Epifania do Senhor, Solenidade

 

Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Luz do Senhor Atrai os Magos do Oriente

Mt 2,1-12

 

Meus irmãos e irmãs, neste primeiro domingo do ano novo a luz do Senhor atrai os magos do Oriente. E o mistério pascal da solenidade da Epifania do Senhor nos mantém, ainda no Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação do Verbo de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Mt 2,1-12.

Epifania significa a manifestação do amor infinito e misericordioso de Deus a todos os povos e nações. Nesta Liturgia, o evangelista Mateus (cf. 2,1-12) narra o nascimento de Jesus em Belém e nos situa dentro do reinado de Herodes, O Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o Menino (cf. Mt 2,3). A serviço de Herodes, os especialistas nas escrituras localizam uma profecia de Miqueias (cf. 5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém.

Em cena aparecem os magos do Oriente que, mesmo não tendo as Escrituras, querem chegar até o rei dos judeus que acabara de nascer (cf. Mt 2,2). Herodes, astutamente, pediu a ajuda dos magos para chegar até o Menino. Mas os magos foram avisados em sonho e voltaram por outro caminho. (cf. Mt 2,12).

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. A Liturgia nos ensina que os magos representam os gentios que buscam e acolhem a salvação de Deus. O encontro do Menino é o objetivo dos que querem encontrar-se com Deus. No evangelista Mateus, vemos que a Salvação é para toda humanidade. São Paulo, aos efésios, ainda reforça que: “os pagãos são admitidos (…) do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo…” (Ef 3,6).

Outro ensinamento é sobre as ofertas dos magos que foram entregues depois de adorarem o Menino (cf. Mt 2,1-12): ouro (simbolizando a realeza de Cristo), incenso (a divindade) e mirra (que indica que Jesus veio para aliviar o sofrimento dos pobres e também a sua unção no túmulo de seu corpo humano e incorruptível que culmina na Ressurreição).

O retorno dos magos por outro caminho indica que, além de fugir da astúcia de Herodes, o encontro com Deus, na pessoa do Filho, os faz homens renovados. Alegres e convertidos seguem um novo caminho em suas vidas.

Portanto, esta Liturgia nos motiva para buscarmos constantemente o encontro com a pessoa do Filho muito amado do Pai, pois Cristo quer fazer nova todas as coisas. Ele que nossa caminhada seja como discípulos amados por ele. A nossa participação na Missa deve ser sempre de louvor e de adoração, alegres pela busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: O que tenho oferecido a Deus? Que dons tenho colocado a serviço do Reino?

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro para que percorramos um ano novo, cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual e humano, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus para encontrarem novos caminhos e novas realidades em suas vidas. Por fim, rezemos com o salmista: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor.” [Sl (72/71)].

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Caminhar em Busca do Menino

 

Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do Oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.

O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.

Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Pois o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

***

 

 

*** Que a Luz do Menino Jesus, adorado pelos povos do Oriente, ilumine o seu caminho! ***

 

Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria (2021)

 

Leituras: Nm 6,22-27; Sl 67(66); Gl 4,4-7; Lc 2,16-21

 

⇒ HOMILIA ⇐

Junto à Mãe de Deus Celebremos a Paz

Lc 2,16-21

 

Meus irmãos e irmãs, neste dia 1º de janeiro, junto à Santa Maria, Mãe de Deus, celebramos a paz. E o mistério pascal desta solenidade nos mantém, ainda no Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação do Verbo de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,16-21.

Nesta Liturgia, os cristãos se reúnem esperançosos, com expectativas e perspectivas. Há uma intenção especial por parte do Papa, que é celebrar o Dia Mundial da Paz junto com a Mãe de Deus. Ela que nos presenteou com o seu sim, acolhendo e fazendo com que o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) pudesse nascer e reinar em nosso meio, portando a misericórdia do Pai, a Salvação para todos.

O evangelista Lucas apresenta o encontro dos pastores com o menino Jesus ainda na manjedoura, junto com Maria e José. Os pastores foram os primeiros que receberam a notícia do nascimento do alvador. A eles cabe também o anúncio das maravilhas de Deus, louvando toda a realização divina (cf. Lc 2,17-18.20).

A Virgem guardava todos estes acontecimentos e meditava em seu coração (cf. Lc 2,19), procurando compreender todo o processo da sua resposta a Deus, quando o Anjo a visitou. Maria meditava porque também era mulher do silêncio e da oração, na escuta atenta a Deus, na sua missão de gerar e acompanhar o Verbo no cumprimento das promessas que vinham de Deus Pai.

Neste Dia Mundial da Paz, os cristãos também pedem as bênçãos que vem de Deus, pois é sinal de salvação como escutamos na primeira leitura desta Liturgia: “ ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. (Nm 6,24-27).

Sobre o marco temporal de 2020 e 2021, devemos também ter em mente que se faça a vontade do Senhor e não a nossa. Maria nos possibilita que sejamos seus filhos. Ela, que é Mãe de Deus e nossa Mãe, também gerou a Igreja que nós somos parte. Ela é a mãe do Príncipe da Paz, também nosso irmão, nosso Deus amado que veio ficar junto de nós para nos ensinar que Deus é Pai e tem misericórdia dos pecadores, por isso vem trazer a união e a fraternidade.

