias que nos desviam do caminho do Bom Pastor. São caminhos de ilusões.

Precisamos treinar o nosso ouvido para podermos ouvir a voz verdadeira que vem de Cristo. Somos um rebanho que muitas vezes não encontra a porta verdadeira e por isso caímos no pecado e nos perdemos. São atitudes que se expressam na fuga e na perda da ovelha em relação ao rebanho do Bom Pastor.

Haverá retorno quando, pelo reconhecimento dos erros e pela volta à casa do Pai misericordioso, somos conduzidos à confissão. O Senhor até nos carrega nos seus braços para retornarmos ao seu redil e também as porta da sua casa estão sempre abertas para o acolhimento.

Como ovelhas, vivendo no rebanho do Senhor e seguindo-o como discípulos seus, podemos atrair outras ovelhas para seguirem este Supremo Pastor. Isso aconteceu com a pregação de Pedro, como podemos ver na primeira leitura, pois depois de pregar para o povo, no dia de Pentecostes, “mais ou menos três mil pessoas se uniram a eles” (At 2,41).

Precisamos buscar sempre no Senhor o nosso repouso. Ele nos conduz por caminhos de alegria e alimentos fartos, ele nos abre a porta, nos leva ao seu banquete (Sl 22/23), para que nos saciemos e encontremos o amor e a paz.

Que o Espírito Santo anime e nos ilumine quando for preciso retornar aos braços do Bom Pastor e nos dê sempre perseverança para continuarmos firmes nos caminho do Senhor e fazendo parte do seu rebanho.

Rezemos por todos os que são chamados a seguirem como colaboradores do Bom Pastor (bispos, padres, diáconos, agentes de pastorais, coordenadores de grupos e movimentos) para que sejam sempre animados a continuarem a colaborar com dignidade as tarefas que Deus lhes confiou. Amém.

[1] CNBB. Roteiros homiléticos para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal: Ano A, São Mateus. “Celebremos a páscoa do cordeiro!”. abril / junho 2017. Ano 3 – nº 13, Brasília: Edições CNBB, 2017. p. 50.

III DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 2,14.22-33; Sl 15(16); 1Pd 1,17-21; Lc 24,13-35

POESIA

FAZER ARDER O CORAÇÃO

Tua Palavra Senhor,
Faz arder o nosso coração,
Porque nos vem encorajar,
Mostrando-nos aonde ir,
Por onde e quando persistir,
Vencendo nossa solidão.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Dando-nos, ao caminhar o sentido,
Fazendo-nos à mesa sentarmos,
Para nos alimentarmos
Conduzindo-nos a santa comunhão.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Porque nos faz retornarmos,
Por um caminho de alegria,
Pelo amor nos reenvia,
Para o anúncio da ressurreição.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Tirando-nos das nossas fugas,
Para que voltemos a acreditar,
Na vida que faz brotar,
E que vence a desilusão.

Tua Palavra, Pão e vinho,
Faz-nos de novo reunirmos,
Para a partilharmos da vida,
À nossa Jerusalém voltarmos,
A viva alegria exalarmos,
Para a estrada prosseguirmos.

HOMILIA

Palavra e Pão que faz arder nosso coração

“Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão” (Lc 24,34). Esta é a conclusão a qual chegam aqueles dois discípulos fujões que vão a Emaús. É ainda naquele mesmo dia da Páscoa que os dois caminham sem esperança, com um sentimento de que tudo tinha acabado e que não teriam mais motivos para sonharem com o reino de Deus. A quem eles mais amavam e estimavam, tinha sido assassinado. Incialmente, este é o sentimento que nos passa o evangelho do 3º Domingo da Páscoa.

Mas a vida continuava e seria preciso caminhar para algum lugar, mesmo que seja fugindo para encontrar um repouso seguro e tranquilo. E no nosso caminhar, Deus caminha com a gente para nos ensinar com sua Palavra; para se fazer companheiro, solidário e se doar como o pão da vida com os que ele amou e ama; para fazer arder o coração da gente e nos motivar para o retorno na grande missão de anunciar que o Senhor está vivo e caminha com os seus discípulos.

