I DOMINGO DA QUARESMA

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Gn 9,8-15; Sl 24(25); 1Pd 3,18-22; Mc 1,12-15

POESIA

OS DESERTOS DA VIDA

Por onde caminhamos,
Inseridos na vida do Senhor,
Não estamos livres das tentações,
Que nos traz medo e dor,
Mas Cristo no dá forças e nos ensina
E grava em nossos corações,
Como vencer o tentador.

Pelo nosso Santo Batismo,
Como Jesus, quando batizado,
E conduzidos pelo Espírito Santo,
Somos todos também tentados,
Nas diversidades da vida terrena,
Quando marcados pelo pranto,
Com Cristo somos justificados.

E do deserto nós descemos,
Para no mundo anunciar,
Vivendo como discípulos em missão,
Com o testemunho e também a pregar,
Nos caminhos escuros da humanidade,
Semeando a paz e comunhão,
Com fé e sem medo de tropeçar.

Somos o povo de Deus peregrinando,
Pelo mundo de tantas diversidades,
Reunimo-nos para o culto ao Senhor,
Para fortalecer nossas capacidades,
Que vem da fonte do puro amor,
Comungamos do Alimento eterno e Santo,
Que nos conduz a eternidade.

 

HOMILIA

Cristo nos ensina a vencermos as tentações

Neste primeiro domingo do tempo quaresmal contemplamos Jesus conduzido pelo Espírito ao deserto para viver a experiência do jejum e da oração a fim de nos ensinar como vencer as tentações. Jesus vai ao deserto logo após o seu batismo, para se preparar para a sua missão: pregar o Reino de Deus e trazer a salvação a todos.

Após retornar do deserto, Jesus vai para a Galileia pregando o Evangelho. A sua mensagem principal é um alerta e ao mesmo tempo um convite: o tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo (cf. Mc 1,15). Para dizer: o tempo da pregação de João já passou, agora chegou o Messias do qual ele pregou ao povo.

A segunda mensagem é exatamente um apelo ao povo: convertei-vos e crede no evangelho (cf. Mc 1,15). A mudança de vida e fé na Boa-Nova são requisitos concretos para a acolhida e a realização do Reino de Deus.

Na quarta-feira de cinzas a liturgia nos apresentou as três práticas principais para vivermos bem os quarenta dias: a esmola, a oração e o jejum. Estes três exercícios, mais que penitenciais, devem ser vividos de acordo com o texto do profeta Joel, isto é, rasgando o coração e não as vestes (cf. Jl 2,13). Ou seja, é a partir de uma atitude interior que devemos viver este retiro de quarenta dias em nossa Igreja.

O tema da liturgia de hoje é a conversão, pois Deus quer sempre estabelecer uma aliança com o homem a fim de resgatá-lo para junto de si. A conversão se dá quando nos sentimos sempre necessitados de mudarmos de vida para uma experiência mais profunda de santidade.

Na primeira leitura podemos ver que Deus se dirige a Noé e a seus filhos dizendo que irá estabelecer uma aliança com eles e inclusive com toda a criação de animais. Deus promete não provocar mais dilúvio (cf. Gn 9,9.11). E o sinal desta promessa (aliança) será o arco nas nuvens o qual representará este pacto do Céu com a Terra.

A mudança de vida sempre nos ajudará a evitar os diversos dilúvios que produzimos com violência, contra a humanidade. Olhando o nosso mundo, são tantos os desastres construídos por nós, homens e mulheres, em função de interesses financeiros e desumanos que produzem desemprego, pobreza e morte.

A falta de cuidado com a criação de Deus nos faz devastadores da natureza e nos colocam em descaso com a saúde do nosso planeta, nossa “casa comum”. Para vencer a violência em suas diversas facetas, precisamos mudar as nossas atitudes e alimentar o amor à vida. Somente a conversão nos afastará dos diversos dilúvios.

Deus quer sempre reconduzir a humanidade para o bem, ele destrói o mal e por isso estará em busca de conduzir a todos nos seus caminhos. Portanto a ação de Deus é sempre uma busca de reconstruir o coração do homem para que siga a sua aliança e carregue no seu coração os preceitos de amor e fidelidade.

