Epifania do Senhor, Solenidade

 

Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Luz do Senhor Atrai os Magos do Oriente

Mt 2,1-12

 

Meus irmãos e irmãs, neste primeiro domingo do ano novo a luz do Senhor atrai os magos do Oriente. E o mistério pascal da solenidade da Epifania do Senhor nos mantém, ainda no Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação do Verbo de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Mt 2,1-12.

Epifania significa a manifestação do amor infinito e misericordioso de Deus a todos os povos e nações. Nesta Liturgia, o evangelista Mateus (cf. 2,1-12) narra o nascimento de Jesus em Belém e nos situa dentro do reinado de Herodes, O Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o Menino (cf. Mt 2,3). A serviço de Herodes, os especialistas nas escrituras localizam uma profecia de Miqueias (cf. 5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém.

Em cena aparecem os magos do Oriente que, mesmo não tendo as Escrituras, querem chegar até o rei dos judeus que acabara de nascer (cf. Mt 2,2). Herodes, astutamente, pediu a ajuda dos magos para chegar até o Menino. Mas os magos foram avisados em sonho e voltaram por outro caminho. (cf. Mt 2,12).

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. A Liturgia nos ensina que os magos representam os gentios que buscam e acolhem a salvação de Deus. O encontro do Menino é o objetivo dos que querem encontrar-se com Deus. No evangelista Mateus, vemos que a Salvação é para toda humanidade. São Paulo, aos efésios, ainda reforça que: “os pagãos são admitidos (…) do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo…” (Ef 3,6).

Outro ensinamento é sobre as ofertas dos magos que foram entregues depois de adorarem o Menino (cf. Mt 2,1-12): ouro (simbolizando a realeza de Cristo), incenso (a divindade) e mirra (que indica que Jesus veio para aliviar o sofrimento dos pobres e também a sua unção no túmulo de seu corpo humano e incorruptível que culmina na Ressurreição).

O retorno dos magos por outro caminho indica que, além de fugir da astúcia de Herodes, o encontro com Deus, na pessoa do Filho, os faz homens renovados. Alegres e convertidos seguem um novo caminho em suas vidas.

Portanto, esta Liturgia nos motiva para buscarmos constantemente o encontro com a pessoa do Filho muito amado do Pai, pois Cristo quer fazer nova todas as coisas. Ele que nossa caminhada seja como discípulos amados por ele. A nossa participação na Missa deve ser sempre de louvor e de adoração, alegres pela busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: O que tenho oferecido a Deus? Que dons tenho colocado a serviço do Reino?

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro para que percorramos um ano novo, cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual e humano, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus para encontrarem novos caminhos e novas realidades em suas vidas. Por fim, rezemos com o salmista: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor.” [Sl (72/71)].

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Caminhar em Busca do Menino

 

Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do Oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.

O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.

Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Pois o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

***

 

 

*** Que a Luz do Menino Jesus, adorado pelos povos do Oriente, ilumine o seu caminho! ***

 

Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria (2021)

 

Leituras: Nm 6,22-27; Sl 67(66); Gl 4,4-7; Lc 2,16-21

 

⇒ HOMILIA ⇐

Junto à Mãe de Deus Celebremos a Paz

Lc 2,16-21

 

Meus irmãos e irmãs, neste dia 1º de janeiro, junto à Santa Maria, Mãe de Deus, celebramos a paz. E o mistério pascal desta solenidade nos mantém, ainda no Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação do Verbo de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,16-21.

Nesta Liturgia, os cristãos se reúnem esperançosos, com expectativas e perspectivas. Há uma intenção especial por parte do Papa, que é celebrar o Dia Mundial da Paz junto com a Mãe de Deus. Ela que nos presenteou com o seu sim, acolhendo e fazendo com que o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) pudesse nascer e reinar em nosso meio, portando a misericórdia do Pai, a Salvação para todos.

O evangelista Lucas apresenta o encontro dos pastores com o menino Jesus ainda na manjedoura, junto com Maria e José. Os pastores foram os primeiros que receberam a notícia do nascimento do alvador. A eles cabe também o anúncio das maravilhas de Deus, louvando toda a realização divina (cf. Lc 2,17-18.20).

