Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 10,34a.37-43; Sl 117(118); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

 

 

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⇒ HOMILIA ⇐

A nossa Alegria é a Ressurreição do Senhor

Jo 20,1-9

 

Maravilhados das alegrias, vindas da vigília pascal, da noite do sábado, e despertados na manhã do sepulcro vazio, celebremos a vitória do primeiro a ressuscitar, Jesus Cristo, o mais belo entre todos os homens, glorioso, Deus da vida, o vencedor sobre a morte.

Iniciamos um novo tempo da Igreja, o tempo Pascal, onde tudo está voltado para os acontecimentos da ressurreição de Jesus, quando aprendemos e nos firmamos na fé, através de tantos testemunhos dos que seguiram e amaram profundamente o Senhor.

O evangelista João (cf. 20,1-9) nos fala da sua experiência com o Ressuscitado, de uma forma simples e, ao mesmo tempo, profunda. Simples por que descreve detalhes, tais como: faixas de linho no chão, pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte” (Jo 20,5-7).

Voltemos o nosso olhar também para quem foi primeiro ao túmulo de Jesus, quando ainda estava escuro, Maria Madalena, que percebeu a pedra retirada do túmulo. Ela anuncia primeiro aos discípulos Pedro e João, os quais vão, correndo, confirmar o acontecido. Eles que também ainda estavam marcados profundamente pela dor da morte de Jesus. “Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou.” (Jo 20,8).

Meditemos alguns pontos importantes da liturgia deste domingo da Ressurreição do Senhor: “Maria Madalena viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo” (Jo 20,1) e por isso volta correndo para anunciar que algo estranho tinha acontecido.

Muitas vezes, nós também precisamos retirar a pedra que nos impede de perceber algo extraordinário em nossa vida, sobretudo referente à ação de Deus na nossa caminhada de discípulos que querem seguir o Ressuscitado.

Esta pedra muitas vezes é o nosso rito vazio, a nossa indiferença, a mesmice e a sensação de que mais um ano passou e nas festas pascais não conseguimos viver uma experiência nova, ou seja, vida que se faz ressurreição no Senhor.

O primeiro domingo da Páscoa é, por excelência, o dia do Senhor, de onde nasceu a nossa fé no Ressuscitado. Daquela manhã do túmulo vazio em diante, os discípulos passarão por uma nova ótica na experiência com Jesus.

Os discípulos, os quais viveram a experiência do Ressuscitado, sem muita clareza, foram crescendo de forma gradativa, dando motivo da sua fé, como Pedro professou: “Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia” (At 10,40).

Pedro viveu com Jesus as duas realidades: primeiro, caminhando com ele na sua missão terrena, pela Galileia, depois fazendo a sua experiência da ressurreição, quando em vários momentos encontrou-se com o ressuscitado. Desta forma, o apóstolo nos ensina o sentido profundo da vida renovada em sua missão apostólica.

“A ressurreição de Jesus é o mistério central da nossa fé cristã e o fundamento da nossa esperança de libertação total”[1]. Somente no Senhor somos totalmente livres e alegres, apesar dos sofrimentos e desilusões da vida terrena. Somente em nome do Senhor anunciamos a alegria do Evangelho que se concretiza na prática da justiça, do amor aos irmãos e na promoção da paz.

E nesta realidade da Covid-19, queremos suplicar ao Senhor em favor de todos aqueles familiares que perderam seus entes queridos por causa desta pandemia, que estes fortaleçam a sua fé na ressurreição e na vida eterna. E, ao mesmo tempo, queremos dá graças e louvores ao Senhor da vida pela cura de muitas pessoas, as quais já estão livres deste vírus.

Peçamos ao Espírito Santo a graça da fé no Ressuscitado, para vivermos cada momento de nossa vida, alimentados pela Palavra e pela Eucaristia, dando razões de nossa fé e sempre cantando como o Salmo 117(118): “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!”

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[1] CABALLERO, Basílio. A Palavra de cada domingo: Ano C. Apelação [Portugal]: Paulus, 2000. Pág. 92.

 

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⇒ POESIA ⇐

A manhã nova do Senhor

Ainda é escuro, é madrugada,
É o dia novo, da nova vida,
Pelos discípulos e por nós acolhida,
Arranquemos a pedra,
Pedra que impede um novo olhar,
Que às vezes nos faz tropeçar,
Olhemos para o alto, a nos alegrar!

A Luz vem chegando,
Percebamos os sinais da vitória,
Da luz, da nova vida em Glória,
Por que o Senhor não está entre os mortos,
Ele é o homem vivo para sempre,
Quer caminhar conosco eternamente
O Santo dos santos, o homem vivente!

Sua vida nos traz esperança,
Certeza de que seremos eternos,
Na nova comunidade, fraternos,
Estaremos para sempre com Ele,
Sem barreiras a nos atrapalhar,
Ele é Pão Vivo a nos alimentar,
Para além daqui quer nos elevar!

A sua glória é de todos,
O seu corpo é totalmente novo,
Sua vida nova é para o seu povo,
Pois nele está a esperança,
Que os discípulos sempre alcançam,
Caminhando no amor e na bonança!

Sigamos firmes,
Sigamos louvando,
Sigamos felizes e festejando,
Sigamos na fé, no Ressuscitado,
Sua vida nova é plena alegria,
Já não é mais noite, é novo dia,
Vamos ao banquete que nos sacia!

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos leva à vida eterna, ilumine o seu caminho! ***

 

Domingo de Ramos e Paixão do Senhor – Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 50,4-7; Sl 21(22); Fl 2,6-11; Mt 21,1-11 (Procissão); Mt 27,11-54 (Paixão)

 

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⇒ HOMILIA ⇐

O louvor dos homens e a Paixão de Cristo

Mt 21,1-11 (Procissão);Mt 27,11-54 (Paixão)

 

A celebração do Domingo de Ramos é um resumo de toda a vivência do Tríduo Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo), liturgia que nos insere no clima e sentido espiritual da Semana Santa. Nesta celebração, portanto, contemplamos Cristo que caminha livre para Jerusalém onde irá viver a sua paixão e morte. Lá nos dará como presente a vida nova, pois vencerá a morte para sempre e ressuscitará para também nos proporcionar a ressurreição.

Na caminhada de Jesus para Jerusalém também vemos a sua simplicidade e a sua entrega como um rei diferente. Contrariando as expectativas de muitos, montará num jumentinho, emprestado, para nos mostrar que o seu reinado é marcado pela humildade, pelo amor e pela entrega total para a salvação do mundo.

Na procissão de Ramos, cantamos “Hosana ao Filho de Davi, Bendito o que vem em nome do Senhor”. A nossa vida também é marcada pela caminhada rumo à cidade santa, a cidade celeste, em procissão para a casa da Palavra e do Pão, a qual nos orienta, nos alimenta e nos faz crescer como irmãos e irmãs.