Discípulos de Emaús também somos nós que caminhamos às vezes desiludidos, fugindo da comunidade dos irmãos. Às vezes não meditando sobre as ações de Deus em nossa vida, como nossas vitórias, como nossas alegrias e as curas materiais e espirituais que ao longo do caminhar vão acontecendo.

A narração dos discípulos de Emaús nos apresenta a estrutura da celebração Eucarística: Primeiro o nosso caminhar em busca do templo com o coração em Cristo; depois, a entrada do celebrante (Cristo) para se unir ao seu povo; em seguida ele nos fala através da sua palavra (cânticos e salmos) e continua a falar na homilia. Neste momento ele nos explica a sua ação na nossa vida e nos acontecimentos do mundo, fazendo arder o nosso coração. À mesa parte o pão conosco e nos faz reconhecê-lo como o Senhor da vida eterna.

E quando alimentados pelo corpo e pelo sangue do Senhor voltamos para a nossa “Jerusalém” onde está nossa família, nossos amigos e nossos companheiros de caminhada profissional, irmãos da comunidade, e outros que iremos encontrar durante a semana e a vida.

Precisamos testemunhar e confirmar que Cristo está vivo como fez o apóstolo Pedro, nos Atos dos Apóstolos, o porta-voz da comunidade dos seguidores do Senhor: “Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai, realizou milagres e sinais em favor do povo. Ele foi escolhido por muitos e rejeitados por outros até a morte na Cruz. ‘Mas Deus o ressuscitou, libertando-o da angústias da morte’, revelando a eficácia de sua doação a serviço do projeto divino de salvação.” (At 2, 22.24).

O Ressuscitado caminha conosco, nos alimentando e nos encorajando a continuar o caminho dos discípulos missionários na nossa vida diária. Como nos falou Pedro na sua carta, nós fomos resgatados “… pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1Pd 1,19).

Que a cada celebração, possamos seguir firmes no amor a Cristo ressuscitado, através de atitudes concretas na nossa relação conosco e com os irmãos. E possamos cantar como o salmo 15(16): “Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós felicidade sem limites!” Amém.

II DOMINGO DA PÁSCOA – DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA

Leituras: At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

POESIA

MEU SENHOR E MEU DEUS

Tomé somos nós,
Quando nos isolamos,
Quando duvidamos,
E ficando distantes,
Numa tristeza constante,
Fechados, sem acreditar.

Tomé somos nós,
Quando queremos comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
Querendo as feridas olhar.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e amor,
Para podermos recomeçar.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
Nos seu corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar obediente,
Sem medo e sem desistir.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
Pois, ele é o ressuscitado.

Como Tomé e os outros,
Nossa dúvidas todas rompamos,
Abramos as portas e sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o ressuscitado,
Que conosco quer caminhar.

HOMILIA

Cristo tem misericórdia dos que duvidaram

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, neste segundo domingo da Páscoa ressoa a voz do Ressuscitado: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto” (Jo, 20,29). O Evangelho de João apresenta-nos dois momentos para nos mostrar a experiência dos discípulos em meio à Ressurreição. Estes dois momentos acontecem sempre no primeiro dia da semana (Dies domini), o domingo, porque foi no primeiro dia da semana que tudo mudou na caminhada de fé dos primeiros seguidores de Jesus. Daí nasce a fé dos primeiros cristãos e que depois se espalhou por todo o mundo até chegar a nós do século XXI.

Na primeira parte (Jo 20,19-25), o evangelista nos fala que estava anoitecendo quando Jesus aparece. A vida estava obscura para aquele grupo de seguidores, havia medo, insegurança, portas fechadas… E o ressuscitado com a força do amor e da paz, rompe as barreiras físicas se pondo no meio deles e dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Era preciso que os discípulos ouvissem esta saudação para a confirmação de que o príncipe da paz estava no meio deles, ressuscitado, vencedor, para trazer vida nova e reanimá-los para continuarem.