Na segunda leitura o apóstolo Pedro relembra o dilúvio. Para ele, este episódio representa o nosso batismo, pois assim como do dilúvio surge uma nova humanidade, no batismo somos renovados para uma vida nova em Cristo. Porém não significa que já somos vitoriosos, mas que iremos também enfrentar as tentações como Jesus também enfrentou.

Na vida sempre teremos provações. Seremos tentados, mas com Cristo venceremos, pois ele nos ensinou como vencer. Não somente no deserto ele foi tentado e perseguido, mas, durante toda a sua missão. Por que a sua pregação causou mudanças nas estruturas do velho homem. Os poderes humanos foram abalados pela Palavra que se fez carne.

Que o Espírito Santo nos conduza pelos desertos da vida e que aprendamos de Jesus como vencer as tentações a fim de fortalecer nossa conversão aos caminhos do Evangelho e anunciarmos o Reino com o testemunho de nossas vidas e com anúncio verdadeiro da palavra do Senhor. Amém.

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

DIA DE JEJUM E ABSTINÊNCIA

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Jl 2,12-18; Sl 50(51); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18

POESIA

CAMINHOS QUE LEVAM A DEUS

Quero seguir em frente,
Sendo mais crente,
Sendo caridade,
Na simplicidade.

Sem esquecer o mundo,
Nem por um segundo,
Neste ofertar,
Neste escutar,
A quem tem necessidade.

Quero seguir orando,
Sempre escutando,
Ao Deus amor,
Ao irmão na dor.

Que me faz pensar,
E que me leva a orar,
E o coração,
Nesta conversão,
Para o Senhor.

Quero seguir jejuando,
E me transformando,
Em um humano santo,
Sem medo ou espanto.

Sensível ao irmão,
Sendo compaixão,
Coração rasgado,
Mas purificado,
Em Deus o encanto.

Quero prosseguir,
Sem desistir,
Nunca isolado,
Mas sintonizado.

Com todos os irmãos,
Alheios e cristãos,
Aos que não escutaram,
Mas que desejaram,
Santa conversão.

Quero, com o Senhor,
Viver seu amor,
No sempre encontrar,
Para se alimentar.

Na mesa da alegria,
Encontrar a harmonia,
No alimento eterno,
Que nos faz fraternos,
A Eucaristia.

 

HOMILIA

Cinzas, Esmola, Oração e Jejum

Caminhando com o Senhor entramos no Ciclo Pascal que traz inicialmente a Quaresma como tempo de preparação para a festa mais importante do ano litúrgico. A Páscoa do Senhor é, portanto, o centro da caminhada litúrgica anual.

Nesta quarta-feira de cinzas somos chamados a iniciar um itinerário espiritual tendo como base a esmola, a oração e o jejum. Já iniciamos esta caminhada recebendo em nossas cabeças as cinzas numa atitude de simplicidade e de reconhecimento da nossa fragilidade humana e de corpo perecível que necessita da vida infinita em Cristo Senhor.

É nesta esperança e fé na vida nova que começamos vivendo este tempo de penitência aos pés do Senhor. Com Ele queremos caminhar passando pelo calvário, pela Cruz e acordar na manhã da ressurreição com um coração renovado e alegre, para cantar o aleluia vibrante e cheio de convicção no ressuscitado.

O Evangelista Mateus nos apresenta Jesus orientando os seus discípulos para terem cuidado com as ações de justiças diante das pessoas somente para serem vistos exteriormente. Há algo que deve brotar do coração para que seja agradável a Deus. Por isso a prática da esmola, da oração e do jejum devem ser realizadas com um coração simples e voltado para Deus, mesmo que ninguém veja.

A nossa esmola deve ser feita não para ser divulgada, mas no sentido da caridade para com os irmãos. Muitas vezes a nossa presença com o acolhimento e a misericórdia é concretização da esmola que o Senhor nos pede a realizar.

Nossa prática de oração deve ser mais interior e com um coração que leve os nossos ouvidos estarem mais atentos às súplicas dos outros. Estando nesta postura podemos também ouvir Deus que fala na nossa vida e nos pede que vivamos o amor entre os irmãos.

