⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12 ⇒ HOMILIA ⇐ Mt 2,1-12 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Solenidade da Epifania do Senhor, penúltimo Domingo do Tempo do Natal, nos motiva a contemplarmos o mistério da encarnação do Verbo de Deus, agora com a adoração dos magos do oriente. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 2,16-21, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Mateus intitulada “O nascimento e a infância de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus, pequenino, está com a Sua Mãe, em Belém, recebendo, dos magos do oriente, a adoração e os presentes (o ouro, o incenso e a mirra). A palavra epifania, de origem grega, significa manifestação e, com esta Liturgia, a Igreja nos mostra que Deus se manifesta, através dos sábios da Pérsia, a todos os povos. No Evangelho de hoje, o evangelista Mateus (cf. 2,1-12) narra o nascimento de Jesus em Belém e nos situa dentro do reinado de Herodes, o Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o Menino (cf. Mt 2,3). Os especialistas nas escrituras, que estavam a serviço de Herodes, localizam uma profecia de Miqueias (cf. 5,1-4) sobre o nascimento do Messias em Belém. Em cena aparecem os magos do oriente, que, mesmo não tendo as Escrituras, querem chegar até o Rei dos judeus que acabara de nascer (cf. Mt 2,2). Herodes, astutamente, pediu a ajuda dos magos para chegar até o Menino. Mas os magos, avisados em sonho, voltaram por outro caminho. (cf. Mt 2,12). A Liturgia nos ensina que os magos representam os gentios que buscam e acolhem a salvação de Deus. Estar com o Menino Jesus é o objetivo dos que querem encontrar-se com Deus. São Paulo, na sua Carta aos Efésios, ainda reforça que: “os pagãos são admitidos (…) do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo…” (Ef 3,6). Outro ensinamento é sobre as ofertas dos magos que foram entregues depois de adorarem o Menino (cf. Mt 2,1-12). O ouro é o reconhecimento da realeza de Cristo. O incenso reconhece a Sua divindade. Já a mirra nos aponta duas indicações: que Jesus veio para aliviar o sofrimento dos pobres e que Seu corpo humano, mesmo incorruptível, terá tratamento, terá unção, antes da Ressurreição. Um terceiro ensinamento, desta Liturgia, diz respeito ao retorno dos magos. Sim, eles retornaram por outro caminho para fugir da astúcia de Herodes, mas também porque o encontro com Deus, na pessoa do Filho, os faz homens renovados e alegres e também convertidos. Por isso, seguem um novo caminho em suas vidas. Portanto, irmãos e irmãs, esta Liturgia nos motiva para buscarmos constantemente o encontro com a pessoa do Filho muito amado do Pai, pois Cristo quer fazer nova todas as coisas, quer que sejamos discípulos muito amados por Ele. Nós, por outro lado, devemos participar da Eucaristia sempre como um ato louvor e de adoração, alegres pela busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: O que tenho oferecido a Deus? Que dons tenho colocado a serviço do Reino? E neste 2 de janeiro, queremos fazer memória da data natalícia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, evento ocorrido há 149 anos, sendo a nona filha do casal São Luís Martin (*1823†1894) e Santa Zélia Guerín Martin (*1831†1877). E o nome “Teresa” não foi recebido em função dos votos religiosos no Convento, pois já foi batizada, no dia 4 de janeiro de 1873, com o nome de Maria Francisca Teresa e tendo como padroeira a própria Santa Teresa d’Ávila, a Grande (*1515†1582). Por fim, rogamos a Nossa Senhora do Sorriso, que curou Santa Teresinha do que hoje chamamos de depressão, que interceda para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da Fortaleza necessário para rompermos com tudo aquilo que nos impede de colocar nossos dons aos pés do Rei dos reis. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que, através da atitude dos reis magos, nos motiva a contemplar o mistério da encarnação do Verbo de Deus, ilumine o seu caminho! ⇐
A Luz do Senhor Atrai os Magos do Oriente
Caminhar em Busca do Menino
Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.
*
O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.
*
Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.
*
Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Porque o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre O encontrar.
*
Carreguemos o sentido da Salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração à grande novidade,
Porque Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.