Na nossa vida também encontramos, aclamações, louvores, elogios… em outros momentos, muitas cruzes, ameaças e mortes, como Jesus encontrou na sua missão. E nestes dias que se passaram e que virão, em que a Igreja não celebra com o seu povo, a liturgia presencial, nós somos convidados a fazer a nossa peregrinação, nossa procissão de Ramos, interior, em espírito e verdade, sobre a Ação do Espírito Santo.

As nossas casas poderão ser marcadas por ramos nas portas, como sinal de que entramos com Jesus e com sua Igreja na Semana Santa. Como os discípulos, estamos juntos com Jesus, para sua última ceia, na sua entrega à Cruz e na sua vitória sobre a morte, nos dando vida nova.

O roteiro homilético da CNBB[1] nos lembra que nesta semana, nós meditaremos sobre cinco movimentos os quais marcam não somente este tempo, mas também toda a nossa caminhada de fé, dentro do sentido de um itinerário pascal.

O primeiro movimento é a procissão do domingo de Ramos (que neste ano, não faremos por causa da situação do Covid 19), mas podemos meditar neste momento sobre este movimento… Como cristãos, pelas jornadas da nossa vida, vivemos o louvor e o sofrimento, mas continuamos a caminhada, pois estamos com o Senhor.

O segundo movimento acontece concretamente na Sexta-Feira Santa, quando adoramos e beijamos a Cruz. Ela é o sinal da glória de Cristo, representação do amor máxima de Jesus por nós, a explicação do limite o qual Jesus chegou para nos apresentar a face misericordiosa de Deus Pai pelos homens. A Cruz também é sinal de misericórdia e vitória.

No terceiro movimento, podemos dizer que é o mais forte e marcante para os cristãos, pois é o nosso caminhar atrás do círio Pascal, a luz verdadeira que brilha nas trevas. Cristo ressuscitado agora nos guia e nos ilumina com sua luz. Caminhamos sem medo da escuridão, das dores, das angústias e das tristezas, pois agora somos vencedores marcados pela alegria, coragem e paz no mundo. Cristo está vivo!

O quarto movimento diz respeito à nossa procissão rumo à mesa cujo o alimento é o corpo do ressuscitado, o seu sangue mata a nossa sede e nos sacia para continuarmos firmes, marcados pela esperança num mundo novo cheio de fraternidade e vida nova para todos. Neste ano, os que celebram as Eucaristia presencial, farão este movimento em nome de toda a Igreja, enquanto os fiéis que estão em casa, contemplam e fazem a sua comunhão espiritual.

No quinto e último movimento, somos enviados em missão para proclamarmos que Cristo venceu a morte.  Lá fora da Igreja, seremos sempre presenças vivas entre os homens, para mostrarmos a face do Senhor que é amor e compaixão que deseja que todos sejamos irmãos.

Portanto, vivamos a semana das semanas, num espírito de oração, de penitência e jejum, também em nossas casas. Fiquemos atentos aos passos do Senhor na sua paixão, morte e ressurreição, pois é nesta verdade e neste acontecimento que está fundamentada a nossa fé. Amém.

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[1] Roteiros homiléticos da quaresma, março e abril, ano A. 2014.

 

 

 

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⇒ POESIA ⇐

O caminho com Jesus

 

Com alegria e liberdade,
Caminhamos com o Senhor,
Seguindo-o na simplicidade,
Com um cântico de louvor.

Vivendo na irmandade.
E como bons caminheiros,
A vida é totalidade,
E dela nós somos os herdeiros.

Com os ramos verdes e santos,
Seguimos sempre a cantar,
E com a cruz, nosso sinal,
Que vem nos santificar.

Pensando em nosso Senhor,
Seguimos a caminhar,
Vamos ao perfeito amor,
Que vem para nos salvar.

E chegando em sua casa,
Atentos, vamos ouvir,
A sua Palavra viva,
Que vem a nos invadir.

Ela ao fervor nos motiva,
Nos ensina e nos sustenta,
Numa caminhada ativa,
Que nos guia e orienta.

Vamos para a Paixão e morte,
Que Jesus também provou,
Como o servo que sofreu,
Quando na cruz se entregou.

Nós também temos a cruz,
Na vida do dia-a-dia,
Pois o nosso caminhar,
Muitas vezes nos desafia.

Mas vencemos com o Senhor,
Ele a pedra de firmeza,
Mestre da vida e do amor,
Que nos chama à sua mesa.

Na condenação pereceu,
Porque o Pai o permitiu,
Mas a morte ele venceu,
E a vida ressurgiu.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que caminha a Jerusalém por entre o triunfalismo, ilumine o seu caminho! ***

 

V Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ez 37,12-14; Sl 129(130); Rm 8,8-11; Jo 11,1-45

 

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⇒ HOMILIA ⇐

Desatemo-nos para a Vida nova

Jo 11,1-45

 

Na liturgia deste 5º domingo da Quaresma, mais uma vez iremos ler o Evangelho de João (cf. 11,1-45), o qual nos apresenta a Ressurreição de Lázaro, o sétimo sinal de Jesus, segundo este evangelista. Diante da situação a qual estamos vivendo no Brasil e no mundo, por causa da coronavírus, Jesus vem nos dizer: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim, mesmo que morra viverá.” (Jo 11,25).

E no diálogo com Marta, irmã de Lázaro, esta mulher, chorosa e sofrendo por causa da morte seu irmão, ela professa sua fé no Senhor da vida, dizendo: Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo” (Jo 11,27). Alimentada por esta esperança e certeza ela vai anunciar para a sua irmã, Maria sobre a presença de Jesus entre elas. A fé de Marta se expressa na condição de se colocar a caminho para anunciar a esperança na ressurreição já no tempo presente.

Quanto à Maria e os judeus, estes precisaram presenciar o sinal da ressurreição para poderem acreditar no milagre da vida nova. Lázaro que está no túmulo, enterrado há quatro dias, de mãos e pés atados e sem possibilidades de movimento. Jesus ordena: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” (Jo 11,44). Diante da ressurreição de Lázaro “muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele” (Jo 11,45).

A fé em Cristo, será a nossa grande resposta nesta certeza, que é a experiência de amor e de vida completa com o ele, que como no caso de Lázaro, nos chama a desatar a nossas amarras e caminhar sempre para uma vida renovada.

Precisamos refletir sobre o sentido deste sinal de Jesus para o nosso crescimento espiritual e a nossa fé na ressurreição. A morte de Lázaro nos lembra toda a humanidade morta pelo pecado e é através de Jesus que todos têm acesso a vida que vence o pecado.

O batismo é a porta que nos traz de volta para a vida eterna, para a vitória sobre o pecado. O choro de Jesus nos lembra de sua natureza humana, de que ele se compadece da nossa dor e por isso comove-se, porque caminha conosco sendo solidário aos nossos sofrimentos, cruzes e dores que acontecem na nossa existência terrena.