A Virgem guardava todos estes acontecimentos e meditava em seu coração (cf. Lc 2,19), procurando compreender todo o processo da sua resposta a Deus, quando o Anjo a visitou. Maria meditava porque também era mulher do silêncio e da oração, na escuta atenta a Deus, na sua missão de gerar e acompanhar o Verbo no cumprimento das promessas que vinham de Deus Pai.

Neste Dia Mundial da Paz, os cristãos também pedem as bênçãos que vem de Deus, pois é sinal de salvação como escutamos na primeira leitura desta Liturgia: “ ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. (Nm 6,24-27).

Sobre o marco temporal de 2020 e 2021, devemos também ter em mente que se faça a vontade do Senhor e não a nossa. Maria nos possibilita que sejamos seus filhos. Ela, que é Mãe de Deus e nossa Mãe, também gerou a Igreja que nós somos parte. Ela é a mãe do Príncipe da Paz, também nosso irmão, nosso Deus amado que veio ficar junto de nós para nos ensinar que Deus é Pai e tem misericórdia dos pecadores, por isso vem trazer a união e a fraternidade.

Nessa relação santa de filhos, São Paulo nos fala: “De modo que já não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus.” (Gl 4,7). Temos então o temor que vem do amor e da necessidade de santificação e não o medo da condenação. Se amamos o Senhor, faremos a vontade dele e por isso não devemos ter medo dele porque ele está bem próximo de nós.

Que neste ano que se inicia possamos promover cada vez mais a paz entre as pessoas, onde estivermos inseridos e que Nossa Senhora nos ensine a sermos obedientes, necessitados de amor e na escuta de Deus. Deus que sempre está nos chamando à santidade e a sermos, ao mesmo tempo, discípulos missionários do seu Reino.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Santa Mãe de Deus e Nossa

 

Mãe da escuta atenta,
Do silêncio e da oração,
Toda entregue por amor,
Do Senhor da salvação,
Ensina-nos a santidade,
Mostra-nos tua serenidade,
Para a santificação.

Mãe de Deus e nossa Mãe,
Mãe do Príncipe da Paz,
Ensina-nos a fraternidade,
Que tanta harmonia nos traz,
Ensina-nos também a escuta,
A paciência na labuta,
Quando não somos capazes.

Que o nosso Príncipe da Paz,
Pela sua encarnação,
Ajude-nos na caminhada,
E no amor entre os irmãos,
Trazendo-nos alegria,
Que nasce da Eucaristia,
Pra nossa libertação.

Que a benção do Senhor,
O Filho amado e querido,
Possa nos trazer a paz,
Neste mundo tão sofrido,
Das guerras possa nos livrar.
E o amor sempre a buscar,
Os povos todos unidos.

Que a Santa Eucaristia,
Renove a nossa lida,
Dando a força necessária,
Para a estrada percorrida,
E que Deus Emanuel
Com a nossa Mãe do Céu,
Tragam a paz à nossa vida.

***

 

 

*** Que a Luz do Menino Jesus, que enquanto Deus se fez filho de Maria, ilumine o seu caminho! ***

 

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Solenidade

 

Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14

Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18

 

⇒ HOMILIA ⇐

E Deus veio morar conosco

Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18

 

Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia do Natal nos convidam a mergulhar no mistério da encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais.

Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando mais fraternidade e dignidade. Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor reina nos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas.

O evangelista Lucas, na Liturgia da Noite de Natal, nos apresenta a caminhada dura, entre as montanhas, que Maria e José fazem até Belém para participarem de um recenseamento. Nos arredores de Belém, próximo aos campos dos pastores, envolvido em faixas e deitado numa manjedoura (cf. Lc 2,12), nasce o nosso Salvador, nosso Pastor, portador da paz, da justiça e da misericórdia de Deus Pai.

Os primeiros a receberem a notícia são os pobres, distantes dos poderes humanos. Os homens de poder esperavam um messias equipado com poderoso exército. Mas a pedagogia de Deus proporciona a sua vinda como uma criança que nasce numa família simples – Maria e José – e pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto.