E o jejum não deve estar apenas dentro do nosso intimismo, mas na intensão e sensibilidade aos que têm fome. Como é belo e pleno de sentido os tantos cristãos que deixam de consumir certas coisas e depois oferecem o que juntou com as abstinências aos que necessitam de ajuda.

O importante é que toda esta prática espiritual tenha como fruto a nossa conversão para a santidade, onde reavaliamos nossa vida de batizados que querem seguir o Senhor na vida de caridade, na oração e no jejum. Esta experiência deve nos ajudar a ser melhores pais de família, melhores filhos, melhores evangelizadores a serviço do Reino.

Todo esse caminho exige de cada um o esforço e luta contra as tentações materiais e espirituais. É importante estarmos conscientes que temos de sair do comodismo ou da zona de conforto para realizar este exercício de santidade.

Lembremos do que diz o profeta Joel: “rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus” (2,13). Faz-se necessário transformar o nosso coração para mudar de vida. O Apóstolo Paulo nos exorta a vivermos a reconciliação com Deus, pois somos embaixadores de Cristo. Somente nesta sintonia com o Senhor é que podemos oferecer um testemunho de santidade para a conversão do mundo.

Peçamos ao Espírito Santo a perseverança para que possamos seguir em frente com os nossos propósitos quaresmais e que ao chegarmos à páscoa tenhamos vencidos as tentações e então possamos dizer: agora sou um cristão melhor e quero continuar nesta busca constante de cada dia, ser mais santo e mais comprometido com o Evangelho. Amém.

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Lv 13,1-2.44-46; Sl 31(32); 1Cor 10,31-11,1; Mc 1,40-45

POESIA

O SENHOR NOS CURA

Encontremos o Senhor,
Para nos purificar,
Nossos pecados curar,
Para podermos servir,
Ele é cura e compaixão,
Faz a purificação,
E vem pra nos redimir.

O Senhor é nossa alegria,
Preenche o nosso vazio,
Quando há o vento bravio
Quando vem em nós a dor,
Quando vem nossa tristeza,
Ele é nossa fortaleza,
Nosso Deus de puro amor.

Quantas lepras a atacar,
Nossa vida em movimento,
Traz pecado e sofrimento,
Precisamos nos curar,
E aí pedir perdão,
É a nossa gratidão,
Para nos santificar.

Também nossa indiferença,
Com os que estão sofrer,
Nós não queremos ver,
Temos medo e insegurança,
E por isso nós fugimos,
De bons nós também fingimos,
Sem pregar a esperança.

Tantas boas intenções,
Não bastam para ser cristão,
Precisamos de ação,
E mudar nossa postura,
Trazer em nós a conversão,
Para abraços os irmãos,
E Jesus lhe traz a cura.

Encontremos no Senhor,
Nossa cura e pureza,
Remédio em sua mesa,
Para a nossa salvação,
Curemos nossas feridas,
Nossas raivas e intrigas,
Pra abraçar a comunhão.

 

HOMILIA

Em Cristo a cura é total

Neste 6º Domingo do tempo comum encontramos Jesus sendo tocado por um leproso, que rompeu o cordão de isolamento construído pelas autoridades religiosas da época. Este isolamento era um preceito que constava no livro sagrado sobre o título de lei de Moisés.

Naquele tempo, uma pessoa com lepra era totalmente banido da convivência social, pois além de ser considerada contagiosa, a pessoa com esta enfermidade era vista como amaldiçoada e carregando o pecado da sua história.

Na primeira leitura podemos comprovar como era tratada uma pessoa portadora de lepra: “O leproso desta enfermidade trará suas vestes rasgadas e seus cabelos desgrenhados; cobrirá o bigode e clamará: Impuro! Impuro!” (Lv 13,45).

Jesus rompe com a lei de Moisés porque ele não é mais um profeta. Ele é o próprio Deus que veio curar nossas feridas e perdoar nossos pecados. Ele se compadece do doente, estende a mão, toca-o e confirma a cura (cf. Mc 1,41-42).

Curar um leproso era como ressuscitar um morto, porque quem estava com lepra, estava condenado a não mais conviver com ninguém. Aquela doença além de ser contagiosa era incurável e causava a exclusão total da pessoa.