Quanto ao túmulo, lembramos que muitas vezes estamos quase que sepultados no nosso individualismo, na nossa indiferença, no nosso comodismo e no nosso medo de seguir em frente com o Senhor. Vivemos num mundo que muitas vezes proclama a morte e a desesperança. Quando falta-nos os elementos da fé, caímos nos abismos da morte e ficamos atados a insegurança.

Precisamos desatar as nossas mãos para que construamos a paz e a fraternidade. Precisamos desamarrar nossos pés das amarras do indiferentismo e da zona de conforto que muitas vezes nos impedem de seguirmos caminhando com Jesus como discípulos missionários pelas estradas do mundo.

Precisamos lembrar a 1ª leitura desta liturgia quando o profeta Ezequiel fala para o povo de Israel escravo na Babilônia: “Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor” (Ez 37,12-13).

Muitas vezes estamos presos ao sepulcro do pessimismo e da tristeza como escravos do comodismo e sem coragem para continuar a nossa caminhada. Diante disso escutemos o Senhor que diz: “Desatai-o e deixai-o caminhar.” (Jo 11,44).

A Palavra do Senhor deve encher a nossa vida de alegria e esperança, para sermos sinais de Deus no mundo. Lembremo-nos o que diz o Papa Francisco no início da exortação apostólica Evangelii Gaudium “a Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”[1].

Neste tempo de recolhimento por causa do Covid-19, momento em que somos estimulados a vivermos uma experiência de Quaresma dentro da quarentena, outras formas de nos reunir, de celebrar e de compartilhar nossa vida vão surgindo no nosso cotidiano. Importante que a nossa fé seja exercitada neste novo contexto e que a nossa experiência com a Palavra de Deus seja constante.

Nesta Quaresma de 2020, especificamente, nesta realidade em que não podemos celebrar presencialmente a Eucaristia, devemos perseverar na oração, nos alimentando da Palavra e comungando espiritualmente da Eucaristia. Deus caminha conosco neste nosso deserto, ele nos ensina e nos ajuda a vencermos as tentações em nossa vida cotidiana, ele se transfigura e nos ajudar a transfigurarmos em nosso testemunho, em nossas convivências, e em nossa missão. Jesus é nossa fonte de água viva em cada momento de nossa existência, em cada momento de nosso dia, fazendo-nos enxergar novas realidades, novas formas de vivermos como irmãos e irmãs na nossa Igreja.

As mensagens, os vídeos, áudios, as orações compartilhadas nas redes sociais só nos ajudarão em nossa experiência de oração, se pararmos um pouco e na calma do nosso ser, da nossa alma, no silêncio do nosso coração deixarmos Deus falar a nós com seu amor, com sua Palavra e com sua misericórdia.

Façamos o exercício de pararmos um pouco e rezarmos de verdade sobre a situação de nosso país e de nosso mundo, com as realidades concretas dos enfermos, do que morrem por consequência do Coronavírus e de outras doenças, no espírito de fraternidade e sentimento que somos uma comunidade global, compartilhamos de uma situação comum de sofrimento e por isso que impele à irmandade.

 

Que o Senhor que dá vida nos encha de esperança e alegria e nos conduza para celebrarmos com profundidade, a sua Páscoa, a Festa das festas. Amém.

 

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[1] Evangelii Gaudium, nº 1.

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⇒ POESIA ⇐

Vem para fora

 

O Senhor nos chama:
Vem para fora,
Sai do teu medo,
Da desesperança,
Para a confiança
E segue em frente,
Discípulo crente,
Levando ao mundo
O amor vivente.

O Senhor nos ordena:
Vem para fora,
Sai da omissão,
Do teu comodismo,
Do teu fanatismo,
Para testemunhar,
E para proclamar
A ressurreição,
Sem desanimar.

O Senhor nos alerta:
Vem para fora,
Fora do teu orgulho,
Da tua indiferença,
Abraça a benevolência,
E vem construir,
Um encontro a unir
Na fraternidade,
Para a vida florir.

Ao Senhor escutemos,
Sua voz de esperança,
Abracemos a vida,
E então, levantemo-nos,
Desatemo-nos!
Por Cristo, alimentados,
Saiamos fortificados,
Deixemos nossos túmulos,
Sigamos o ressuscitado!

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que representa a Glória de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

Leituras: 1Sm 16,1b.6-7.10-13a; Sl 22(23); Ef 5,8-14; Jo 9,1-41

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⇒ HOMILIA ⇐

O Senhor nos lava e nos faz enxergar novos caminhos

Jo 9,1-41

 

Neste 4º Domingo da Quaresma nós somos convocados a viver o domingo da alegria, pois já se aproxima a Páscoa do Senhor, a festa da vida verdadeira e infinita. Somos atraídos pela luz da ressurreição a qual se aproxima, quando no sábado santo viveremos a maior festa do ano litúrgico. O Evangelho para este 4º Domingo da Quaresma, portanto, está em João (cf. 9,1-41), texto que narra a cura que Jesus realizou em um cego de nascença.

Esta liturgia nos leva a refletir que devemos livrar nossos olhos das cegueiras, das miopias, que muitas vezes nos impedem de ver a presença do Senhor em nossas vidas, os milagres e as obras que ele vai operando em nosso caminhar, em nossa existência, na missão, nos nossos convívios em nossa comunidade de fé.

Vejamos a ação de Jesus na cura do cego de nascença: “Cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E disse-lhe: ‘Vai lavar-te na piscina de Siloé’. O cego foi, lavou-se e voltou enxergando” (Jo 9,6-7).

O que podemos aprender destes versículos do Evangelho de João? Jesus com a sua saliva e um pouco de terra faz lama. E então? O barro nas mãos de Jesus nos lembra a Criação, quando o homem esteve nas mãos de Deus, nosso perfeito artesão, para ser criado por ele.

Em Jesus, o homem é recriado, recapitulado, para sair da primeira cegueira: o pecado de Adão. O Senhor nos ilumina com sua luz, para que, como vasos de barro que somos não sejamos danificados com os perigos que as trevas do mundo poderão nos apresentar.

Após a cura, o cego foi aconselhado a se lavar na piscina. E a água nos lembra que é através do batismo que somos restaurados e inseridos na multidão dos filhos e filhas de Deus, os quais participam da ressurreição do Senhor, da sua vida nova, e da comunidade de seus discípulos.

Os doutores da lei, cegos da verdade e da luz de Deus, querendo reprimir aquele homem que agora enxergava, buscavam explicações nas leis físicas e humanas, também de forma obscura e cega. Eles justificaram que em dia de sábado ninguém podia trabalhar, inclusive se fosse para fazer o bem.

Quanto aos discípulos, também precisaram ter olhos novos no seguimento a Jesus, porque eles perguntaram: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus pais?” (Jo 9,2). Neste momento Jesus também precisou curar o seu grupo da cegueira humana e espiritual que impediam deles verem a glória e a ação de Deus se manifestar.