Tag: Ciclo do Natal – Ano C – São Lucas
Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Nm 6,22-27; Sl 67(66); Gl 4,4-7; Lc 2,16-21 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 2,16-21 Meus irmãos e irmãs, neste dia 1º de janeiro celebremos a paz junto à Nossa Senhora e ao nosso Salvador, Jesus Cristo. A Liturgia da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, ainda no espírito do tempo do Natal, nos mantém na proximidade da revelação do mistério da encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,16-21, ainda no contexto evangélico do “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus está, inicialmente, envolto em faixas e, depois, sendo circuncidado, um sinal da aliança de Deus com Abraão (cf. Gn 17,1-27). Também esta Liturgia é sempre celebrada no dia 1º de janeiro, Dia Mundial da Paz, instituído por proposta do Papa São Paulo VI(1) e que neste ano a mensagem do Papa Francisco é dedicada ao tema da paz duradoura fundamentada no diálogo entre as gerações, na educação e no trabalho(2). Nesta Liturgia, portanto, os cristãos se reúnem esperançosos, com expectativas e perspectivas, para celebrar o Dia Mundial da Paz junto com a Mãe de Deus. Ela que nos presenteou com o seu “Sim”, acolhendo e fazendo com que o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) pudesse nascer e reinar em nosso meio, portando a misericórdia do Pai e a Salvação para todos. No Evangelho de hoje, São Lucas apresenta o encontro dos pastores com o Menino Jesus ainda na manjedoura, junto com Maria e José. Os pastores foram os primeiros que receberam a notícia do nascimento do Salvador. A eles cabe também o anúncio das maravilhas de Deus, louvando toda a realização divina (cf. Lc 2,17-18.20). A Virgem guardava todos estes acontecimentos e meditava em seu coração (cf. Lc 2,19), procurando compreender todo o processo da sua resposta a Deus, quando o Anjo a visitou. A Virgem Maria também meditava porque era mulher do silêncio e da oração, na sua missão de gerar e acompanhar o Verbo na Sua caminhada terrestre entre os homens. Neste Dia Mundial da Paz, os cristãos também pedem a bênção que vem de Deus. Bênção que é sinal de salvação como escutamos na primeira leitura desta Liturgia do livro de Números: “ ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. (Nm 6,24-27). Sobre o marco temporal de 2021 e 2022, devemos também ter em mente que se faça a vontade do Senhor e não a nossa, “assim na terra como no Céu”. Maria nos possibilita que sejamos seus filhos. Ela, que é Mãe de Deus e nossa, ela também gerou a Igreja que somos parte. Ela é a Mãe do Príncipe da Paz, também nosso irmão, nosso Deus amado que veio ficar junto de nós para nos ensinar que Deus é Pai e tem misericórdia dos pecadores, por isso vem trazer a união e a fraternidade. Nessa relação santa de filhos, São Paulo nos fala: “Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.” (Gl 4,7). Temos então o temor que vem do amor e da necessidade de santificação e não o medo da condenação. Se amamos o Senhor, faremos a vontade d’Ele e por isso não devemos ter medo d’Ele porque Ele está bem próximo de nós. Por fim, peçamos a mediação materna da Mãe do Redentor para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da adoção dos filhos de Deus como ensina São Paulo aos gálatas e também a nós. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos mantém na proximidade da revelação do mistério da encarnação do Verbo de Deus, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ 55o Dia Mundial da Paz ⇐
» Tema: A paz duradoura a partir do diálogo entre as gerações, a educação e o trabalho «
Celebremos a Paz junto à Mãe de Deus
(1) Cf. PAULO VI. Mensagem para a celebração do 1º Dia Mundial da Paz. Publicado em 8 dez. 1967. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/messages/peace/documents/hf_p-vi_mes_19671208_i-world-day-for-peace.html>. Acesso em: 27 dez. 2021.
(2) Cf. FRANCISCO. MMensagem para a celebração do 55º Dia Mundial da Paz. Publicado em 8 dez. 1967. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/peace/documents/20211208-messaggio-55giornatamondiale-pace2022.html>. Acesso em: 27 dez. 2021.
Santa Mãe de Deus e Nossa
Mãe da escuta atenta,
Do silêncio e da oração,
Toda entregue por amor,
Ao Senhor da salvação,
Ensina-nos a santidade,
Mostra-nos tua serenidade,
Para a santificação.
*
Mãe de Deus e nossa Mãe,
Mãe do Príncipe da Paz,
Ensina-nos a fraternidade,
Que tanta harmonia nos traz,
Ensina-nos também a escuta,
A paciência na labuta,
Quando não somos capazes.
*
Que o nosso Príncipe da Paz,
Pela Sua encarnação,
Ajude-nos na caminhada,
E no amor entre os irmãos,
Trazendo-nos alegria,
Que nasce da Eucaristia,
Pra nossa libertação.
*
Que a benção do Senhor,
O Filho amado e querido,
Possa nos trazer a Paz,
Neste mundo tão sofrido,
Das guerras possa nos livrar.
E o amor sempre a buscar,
Os povos todos unidos.
*
Que a santa Eucaristia,
Renove a nossa lida,
Dando a força necessária,
Para a estrada percorrida,
E que o Deus Emanuel
Com a nossa Mãe do Céu,
Tragam a Paz à nossa vida.
Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, Ano C, São Lucas
Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 128(127); Cl 3,12-21; Lc 2,41-52 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 2,41-52 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Sagrada Família, neste Ano C, que celebramos no Domingo da Oitava de Natal, nos motiva a contemplar a Família de Nazaré como igreja doméstica que, juntos, peregrina a Jerusalém. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,41-52, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. Nesta Liturgia, o Menino Jesus e seus pais estão no Templo de Jerusalém, cumprindo os preceitos da Lei de Moisés. Finalizada a Festa, que durava sete dias, os peregrinos retornavam em grupo. Ao final do primeiro dia de viagem, Maria e José perceberam a ausência de Jesus. Após três dias de procura, encontraram o Menino Jesus no Templo, entre os doutores da Lei. Podemos imaginar as palavras do Menino Jesus a respeito das coisas divinas, pois os ouvintes ficaram maravilhados. A resposta aos pais, “não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49), deve ter deixado seus pais intrigados inicialmente, mas depois ambos compreenderam que Jesus já sinalizava Sua divindade e obediência ao Pai do Céu. Após o ocorrido, voltaram a Nazaré e Jesus viveu submisso aos seus pais até o início de sua vida pública. Esta Liturgia, portanto, nos traz fortes orientações para santidade em família. A primeira leitura, do livro do Eclesiástico, nos indica que: “Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los (…). Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros.” (Eclo 3,4-5). Já na segunda leitura, São Paulo aconselha que sejamos, em relação ao cuidado dos pais, revestidos de misericórdia, mansidão e paciência (cf. Cl 3,12). Diante da desvalorização da referência familiar, Deus nos indica o valor da tradição (conselhos e experiência) como fundamento social e de santificação. Olhemos para Jesus que, mesmo sendo Deus, era obediente aos pais, sendo amável e paciente no seu ambiente familiar e social. A Virgem Maria, que guardava tudo no seu coração e, desde o anúncio do Anjo, foi fundamental para o amadurecimento humano do Filho de Deus e da Sua missão entre os homens. E para José: fiel ao projeto de Deus, viveu do seu trabalho para a manutenção da casa. Como nos ensina o Papa Francisco, é um exemplo de família na oração e na peregrinação, uma peregrinação que “não termina quando se alcança a meta do santuário, mas quando se volta para casa e se retoma a vida de todos os dias, fazendo valer os frutos espirituais da experiência vivida”(1). A tradição cristã reforça que da Sagrada Família emana uma espiritualidade que deve ser referência para o nosso tempo, com os pais evangelizando pelo testemunho: na santidade conjugal e no cuidado da oração, da educação e do convívio social dos filhos. Uma família missionária no cultivo da leitura e da partilha da Palavra de Deus, onde o amor seja o fundamento e a força da existência como instituição sagrada. Não devemos esquecer que as chagas da sociedade é fruto de uma certa displicência no cuidado e na formação das crianças e dos jovens. Em nosso mundo, predomina o relativismo e a religião é muitas vezes tratado como um “problema” pessoal. Também é verdade que muitos pais carecem de uma formação cristã mais sólida e nem sempre têm consciência de sua missão na transmissão da tradição. Por fim, peçamos a intercessão da Sagrada Família, asilo de todas as virtudes, para que o Espírito Santo nos livre da inveja contra a graça fraterna e assim possamos vivenciar, em família e em comunidade, o mandamento de amar uns aos outros (cf. Jo 13,33-35). Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, nos motiva a contemplar a Família de Nazaré como igreja doméstica e missionária, ilumine o seu caminho! ⇐ Família Cristã: Chamada a ser Igreja Doméstica
(1) Cf. Homilia do Papa Francisco na Santa Missa para as Família, 27 dez. 2015, Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2015/documents/papa-francesco_20151227_omelia-santa-famiglia.html>. Acesso em: 23 dez. 2021. A Família Santa de Nazaré
Mãe que escuta e a Deus se entrega,
Para viver um plano de amor exigente,
Que questiona, porém consente,
O peso da imensa missão,
Meditando no seu coração,
O amor de Deus e de sua gente.
*
Pai terreno e obediente ao Pai do Céu,
Discreto no seu silêncio orante,
Que nas dúvidas segue avante,
Ao anjo em sonho escutou,
E firmemente acreditou,
Postura de homem Santo suplicante.
*
Filho, Deus que desce a este mundo,
Presente no meio da multidão,
Rosto de misericórdia e perdão,
Que traz aos homens a esperança,
A vida eterna como herança,
Ressuscita e nos dá a ressurreição.
*
Família, modelo para chegarmos ao Céu,
Santa desde a sua fundação,
Referência para cada lar cristão,
Conduz-nos a evangelizar,
Fazendo-nos firmemente acreditar,
Que o Reino se constrói pela missão.
*
E agora pedimos um auxílio santificador,
Para construirmos uma igreja em nosso lar,
E ao mundo podermos testemunhar,
Uma vida de cuidado e comunhão,
Marcada pela evangelização,
Para as chagas do mundo poder curar.