Nessa relação santa de filhos, São Paulo nos fala: “De modo que já não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus.” (Gl 4,7). Temos então o temor que vem do amor e da necessidade de santificação e não o medo da condenação. Se amamos o Senhor, faremos a vontade dele e por isso não devemos ter medo dele porque ele está bem próximo de nós.

Que neste ano que se inicia possamos promover cada vez mais a paz entre as pessoas, onde estivermos inseridos e que Nossa Senhora nos ensine a sermos obedientes, necessitados de amor e na escuta de Deus. Deus que sempre está nos chamando à santidade e a sermos, ao mesmo tempo, discípulos missionários do seu Reino.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Santa Mãe de Deus e Nossa

 

Mãe da escuta atenta,
Do silêncio e da oração,
Toda entregue por amor,
Do Senhor da salvação,
Ensina-nos a santidade,
Mostra-nos tua serenidade,
Para a santificação.

Mãe de Deus e nossa Mãe,
Mãe do Príncipe da Paz,
Ensina-nos a fraternidade,
Que tanta harmonia nos traz,
Ensina-nos também a escuta,
A paciência na labuta,
Quando não somos capazes.

Que o nosso Príncipe da Paz,
Pela sua encarnação,
Ajude-nos na caminhada,
E no amor entre os irmãos,
Trazendo-nos alegria,
Que nasce da Eucaristia,
Pra nossa libertação.

Que a benção do Senhor,
O Filho amado e querido,
Possa nos trazer a paz,
Neste mundo tão sofrido,
Das guerras possa nos livrar.
E o amor sempre a buscar,
Os povos todos unidos.

Que a Santa Eucaristia,
Renove a nossa lida,
Dando a força necessária,
Para a estrada percorrida,
E que Deus Emanuel
Com a nossa Mãe do Céu,
Tragam a paz à nossa vida.

***

 

 

*** Que a Luz do Menino Jesus, que enquanto Deus se fez filho de Maria, ilumine o seu caminho! ***

 

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Solenidade

 

Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14

Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18

 

⇒ HOMILIA ⇐

E Deus veio morar conosco

Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18

 

Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia do Natal nos convidam a mergulhar no mistério da encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais.

Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando mais fraternidade e dignidade. Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor reina nos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas.

O evangelista Lucas, na Liturgia da Noite de Natal, nos apresenta a caminhada dura, entre as montanhas, que Maria e José fazem até Belém para participarem de um recenseamento. Nos arredores de Belém, próximo aos campos dos pastores, envolvido em faixas e deitado numa manjedoura (cf. Lc 2,12), nasce o nosso Salvador, nosso Pastor, portador da paz, da justiça e da misericórdia de Deus Pai.

Os primeiros a receberem a notícia são os pobres, distantes dos poderes humanos. Os homens de poder esperavam um messias equipado com poderoso exército. Mas a pedagogia de Deus proporciona a sua vinda como uma criança que nasce numa família simples – Maria e José – e pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto.

Já a Liturgia do Dia de Natal, com o texto do evangelista João, nos apresenta a divindade do Menino Deus que nasceu em Belém entre os pastores e sob a luz das estrelas entre as montanhas da Judeia. De acordo com o evangelista João, este recém-nascido é a encarnação de Deus e já existia antes desde o princípio da Criação. Agora, Deus mostra sua face, trazendo-nos a paz, seu amor e a salvação.

O nascido de Maria é o anunciado por Isaías na primeira leitura: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e que quer a salvação para todos. Para isso, basta que estes acolham a sua Palavra e respondam ao seu chamado para anunciar o Reino.

Jesus nasce na noite para dizer que ele é Luz. Os pastores foram os primeiros a sentir a realização da profecia de Isaías, pois “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1).

Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. E então vivemos o verdadeiro Natal também quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo.

Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal de Cristo, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos.

Que Espírito Santo nos ilumine e nos faça cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai que veio assumir a natureza humana para resgatar a humanidade. Jesus Cristo é Deus conosco.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Deus Nasce entre os Pequenos

 

Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.

Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.

Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a entoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.

O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.

E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.

***

 

 

*** Que a Luz do Salvador, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo do Tempo do Advento, Ano B, São Marcos

 

Leituras: 2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16; Sl 89(88); Rm 16,25-27; Lc 1,26-38

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Corações Abertos para o Cristo que Vem

Lc 1,26-38

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo do Advento nos motiva, a exemplo da Virgem, a dizer um sim em atitude de entrega. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,26-38.

Já envolvidos pelo clima natalino, e a exemplo da Virgem, somos convidados a escutar Deus que nos traz a sua mensagem de esperança e de alegria e nos anuncia a chegada daquele que nos trará a Salvação.

E o Evangelho desta Liturgia, nós vemos que Deus envia um mensageiro à Virgem e as primeiras palavras do Anjo são: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28). Como deve ter ficado o coração de Maria?

Deus quer realizar suas promessas através da resposta de uma mulher virgem e já noiva de um homem justo chamado José, que também nos ensina sobre o silêncio, a obediência e a escuta.

Quantas mulheres esperavam esta dádiva, este presente, que Deus podia oferecer à descendência de Davi? “Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus” (Lc 1,30), disse o Anjo. Diante da mensagem de Deus não poderá haver medo, somente a meditação, a escuta e entrega à voz do Anjo que explica como tudo irá acontecer. Mesmo diante da escuta atenta e do silêncio sereno, Maria questiona, não com rebeldia, mas no sentido de dialogar sobre aquela novidade divina em sua vida: “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?” (Lc 1,34).