Já a Liturgia do Dia de Natal, com o texto do evangelista João, nos apresenta a divindade do Menino Deus que nasceu em Belém entre os pastores e sob a luz das estrelas entre as montanhas da Judeia. De acordo com o evangelista João, este recém-nascido é a encarnação de Deus e já existia antes desde o princípio da Criação. Agora, Deus mostra sua face, trazendo-nos a paz, seu amor e a salvação.

O nascido de Maria é o anunciado por Isaías na primeira leitura: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e que quer a salvação para todos. Para isso, basta que estes acolham a sua Palavra e respondam ao seu chamado para anunciar o Reino.

Jesus nasce na noite para dizer que ele é Luz. Os pastores foram os primeiros a sentir a realização da profecia de Isaías, pois “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1).

Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. E então vivemos o verdadeiro Natal também quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo.

Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal de Cristo, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos.

Que Espírito Santo nos ilumine e nos faça cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai que veio assumir a natureza humana para resgatar a humanidade. Jesus Cristo é Deus conosco.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Deus Nasce entre os Pequenos

 

Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.

Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.

Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a entoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.

O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.

E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.

***

 

 

*** Que a Luz do Salvador, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ***

 

Batismo do Senhor, Festa

Leituras: Is 42,1-4.6-7; Sl 28-29; At 10,34-38; Mt 3,13-17

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Deus Pai nos apresenta o seu Filho amado

Mt 3,13-17

Celebramos neste Domingo a Festa do Batismo do Senhor, a qual ainda se vive dentro do ciclo do Natal (que inclui dois momentos: tempo Advento e Tempo do Natal). A partir da próxima segunda-feira, já entraremos na primeira parte do Tempo Comum, que se estenderá até a terça-feira, antes do início da Quaresma. O Tempo Comum, o Advento e a Quaresma, na liturgia do domingo, são marcados por um ciclo de leituras contínuas, quando prevalece um dos Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos ou Lucas). No Ano A caminhamos com o Evangelho segundo Mateus, no Ano B meditamos os textos de Marcos e no Ano C temos as narrações do evangelista Lucas. A cada três ano este ciclo se reinicia. Há algumas exceções em cada ano, quando se usa o Evangelho de João, isto ocorre de forma mais acentuada no ano B (Marcos)

Portanto, no primeiro Domingo do Advento do ano passado reiniciamos o ciclo, e então, estamos no ano A, meditando o evangelho de Mateus. “Cada texto do Evangelho proclamado neste Tempo, na liturgia dominical, com exceção das festas e solenidades, nos coloca no seguimento de Jesus Cristo, desde o chamamento dos discípulos até os ensinamentos a respeito dos fins dos tempos”[1].

Nesta festa do Batismo do Senhor nós temos o texto de Mt (cf. 3,13-17), que nos narra o Pai eterno, após o batismo de João Batista no Jordão, nos apresentando o seu Filho ao mundo: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado” (Mt 3,17). E nós, cristãos de hoje, caminhamos alegres porque Jesus mergulhou nas águas para tornar-se solidário a todos que estavam afogados no pecado.

João Batista, aquele que preparou os caminhos do Senhor para que a humanidade conhecesse o Filho muito amado, se assusta com a presença de Jesus para ser batizado por ele: “Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (Mt 3,14). A presença do Filho de Deus, solidário aos pecadores também se expressa para se cumprir a justiça de Deus, pois a justiça se explica na vontade do Pai em apresentar o seu Filho para recuperar a imagem perdida quando no início nossos pais perderam esta marca da semelhança à imagem divina.

Neste texto de Mateus podemos ainda refletir sobre outras realidades espirituais e marcantes na manifestação do Batismo do Senhor. “Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre ele.” (Mt 3,16). Neste versículo podemos contemplar o Céu que se abre para se unir a Terra, já não há mais distância entre Deus e o homem, pois o Filho, Deus encarnado, está presente, caminhando junto a todos para anunciar, para curar, para nos dignificar como filhos amados também e chamar os homens à redenção.

Ainda percebemos também uma presença explícita da Trindade nesta teofania (manifestação divina), podemos ver o Pai que fala, o Espírito que, numa forma de pomba, desce sobre o próprio Jesus, o Filho muito amado. É presença da comunidade divina na terra, mostrando para a humanidade que Deus ama a todos querendo o retorno à vida eterna, retorno ao Céu.