O plano de Deus nos surpreende, porque ele age fora dos nossos parâmetros. Foi assim que agiu quando Israel precisou ungir o seu novo rei. O rei Davi, aquele que ninguém esperava ser escolhido. Ele estava inclusive pastoreando o rebanho nos campos de Israel. “E o Senhor disse a Samuel: ‘Levanta-te, unge-o: é este!’ Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu a Davi na presença de seus irmãos. E a partir daquele dia o espírito do Senhor se apoderou de Davi” (1Sm 16,12-13).

Nós, muitas vezes, caímos nesta limitação humana: enxergamos com nossos parâmetros pessoais limitados e agimos segundo nossos critérios. Precisamos deixar que Deus nos ilumine com sua luz, vença nossas trevas, nossas cegueiras. Trevas que aparecem nos nossos pensamentos, nas nossas intenções, ações e comportamentos, tais como, egoísmos, individualismo, injustiças e indiferença contra os irmãos. Assim agiram os doutores da lei, os fariseus: eles tentaram ofuscar a ação de Deus na vida daquele que era cego, e que então, testemunhava a sua cura.

Precisamos reconhecer que através do nosso batismo, nós somos iluminados e banhados para sempre pela luz verdadeira e a água viva que vem do Senhor. Neste sentido, somos convidados a ter em nosso coração a convicção que São Paulo nos fala na sua carta aos Efésios: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade” (5,8-9).

Peçamos a luz e a força do Espírito Divino para que nos ilumine em nosso caminhar com Jesus. E que o Bom Pastor, luz das nações, nos conduza à vida verdadeira, nos livrando dos perigos que poderão nos levar a nos tirar do caminho do amor e do céu. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Guia-nos com Tua luz

Senhor é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do teu amor,
No transfigurar da tua beleza,
No encontro da tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em tua fortaleza.

Senhor é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.

Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do teu chamado,
Para o teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.

Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, tu nos chamas a levantar,
E com coragem te seguir,
Para aos outros se unir,
E Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.

Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho do Homem, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ex 17,3-7; Sl 94(95); Rm 5,1-2.5-8; Jo 4,5-42

 

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⇒ HOMILIA ⇐

Busquemos a fonte Viva e Eterna

Jo 4,5-42

 

Neste 3º Domingo da Quaresma, a liturgia nos apresenta o texto do Evangelho de João (4,5-42), que narra o encontro de Jesus com uma samaritana. Em plena luz do dia, marcado pelo sol escaldante da Galileia, Jesus senta-se junto à fonte de Jacó (cf. Jo 4,6). Cansado fisicamente da caminhada de peregrino, vai ao poço e aí acontece um encontro com uma mulher samaritana, sem nome, que, com certeza, sempre ia para aquele poço buscar água.

Aquela mulher viverá uma experiência de encontro, nunca esperado, pois aquele meio dia não foi comum como os outros. Algo mudou a sua vida completamente. Ela era de um grupo de pessoas descriminadas pelos judeus e, por isso, nunca esperaria um encontro com um mestre de Israel, um profeta, tão próximo, que lhe ouvisse e até ousasse pedir-lhe água para beber.

Para os discípulos também foi uma surpresa, porque, ao chegarem junto a Jesus, não entendem aquela conversa (cf. Jo 4,27). A aproximação de Jesus e o seu diálogo com aquela mulher nos mostra a ação de um Deus que vem ao encontro do humano para oferecer a sua vida. Ele é a fonte de água viva e infinita, que sacia a sede de todos os que o buscam e o encontram.

A presença de Jesus junto à samaritana mudou o jeito dela enxergar a sua existência, o seu caminhar, seus conceitos, suas concepções culturais e religiosas. De conceber a presença de Deus na sua vida, de buscar os anseios mais profundos da sua alma, pois, agora Deus se coloca no mesmo nível do ser humano, para poder se comunicar com ela e oferecer-lhe o sentido verdadeiro da vida.

Alimentada e motivada pela experiência de diálogo junto ao Mestre, convencida da chegada do Messias ao mundo, a samaritana tornar-se missionária e vai anunciar à sua cidade as maravilhas deste encontro com Jesus. (cf. Jo 4,28-29).

A ação de Jesus em oferecer a verdadeira água, a fonte da vida, para os samaritanos, nos lembra o povo no deserto, quando falta a água, reclama da sede, e, diante de Moisés, murmura chegando a duvidar de Deus (cf. Ex 17,7). E da rocha firme Deus faz brotar a água para saciar a sede do seu povo (cf. Ex 17,6). Moisés é o intercessor, que o escuta e dirige a Deus a sua súplica a favor do povo para solucionar os diversos problemas que vão surgindo na caminhada pelo deserto.

Também a samaritana foi esta ponte, esta intercessora, esta missionária, entre o seu grupo e Jesus. Foi por causa do seu anúncio sobre o Senhor, que muitos correram ao encontro da fonte (Jesus), mudaram de vida e buscaram matar a sede de amor e superar os tantos vazios e discriminações sofridas por parte dos judeus, os quais se destacam aqui, os doutores da lei e os fariseus.

Jesus é a nossa fonte de água viva e eterna, na caminhada do deserto de nossa existência, quando muitas vezes nos sentimos cansados, com sede e com pouca força para continuar nossa peregrinação terrestre. Nele encontramos a esperança e a salvação e com ele anunciamos o Reino de Deus.

Pela água somos inseridos no novo povo de Deus, através do Batismo, por ela somos purificados do pecado original e nela somos mergulhados, para nascermos de novo, nos tornarmos irmãos, filhos do mesmo Pai Divino, missionários do seu amor, e caminheiros neste mundo em vista da eternidade. O Senhor é a fonte verdadeira que sacia a nossa sede, nos dando forças, nos acolhendo e nos saciando com o seu amor e sua misericórdia, quando nos vem o cansaço a e nossa aridez.

Os cristãos são chamados a deixar resplandecer, em suas atitudes, o rosto amável de Cristo junto aos irmãos necessitados. Àqueles que precisam não somente de pão material mas também são carentes da água viva que dá sentido e força ao existir de todos que peregrinam neste mundo.

Supliquemos ao Espírito Santo que a sua luz e o seu amor se derrame sobre nós, para que sejamos discípulos missionários de Jesus Cristo e que perseveremos no nosso caminhar com ele e, dos nossos corações, possa brotar a oração verdadeira, como reza o salmo 94(95): “Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos!” Amém!

 

***

⇒ POESIA ⇐

Dai-me desta água viva

 

Senhor é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do teu amor,
No transfigurar da tua beleza,
No encontro da tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em tua fortaleza.

Senhor é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.

Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do teu chamado,
Para o teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.

Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, tu nos chamas a levantar,
E com coragem te seguir,
Para aos outros se unir,
E Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.

Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Gn 12,1-4; Sl 32(33); 2Tm 1,8b-10; Mt 17,1-9

 

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⇒ HOMILIA ⇐

Da transfiguração à missão

Mt 17,1-9

 

O 2º Domingo da Quaresma nos traz o texto de Mateus (cf. 17,1-9), o qual nos apresenta transfiguração de Jesus. Nesta liturgia, portanto, somos convidados a subir à montanha com Pedro, Tiago e João e contemplarmos o rosto transfigurado de Jesus que, como o sol, ilumina todo homem, com seu amor e nos faz santos como o Pai do Céu é santo.