Disse o Anjo: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus.” (Lc 1,35). Neste momento a Virgem completa o seu entendimento sobre o plano que Deus está lhe propondo: oferecer o seu ventre para que Deus possa operar as maravilhas da salvação em favor da humanidade através da sua encarnação. “Eis a serva do Senhor” (Lc 1,38) é a grande resposta de amor e de obediência. E “faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38) é a entrega total para que Deus realize a sua obra salvífica não somente para a pessoa de Maria, mas para toda a humanidade que esperava a chegada do Messias.

Jesus nasce longe dos palácios! Nasce em Belém, entre os pobres e os animais. Isso nos diz que a sua Palavra tem que habitar fora dos poderes humanos. E o Evangelho deve ir aos que precisam de amor, paz e dignidade e combater as várias formas de violência e morte impostas aos pobres. A Boa-Nova de Deus deve nascer e reinar para que a vida e a alegria aconteçam no coração dos homens.

Que o Espírito Santo nos cubra com sua sombra para nos proteger, nos iluminar com seus dons para que façamos a vontade de Deus. E que neste Natal do Senhor possamos viver mais intensamente a oração e a escuta da Palavra num clima de alegria e de fraternidade onde o amor seja cada vez mais forte entre os nossos irmãos e irmãs que se preparam para celebrar o divino encontro de Deus com todos os homens.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Escuta e Obediência

 

Na simplicidade no meio dos homens,
Deus vem ao mundo para nos salvar,
Mostrar seu rosto igual ao nosso,
Porque conosco quer caminhar,
Traz alegria e claridade,
Justiça e paz à humanidade,
No nosso meio vem habitar.

O mensageiro visita uma Virgem,
Traz um recado do criador
Traz a alegria que vem do alto,
Do Deus da vida e de imenso amor,
Uma mensagem que tira o medo,
E revelando divino segredo,
Pois a nós virá o Salvador.

E o Santo Espírito fará a obra,
Com sua sombra vai proteger,
Não faltará proteção e graça,
Pois o Santo Menino irá nascer,
Filho de Deus será chamado,
Verbo divino no mundo encarnado,
Para um novo Reino acontecer.

A Virgem Santa se entregará,
Dizendo sim ao Deus da vida,
Na obediência da santa Palavra,
Na escuta atenta e refletida,
Sim à proposta e ao chamado,
Do Deus que ama e é amado,
E quer a humanidade toda redimida.

E neste mundo que agora estamos,
Somos a Igreja engravidada,
Da justiça e da esperança,
Para que a vida seja respeitada,
Para que as crianças recém-nascidas,
Sejam amadas e acolhidas,
E no amor de Deus encaminhadas.

E nas luzes que brilham em tantos lugares,
Possa lembrar nosso Deus de amor,
E entre os homens a fraternidade,
Que vem do alto com esplendor,
E os cristãos tochas brilhantes,
E qualquer lugar e a todo instante,
Sendo presença do Salvador.

 

***

 

 

*** Que a Alegria e a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que, como seu exemplo, nos motiva a dizer um sim em atitude de entrega ensina a viver a certeza alegre da encarnação de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo do Tempo do Advento (Gaudete), Ano B, São Marcos

 

Leituras: Is 61,1-2a.10-11; Sl Lc 1,46ss; 1Ts 5,16-24; Jo 1,6-8.19-28

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Alegria no Senhor é para Sempre

Jo 1,6-8.19-28

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do III Domingo do Advento (Domingo da Alegria) nos motiva a viver a alegria da certeza da encarnação do Verbo. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 1,6-8.19-28.

E a alegria que a Igreja nos fala está além das sensações e dos propósitos humanos, como nos descreve Isaías: “Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça” (Is 61,10). Também João Batista expressa a expectativa de alegria para o povo: Aquele que virá é maior, pois é o Ungido que o profeta Isaías nos falou na primeira leitura. A alegria que o Messias irá trazer “é a boa nova aos pobres, é a cura aos quebrantados de coração e a proclamação da liberdade aos cativos… o tempo da graça do Senhor” (Is 61,1-2).

De Deus vem a nossa verdadeira alegria como também o seu amor para a nossa salvação. Sendo que é aqui, como peregrinos, que somos chamados a buscar nossa realização de filhos para a alegria verdadeira. Uma alegria que é diversa do paradoxo do mundo, que a uns incentiva o acúmulo de bens e a outros o consumo desenfreado de bens. A caminhada peregrina é muitas vezes de dores, tristezas e sofrimentos, mas no Senhor somos felizes porque encontramos o refrigério da serenidade e da misericórdia.

A comunidade reunida em torno da Palavra e da Ceia é o testemunho da alegria, quando estamos juntos diante do Altar do Senhor e quando apresentamos para o mundo o nosso jeito de ser, somos “a voz que grita no deserto da vida, contra tudo que entortou o caminho do Senhor”[1] nas realidades tristes dos homens de hoje onde a santa alegria se faz ausente.

Para que sejamos luz do mundo, precisamos acolher a presença da luz de Cristo. Devemos reconhecer que o Natal é a aceitação da luz que veio nascer e reinar em nossas vidas e pela sua iluminação divina trazer-nos a alegria verdadeira.