Sempre iremos nos perguntar por que Jesus, sendo santo, sendo Deus, foi receber o Batismo de João? São Máximo de Turin (380-423)[2] num de seus sermões respondeu: “Cristo foi batizado, não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las e para purificar as torrentes com o contato de seu corpo. A consagração de Cristo é, sobretudo, a consagração da água. Assim, quando o Salvador é lavado, todas as águas ficam puras para o nosso batismo; a fonte é purificada para que a graça batismal seja concedida aos povos que virão depois. Cristo nos precede no batismo para que os povos cristãos sigam confiantemente o seu exemplo.”

A profecia de Isaías se cumpre no Batismo de Jesus. Cristo é “o centro da aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,6-7).

O Batismo de Jesus deve nos reportar ao nosso batismo, pois é neste sacramento que resgatamos a imagem da beleza divina após a criação e alimentamos a esperança certa do caminho de volta ao reino eterno. É importante lembrarmos que a presença do Reino já inicia-se no aqui e no agora, quando todos nos tornamos fraternos, lutamos pela justiça e somos solidários na nossa caminhada de fé, e como sal e luz do mundo, promovemos a paz, o valor e o sentido da vida e proclamamos a alegria do Evangelho.

Peçamos a força do Espírito Santo para que tenhamos perseverança na vivência do nosso testemunho de batizados e que assumamos a missão de anunciar com firmeza e unção como Pedro nos falou nos Atos do Apóstolos: “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele” (At 10,38b). Deus está conosco, na nossa vida de família, nosso ministério à Igreja, nas nossas comunidades, grupos da pastorais sociais, na luta pela justiça e no cuidado com a criação de Deus. Ele nos conduz em cada momento e em cada situação que encontramos nos cominhos desta vida. Amém.

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[1] Diretório da Liturgia, ano A, CNBB, 2013.

[2] Liturgia das Horas, ofício das leituras, sexta-feira após a Epifania.

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⇒ POESIA ⇐

O Filho amado

O Pai nos apresenta o Filho,
Aquele que se uniu à humanidade
Que se tornou um de nós em fraternidade,
Numa presença santa e de alegria,
Humilde, cheia de paz e harmonia,
Justiça divina e solidariedade.

O Pai nos dá o Filho,
Para se tornar nosso alimento,
Deus amigo em todos os nossos momentos,
Para cativar-nos ao seu amor,
Nas águas do Jordão, o santificador,
Livra-nos do pecado e seus tormentos.

O Pai nos envia o Filho,
Para ser o divino missionário,
Visitando-nos e a nós sendo solidário,
Promovendo a vida e seu sentido,
Contempla nosso caminho percorrido,
E do seu reino nos faz operários.

O Pai nos mostra o Espírito,
Para nos santificar e nos iluminar,
Conduzindo por onde a gente caminhar,
Numa inspiração do divino Amor,
Fortaleza, sabedoria, purificador,
Fazendo-nos povo novo a anunciar.

O Filho, é o eterno amado,
Deus, humano belo e perfeito,
O Cordeiro, o Servo, o Eleito.
E o Pai é a fonte do eterno amor,
Fiel à aliança, nos dá o Salvador,
Sua misericórdia, é nosso direito.

E nós filhos, por Deus, amados,
Ele que veio a nos encontrar.
Para na sua fonte nos batizar.
Purificando-nos do pecado primeiro,
Tratando-nos como amigos e herdeiros,
E nos convida para com ele morar.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

Solenidade da Epifania

Leituras: Is 60,1-6; Sl 71(72); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Os magos do Oriente são atraídos pela Luz do Senhor

Mt 2,1-12

Celebramos neste domingo a Solenidade da Epifania do Senhor. Epifania significa a manifestação do amor infinito e misericordioso de Deus, a todos os povos e nações. Esta liturgia nos traz o texto de Mateus (cf. 2,1-12), o qual nos narra o nascimento de Jesus em Belém. O evangelista nos situa dentro do reinado de Herodes, chamado de O Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o menino (cf. Mt 2,3). Os especialistas nas escrituras (mestres da lei) localizam o texto do profeta Miqueias (cf. 5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém.