Diante da transfiguração de Jesus, Pedro foi tentado a se acomodar e ficar somente na glória e não se envolver com a missão após a descida do monte (cf. Mt 17,4). Neste sentido, Deus Pai intervém apresentando o Filho e pedindo que o escutem (cf. Mt 17,5). É preciso viver o discipulado orientado pela Palavra de Jesus.

Há, ainda, a presença de Moisés e Elias na cena apresentada por Mateus. Eles representam a Lei e os profetas para nos afirmar que em Jesus a Lei é cumprida plenamente porque ele é o novo Moisés, aquele que conduz o novo povo de Deus. Em Jesus também está a profecia, o anúncio da justiça e da fraternidade, o Dom da vida plena, porque a Palavra de Deus – Jesus – agora se encarnou no meio dos homens e fala conosco como irmão.

Os discípulos se deliciam com a experiência mística da transfiguração e querem ficar lá, com tendas armadas para cada um. Isso confirma a vontade humana de ficarmos sempre num ambiente de conforto. O Papa São Leão Magno (395-461) nos fala que a principal finalidade da transfiguração foi afastar dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humilhação da Paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo[1].

Apesar de que todos nós precisamos ficar um pouco usufruindo o bem-estar com a família, com os amigos, precisamos parar um pouco para nos abastecer no aconchego da nossa casa, saborear espiritualmente da maravilhosa e edificante força e encontro com a Eucaristia. Sempre precisamos louvar e buscar a alegria que preenche o nosso coração. Às vezes somos tentados a querer uma vida sem desafios, sem dor e sem problemas, mas não é possível neste mundo. Somos caminheiros da vida em meio aos obstáculos, sofrimentos que vem ao nosso encontro através das enfermidades físicas e mentais, dos lutos, das lutas, dos desesperos e decepções. Mas o Senhor que se transfigura na Palavra, na Eucaristia, nos encontros com os irmãos e irmãs, desce do Monte (Altar) para caminhar conosco pelas estradas da nossa vida!

Precisamos nos levantar e, como o Senhor pediu aos seus discípulos, seguir em frente. Faz-se necessário descer do monte da transfiguração, para que, iluminados e fortalecidos pela luz do Senhor, continuemos caminhando, prosseguindo com Cristo e anunciar o Reino de Deus com o nosso testemunho, nossa perseverança, na esperança, para que o mundo não nos desfigure com tantos barulhos, luzes artificiais, filmes, propagandas e outros recursos que podem nos impedir de guardar tesouros no céu (cf. Mt 6,20).

Muitas vezes, faz-se necessário sairmos do nosso lugar de mesmice, cômodo, da nossa segurança material e bem-estar pessoal, como fez Abrão, que deixa sua terra e se abre a uma nova experiência de vida, uma vida transfigurada, de acordo com o que Deus o chamou e, ao mesmo tempo, o enviou (cf. Gn 12,4).

A Quaresma é este tempo de rezarmos, silenciarmos, fazermos penitência e aperfeiçoar cada vez mais na nossa vivência cristã através da oração, da penitência, da caridade e do sacramento da confissão. Resumindo: praticando jejum, oração e esmola.

No Brasil, e em outros países, temos a Campanha da Fraternidade, como mais um elemento de vivência do tempo quaresmal, que é parte do grande ciclo pascal. Por isso, nos encontros semanais (Via-Sacra, encontros em família, rodas de conversa, nas celebrações, formações) somos convidados a uma atitude de contemplação sobre as realidades sociais como campos de nosso envolvimento e vivência concreta da nossa fé, no que se refere aos diversos problemas e carências da vida humana.

Deixemos que o Espírito Santo venha nos guiar com sua luz e nos faça obedientes ao que Deus Pai nos pede: Escutar o Filho. Que em nossas subidas e descidas às montanhas de nossa existência possamos estar acompanhados de Cristo e de sua Palavra. E a nossa oração seja sempre voltada ao seguimento fiel de Cristo que nos chama a realizarmos nossa missão a favor de seu Reino de amor e paz.

——–

[1] Dos sermões de São Leão Magno, Liturgia da Hora II, 2º Domingo da Quaresma.

 

***

⇒ POESIA ⇐

É bom ficarmos aqui

 

Senhor é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do teu amor,
No transfigurar da tua beleza,
No encontro da tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em tua fortaleza.

Senhor é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.

Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do teu chamado,
Para o teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.

Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, tu nos chamas a levantar,
E com coragem te seguir,
Para aos outros se unir,
E Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.

Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

I Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Gn 2,7-9;3,1-7; Sl 50(51); Rm 5,12-19; Mt 4,1-11

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo nos ensina a vencermos as tentações

Mt 4,1-11

 

A liturgia deste 1º domingo da quaresma nos apresenta, através do Evangelista Mateus (cf. 4,1-11), Jesus, após o batismo, sendo conduzido pelo Espírito ao deserto para enfrentar as tentações do diabo. Diz Santo Agostinho (*354+430), bispo de Hipona (moderna Annaba, na Argélia): O Senhor poderia impedir o demônio de aproximar-se dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer na tentação”[1].

Na tentação dos nossos primeiros pais[2], Adão e Eva, percebemos a fraqueza e a desobediência. Diante dos resultados desta atitude, o casal se percebe na nudez de sua realidade humana. A nudez da qual narra o Gênesis é exatamente a descoberta de que não podemos nada sem Deus e que não podemos ser como Ele, pois somos suas criaturas e já carregamos algo muito precioso: a sua imagem e semelhança.

Meditando na liturgia da palavra deste 1º domingo da quaresma, aprendamos o que o Senhor nos ensina sobre as tentações que ele viveu antes de se entregar ao seu ministério pela Galiléia.

A primeira tentação acontece no deserto após os quarenta dias de jejum, quando Jesus sente fome. “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” (Mt 4,30). Jesus nos ensina a vencermos esta tentação do ter. Esta tentação, a qual nos leva a pensarmos que tudo se refere ao dado material e aos nossos próprios desejos e interesses. De vez em quando, caímos na motivação diabólica de resolvermos as situações do mundo a partir de nossa autossuficiência. Esquecemos que não é somente dos bens materiais de consumo, do acúmulo e de nossos interesses individualistas, que vivemos, mas da Palavra de Deus que nos orienta por um caminho de fraternidade e de partilha, vivida no amor ao nosso Deus e aos nossos irmãos (cf. Mt 4,4).