Não são as luzes das lojas e das ruas que representam o nascimento do Salvador e nos trazem a alegria, mas as luzes dos presépios, como também as velas acesas nas novenas de Natal, quando partilhamos a Palavra e a Paz de Cristo.

É a luz do nosso testemunho, das nossas motivações missionárias que deverão iluminar quem está próximo de nós, o ambiente humano e eclesial para celebrarmos a presença de Cristo, que nos traz a Salvação e a Paz.

Por fim, é São Paulo quem nos orienta para este Domingo Gaudete (que quer dizer Alegrai-vos). Diz o Apóstolo Paulo: “Alegrai-vos sempre, orai sem cessar. Por tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus. Não extingais o Espírito.” (1Ts 5,16-19). Pois é pela alegria e oração constantes que nos realizamos plenamente como filhos e filhas de Deus, que nos ama fielmente. Como gratidão devemos dirigir nossos júbilos e louvores a Deus, que é amor, que é justiça, que é misericórdia. Deixemos que o Espírito Santo seja nossa alegria com o seu fogo abrasador.

***

[1] Jesus veio nos indicar os caminhos do reino: Roteiros homiléticos do Tempo do Advento-Natal – Tempo Comum, Ano B, novembro de 2014/fevereiro de 2015, CNBB. p. 32.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

A Verdadeira Alegria

 

A verdadeira alegria
Vem sempre do Senhor,
Que completamente nos realiza,
Com seu eterno e perfeito amor,
Ele é o caminho certo,
À nossa vida sempre aberto,
Percurso santificador.

A verdadeira alegria
É plena de pura perfeição,
Preenche-nos totalmente,
Desnecessária complementação,
Sua Palavra é o alimento,
Seu corpo também é sustento,
Para a santificação.

A verdadeira alegria
Vem do fogo abrasador,
Do Espírito Santo em nós,
Com sua força e amor,
Trazendo a forte união,
Dos que se reúnem em oração,
Como povo do Senhor.

A verdadeira alegria,
É a certeza da salvação,
Que vem da voz do profeta,
Na sua forte pregação,
Pelos nossos desertos,
Levando-nos aos rumos certos,
Através da conversão.

A verdadeira alegria,
Devemos também proclamar,
Pelo nosso testemunho,
Para o mundo contemplar,
Ao Senhor que nos conduz,
Ele é a verdadeira luz
E que vem para nos salvar.

 

***

 

 

*** Que a Alegria e a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que, como seu exemplo, nos ensina a viver a certeza alegre da encarnação de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo do Tempo do Advento, Ano B, São Marcos

 

Leituras: Is 40,1-5.9-11; Sl 85(84); 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8

⇒ HOMILIA ⇐

O Senhor Vem para Endireitar nossos Caminhos

Mc 1,1-8

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do II Domingo do Advento nos motiva a receber Jesus para endireitar nossos caminhos e nossas relações humanas. O Evangelho deste Domingo está em Mc 1,1-8.

Nesta Liturgia, a Igreja nos apresenta os primeiros versículos do Evangelho segundo Marcos, dizendo: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). Parece óbvio começar um livro com esta expressão, mas não é por acaso o termo “princípio” e a designação “Jesus Cristo, Filho de Deus”.

O termo “princípio” quer destacar que até o momento da escrita do Evangelho de Marcos, o testemunho sobre a experiência do seguimento a Jesus e o conhecimento da sua pessoa e da sua história era apenas oral.

Já a designação “Jesus Cristo, Filho de Deus” aponta para além do homem filho de Maria e de José. Trata-se de uma compreensão mais profunda de Jesus, pois a palavra Cristo é um título que só é plenamente compreendido após a experiência da Cruz e da Ressurreição.

O evangelista nos mostra que Jesus é verdadeiramente o Filho muito amado, desde o princípio (cf. Jo 1,1). Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem (cf. CIgC 464-469), por isso nos traz a salvação e nos mostra a face misericordiosa de Deus.

Como último profeta antes de Jesus, João Batista tinha a compreensão de que o Jovem Galileu era o enviado do Pai. Dizia João Batista, “depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.” (Mc 1,7). Em função disso o Batista não se sente digno nem de se aproximar, porque o batismo de Jesus será com fogo[1] do Espírito Santo. Jesus é o prometido por Isaías quando o povo estava cativo na Babilônia (cf. Is 40,1-11). Ao ler Isaías, Marcos diz que João Batista irá preparar a chegada do Ungido de Deus. É preciso que o povo se prepare, busque a conversão e faça penitência para acolhê-lo. Faz-se necessário ir ao deserto, longe dos poderes, para escutar a voz profética, endireitar-se e reconhecer o Cristo de Deus.

Hoje é a Igreja, Corpo Místico de Cristo, a mensageira da segunda vinda, em nossa vida e na do mundo. Ao mesmo tempo, devemos ser como João Batista: preparar o mundo para celebrar o Natal como festa da encarnação de Deus e não como um momento que pouco recorda aquele que, como adulto, diria “Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa” (Lc 19,5). Para isso, é importante a Novena de Natal, a participação assídua e atenta nas Liturgias, a vivência da espiritualidade da espera alegre do Senhor, que quer renascer e reinar em nossa vida.