Em cena aparecem também os magos do Oriente que estão curiosos, não têm as Escrituras para decifrarem sobre o nascimento de Jesus, mas querem chegar até ele (cf. Mt 2,2). Herodes quer usar os magos para chegar até o Menino, mas não consegue, de modo que eles, avisados em sonho, voltam por outro caminho, nessa grande jornada de busca e de visita ao Messias (cf. Mt 2,12).

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. Em primeiro lugar a interpretação teológica nos ensina que os magos representam os gentios que, em sua diversidade étnica, buscam e acolhem a salvação universal de Deus em Jesus Cristo.

Ir ao encontro do Menino significa a busca dos que querem encontrar-se com Deus. O texto de Mateus nos ensina que a Salvação em Cristo é para todos os homens, como nos fala São Paulo na sua carta aos efésios: “os pagãos são admitidos na mesma herança, são do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.” (Ef 3,6).

Um segundo ensinamento sobre a visita dos magos, são as ofertas feitas por eles: ouro, símbolo da realeza de Cristo; incenso, a sua divindade; e mirra, que pode ser lida em dois sentidos: (1) que Jesus veio para aliviar as dores dos pobres e (2) a sua unção no túmulo, no corpo (natureza humana), a incorruptibilidade do seu corpo que culmina na Ressurreição. Antes mesmo das ofertas, os magos se ajoelham diante do Menino e o adoram (cf. Mt 2,12).

Lemos neste texto de Mateus que os magos, ao serem seguidos pela estrela, sentem uma grande alegria, e após visitarem Jesus, retornaram para sua terra, seguindo outro caminho (cf. Mt 2,10.12). Isto significa que aqueles que caminham para Deus e o encontram, são transformados pela alegria e pela conversão e por isso seguem novos caminhos em suas vidas.

Portanto, a liturgia da Epifania do Senhor deve nos levar a meditar que precisamos constantemente ir ao encontro de Jesus para nos alegrar e nos renovar, na nossa caminhada, para seguirmos novos caminhos e avançarmos na vida de discípulos amados por ele. O nosso encontro deve ser de louvor, adoração e marcado pela alegria que nos pode proporcionar nesta busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: o que temos para oferecer a Deus? Que dons podemos colocar a serviço do Reino? Que alegria nos motiva a ir ao encontro do Senhor?

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro para que percorramos um ano novo, cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual e humano, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus para encontrarem novos caminhos e novas realidades em suas vidas. Por fim, rezemos com o salmo 72: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor.” (Sl 72/71).

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⇒ POESIA ⇐

Caminhar em busca do Menino

Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do Oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.

O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.

Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Pois o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, Menino Deus, adorado pelos povos do Oriente, ilumine o seu caminho! ***

BATISMO DO SENHOR – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 42,1-4.6-7; Sl 29(28); At 10,34-38; Lc 3,15-16,21-22

 

⇒ POESIA ⇐

BATIZADOS PARA O REINO

Como um mergulho na vida de Cristo,
Sem sabermos o tamanho desta realidade,
Somos chamados a amar de verdade,
Num caminhar de discípulos amados,
Pela alegria imensamente inundados,
E na convicção da nossa santidade.

Filhos do mesmo Pai misericordioso,
Nossa fonte da eterna Criação,
A Ele também nossa adoração,
Como irmãos na mesma caminhada,
Num olhar de vida contemplada,
Alegres pela vida em missão.

Guiados pelo Espírito de amor,
Ao receber a sua santa unção,
Que nos alegra pela sua inspiração,
Que conduz na nossa longa estrada,
E nos fortalece nas nossas jornadas,
Ajudando-nos na nossa santificação.

Batizados para formar comunhão,
Para sermos sinal para a humanidade,
Sendo ação na fé e na caridade,
Seremos do Reino, continuadores,
Discípulos de Cristo, evangelizadores,
Nas mais diversas realidades.

Trindade Santa, Deus de amor,
Fazei conosco comunhão,
Fortalece-nos na oração,
Para do Batismo não desanimar,
Mas cada vez mais fortificar,
Nossa gratuita filiação.

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Batismo do Senhor e o nosso batismo

 

Festejamos o Batismo do Senhor e logo depois desta liturgia dominical já iniciamos, no dia seguinte, segunda-feira, o Tempo Comum, num período de cinco semanas, as quais nos separam da Quaresma.