Ao curar aquele homem, Jesus também perdoa os pecados e o inclui novamente ao convívio social, tirando-o das margens da sociedade. O ex-leproso agora irá anunciar as maravilhas de Deus a todos os que ele encontrar porque se sentiu acolhido e incluído por Jesus. A fama de Jesus crescerá cada vez mais.

O evangelho não diz se aquele homem curado se apresentou aos sacerdotes porque ele já encontrou e reconheceu que Jesus é quem veio curar as feridas da humanidade e tirar os pecados do mundo.

Jesus agora irá para as margens (periferias) porque precisa resgatar os pecadores, curar os doentes e salvar os que estavam perdidos. Foi para isso que ele veio, porque nas periferias estavam todos os que eram expulsos pelas autoridades religiosas. Com suas leis eles tornavam os doentes impuros e intocáveis por causas das suas doenças.

Esta liturgia nos levar a refletir sobre nossas enfermidades e sobre a nossa relação com as enfermidades dos outros, os necessitados da presença de Cristo. Podemos nos perguntar: como estão nossas ações para com os doentes e aos que estão nas periferias da vida?

Como o homem curado da lepra, descrito no evangelho, os cristãos são chamados pelo Senhor a buscarem a libertação para os que sofrem das exclusões, dos preconceitos, da falta de assistência à saúde e de tantas outras realidades que fazem os pobres ficarem mais necessitados da caridade.

Os cristãos são chamados a colaborarem com Cristo na promoção das curas existenciais, sociais, físicas e espirituais, eliminando os estigmas que tanto afligem os filhos de Deus.

Quantas vezes nos afastamos dos necessitados e o ignoramos por causa da nossa prepotência e indiferença. Às vezes também temos medo e nojo do outro e não queremos tocá-los. Não queremos contribuir com a sua cura e libertação.

Perante estas atitudes, precisamos nos colocar diante do altar do Senhor em atitude de humildade todas as vezes que vamos celebrar a Eucaristia e pedirmos perdão por estas doenças humanas e espirituais.

Quantas lepras em nós precisam ser curadas (retiradas) pela presença santificadora de Cristo, pela sua Palavra e alimento. Quantas dores nos incomodam. Precisamos pedir e deixar que ele nos toque com o seu perdão. O Senhor vem, se aproxima de nós, nos toca e nos faz participantes de sua mesa. Quer nos trazer de volta, fazendo-nos membros do seu grupo de discípulos missionários.

Peçamos, portanto, as graças do Deus vivo que nos cura e nos salva, para sermos sinais do amor do salvador no mundo. Somente precisamos tomar uma atitude de expressar a nossa fé e confiança em Deus, pois o Senhor é nosso refúgio e alegria. Ele vem nos incluir no seu rebanho e curar todas as nossas enfermidades. Amém.

V DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: 7,1-4.6-7; Sl 146(147); 1Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39

POESIA

DEUS ESCUTA A NOSSA DOR

Quando a dor e o sofrimento,
A nós venha a sufocar,
O Senhor vem a escutar,
Nossa angústia e solidão,
Nossa desilusão,
Para então nos consolar.

Quando o mal vem e nos entristece
Em nossas debilidades,
Deixando-nos em enfermidades,
O Senhor vem socorrer,
Para nos fortalecer,
Na imensa bondade.

E quando a graça recebemos,
Devemos retribuir,
E aos irmãos servir,
Com imensa gratidão,
Em sinal de comunhão,
E nunca, nunca desistir.

Nosso servir é primordial,
Deve ser nossa missão,
Para o Reino em ascensão,
Evangelho anunciado,
Amor sempre partilhado,
Sem medo e apreensão.

E ao redor da mesa Santa,
Que nos traz a igualdade,
Paz, amor e felicidade,
Também, vida e alegria,
No caminho de cada dia,
Rumo à eternidade.

 

HOMILIA

Jesus nos ajuda a levantarmos e caminharmos

A celebração deste 5º domingo do tempo comum nos apresenta Jesus indo realizar a sua obra na casa de uma família, a cura da sogra de Pedro. Percorrendo os dois últimos domingos e incluindo este quinto, vemos que Jesus está em pleno movimento.