Cristo quer endireitar nossos caminhos, às vezes tortuosos. Ele quer fazer nova nossa vida (cf. Ap 21,5), nossas relações que, frequentemente, estão desgastadas pela displicência, pelo egoísmo. Como refrigério para as feridas humanas, Jesus nos oferece a vigilância do Bom Pastor (cf. Jo 10,1-21) e o altruísmo do Bom Samaritano (cf. Lc 10,29-37).

Peçamos a Nossa Senhora a virtude da esperança, que perseverou em silêncio (na carne e no espírito) a espera da encarnação do Verbo. A exemplo da Virgem, esperamos “novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça” (2Pd 3,13).

***

[1] Expressão usada pelo evangelista Mateus (cf. 3,11).

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Nossos Caminhos com o Senhor

 

Nos caminhos tortuosos,
Cheios de grandes defeitos,
Vem o Senhor concertar,
Para se tronarem direitos,
Uma voz em nossos desertos,
Ensina os caminhos certos,
Que não foram ainda feitos.

Esse caminho é refeito,
Pela nossa conversão,
Precisa de escuta e fé,
De silêncio e oração.
Pois para bem celebrar
O Natal que vai chegar,
Precisa-se dedicação.

A espera é importante,
Sendo alegre e prudente,
Numa busca bem atenta,
Vivendo o amor paciente,
Praticando a caridade,
A Paz e a solidariedade,
No agora, no presente.

Novos céus e uma nova terra,
É o que nós esperamos,
Na paz com os nossos irmãos,
Sempre que nos encontramos.
Para o Natal acontecer,
Devemos nos envolver,
É o que nós precisamos.

Ao redor da Santa Mesa,
De todos os caminheiros,
Que buscam endireitar,
Sua vida por inteiro,
Buscando a conversão,
Que leva à redenção,
Para o Reino verdadeiro.

Peçamos a Santa Mãe,
Que soube bem esperar,
Para que nos auxilie,
Neste nosso caminhar,
Ela que silenciou,
E perseverante rezou,
Ensine-nos a rezar.

 

***

 

 

*** Que a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que nos motiva a receber o Menino Deus para curar as feridas das nossas relações humanas, ilumine o seu caminho! ***

 

I Domingo do Tempo do Advento, Ano B, São Marcos

 

Leituras: Is 63,16b-17.19b;64,2b-7; Sl 80(79); 1Cor 1,3-9; Mc 13,33-37

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Esperemos Alegres e Vigilantes o Senhor que Vem!

Mc 13,33-37

 

Meus irmãos e minhas irmãs, iniciamos hoje um novo ano litúrgico, o Ano B, com a iluminação dos textos do evangelista Marcos. E o mistério pascal deste I Domingo do Advento nos motiva a estar vigilantes e alegres pela certeza da vinda de Cristo. Já o Evangelho desta Liturgia está em Mc 13,33-37.

No Advento, a Igreja nos chama a viver a espera alegre do Senhor que se encarnará e nos abrirá as portas para a nossa salvação. É um tempo de vigiar e meditar sobre o encontro com o Senhor pela sua Palavra e pelo seu corpo e sangue e, ao mesmo tempo, viver a experiência, enquanto discípulos missionários, da espera da volta do Senhor.

A cada ano litúrgico, no seu final, completamos uma volta na estrada cíclica da nossa vida. Precisamos nos perguntar: quantas voltas já fomos capazes de realizar? Quantas voltas Deus nos permitirá? Como tenho feito e como farei os próximos percursos?

Somos marcados pela experiência da espera em Cristo, vivemos sempre expectativas para que haja, em nossos ambientes, mais prosperidade, paz e fraternidade em Cristo.

O evangelho de Marcos nos leva a refletir sobre a vigilância, que é estar em comunhão com o Senhor numa atitude de escuta da Palavra que nos orienta e nos fortalece. “Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou no amanhecer.” (Mc 13,35). Neste versículo, Jesus nos alerta para que vigiemos durante o dia e a noite. Porém, prevalece o noturno (meia-noite, madrugada e amanhecer). Isso significa que devemos vigiar em todos os momentos da nossa vida, de dia ou de noite. É preciso que estejamos atentos para que o ladrão não roube o lugar pelo qual estamos responsáveis e estar bem acordados para não ser enganado.

Também precisamos, em nosso percurso espiritual (e psicológico), estar atentos para que os desafios, os pessimismos, as violências, os egoísmos não afetem a esperança e a fé nas promessas de Deus. Quando deixamos de lado nossa atenção ao Senhor e à sua Palavra nós corremos o risco de cairmos no sono espiritual, deixando de lado a vigilância da porta por onde o mal pode entrar e roubar a nossa fé e a nossa esperança. Para combater o sono espiritual, temos o recurso da oração pessoal e comunitária, “estimulantes” estes que estão ao nosso alcance, gratuita e abundantemente.

Devemos deixar que Deus nos molde à sua ação santificadora como nos fala Isaías (64,7): “(…) és nosso pai (…), nosso oleiro, e nós (…) obra de tuas mãos.” Vigiar é entender que, em diversos momentos, é o Senhor quem age, transforma e nos indica por onde devemos seguir. Nesse sentido, São Paulo diz “é ele também que vos fortalecerá (…) para que sejais irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor”. (1Cor 1,8).