A segunda tentação ocorre no templo: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui para baixo” (Mt 4,6). Jesus é tentado a se apresentar glorioso e inclinar-se ao triunfalismo. A nossa vivência religiosa na Igreja não deve ser motivada por prestígio e por fama. Somos, às vezes, tentados a vivermos uma religião de refúgio, segurança individualista, fama e também de status social. Faz-se necessário vivermos um cristianismo em virtude da justiça e do bem a favor dos outros. O Senhor nos ensina: Não tentarás o Senhor teu Deus!” (Mt 4,7). Não podemos provocar Deus a fazer a nossa vontade em favor dos nossos interesses individualistas e do nosso prestígio, para sermos vistos pelo mundo em nossa ostentação.

Na última tentação, Jesus é levado a uma alta montanha onde se visualiza todos os reinos poderosos do mundo. Diz o diabo: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar.” (Mt 4,9). Os reinos de satanás são governados pelo poder opressor, pelas maldades, discriminação, mortes, mentiras, falsidade e corrupções.

Jesus nos ensina que não podemos nos dobrar às motivações diabólicas do poder que mata, que divide as pessoas, que as exclui e que promovem as guerras. A tentação do lucro e do domínio por parte de poucos sobre muitos, crucifica os pobres e vulneráveis com práticas criminosas.

Precisamos entender que o poder de Jesus está no amor, na compaixão, no cuidado com os pobres, na sua palavra que chama o ser humano à mudança de vida e o envia a semear o Evangelho. Também na entrega à cruz, para a libertação e salvação do mundo. Porque é o amor, a escuta, a adoração, o culto ao Deus verdadeiro, que dignifica de verdade a vida das pessoas e traz a verdadeira paz, a Paz de Cristo, o shalom que Jesus saudou os discípulos, logo na tarde da Ressurreição, onde eles se encontravam trancados com medo dos judeus, proporcionando-lhes a Paz interior a todos os que estavam amedrontados (cf. Jo 20,19-23).

A razão de nossa vida é Cristo, o novo Adão, Aquele que no deserto, lugar onde Israel foi tentado, venceu o diabo e nos ensinou também a vencê-lo. Deu-nos a vida verdadeira e nos renovou em seu amor. Quis ser alimento para nós, o seu povo novo, com seu corpo e sua Palavra, dando-nos força e luz em nosso peregrinar terrestre.

Peçamos perdão pelas vezes que nos deixamos vencer pelas tentações, às quais passaram por Jesus e que ainda hoje invadem a nossa vida material e espiritual. Que a luz do Espírito nos ilumine e nos encha de força para vencermos as tantas tentações que encontramos a cada dia. Que o nosso jejum, a nossa oração e a nossa esmola nos transformem em pessoas cada vez mais parecidas com Cristo, nas atitudes e nas palavras. Amém.

——–

[1] Dos comentários sobre os salmos, de Santo Agostinho, bispo. Liturgia das Horas, 1º Domingo da Quaresma.

[2] O nome Adão (em hebraico ´adamah, pois procede da terra), se torna ´ish (que quer dizer homem, mortal). E da palavra ´ish surge ´isshá (que quer dizer mulher), pois é carne da mesma carne, isto é, procede do homem, sendo da mesma substância (cf. nota de rodapé de Gn 2,23, da Bíblia do Peregrino, editora Paulus, 2018).

 

 

***

⇒ POESIA ⇐

Vencer as tentações com Cristo

 

Contigo, Senhor,
Sou vencedor,
Contra o tentador,
Que me faz escravo
Das suas falsidades,
Atrocidades,
Contrárias ao amor.

Em ti, Senhor,
Sou firme e forte,
Venço também a morte,
Que me traz as trevas,
Deixando-me perdido,
Como se fosse vencido,
Longe da tua sorte.

Por ti, Senhor,
Vou me entregando,
Sempre caminhando,
Rumo à vitória,
Meta dos teus seguidores,
Dos evangelizadores,
E o reino anunciando.

Para ti, Senhor,
Toda gratidão,
Nada é em vão,
Vamos sempre vencendo,
Vencemos o pecado,
O mal derrotado,
Em ti, novo Adão.

Contigo, Senhor,
Na fraternidade,
Seguindo sendo caridade,
Pelo mundo a fora,
Vivendo a oração,
Sendo comunhão,
Via da santidade.

.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o novo Adão que nos trouxe o dom gratuito e superabundante da justiça, ilumine o seu caminho! ***

 

DOMINGO DE RAMOS – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 50,4-7; Sl 21(22); Fl 2,6-11; Lc 19, 28-40; Lc 23,1-49

“Entrada de Jesus em Jerusalém” (1842), por H. Flandrin (1809-1864)


Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Entre aclamações e a Cruz

Lc 19, 28-40; Lc 23,1-49

 

A liturgia deste Domingo de Ramos nos apresenta dois textos do evangelho de Lucas. O primeiro narra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém aclamado como Rei, ele vem de forma simples e sem exércitos de força, para nos mostrar que o seu Reino tem como base principal o amor e a paz. O segundo texto narra a Paixão nos mostrando as consequências da missão de Jesus neste mundo.

Jesus rompeu com um culto antigo, que com tantas leis, oprimiam e rejeitavam os pobres, deixando-os sem voz, sem vez e às margens da sociedade. As leituras e o salmo responsorial nos colocam na meditação deste início da Semana Santa.

O profeta Isaías nos apresenta o servo sofredor, paciente diante da humilhação: “Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado” (Is 50,7). São Paulo nos confirma que este servo sofredor que se esvazia na humilhação é de condição divina: “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2,6). No salmo responsorial temos o lamento no sofrimento e no abandono máximo o qual passa a natureza humana de Deus e que se solidariza com todos aqueles que carregam a cruz na caminhada da vida.

A liturgia deste início de Semana Santa, portanto, nos leva a meditar sobre estes dois acontecimentos no final da vida de Jesus. Primeiro, a aclamação do povo e dos discípulos na entrada de Jerusalém com ramos tapetes: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” (Lc 19,38), nos lembrando dos pastores em Belém, na noite do nascimento.

Alguns querem silenciar as aclamações e manifestação dos discípulos, Jesus, porém, repreende, pois são os discípulos que aclamam e caminham com Ele. Ser discípulo é anunciar a presença de Cristo no meio do povo, não é possível calar a voz dos missionários, dos pregadores e dos profetas.

O caminho de Jesus não tem volta, ele segue em direção à Cruz e à sua Paixão. Por isso é importante que juntemos os dois textos de Lucas nesta liturgia. Precisamos caminhar com o Senhor aclamando como Rei de amor, porém ao mesmo tempo somos chamados a contemplarmos a sua Paixão, a sua cruz, que também aparece em nossa vida, nas mais diversas realidades. É a cruz que nos leva à vitória e a redenção.

Qual seria a nossa reposta se começássemos a refletir sobre nosso caminhar com Jesus na nossa história? Seríamos um Cireneu que ajudou a carregar a Cruz? Seríamos como Maria que ficou ao Pé da Cruz? Ou Estaríamos de longe, com medo, fugindo e negando que éramos discípulo dele?

Considera-se importante esta reflexão por que, ainda hoje, Cristo é crucificado, nas crianças abortadas, nos jovens assassinados, nos pais de família que enfrentam a violência, nos desempregados, nos refugiados e nas tantas mulheres vítima da exploração sexual, moral e social.