Depois, mostrando as marcas da crucificação, repete a saudação, confirmando sua presença de vida plena e anuncia que eles devem continuar a missão redentora da paz, da misericórdia, da justiça e do amor. Agora não devem ir somente para às aldeias, povoados e arredores de Jerusalém, mas para os confins do mundo.

Por isso o sopro do Espírito Santo foi concedido pelo próprio ressuscitado para que anunciem e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada e dedicada também a missão do Redentor.

Na segunda parte deste Evangelho (Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: Onde estava Tomé naquela primeira aparição? Por que estava distante dos irmãos? Talvez porque o seu desânimo era maior do que a esperança, e, portanto foi inundado por esta realidade, ficando isolado, fechado em si.

Ao encontrar os seus companheiros, Tomé duvida da aparição de Cristo. Ele desafia a Jesus, pois não acredita ainda na sua ressurreição. Quer uma prova concreta como muitos de nós cristãos quando nos isolamos e ficamos fora da comunidade. Às vezes duvidamos das maravilhas de Deus, e nós tornamos incrédulos.

Oito dias depois os discípulos estão reunidos, inclusive Tomé, que dessa vez vê o Senhor. Novamente Jesus deseja a Paz e convoca aquele discípulo que não acreditou antes, e diz a Tomé: “‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Jesus disse mais: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’” (Jo 20,27-28). A declaração de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo tem misericórdia de Tomé que duvidou, mas que depois professou a sua fé no ressuscitado.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os discípulos que acreditam sem terem visto e sem ter tocado as feridas e sem contemplarem o lado de Cristo, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu corpo quando na fila de Comunhão o recebem para se nutrirem da fé na vida verdadeira e prosseguirem a caminhada de fé.

Há feridas humanas que precisamos sentir e tocar, as quais estão presentes nos crucificados deste mundo. Essas feridas aparecem nos que passam fome, estão desempregados, presos e nos que injustamente são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade das realidades políticas, econômicas e sociais. Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, e, por isso lutam por uma sociedade nova e cheia de vida e de paz.

Somente os que deixam as portas se abrirem e saem em missão para anunciar a vida nova em Cristo, e que deixam Jesus inundar de paz e coragem a sua vida, podem mostrar para o mundo o sentido verdadeiro da vida, da justiça e da esperança. Enquanto estivermos fechados em nosso egoísmo e individualismo e distantes da vida da Igreja que abre as suas portas, seremos discípulos infecundos e incrédulos.

Portanto, cada domingo também é como aquele oitavo dia, quando também professamos a nossa fé no ressuscitado. Em cada domingo, escutamos os ensinamentos dos apóstolos, louvamos, colocamos em comum a nossa oração, partilhamos o pão, fazemos nossas ofertas materiais e espirituais como as primeiras comunidades dos Atos dos Apóstolos (cf. At 2,46). Juntos, amamos o Senhor sem termos visto e esperamos a salvação que nos vem dele como nos fala São Pedro (cf. 1Pd 1,8).

Peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do nosso medo e do nosso isolamento para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho, o qual se expressa na nossa alegria, na nossa paz, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem. Amém!

DOMINGO DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Leituras: At 10,34a.37-43; Sl 117(118); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

POESIA

CRISTO SENHOR DO NOVO DIA

Despertados na madrugada,
Quando as trevas ainda persistem,
Caminhamos para o Senhor vitorioso,
Que vence a morte e é glorioso,
Anunciar é preciso sem demora,
Porque já chegou a hora,
Porque Deus é vida, é poderoso.

Caminhar neste novo dia,
Precisa-se de fé e muito amor,
Sem medo de a verdade anunciar,
Com o Ressuscitado caminhar,
Pois é pela fé que continuamos,
Quando se acredita,
Segue-se caminhando,
E com firmeza se deve continuar.