Devemos fazer a nossa parte e deixar que Cristo possa nascer e reinar em nossa vida, trazendo a salvação. Irmãos e irmãs, o Advento é, portanto, o momento de revermos como está a nossa espera, a qual deve ser constante durante todo o ano litúrgico.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Como Porteiros do Senhor

 

Nas noites e madrugadas do nosso existir,
Esperemos o Senhor que quer chegar,
Para encontrar-nos sempre vigilantes,
Sem medo de se decepcionar,
E como o porteiro, sempre atento,
A cada passo e a cada momento,
Deixemos a promessa se realizar.

Também nos dias de chuva e de sol,
Faz-se necessário também vigiar,
Porque não sabemos qual o momento,
Em que Senhor vai nos chamar,
Porque nossa vida é de atenção,
Pela escuta e pela oração,
Nesta dinâmica do esperar.

Do sono da vã indiferença,
Busquemos sempre despertar,
Acordando para a vida verdadeira,
Que precisa sempre desabrochar,
E o otimismo em nossa existência,
Que não pode ser vítima da demência,
Que muitas vezes quer nos sufocar.

Que o culto seja o momento,
Da Palavra que vem nos sacudir,
Para não vivermos na ignorância,
Mas como despertos possamos seguir,
Reunindo com os nossos irmãos,
E na Paz, vivemos a comunhão,
Eucaristia sempre a nos nutrir.

E como porteiros eficientes,
Que não cochilam na portaria,
Fiquemos atentos a quem quer entrar,
Seja na noite, seja no dia,
Porque nossa vida é esta morada,
Desta Palavra que é encarnada,
Cristo, o amor, a nossa alegria.

 

***

 

 

*** Que a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que nos ensina a estar vigilantes e alegres pela certeza da vinda do Cristo, ilumine o seu caminho! ***

 

BATISMO DO SENHOR – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 42,1-4.6-7; Sl 29(28); At 10,34-38; Lc 3,15-16,21-22

 

⇒ POESIA ⇐

BATIZADOS PARA O REINO

Como um mergulho na vida de Cristo,
Sem sabermos o tamanho desta realidade,
Somos chamados a amar de verdade,
Num caminhar de discípulos amados,
Pela alegria imensamente inundados,
E na convicção da nossa santidade.

Filhos do mesmo Pai misericordioso,
Nossa fonte da eterna Criação,
A Ele também nossa adoração,
Como irmãos na mesma caminhada,
Num olhar de vida contemplada,
Alegres pela vida em missão.

Guiados pelo Espírito de amor,
Ao receber a sua santa unção,
Que nos alegra pela sua inspiração,
Que conduz na nossa longa estrada,
E nos fortalece nas nossas jornadas,
Ajudando-nos na nossa santificação.

Batizados para formar comunhão,
Para sermos sinal para a humanidade,
Sendo ação na fé e na caridade,
Seremos do Reino, continuadores,
Discípulos de Cristo, evangelizadores,
Nas mais diversas realidades.

Trindade Santa, Deus de amor,
Fazei conosco comunhão,
Fortalece-nos na oração,
Para do Batismo não desanimar,
Mas cada vez mais fortificar,
Nossa gratuita filiação.

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Batismo do Senhor e o nosso batismo

 

Festejamos o Batismo do Senhor e logo depois desta liturgia dominical já iniciamos, no dia seguinte, segunda-feira, o Tempo Comum, num período de cinco semanas, as quais nos separam da Quaresma.

Lucas nos apresenta nesta leitura, o testemunho de João Batista e o Batismo de Jesus. Conta o evangelho que havia uma expectativa por parte do povo referente a João Batista. João faz a distinção entre o seu batismo e o de Jesus. “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo.” (Lc 3,16). O mesmo Espírito que falou pelos profetas, também marca o início da missão de Jesus e faz nascer em pentecostes a Igreja e sua missão.

É dentro da realidade do batismo de João Batista que entra em cena Jesus para ser batizado. Fiquemos atentos para os detalhes do acontecimento do batismo de Jesus: Achava-se em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corporal, como pomba. “E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho; eu, hoje, te gerei!’.” (Lc 3,22).

A oração de Jesus é o sinal do seu contato com o Pai e a pomba nos lembra a Arca de Noé depois do dilúvio voltando com um ramo de oliveira trazendo a mensagem da possibilidade de nova vida na terra (cf. Gn 8,11-12). A voz do Pai unge o Filho para o início de sua missão entre os homens. Nesta narração também identificamos a presença da Trindade no mundo, que é manifestada para nos mostrar que se inicia caminhada de Jesus à sua paixão, morte e ressurreição, dirigindo-se até pentecostes.

Jesus é o servo anunciado por Isaías: “Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu Espírito, ele trará o direito às nações.” (Is 42,1). Esta missão está bem detalhada nos Atos dos apóstolos: “ele passou fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo diabo, porque Deus estava com ele.” (At 10,38).

A Festa do Batismo do Senhor nos faz refletir sobre a vivência do nosso batismo na caminhada cristã como seguidores de Jesus. É a Trindade Santa que uma vez marcando a nossa vida na entrada para o novo povo de Deus, estará sempre na nossa missão de cristãos inseridos na morte e ressurreição do Senhor.