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14 Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18 Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo nos convidam a mergulhar no mistério da Encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais. Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando fraternidade e dignidade. O evangelista João diz que Cristo é a luz que brilha nas trevas e as trevas foram derrotadas (cf. Jo 1,4-8). Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor e a luz reinam em nossos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas. A Liturgia da Noite de Natal, também conhecida como “Missa do Galo”, é conduzida pelo anúncio do nascimento do Salvador, narrado pelo evangelista Lucas (2,1-14), passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. E nesta Liturgia, Jesus está, inicialmente, no ventre da Virgem Maria, como fruto bendito, e, depois, deitado na manjedoura, envolto em faixas. Antes de chegar em Belém, que em hebraico quer dizer “Casa do Pão”, Maria e José fazem uma dura caminhada entre as montanhas para participarem de um recenseamento. E é em Belém, e em condições precárias, que nasce o nosso Salvador, o Pão da Vida, o nosso Pastor, o Príncipe da paz e portador da justiça e da misericórdia de Deus. As primeiras testemunhas do nascimento do Salvador são os pastores, que naquele contexto eram pessoas sem crédito nas disputas judiciais, mas, mesmo assim, suas palavras deixaram muitos maravilhados quando contaram tudo o que viram sobre o nascimento de Jesus (cf. Lc 2,17-18). Assim, aqueles pastores representam os pobres, distantes dos poderes humanos, da elite religiosa do judaísmo, que esperava um messias davídico e equipado com poderoso exército. No entanto, a pedagogia de Deus, o Seu ensinamento, se realiza na Sua vinda como uma frágil criança numa família simples (Maria e José), família pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto. Já a Liturgia do Dia de Natal é conduzida pelo evangelista João. Ele nos apresenta a origem divina de Jesus(1), a encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho da Liturgia do Dia de Natal é exatamente a parte introdutória, o prólogo do Evangelho segundo São João. E nesta Liturgia Jesus está na eternidade, fora do tempo cronológico, do tempo histórico, Ele está no princípio de tudo, quando tudo foi feito para Ele. Ele é a Palavra, o Verbo de Deus. O recém-nascido é a encarnação de Deus e agora Deus mostra sua face, trazendo-nos Sua paz, Seu amor e nossa salvação. O nascido da Virgem Maria foi profetizado por Isaías e está presente na primeira leitura da Missa do Dia de Natal. Diz o profeta: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e quer a salvação para todos. Para isso, basta acolher a Sua Palavra e responder ao Seu chamado para anunciar o Reino. Portanto, estas duas Liturgias do Natal nos apresentam a autocomunicação de Deus. Primeiro ao permitir o nascimento de Jesus à noite para dizer que Ele é a Luz e, depois, ao colocar os pastores como os primeiros a sentirem a realização da profecia de Isaías, quando diz “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1). Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. Vivemos o verdadeiro Natal quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo. Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos. Neste Natal, peçamos a intercessão de Nossa Senhora, Mãe da divina graça, para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito de toda graça, e assim renovemos cotidianamente o nosso “sim”, o Batismo, sendo cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai. Jesus Cristo é Emanuel, é Deus conosco. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ⇐ E Deus Veio Morar Conosco
(1) CNBB / Roteiros homiléticos para o Tempo do Advento – Natal – Tempo Comum I (novembro 2021 / fevereiro 2022): “Alegrai-vos! O Senhor está próximo”, Ano C – São Lucas. Brasília: Edições CNBB, 2021, pp. 34-35.Deus Nasce entre os Pequenos
Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.
*
Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.
*
Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a ecoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.
*
O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com Sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.
*
E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.