Depois do mar da Galileia quando chama os quatro primeiros discípulos nos seus trabalhos de pescadores agarrados às redes (3º domingo do Tempo comum), vai à sinagoga, lugar de culto do povo e estudo da Palavra, expulsar o demônio (4º domingo). Neste 5º domingo, ele está no meio de uma família para trazer a sua cura e sua graça salvadora. Aquela mulher recebe de Jesus a graça da saúde, a libertação do mal da febre e começa a servir.

O tema desta liturgia, portanto, é o drama do sofrimento humano, marcado pelas angústias, enfermidades e tentativas de posse na vida das pessoas. Mas nesta realidade Deus vem ao encontro do homem e da mulher para trazer a cura total e realizar o seu plano salvador no mundo.

Na primeira leitura vimos os lamentos humanos de Jó. Quando perde tudo, inclusive a saúde, ele era um homem rico, saudável e com uma boa família. Jó pensa na brevidade de sua vida e por isso diz: “Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira e consomem-se sem esperança.” (Jó 7,6).

O sofrimento de Jó é o sofrimento de todos os humanos. Mais cedo ou mais tarde, nossas dores físicas – interiores ou espirituais – chegam para nós. Não poderemos fugir. O que deve manter-nos firmes é a nossa capacidade de confiança num Deus que nos criou e quer nos resgatar em sua imagem e semelhança, para que que participemos do Reino de amor e alegria.

A presença de Jesus nos mais diversos setores da vida do povo (mar da Galileia, lugar de trabalho; sinagoga, lugar de culto e estudo da Palavra; e a casa de Pedro, lugar de família) é a realização de tudo que o povo da antiga aliança, na pessoa de Jó, esperou. Sua pregação profética, suas curas e seu chamado conduzem o homem à cura total, para que sirvamos a ele com amor e fé.

Como a sogra de Pedro, que após ser curada começou a servir, nós, quando recebermos as graças que vem de Deus, devemos servi-lo na ação concreta de caridade voltada aos pobres, aos doentes e aos amargurados.

São Paulo nos fala da necessidade e urgência de pregar o evangelho para que a obra de Cristo se realize no mundo. Pregar o evangelho é ir aos que sofrem pelas diversas doenças, é ir aos que ainda não conhecem Jesus e sua palavra de amor, perdão e fraternidade. Como bons samaritanos, sinalizamos o amor de Cristo no mundo com a nossa vida de caridade prática de cristão, aliviando o sofrimento humano cuidando das feridas físicas, interiores e espirituais dos irmãos.

Cada um dos discípulos de Cristo também carregam seus sofrimentos deixados pela história pessoal, frutos de atitudes e opções realizadas no percurso da caminhada. Como Jó, muitas vezes lamentamos por nossa realidade de vida, mesmo sendo temente a Deus e vivendo a fé no salvador.

O que deve ficar claro é que mesmo quando abraçamos um ministério mais exigente como resposta ao chamado de Cristo, este estado de vida não anula nossas misérias. Pelo contrário, muitas vezes até afloram certas feridas referentes às relações com os outros e até consigo mesmo. O que deve haver na verdade é uma abertura ao processo de caminhada de conversão e permanente disposição em responder ao Senhor.

Que o Espírito Santo ilumine e fortaleça cada pessoa, cada cristão na sua experiência com Cristo e no seu contato com o sofrimento, seja ele interior ou físico. Amém.

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Dt 18,15-20; Sl 94(95); 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28

POESIA

O PROFETA PERFEITO

Jesus, profeta perfeito,
Nosso amor eterno,
Que traz a libertação,
Que nos faz sempre irmãos,
No mundo, também fraternos.

Jesus, nossa Palavra viva,
Nosso Deus e salvador,
Traz-nos um ensinamento novo,
Para a vida do seu povo,
Que busca a essência do amor.

Jesus, voz do sumo bem,
Que o faz o mal se calar.
Cura nossas maldições,
Também nossas tentações,
Que vem a nos massacrar.

Jesus, Mestre e Salvador,
Que conosco quer estar,
Faz-nos fiéis seguidores,
Vence a morte e as dores
Que querem nos sufocar.

Jesus, nosso Deus amado,
Traz-nos a paz e a esperança,
Faz-nos firmes caminhar,
E ao mundo anunciar,
Sua santa aliança.