Mesmo que tenhamos insegurança,
E entre desafios possamos caminhar,
Precisamos logo, logo correr,
E o medo da morte sempre vencer,
Porque para continuar a caminhada,
O amor nos torna firmes nesta estrada,
Dá-nos a esperança
E não nos deixa esmorecer.

Na ressurreição está a nossa fé,
Deste ponto tudo começou,
E esta semente foi aos poucos germinando,
Espalhada pela seara e frutificando,
Para chegar até onde nós estamos,
Por isso, o aleluia hoje cantamos,
Porque o Reino de Deus está se confirmando.

HOMILIA

Somos banhados pela ressurreição de Cristo

Irmãos e irmãs, desde a noite da vigília no sábado, também neste domingo da ressurreição, soam os cantos alegres de aleluia e de glória em toda a Igreja. Esta alegria da ressurreição do Senhor se estenderá por cinquenta dias como sendo uma festa única, um único dia. Vivemos o dia do Senhor marcados pela alegria verdadeira da sua vitória sobre as trevas da morte. Somos banhados em Cristo, somos novas criaturas, somos homens novos, por que o Senhor nos encheu da sua vida e da sua força renovadora.

Contemplamos Maria Madalena, marcada pela dor da morte de Jesus e da saudade. Ela não espera o dia chegar e quando ainda é escuro corre para o túmulo (cf. Jo 20,1). Vendo o túmulo vazio retorna e vai falar aos discípulos, Maria Madalena é a primeira a anunciar o grande acontecimento. Os discípulos vão confirmar o que a mulher lhes tinha falado.

Os discípulos, como estavam ainda marcados pelos últimos acontecimentos, não conseguiram vislumbrar a grande dádiva de Deus: Jesus tinha ressuscitado (cf. Jo 20,9). Tudo era muito novo, muitas coisas precisavam acontecer para que eles vivessem a certeza da ressurreição do Senhor.

Aquela manhã do primeiro dia da semana ficará marcada no coração dos discípulos como o dia do Senhor, o dia em que nasce a fé na ressurreição, por que o discípulo amado viu e acreditou e espalhou esta certeza entre os seus amigos (cf. Jo 20,8).

A notícia se espalhará por todos os cantos, a força do ressuscitado chegará ao coração dos discípulos e consequentemente ao povo. A fé agora será amadurecida na caminhada dos seguidores de Cristo até ao ponto de testemunharem sem medo tudo o que aconteceu.

Alimentados da esperança e pela certeza, os discípulos enfrentaram o mesmo destino do Senhor. Serão perseguidos, serão caluniados e martirizados, mas encontrarão a ressurreição e a vida eterna.

Pedro e os outros discípulos irão anunciar as verdades da ressurreição como vemos na primeira leitura de hoje: “Ele nos mandou proclamar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,42). Esta mensagem animou os primeiros seguidores e os fez seguirem em frente, motivo do qual chegou até nós.

Por isso nos reunimos para encontrarmos com a Palavra viva para ouvirmos atentamente e também com a Eucaristia, corpo e sangue do Senhor, que nos alimenta na nossa peregrinação terrestre.

E nós, os cristãos neste dia de hoje, somos despertados para uma nova vida que se constrói a cada momento, que se renova em cada desafio vencido. A fé que temos no Senhor parte daquela madrugada de Madalena e dos discípulos. Somos os discípulos missionários os quais continuam a levar a mensagem de esperança e de vida nova ao mundo.

Devemos continuar com a mesma fé dos primeiros discípulos e como nos diz o apóstolo Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres.” (Cl 3,1-3).

Que em nessa caminhada pascal, que se inicia, possamos semear esperança e alegria aos que encontrarmos. Nosso mundo precisa da alegria verdadeira do Evangelho para ser melhor e mais cheio de paz.

Sigamos em frente e meditemos neste período de 50 dias que se seguem, celebrados como sendo um, e cantemos confiante: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (Sl 117/118). Amém.