IV Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas
Leituras: Mq 5,1-4a; Sl 80(79); Hb 10,5-10; Lc 1,39-45 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 1,39-45 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do IV e último Domingo do Advento nos motiva a contemplar a Virgem Maria, a Mãe do Senhor, enquanto exemplo de peregrina e de espera ativa. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,39-45, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus, como fruto bendito, está no ventre da Virgem Maria (cf. Lc 1,42). E o evangelista Lucas nos apresenta duas mães e dois bebês fazendo uma ligação da Antiga com a Nova Aliança e com realidades cuja a esperança só faz sentido com a certeza do Anjo ao dizer que: “Para Deus, com efeito, nada é impossível.” (Lc 1,37). É o caso da gravidez dessas duas mulheres: uma idosa e outra jovem, virgem. O ventre de Isabel guarda aquele que preparou os caminhos do Senhor, os caminhos de Jesus. Em Maria, sacrário santo e vivo!, Deus se encarna para recriar o homem à sua imagem e semelhança. Depois, a Escolhida partiu, apressadamente, para visitar Isabel. No entanto, mais que uma visita, foi um ato missionário de quem está disponível a Deus, no silêncio e na escuta. Por isso, de uma forma ousada, podemos dizer que Maria é a poetisa de Deus, a mulher do alegra-te, pois o seu “sim” parte de uma íntima relação com o anúncio dos profetas. Não é fantasia de uma jovem, mas a consciência de que Deus, como declama no Magnificat, derruba os poderosos e exalta os humildes. Quanto a Isabel, ela pode representar todas as mães e crianças que necessitam do cuidado de Deus para com os pobres. Já os pobres, como Isabel, são chamados a acolher a mãe de Deus e o Salvador em suas vidas. A primeira leitura desta Liturgia nos recorda que o local do nascimento de Nosso Senhor seria em Belém. Diz a profecia de Miquéias: “E tu, Belém de Éfrata , pequena entre os clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que governará Israel.” (Mq 5,1). Já a segunda leitura, da Carta aos Hebreus, nos apresenta a ação, a missão e a identidade de Cristo, que veio para fazer a vontade do Pai. Diz o autor da Carta aos Hebreus: “E graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.” (Hb 10,10). A Liturgia de hoje, portanto, nos apresenta o exemplo de Maria, obediente ao chamado de Deus para colaborar com o Seu Plano de Salvação, mesmo que muitas situações não estejam tão claras. Entretanto, quando estamos cheios da Graça de Deus e de sua Palavra, nossa boca proclama naturalmente as maravilhas d’Ele, nossas ações são pautadas no amor e nossa vida é testemunho que quase sempre dispensam as palavras. Chegando na metade do ciclo do Natal, que terminará no Batismo do Senhor, queremos recordar um fato da vida de Santa Teresinha, com quase 14 anos, e que marcou o início do terceiro período de sua vida, “o mais cheio de graças do Céu”, como disse a Florzinha de Lisieux. Na noite do Natal de 1886(1), depois da Missa da meia-noite, estava ansiosa pelos presentes nos sapatos na lareira e ouviu, desavisadamente, de seu pai, que estava fatigado depois da Missa, um desabafo de que aquele seria o último ano das botas encantadas. Apesar de magoada e como que por um milagre, Teresinha terminou a noite alegre e aos pés de seu querido Rei, o seu pai, São Luís Martin (1823-1894) . Peçamos, por fim, a intercessão de Nossa Senhora da Visitação, cultuada no dia 31 de maio, para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da caridade presente na viagem de Nazaré à casa de Isabel e fundamental para uma vida de oração e da caridade. Amém.. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * Maria: Exemplo de Caminheira, de Silêncio e de Espera
(1) Esse episódio da vida de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face está no livro “História de uma Alma” (Manuscrito A, 45 r-v).Mãe do Silêncio e da Escuta
No silêncio e na escuta do mensageiro,
Mas também questionando,
Entrega-se ao Senhor que forte lhe chama,
Coloca-se a disposição porquê muito ama,
Mãe de Deus e da humanidade,
Para Deus é toda gratuidade,
Como poetisa um poema exclama.
*
Apressada parte caminhando,
Nos caminhos longos das tantas montanhas,
Para viver a missão em caridade,
Sentindo o chamado em simplicidade.
Leva consigo o Deus criança,
Parte sem medo e com muita esperança,
Para servir com humildade.
*
Traz ao mundo o Verbo encarnado,
Na sua vida de exigente e de peregrina,
Carrega no colo com muita coragem,
Levando a sério a divina mensagem,
Por que será a mãe do Rei de amor,
Colaborando no Plano Salvador ,
Deus virá em carne, além da imagem.
*
Denuncia os tantos erros do mundo
Com o canto alegre de profecia,
Vê os poderes que machucam os humanos,
Percebe as riquezas do mundo como engano,
Quando são usados para oprimir,
Somente Deus poder corrigir,
A deficiência dos homens e os seus planos.
*
E nesta missão divina que recebeu,
É cheia de Graça em abundância,
Repleta da Palavra do Senhor,
Cantora dos pobres em sua dor,
Está consciente de sua missão,
Vive ativa e sem omissão,
É Mãe dos Apóstolos com pleno amor.
⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar a Virgem enquanto exemplo de peregrina e de espera ativa, ilumine o seu caminho! ⇐
III Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas
⇒ Domingo Gaudete ⇐ Leituras: Sf 3,14-18a; Sl Is 12,1-6; Fl 4,4-7; Lc 3,10-18 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 3,10-18 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do III Domingo do Advento, o Domingo da Alegria, nos motiva a manter a contemplação no convite à conversão, agora com o compromisso de discípulo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 3,10-18, ainda no contexto da passagem intitulada “Preparação do ministério de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus continua oculto, mas agora na profecia do próprio João Batista (cf. Lc 3,16-17) e o santo Precursor dirige sua pregação ao povo incorporando também os publicanos e os soldados romanos, pois os escritos de São Lucas, discípulo de São Paulo, apresentam a salvação a toda a humanidade. Como resposta, o povo pergunta o que fazer para estar preparado para a chegada do Senhor. Para a multidão, o Precursor, João Batista, aconselha que se repartam as vestes (os bens) e o alimento com os que não têm. Aos cobradores de impostos, João responde que sejam responsáveis e justos nas cobranças. E aos soldados, que não tomem dinheiro de ninguém e que não sejam injustos nas acusações (cf. Lc 3,11-15). Toda a pregação do Batista é para que as pessoas se convertam e estejam preparadas para a vinda do Senhor. João se apresenta humildemente a ponto de se considerar como um escravo. E diz: “Não sou digno de desatar a correia das sandálias.” (Lc 3,16) Depois faz uma comparação do seu batismo com o de Cristo: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Lc 3,16). É preciso estar preparado, pois o Senhor virá para que a Reino de Deus aconteça. O que podemos refletir deste texto de Lucas? As orientações de João Batista nos apontam gestos concretos como virtudes para a verdadeira conversão. Depois, essa pregação está voltada para a dimensão social no olhar para os necessitados, pois para a verdadeira alegria acontecer é importante que haja a partilha, a lealdade e a justiça, que os impostos sejam cobrados na justa medida e que as forças do governo não sejam nem opressoras e nem repressoras, mas que tragam segurança ao povo. Podemos pensar neste momento: o que nos dá alegria como discípulos e missionários de Cristo? E quais são os mecanismos e as instâncias que retiram do povo a verdadeira alegria? Que motivos de alegria celebramos neste Domingo? O verdadeiro discípulo é firme e forte frente aos desafios pessoais e comunitários. Por isso, diante da missão de semear a sua Palavra e o amor de Deus ele poderá carregar no coração a profecia de Sofonias: “Alegra-te e exulta de todo coração.” (Sf 3,14). É sendo um simples instrumento de Deus, que a pregação do missionário alumia o mundo com a luz do Senhor. Temos muitos motivos de alegria para celebrar: pelas tantas pessoas que partilham dos seus bens para ajudar os pobres, os necessitados e as inúmeras ações sociais e religiosas, que semeiam a esperança e a dignidade humana. Também neste Domingo temos mais um elemento que a aproxima o Advento da Quaresma. Trata-se da cor rosa [ou róseo(1)], presente no penúltimo Domingo de cada tempo. No Advento é o Gaudete, que no latim significa “Alegrai-vos”, e na Quaresma é Lætare, significando “Alegra-te”. E lembrando que ao próximo dia 14 nós celebramos a Memória de São João da Cruz (1542-1591), Doutor da Igreja – o Doutor Místico, que, junto com Santa Teresa d’Ávila, a Grande, foi um dos pioneiros da reforma do Carmelo. Além de sua obra, São João da Cruz foi uma das principais referências de Santa Teresinha do Menino Jesus, considerada como “filha e discípula de São João da Cruz”, que nos proporcionou o discipulado da Pequena Via para uma época de muitos barulhos. Por fim, peçamos a Nossa Senhora de Guadalupe, “Mãe das Américas”(2) e cultuada neste dia 12 de dezembro, que ela rogue por nós para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da alegria presente no reencontro do Pai com o Filho Pródigo e necessário para vivenciarmos a sobriedade do Advento com júbilo. Amém.Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * *
A Alegria e a Espera Compromissada do Discípulo
(1) O termo “róseo” é muito significativo no contexto litúrgico, pois além de indicar a própria cor, também indica algo que exala perfume análogo ao de rosa. No entanto, na Instrução Geral do Missal Romano (cf. 346) consta somente o termo “rosa”.
(2) Cf. Oração do Santo Padre à Nossa Senhora de Guadalupe, por ocasião da Viagem Apostólica do Papa São João Paulo II à República Dominicana, México e Bahamas, em 25 de janeiro de 1979. Foi a primeira Viagem Apostólica do Papa. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/january/documents/hf_jp-ii_spe_19790125_preghiera-guadalupe.html>. Acesso em: 10 dez. 2021.
A Verdadeira Alegria
A alegria verdadeira,
É a que vem do Senhor,
Nos tropeços e na dor.
Mesmo na enfermidade,
E na fragilidade,
Dos que buscam o amor.
*
A alegria verdadeira,
Brota da caridade,
Das ações de bondade,
Marcadas pelo servir,
Dos que querem construir,
A santa fraternidade.
*
A alegria da espera,
Que traz a esperança,
Que propõe as mudanças,
Nos gestos concretos,
Muitas vezes discretos,
Mas na confiança.
*
A alegria dos profetas,
Que anunciam o mundo novo,
Junto ao seu querido povo,
A justiça esperada,
Sempre muito sonhada,
Que voltará de novo.