Lucas nos apresenta nesta leitura, o testemunho de João Batista e o Batismo de Jesus. Conta o evangelho que havia uma expectativa por parte do povo referente a João Batista. João faz a distinção entre o seu batismo e o de Jesus. “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo.” (Lc 3,16). O mesmo Espírito que falou pelos profetas, também marca o início da missão de Jesus e faz nascer em pentecostes a Igreja e sua missão.

É dentro da realidade do batismo de João Batista que entra em cena Jesus para ser batizado. Fiquemos atentos para os detalhes do acontecimento do batismo de Jesus: Achava-se em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corporal, como pomba. “E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho; eu, hoje, te gerei!’.” (Lc 3,22).

A oração de Jesus é o sinal do seu contato com o Pai e a pomba nos lembra a Arca de Noé depois do dilúvio voltando com um ramo de oliveira trazendo a mensagem da possibilidade de nova vida na terra (cf. Gn 8,11-12). A voz do Pai unge o Filho para o início de sua missão entre os homens. Nesta narração também identificamos a presença da Trindade no mundo, que é manifestada para nos mostrar que se inicia caminhada de Jesus à sua paixão, morte e ressurreição, dirigindo-se até pentecostes.

Jesus é o servo anunciado por Isaías: “Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu Espírito, ele trará o direito às nações.” (Is 42,1). Esta missão está bem detalhada nos Atos dos apóstolos: “ele passou fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo diabo, porque Deus estava com ele.” (At 10,38).

A Festa do Batismo do Senhor nos faz refletir sobre a vivência do nosso batismo na caminhada cristã como seguidores de Jesus. É a Trindade Santa que uma vez marcando a nossa vida na entrada para o novo povo de Deus, estará sempre na nossa missão de cristãos inseridos na morte e ressurreição do Senhor.

É conduzido pelo Espírito Santo que continuamos firmes na nossa vida familiar e na evangelização, é assim que somos inspirados nas nossas pregações, encontros de catequese, reuniões de família e, sobretudo vivendo o Culto Eucarístico e da Palavra que é centro da nossa vida de batizados, como Igreja peregrina em busca do céu.

Também, é nos sentindo na condição de filhos de Deus que nos alegramos como irmãos e irmãs numa mesma família amada e querida pelo mesmo Pai de amor e de misericórdia. E é sendo discípulo e missionário de Jesus que construímos juntos o Reino, que é de justiça, de solidariedade, de paz, de amor, de alegria e de comunhão num mundo que segue na contramão das realidades do evangelho.

Marcados por esta certeza da presença da Trindade na nossa vida batismal, podemos cantar alegres, o refrão pascal: “Banhados em Cristo, / somos uma nova criatura. / As coisas antigas já se passaram, / somos nascidos de novo”.

 

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

POESIA

CAMINHAR EM BUSCA DO MENINO

Seguindo a estrela de Belém,
Marcados pelo desejo de encontrar o Senhor
Vão os caminheiros do oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus ricos e simbólicos presentes.

O encontro com o Deus menino,
Muda a direção dos curiosos caminheiros,
Seguem um caminho transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que vão levar a divina alegria,
Que pra eles antes não existia,
E agora é um sonho precioso realizado.

Também nós devemos seguir este caminho,
Via que nos leva até o Deus encarnado,
Para sermos discípulos com dons a oferecer,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de evangelização,
Marcado pelo amor e a oração,
Convictos de um constante converter.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não se dispôs trilhar o caminho e até a ele chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar,
Mas o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Para os que querem o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

 

HOMILIA

Os magos do oriente são atraídos pela luz do Senhor

 

A Solenidade da Epifania[1] do Senhor nos traz o texto de Mateus, o qual nos conta o nascimento de Jesus em Belém. O Evangelista nos situa dentro do reinado de Herodes, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o menino (cf. Mt 2,3).