E para proclamá-lo ressuscitado no meio do mundo, precisamos também viver a experiência da ressurreição, quando somos vencedores com o Senhor mesmo diante de tantos desafios e barreiras que se põem à nossa frente.

Precisamos nos envolver na pregação do Evangelho em nossa vida e na proclamação de seus valores para que a existência humana seja libertada das tantas cruzes, dos tantos sofrimentos a fim de vida nova ressurja em cada pessoa.

Que a Semana Santa nos leve a vivermos cada passo do Senhor a caminho da Ressurreição e que sejamos marcados pela convicção e alegria da nossa fé no Deus que é vida para todos.

 

⇒ POESIA ⇐

Com Jesus na Cruz e na nossa vida

Vamos caminhar com Jesus
Com cantos de alegria,
Com ramos nas mãos sem hipocrisia,
Caminhemos com ele até a Cruz,
Sejamos discípulos do amor e da luz,
Façamos por inteiro nosso peregrinar,
Expusemos o medo de com ele caminhar.

Façamo-lo Rei,
Não da força e da prepotência,
Mas do amor, da Paz e da paciência,
Num caminhar sereno e de prontidão,
Seguindo a estrada na partilha e na união,
No culto novo e cheio de amor,
Além do que se pede a lei e seu rigor.

Entre a fama e a cruz,
Há um caminhar ainda a se fazer,
Há violentos e assassinos a se atrever,
Há também os traidores,
Há os medrosos, os fujões e desertores,
Mas há os que são solidários,
Que caminham até o fim, mesmo solitários.

Triste é saber, e ver,
Que no mundo, neste caminhar,
Ainda há muitos crucificados a gritar,
Marcados pelo flagelo e a humilhação,
Que gemem com o peso da opressão,
Que esperam os “cirineus” para os ajudar,
Para os seus sofrimentos aliviar.

Olhemos para Jesus,
Que caminha com a gente e sem desistir,
Fazendo sua aliança conosco cumprir,
Caminhando sem medo e com humildade,
Totalmente entregue e na liberdade,
Para nos dá o prêmio da vida por ele anunciado,
Para nos conduzir ao Reino, pelo Pai preparado.

 

Que a Palavra e a Luz do Bom Pastor ilumine o seu caminho.

 

V DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 6,1-7; Sl 32(33); 1Pd 2,4-9; Jo 14,1-12

POESIA

CRISTO, O ROSTO DE DEUS

Não se perturbe teu coração,
Mas tenha a fé no Senhor,
Porque ele é o caminho,
Rosto divino do amor,
Que nos ensina a caridade,
Que nos leva a eternidade,
Ele é nosso redentor.

O Senhor também é vida,
Para a nossa alegria,
Faz-nos seus missionários,
E dá-nos paz a cada dia,
Sua vida é sempre nova,
Sua ressurreição é a prova,
De tudo que ele anuncia.

Somos nele pedras vivas,
Ele, a Pedra angular,
Somos também nação santa,
Para o mundo edificar.
Nossa fé nos faz honrados,
Em Cristo somos banhados,
Banho que nos vem salvar.

E abraçando a caridade,
Em favor de toda a gente,
O Senhor nos convocou,
A servi-lo para sempre,
Vivendo a diaconia,
Na noite e também no dia,
Em favor do irmão carente.

Ele, nossa divina verdade,
Que nos dar a esperança.
Nós seguimos com coragem,
Vivendo na temperança.
Palavra que nos orienta,
Corpo e sangue que sustenta,
Trazendo-nos a segurança.

HOMILIA

Jesus, nosso Caminho, Verdade e Vida

Cristo nos fala no evangelho deste 5º domingo da Páscoa: “Eu sou o Caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6). Estas palavras foram ditas para os seus discípulos momento após o gesto do Lava-pés, quando Tomé se declara um pouco angustiado sem saber para onde ir (cf. Jo 14, 5). Jesus se apresentando como o caminho, significa que para segui-lo, seus discípulos devem estar em constante movimento. É abraçar a peregrinação da missão pelo mundo, levando a verdade e a vida.

Felipe faz um pedido: Senhor mostra-nos o Pai, isso nos basta (cf. Jo 14, 8b). Diante destes sentimentos dos discípulos, Jesus responde que o seu rosto misericordioso é a imagem do Pai. Olhar para ele, ver suas ações, seu jeito de lidar com as pessoas, seu acolhimento e seu perdão, expressam ação e a imagem de Deus Pai.

Os discípulos, após a ressurreição, como continuadores da missão de Jesus e em comunhão com ele, deverão apresentar em suas ações, a presença de Cristo ressuscitado que viveu em comunhão perfeita com o Pai e que após a sua ressurreição encarregará todos os seus seguidores de agirem como seu mestre.

Na primeira leitura podemos comprovar que a missão se expande e se faz necessário eleger mais discípulos para que o serviço do amor seja executado. Nesse momento são escolhidos os sete primeiros diáconos para que estejam a serviço da caridade em favor dos necessitados (cf. At 6,5-6). A Igreja nasce do amor aos pobres e necessitados, porque Cristo viveu toda a sua caminhada terrestre em função do amor aos pobres e do serviço da justiça e da paz entre as pessoas. Hoje devemos retomar a Igreja dos Atos dos Apóstolos, voltando o nosso olhar e a nossa ação para o serviço dos carentes materiais, espirituais e humanos.

São Pedro na sua primeira carta vai nos dizer: “Do mesmo modo, também vós, como Pedras vivas, formai o edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Cristo” (1Pd 2,5). Assim serão todos os batizados, discípulos de Cristo, em favor do Reino de Deus, os quais são enviados a mostrarem o rosto misericordioso e caridoso do Pai como pedras vivas, na edificação de um mundo novo.

Nas primeiras comunidades os seguidores de Jesus viveram a experiência de missão além da Galileia. O desafio foi espalhar a Palavra de vida pelo mundo. Para isso foi necessário a expansão com novos discípulos para dar continuidade a missão de Cristo na Igreja nascente. Para isso foi preciso a consciência de que os missionários fossem como pedras vivas e edifícios espirituais.

Os primeiros cristãos carregavam em si a mística necessária para semearem o evangelho vivo. A vida do ressuscitado era tão forte que favorecia a coragem para a entrega total pelo Reino de Deus. Sem medo das perseguições, chegavam a ponto de derramarem o próprio sangue através do martírio.

Hoje são os cristãos, as pedras vivas para a construção de uma Igreja que vive a missão da caridade, da evangelização e da formação de novos discípulos. Os batizados são chamados a espalharem o amor pelas famílias sem muros, através do serviço aos necessitados e abandonados.

Missão realizada sobre a luz do sol, que às vezes é escaldante, ou sobre a noite fria que muitas vezes é escura e desafiante, quando nas realidades dos pobres, nas ruas e praças de nossas cidades. Esta é também a Vinha do Senhor que precisa de cuidado e carinho dos seus discípulos.