*
A alegria dos cristãos,
Continuando o caminhar,
Sempre a anunciar,
Com grande esperança,
E com fé e confiança:
No Reino que vai chegar.
⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa pela pregação do santo Precursor, ilumine o seu caminho! ⇐
II Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas
⇒ Último Domingo do Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Br 5,1-9; Sl 126(125); Fl 1,4-6.8-11; Lc 3,1-6 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 3,1-6 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do II Domingo do Advento, o último Domingo do Ano de São José, nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 3,1-6, passagem que está localizada na segunda parte do Evangelho segundo São Lucas, intitulada “Preparação do ministério de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus está oculto no cumprimento da profecia de Isaías sobre o anúncio da libertação (cf. 40,3-5), que os evangelistas (cf. Mt 3,3; Mc 1,3; Lc 3,4-6; Jo 1,23) indicam ser João Batista a voz que preparará os caminhos do Senhor (cf. Lc 3,4). O Evangelho ainda nos situa no tempo histórico: “No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia…” (Lc 3,1) que “a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto” (Lc 3,2), mostrando, assim, que a ação de Deus se dá na história dos homens. Lembremos que o evangelista Lucas apresenta a salvação a toda humanidade, derrubando as barreiras culturais que impediam o acesso à Palavra de Deus. Entretanto, a profecia da libertação por meio da imagem do terreno aplainado está presente tanto na primeira leitura desta Liturgia, com Baruc, quanto no Evangelho segundo Lucas (cf. 3,4-6), em que ele resgata, como os demais evangelistas, o profeta Isaías. Em Baruc o terreno será aplainado para o Povo de Deus e em Isaías é para o Senhor. Já na segunda leitura, tirada na Carta aos Filipenses e ainda no contexto da segunda vinda de Cristo, São Paulo nos exorta que é pelo crescimento do conhecimento e da experiência que ficaremos puros e sem defeito para o dia de Cristo (cf. Fl 1,10). Outra imagem presente no Evangelho desta Liturgia é a do deserto. Na Bíblia, deserto não é, necessariamente, uma região árida. Antes, é o lugar propício para o encontro com Deus, pois foi lá que Deus cuidou e guiou o povo por quarenta anos conduzindo-os até a terra que mana leite e mel (cf. Dt 6,3). Portanto, o deserto, a cor roxa, o convite à conversão e o recolhimento são elementos que aproximam o Tempo do Advento, que nos conduz para a Encarnação (Seu nascimento na noite do Natal em Belém) e o Tempo da Quaresma, que nos encaminha para a glorificação de Cristo na Cruz. Esta Liturgia, portanto, nos motiva a estarmos preparados para a vinda do Senhor, numa atitude de conversão que reflita o Reino anunciado por João Batista e concretizado por Jesus de Nazaré. Por isso, faz-se necessário uma mudança de vida que supere a corrida comercial do natal e do ano novo e, sobretudo, incluindo um planejamento pessoal, pastoral e espiritual, de modo que cada um tenha seus projetos de uma vida renovada pela esperança neste Natal. A Liturgia deste Domingo, como sendo a voz do “nosso” João Batista, nos pede a conversão exigente do coração, com novas atitudes, seja em nossa casa, no grupo pastoral e na sociedade, para que os caminhos da Evangelização sejam endireitados e o Verbo encarnado seja acolhido, para que haja justiça, paz e fraternidade neste mundo de tantos caminhos tortos. Neste ano, a Campanha para a Evangelização, que percorre todo o Tempo do Advento e tem como tema “ide, sem medo, para servir”, terá sua coleta nos dias 11 e 12 de dezembro e, por isso, vamos rezar para que esta coleta possa dar conta dos diversos projetos missionários espalhados pelo Brasil, além de contribuir para a manutenção da CNBB. Por fim, peçamos a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, cultuada no dia 8 de dezembro, que ela rogue por nós para que estejamos prontos para receber o Espírito Santo, Espírito do santo temor necessário para uma conversão como pregada por João Batista. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa pela pregação de João Batista, ilumine o seu caminho! ⇐
Convite à Conversão em Tempo de Espera
Preparemos o Caminho do Senhor
Vivemos a intensidade
De uma espera em harmonia,
Confiantes e sem medo,
João Batista anuncia,
Só precisa conversão,
Viver a contemplação
Do Menino em alegria.
*
Percebemos neste mundo
tantos caminhos entortados,
Tanta tristeza, violência,
muitos irmãos massacrados.
É a ausência do amor,
Falta acolher o Senhor,
Pro mundo ser transformado.
*
Os profetas anunciaram
Para o mundo a redenção,
Para o povo alertaram
Que é preciso conversão.
Pra justiça acontecer,
Todos devem se rever,
Não existe enganação.
*
O sonho se realiza
Quando temos esperança,
Quando nosso caminhar,
Permanece em aliança.