Os especialistas nas escrituras (mestres da lei) localizam o texto do profeta Miquéias (5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém. Em cena aparecem também os magos do oriente, que estão curiosos. Eles não têm as escrituras para decifrarem sobre o nascimento do Jesus, mas querem chegar até ele (cf. Mt 2,2). Herodes quer usar os magos para chegar até o menino, mas não consegue. No entanto, os magos são avisados em sonho para voltarem dessa grande jornada de busca e visita ao Messias por outro caminho (cf. Mt 2,12), para que Herodes não tenha a localização do Presépio.

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. Em primeiro lugar, a interpretação teológica nos ensina que os magos representam os gentios em sua diversidade racial, buscando e acolhendo a salvação universal que Deus através de seu Filho, Jesus Cristo, o Enviado.

Ir ao encontro do Menino significa a busca dos que querem encontrar-se com Deus. O texto de Mateus nos ensina que a Salvação em Cristo é para todos os homens, como nos fala São Paulo na segunda leitura: “os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo Corpo e coparticipantes da Promessa em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.” (Ef 3,6).

Um segundo ensinamento sobre a visita dos magos são as ofertas feitas por eles: ouro que é símbolo da realeza de Cristo; incenso, a sua divindade; e mirra, a sua unção no túmulo, no corpo (natureza humana) e a incorruptibilidade do seu corpo que culmina na Ressurreição. Antes mesmo das ofertas, os magos se ajoelham diante do Menino e o adoram (cf. Mt 2,12).

Num terceiro momento podemos lembrar que os visitantes retornaram para sua terra seguindo outro caminho, significando que o encontro com o menino Jesus transforma a vida daqueles que vivem a experiência que o Filho de Deus proporciona, tal como posteriormente aconteceu com a adúltera, com Zaqueu, com a Samaritana, com Bartimeu, com a hemorroíssa. Isso para ficar em apenas alguns relatos dos Evangelhos. Mas teremos inúmeros outros casos de Jesus e daqueles que caminharam em discipulado com ele nos três anos de ministério na Terra Santa. E essa experiência tem sido passada ao longo dos vinte séculos após a passagem do Galileu.

Portanto, a liturgia da Epifania do Senhor deve nos levar a meditar sobre a constante necessidade que temos de encontrar Jesus e renovar nossa caminhada, abrir novos caminhos e avançar na vida de discípulos amados por ele. A nossa vida deve ser de louvor marcada pela alegria que o encontro pode nos proporcionar. Podemos ainda nos perguntar: o que temos para oferecer a Deus? Que dons podemos colocar a serviço do Reino?

A dimensão universal da salvação, proposta em Mateus, pode nos direcionar para o aspecto ecumênico nas nossas ações cristãs em nossos relacionamentos com os irmãos de outras Igrejas e no nosso trabalho social voltado para serviço aos pobres.

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro, para que percorramos um ano novo cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus. Por fim, rezemos com o salmista: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor” (Sl 72/71). Amém.

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[1] Do Grego, manifestação.

 

SOLENIDADE DA SAGRADA FAMÍLIA – ANO C, SÃO LUCAS

Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 128(127); Col 3,12-21; Lc 2,41-52

 

POESIA

A FAMÍLIA SANTA DE NAZARÉ

Mãe que escuta e a Deus se entrega,
Para viver um plano de amor exigente,
Que questiona, porém consente,
O peso da imensa missão,
Meditando no seu coração,
O amor de Deus e de sua gente.

Pai terreno e obediente ao Pai do Céu,
Discreto no seu silêncio orante,
Que nas dúvidas segue avante,
Ao anjo em sonho escutou,
E firmemente acreditou,
Postura de homem Santo suplicante.

Filho, Deus que desce a este mundo,
Presente no meio da multidão,
Rosto de Misericórdia e perdão,
Que traz aos homens a esperança,
A vida eterna como herança,
Ressuscita e nos dá a ressurreição.

Família, modelo para chegarmos ao céu,
Santa desde a sua fundação,
Referência para cada lar cristão,
Conduz-nos a evangelizar,
Fazendo-nos firmemente acreditar,
Que o reino se constrói pela missão.

E agora pedimos um auxílio santificador,
Para construirmos uma Igreja em nosso lar,
E ao mundo podermos testemunhar,
Uma vida de cuidado e comunhão,
Marcada pela evangelização,
Para as chagas do mundo poder curar.