É conduzido pelo Espírito Santo que continuamos firmes na nossa vida familiar e na evangelização, é assim que somos inspirados nas nossas pregações, encontros de catequese, reuniões de família e, sobretudo vivendo o Culto Eucarístico e da Palavra que é centro da nossa vida de batizados, como Igreja peregrina em busca do céu.

Também, é nos sentindo na condição de filhos de Deus que nos alegramos como irmãos e irmãs numa mesma família amada e querida pelo mesmo Pai de amor e de misericórdia. E é sendo discípulo e missionário de Jesus que construímos juntos o Reino, que é de justiça, de solidariedade, de paz, de amor, de alegria e de comunhão num mundo que segue na contramão das realidades do evangelho.

Marcados por esta certeza da presença da Trindade na nossa vida batismal, podemos cantar alegres, o refrão pascal: “Banhados em Cristo, / somos uma nova criatura. / As coisas antigas já se passaram, / somos nascidos de novo”.

 

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

POESIA

CAMINHAR EM BUSCA DO MENINO

Seguindo a estrela de Belém,
Marcados pelo desejo de encontrar o Senhor
Vão os caminheiros do oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus ricos e simbólicos presentes.

O encontro com o Deus menino,
Muda a direção dos curiosos caminheiros,
Seguem um caminho transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que vão levar a divina alegria,
Que pra eles antes não existia,
E agora é um sonho precioso realizado.

Também nós devemos seguir este caminho,
Via que nos leva até o Deus encarnado,
Para sermos discípulos com dons a oferecer,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de evangelização,
Marcado pelo amor e a oração,
Convictos de um constante converter.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não se dispôs trilhar o caminho e até a ele chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar,
Mas o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Para os que querem o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

 

HOMILIA

Os magos do oriente são atraídos pela luz do Senhor

 

A Solenidade da Epifania[1] do Senhor nos traz o texto de Mateus, o qual nos conta o nascimento de Jesus em Belém. O Evangelista nos situa dentro do reinado de Herodes, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o menino (cf. Mt 2,3).

Os especialistas nas escrituras (mestres da lei) localizam o texto do profeta Miquéias (5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém. Em cena aparecem também os magos do oriente, que estão curiosos. Eles não têm as escrituras para decifrarem sobre o nascimento do Jesus, mas querem chegar até ele (cf. Mt 2,2). Herodes quer usar os magos para chegar até o menino, mas não consegue. No entanto, os magos são avisados em sonho para voltarem dessa grande jornada de busca e visita ao Messias por outro caminho (cf. Mt 2,12), para que Herodes não tenha a localização do Presépio.

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. Em primeiro lugar, a interpretação teológica nos ensina que os magos representam os gentios em sua diversidade racial, buscando e acolhendo a salvação universal que Deus através de seu Filho, Jesus Cristo, o Enviado.

Ir ao encontro do Menino significa a busca dos que querem encontrar-se com Deus. O texto de Mateus nos ensina que a Salvação em Cristo é para todos os homens, como nos fala São Paulo na segunda leitura: “os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo Corpo e coparticipantes da Promessa em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.” (Ef 3,6).

Um segundo ensinamento sobre a visita dos magos são as ofertas feitas por eles: ouro que é símbolo da realeza de Cristo; incenso, a sua divindade; e mirra, a sua unção no túmulo, no corpo (natureza humana) e a incorruptibilidade do seu corpo que culmina na Ressurreição. Antes mesmo das ofertas, os magos se ajoelham diante do Menino e o adoram (cf. Mt 2,12).

Num terceiro momento podemos lembrar que os visitantes retornaram para sua terra seguindo outro caminho, significando que o encontro com o menino Jesus transforma a vida daqueles que vivem a experiência que o Filho de Deus proporciona, tal como posteriormente aconteceu com a adúltera, com Zaqueu, com a Samaritana, com Bartimeu, com a hemorroíssa. Isso para ficar em apenas alguns relatos dos Evangelhos. Mas teremos inúmeros outros casos de Jesus e daqueles que caminharam em discipulado com ele nos três anos de ministério na Terra Santa. E essa experiência tem sido passada ao longo dos vinte séculos após a passagem do Galileu.

Portanto, a liturgia da Epifania do Senhor deve nos levar a meditar sobre a constante necessidade que temos de encontrar Jesus e renovar nossa caminhada, abrir novos caminhos e avançar na vida de discípulos amados por ele. A nossa vida deve ser de louvor marcada pela alegria que o encontro pode nos proporcionar. Podemos ainda nos perguntar: o que temos para oferecer a Deus? Que dons podemos colocar a serviço do Reino?

A dimensão universal da salvação, proposta em Mateus, pode nos direcionar para o aspecto ecumênico nas nossas ações cristãs em nossos relacionamentos com os irmãos de outras Igrejas e no nosso trabalho social voltado para serviço aos pobres.

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro, para que percorramos um ano novo cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus. Por fim, rezemos com o salmista: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor” (Sl 72/71). Amém.

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[1] Do Grego, manifestação.

 

SOLENIDADE DA SAGRADA FAMÍLIA – ANO C, SÃO LUCAS

Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 128(127); Col 3,12-21; Lc 2,41-52

 

POESIA

A FAMÍLIA SANTA DE NAZARÉ

Mãe que escuta e a Deus se entrega,
Para viver um plano de amor exigente,
Que questiona, porém consente,
O peso da imensa missão,
Meditando no seu coração,
O amor de Deus e de sua gente.