Caminhos endireitados,
Altos montes abaixados,
E em Deus a confiança.
*
E então a nossa espera,
Deve ser na oração,
Na leitura da Palavra
E no alimento do Pão.
O amor ao Deus da vida,
Uma fé bem definida,
Para ver a salvação.
I Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Jr 33,14-16; Sl 25(24); 1Ts 3,12-4,2; Lc 21,25-28.34-36 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 21,25-28.34-36 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do I Domingo do Advento do Ano C, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar a chegada desse Tempo com os temas da Encarnação do Verbo de Deus no seio da Virgem Maria e a expectativa da segunda vinda de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 21,25-28.34-36, passagem que está localizada na quinta parte do Evangelho segundo São Lucas, intitulada “O ministério de Jesus em Jerusalém”. Nesta Liturgia Jesus está no Templo ensinando aos Seus discípulos. Essa ação ocorre nos dias posteriores à entrada messiânica e os eventos de Sua paixão, quando passa o dia ensinando no Templo e as noites, ao relento, no monte das Oliveiras. O evangelista Lucas apresenta uma perspectiva de libertação dos que buscam em Deus a salvação. Por isso, Jesus alerta: “ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem.” (Lc 21,36). Para os judeus, o fim do mundo significava a destruição de Jerusalém. No entanto, o que Jesus anuncia é o início do tempo do novo Povo de Deus, que inclui todas as nações. Esse novo tempo de salvação está anunciado na primeira leitura desta Liturgia. Diz o profeta Jeremias: “Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante; este é o nome que servirá para designá-la: ‘O Senhor é a nossa Justiça’.” (Jr 33,16). Já a segunda leitura desta Liturgia, São Paulo, dirigindo-se aos tessalonicenses, confirma a promessa da vinda gloriosa de Cristo, quando expressa “que assim ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.” (1Ts 3,13). A Liturgia de hoje, portanto, nos motiva a ficar atentos quanto ao anúncio do Evangelho, de modo que seja transmitido na esperança e na fraternidade. A violência que vemos todos os dias através dos meios de comunicação é consequência da ausência do Deus amor e também da ausência da Palavra proclamada e rezada em família, experiência essa que deve ser alimentada pela participação na Missa, nos círculos bíblicos, com o Santo Rosário ou outra modalidade que provoque a conversão e a firmeza na caminhada. São estas atitudes que nos prepararão para acolhermos Jesus Menino, que veio morar conosco e sentir nossas dores, mas também nossas alegrias e vitórias. O Advento é propício para termos atitude de cautela, de alegre espera, porém vigilantes. Por isso precisamos tomar cuidado em nossa vida cotidiana, na evangelização, que às vezes é falha, raquítica e marcada por preconceitos. Também devemos ter cuidado com a “nossa” zona de conforto traduzida no “está tudo bem” dos limites das missas dominicais, dos serviços e pastorais…, mas e lá fora como está? É nosso dever saber? Precisamos ir aos que foram batizados e não vieram mais à Igreja? O Advento, como primeira etapa do ciclo do Natal que é finalizado no Batismo do Senhor, também tem a função de nos conduzir para a noite de Natal, quando seremos testemunhas junto com os anjos e os pastores. E neste Domingo, em que a Igreja, universalmente, está voltada para o início de mais um Ano Litúrgico, a ser iluminado pelo evangelista Lucas, queremos motivar a caminhada no itinerário da Novena de Natal. Em 2021, a Novena, ofertada pela CNBB, tem como guia a Encíclica Fratelli Tutti(1), sobre a fraternidade e a amizade social, assinada pelo Papa Francisco no dia de São Francisco de Assis em 2020, sobre o túmulo do Santo de Assis. Peçamos a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, cultuada no dia 27 de novembro, que ela rogue por nós para que sejamos merecedores do Espírito Santo, Espírito da Paz, e preparados para acolher o Menino Deus. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ Caminhamos esperando o Senhor, * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a estar preparados para a Sua vinda, ilumine o seu caminho! ⇐
O Advento Chegou! Esperemos Alegres o Senhor que Vem!
(1) Cf. Carta Encíclica Fratelli Tutti. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html>. Publicado em: 3 out. 2020. Acesso em: 26 nov. 2021.
A Nossa Alegre Espera
Na verdade, já caminhamos com Ele,
No encontro com a sua Palavra,
No alimento do Seu Corpo,
E no saciar da sede da alma.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Com cuidado nas nossas ações,
Com a alegria em vez do medo,
Com o olhar atento à vida,
Marcados pela esperança.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Atentos aos irmãos que tropeçam,
Também, levantando das nossas quedas,
Mas querendo caminhar de novo,
De mãos dadas na missão.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Vivendo a oração perseverante,
Num olhar além do nosso chão,
Na estrada de todos os discípulos,
Para estar de pé diante d’Ele.