 

HOMILIA

Família cristã: chamada a ser Igreja doméstica

 

O Domingo depois do Natal nos apresenta a Santa Família de Nazaré em peregrinação a Jerusalém. Trata-se da vivência de fé da família de Jesus em sintonia com o povo da primeira Aliança.

O evangelista Lucas nos fala de Jesus aos doze anos, já chegando a sua maturidade, de acordo com a tradição judaica. Ao final da Festa que durava sete dias, os peregrinos retornavam para suas casas geralmente em grupos familiares, Maria e José também voltam para Nazaré, e na longa caminhada percebem a ausência de Jesus e por isso retornam a Jerusalém.

O Evangelista conta que foram três dias a procura do Menino quando o encontram no Templo entre os doutores da lei. Podemos imaginar as palavras do Menino Jesus a respeito das coisas divinas, pois os ouvintes ficavam maravilhados. A resposta aos Pais, “não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49), deve ter deixado Maria e José intrigados inicialmente, mas depois ambos compreenderam, pois neste momento o menino já dá sinais da sua divindade e obediência ao Pai do Céu.

O interessante é que ele seguirá obediente à Maria e José no seu lar em Nazaré, no silêncio da família santa, no dia-a-dia de sua juventude até os trinta anos, quando sua vida pública se inicia, segundo as narrações do Evangelista.

Jesus vive na natureza humana e na divina obediência, virtudes próprias da santidade, postura original de santos e santas que nos deixaram os seus testemunhos para ensinar a todos os que querem seguir o Senhor.

A liturgia deste Domingo, portanto nos traz grandes orientações espirituais para que a família possa viver a santidade, a começar pela primeira leitura: “Aquele que respeita o pai obtém o perdão dos pecados, o que honra sua mãe é como quem ajunta um tesouro.” (Eclo 3,3-4). Numa sociedade em que se percebe a fragilidade da autoridade dos pais, é muito importante vislumbrar o valor que devemos dar ao amor e atenção, aos seus conselhos e a experiência de quem dedicou a sua vida aos filhos. Isso certamente nunca sairá da moda.

Quanto ao cuidado aos pais na velhice e o carinho nas suas limitações, nem sempre é uma realidade na ação filhos no mundo de hoje. São Paulo, na Carta aos Colossenses, aconselha que sejamos revestidos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência… (cf. Cl 3,12). Estas virtudes são exatamente as necessárias para vivermos a santidade na família e nos são exigidas quando cuidamos dos idosos e enfermos com suas limitações físicas e psicológicas.

Olhemos para Jesus que mesmo sendo Deus, era obediente à Maria e José. Com certeza foi também amável, solidário, paciente e orante no seu ambiente familiar e no convívio com os amigos. Maria, que guardava tudo no seu coração, com certeza também viveu um imenso amor ao seu lar, meditando o projeto que Deus lhe tinha proposto. A cada momento com Jesus deve sempre ter relembrado as palavras do anjo, deve ter pensado nos desafios do seu caminhar desde o nascimento do filho e com a certeza de que a sua missão não acabava com a maturidade de Jesus. E José como varão fiel ao projeto de Deus foi também orante, amoroso e obediente a Deus, vivendo do seu trabalho e preocupando-se com a manutenção da casa.

É importante que família cristã tenha como referência e centro de sua espiritualidade a Sagrada Família. Os pais devem ser referencial de evangelização primeiramente com o testemunho de santidade conjugal, no cuidado com os filhos no que se refere à educação, à vida de oração e ao convívio social. Deve ser missionária, formando Igrejas em casa, cultivando a leitura e a escuta da Palavra de forma constante, onde a partilha e o amor estejam presentes para fortalecerem a sua existência como instituição sagrada.

Não devemos esquecer que as chagas da sociedade é fruto de uma certa displicência no cuidado, na presença e na formação junto às crianças, adolescentes e jovens. O relativismo toma conta dos ambientes familiares, onde religião é opção pessoal e onde também falta ao pai e à mãe uma formação cristã mais sólida e consciente de sua missão.

Rezemos pedindo à Sagrada Família que ajude a tantos lares a se tornarem um ambiente de fraternidade, amor e oração, uma Igreja doméstica que viva a missão evangelizadora dentro e fora da casa. Amém.