Também os cristãos devem ser sinais de Cristo além dos altares e templos, acolhendo e escutando as pessoas muradas, isoladas e machucadas pelas tantas realidades de sofrimentos. Muitos perderam a esperança e a coragem de lutarem por um mundo de paz e de justiça. Outros foram embriagados pelas ideologias que somente trazem como consequências o vazio e a angústia da desestruturação familiar e social.

Enfim, o rosto amoroso e misericordioso de Cristo deve está presente em cada um de nós. Somos batizados (inseridos) em Cristo para expressarmos a imagem dele neste mundo, como sacerdote a serviço do culto verdadeiro, profetas anunciadores da Palavra verdadeira e reis com o Senhor sobre as potestades que afligem o nosso mundo. Este é nosso caminho, ajudemos as pessoas a encontrarem o caminho, o próprio Cristo. Amém!

IV DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 2,14a.36-41; Sl 22(23); 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

POESIA

O BOM PASTOR

O Bom Pastor,
É a porta da vida,
Para a acolhida,
Na sua casa santa,
Onde nos alegra,
E assim se entrega,
Na Paz oferecida.

O Bom Pastor,
É quem nos conduz,
Com sua luz,
Por caminhos retos,
Somos seu rebanho,
Não é um estranho,
É Amor que seduz.

O Bom Pastor
É nossa sorte,
Que vence a morte,
Com seu poder,
Tudo Rompendo,
E nos acolhendo,
Com a sua voz forte.

O Bom Pastor
Está nos chamando,
Nos conquistando,
Para segui-lo,
Por seus caminhos,
Não nos deixa sozinhos
Ele vai nos guiando.

O Bom Pastor,
Quer-nos sempre unidos,
Do seu amor, imbuídos,
O mundo iluminando,
E na nossa missão,
Na santa comunhão,
Sempre, sempre nutridos.

O Bom Pastor,
Tem o cheiro da gente,
Ver seu povo carente,
Vem ao nosso curral,
Pela porta ele entra,
Seu rebanho alimenta,
Novo povo de crentes.

HOMILIA

Jesus é o verdadeiro Pastor dos “pastores”

Irmãos e irmãs, hoje o Cristo nos diz: Eu sou a porta (cf. Jo 10,7). “Quem entrar por mim, será salvo” (Jo 10,9). Quando vamos à celebração encontramos a casa do Senhor de portas abertas, para que nos encontremos com ele, possamos nos reunir como rebanho dele. Queremos escutar a sua voz e participar do seu banquete, onde encontramos o alimento eterno que é o seu corpo e o seu sangue.

Estamos no domingo do Bom Pastor quando contemplamos o Senhor como nosso guia eterno. Ele que nos conduz e que nos ensina por onde caminharmos. Também nos ensina a sermos discípulos pastores, porque muitas vezes temos um pequeno ou grande rebanho (paróquia, diocese, comunidade, família, grupo, pastoral ou movimento) sobre nossa reponsabilidade para caminhar com ele. Porém o rebanho, que está sobre nossa responsabilidade, é sempre do Senhor, ele é o dono e o condutor do rebanho.

O que nos cabe como seguidores do supremo Pastor é que façamos o esforço de imitá-lo, amá-lo e buscar nele a nossa força e salvação. Que possamos também carregar em nosso ministério o cheiro dos que estão sob nossa condução, como nos fala o Papa Francisco: “Vo-lo peço pelo que sejam pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens.”[1]

Precisamos também nos lembrar de que diante do que vivemos na caminhada cristã somos primeiramente rebanho do Senhor. Antes de tudo somos convidados a ouvir a voz do nosso pastor supremo, para seguirmos por caminhos seguros, por lugares onde haja alimento, paz e certeza de segurança em Deus.

Hoje são muitas as vozes e pastores que se dizem verdadeiros, que querem ser ouvidos e seguidos. Diante de tantas realidades e ofertas de vida, de tantas opções, que o mundo oferece, faz-se necessário que primeiramente nos acostumemos a ouvir a voz de Cristo que nos fala pela Palavra Sagrada, que nos convoca através das celebrações da Palavra e da Eucaristia. Agindo primeiro desta forma, teremos o discernimento de seguirmos pelo caminho que nos leva a verdadeira liberdade e à salvação.

No tempo em que Cristo caminhou com os homens, na vida terrena, antes da sua ressurreição, existiam também os falsos pastores, os ladrões e assaltantes (cf. Jo 10,8). Estes não ofereciam vida e segurança para o povo e, portanto, armavam pesados fardos através de leis injustas e preconceituosas as quais oprimiam as pessoas, principalmente, os pobres, as mulheres e os doentes.

Hoje não é diferente, há ainda muitas vozes e portas que soam e se abrem para nós, nos apelando para as injustiças, para a hipocrisia, para a ganância, opressão e para as ideologias que nos desviam do caminho do Bom Pastor. São caminhos de ilusões.

Precisamos treinar o nosso ouvido para podermos ouvir a voz verdadeira que vem de Cristo. Somos um rebanho que muitas vezes não encontra a porta verdadeira e por isso caímos no pecado e nos perdemos. São atitudes que se expressam na fuga e na perda da ovelha em relação ao rebanho do Bom Pastor.

Haverá retorno quando, pelo reconhecimento dos erros e pela volta à casa do Pai misericordioso, somos conduzidos à confissão. O Senhor até nos carrega nos seus braços para retornarmos ao seu redil e também as porta da sua casa estão sempre abertas para o acolhimento.

Como ovelhas, vivendo no rebanho do Senhor e seguindo-o como discípulos seus, podemos atrair outras ovelhas para seguirem este Supremo Pastor. Isso aconteceu com a pregação de Pedro, como podemos ver na primeira leitura, pois depois de pregar para o povo, no dia de Pentecostes, “mais ou menos três mil pessoas se uniram a eles” (At 2,41).

Precisamos buscar sempre no Senhor o nosso repouso. Ele nos conduz por caminhos de alegria e alimentos fartos, ele nos abre a porta, nos leva ao seu banquete (Sl 22/23), para que nos saciemos e encontremos o amor e a paz.

Que o Espírito Santo anime e nos ilumine quando for preciso retornar aos braços do Bom Pastor e nos dê sempre perseverança para continuarmos firmes nos caminho do Senhor e fazendo parte do seu rebanho.

Rezemos por todos os que são chamados a seguirem como colaboradores do Bom Pastor (bispos, padres, diáconos, agentes de pastorais, coordenadores de grupos e movimentos) para que sejam sempre animados a continuarem a colaborar com dignidade as tarefas que Deus lhes confiou. Amém.

[1] CNBB. Roteiros homiléticos para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal: Ano A, São Mateus. “Celebremos a páscoa do cordeiro!”. abril / junho 2017. Ano 3 – nº 13, Brasília: Edições CNBB, 2017. p. 50.