Pai terreno e obediente ao Pai do Céu,
Discreto no seu silêncio orante,
Que nas dúvidas segue avante,
Ao anjo em sonho escutou,
E firmemente acreditou,
Postura de homem Santo suplicante.

Filho, Deus que desce a este mundo,
Presente no meio da multidão,
Rosto de Misericórdia e perdão,
Que traz aos homens a esperança,
A vida eterna como herança,
Ressuscita e nos dá a ressurreição.

Família, modelo para chegarmos ao céu,
Santa desde a sua fundação,
Referência para cada lar cristão,
Conduz-nos a evangelizar,
Fazendo-nos firmemente acreditar,
Que o reino se constrói pela missão.

E agora pedimos um auxílio santificador,
Para construirmos uma Igreja em nosso lar,
E ao mundo podermos testemunhar,
Uma vida de cuidado e comunhão,
Marcada pela evangelização,
Para as chagas do mundo poder curar.

 

HOMILIA

Família cristã: chamada a ser Igreja doméstica

 

O Domingo depois do Natal nos apresenta a Santa Família de Nazaré em peregrinação a Jerusalém. Trata-se da vivência de fé da família de Jesus em sintonia com o povo da primeira Aliança.

O evangelista Lucas nos fala de Jesus aos doze anos, já chegando a sua maturidade, de acordo com a tradição judaica. Ao final da Festa que durava sete dias, os peregrinos retornavam para suas casas geralmente em grupos familiares, Maria e José também voltam para Nazaré, e na longa caminhada percebem a ausência de Jesus e por isso retornam a Jerusalém.

O Evangelista conta que foram três dias a procura do Menino quando o encontram no Templo entre os doutores da lei. Podemos imaginar as palavras do Menino Jesus a respeito das coisas divinas, pois os ouvintes ficavam maravilhados. A resposta aos Pais, “não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49), deve ter deixado Maria e José intrigados inicialmente, mas depois ambos compreenderam, pois neste momento o menino já dá sinais da sua divindade e obediência ao Pai do Céu.

O interessante é que ele seguirá obediente à Maria e José no seu lar em Nazaré, no silêncio da família santa, no dia-a-dia de sua juventude até os trinta anos, quando sua vida pública se inicia, segundo as narrações do Evangelista.

Jesus vive na natureza humana e na divina obediência, virtudes próprias da santidade, postura original de santos e santas que nos deixaram os seus testemunhos para ensinar a todos os que querem seguir o Senhor.

A liturgia deste Domingo, portanto nos traz grandes orientações espirituais para que a família possa viver a santidade, a começar pela primeira leitura: “Aquele que respeita o pai obtém o perdão dos pecados, o que honra sua mãe é como quem ajunta um tesouro.” (Eclo 3,3-4). Numa sociedade em que se percebe a fragilidade da autoridade dos pais, é muito importante vislumbrar o valor que devemos dar ao amor e atenção, aos seus conselhos e a experiência de quem dedicou a sua vida aos filhos. Isso certamente nunca sairá da moda.

Quanto ao cuidado aos pais na velhice e o carinho nas suas limitações, nem sempre é uma realidade na ação filhos no mundo de hoje. São Paulo, na Carta aos Colossenses, aconselha que sejamos revestidos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência… (cf. Cl 3,12). Estas virtudes são exatamente as necessárias para vivermos a santidade na família e nos são exigidas quando cuidamos dos idosos e enfermos com suas limitações físicas e psicológicas.

Olhemos para Jesus que mesmo sendo Deus, era obediente à Maria e José. Com certeza foi também amável, solidário, paciente e orante no seu ambiente familiar e no convívio com os amigos. Maria, que guardava tudo no seu coração, com certeza também viveu um imenso amor ao seu lar, meditando o projeto que Deus lhe tinha proposto. A cada momento com Jesus deve sempre ter relembrado as palavras do anjo, deve ter pensado nos desafios do seu caminhar desde o nascimento do filho e com a certeza de que a sua missão não acabava com a maturidade de Jesus. E José como varão fiel ao projeto de Deus foi também orante, amoroso e obediente a Deus, vivendo do seu trabalho e preocupando-se com a manutenção da casa.

É importante que família cristã tenha como referência e centro de sua espiritualidade a Sagrada Família. Os pais devem ser referencial de evangelização primeiramente com o testemunho de santidade conjugal, no cuidado com os filhos no que se refere à educação, à vida de oração e ao convívio social. Deve ser missionária, formando Igrejas em casa, cultivando a leitura e a escuta da Palavra de forma constante, onde a partilha e o amor estejam presentes para fortalecerem a sua existência como instituição sagrada.

Não devemos esquecer que as chagas da sociedade é fruto de uma certa displicência no cuidado, na presença e na formação junto às crianças, adolescentes e jovens. O relativismo toma conta dos ambientes familiares, onde religião é opção pessoal e onde também falta ao pai e à mãe uma formação cristã mais sólida e consciente de sua missão.

Rezemos pedindo à Sagrada Família que ajude a tantos lares a se tornarem um ambiente de fraternidade, amor e oração, uma Igreja doméstica que viva a missão evangelizadora dentro e fora da casa. Amém.