Jesus, Pão vivo do céu,
Vem como alimentação
Fortalece a caridade,
Pra viva fraternidade,
Na mesa da comunhão.

 

HOMILIA

Jesus, expulsa-nos o mal

O Evangelho deste quarto domingo do tempo comum nos apresenta Jesus na sinagoga de Cafarnaum, participando da liturgia, num dia de sábado. Ali se encontra um homem que calmamente participa do culto dos judeus.

Quando Jesus anuncia a Palavra de forma que mudem o coração e expulse o mal do coração das pessoas, o demônio se incomoda e se manifesta, reconhecendo a força da presença de Deus naquela sinagoga (cf. Mc 1,24).

A presença de Jesus é a manifestação divina contra o mal que está no coração das pessoas. Sua Palavra tem autoridade sobre os homens, seu ensinamento é novo, é cheio de força e de salvação. Sua Palavra incomoda, provoca e cura, trazendo vida para os que o acolhe.

Em Jesus se realiza aquilo que Moisés anunciou ao povo. “Farei surgir um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará, tudo o que eu mandar” (Dt 18,18-19). Jesus é o enviado do Pai para trazer a mensagem do céu e ser palavra viva no meio de nós.

Em nossos dias muitos se apresentam como profetas, anunciando inverdades, falsidades e mentiras para o povo. A Palavra de Jesus não é assim. Ela tem força porque é a presença da verdade e da justiça que expulsa o mal da mentira, da prepotência, das injustiças e da inveja.

A sede de Deus faz com que as pessoas bebam qualquer promessa, qualquer palavra humana. Por isso é importante que os discípulos missionários anunciem a Palavra viva do evangelho de Jesus Cristo que veio trazer a salvação. A Palavra viva de Jesus muda o coração das pessoas, pois não se baseia em prosperidades materiais e econômicas, mas em força de conversão do coração humano. A Palavra de Jesus cura a pessoa integralmente.

A missão de Jesus é obra de salvação e de mudança de vida interior porque é uma mensagem puramente libertadora. O demônio o reconheceu como Deus todo poderoso que veio vencê-lo pela sua força salvadora: “Sei quem tu és: o Santo de Deus.” (Mc 1,24).

A presença do Bem maior, palavra viva no meio do povo reunido, expulsa dos corações toda maldição. Sua voz faz calar todo o mal; sua presença é de poder que faz afastar qualquer presença de divisão do meio do povo que escuta a Deus.

Portanto, esta liturgia nos ensina que quando fixamos o olhar em Cristo e escutamos sua voz de amor contra nossos males, seremos libertos de tudo que nos aprisiona.

São Paulo, na segunda leitura, nos diz: “O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações” (1Cor 7,35). Paulo nos ensina que a nossa prioridade como cristão deve ser abraçar aquilo que o Senhor nos traz em sua mensagem para que enfrentemos os desafios da vida. Outras preocupações terão menos importância e influência, se carregarmos em nosso coração e em nossa vida, Cristo e sua palavra.

Rezemos para que o Espírito do Senhor esteja sempre presente nos corações dos homens que se reúnem em seu nome para escutá-lo e se alimentar do seu corpo, o qual se fortalece na luta contra o todo tipo de escravidão e maldição. Que possamos ser profetas da verdade, do amor e da fraternidade no mundo. Amém.

III DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Jn 3,1-5.10; Sl 24(25); 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20

POESIA

PESCADORES NO MUNDO

Dos mares e das redes pessoais,
Saem os discípulos com o Senhor,
Atendem o chamado sem protelação,
Abraçam o caminho com muito amor,
Suas vidas e seus atos se transformarão,
Estão a serviço com grande ardor,
Seguindo os caminhos da santa missão.

Serão pescadores no mundo dos homens,
Buscando a muitos para a conversão,
Aprendem com mestre como caminhar.
Pregando, curando e também a oração,
Para durante as jornadas não desanimar,
Porque desafios e tempestades enfrentarão,
Mas é preciso sempre e sempre continuar.

Mas uma coisa deverão aprender,
Que suas vidas primeiro precisam mudar,
Para o testemunho de homens eleitos,
Seus caminhos comuns precisam alterar,
Pelo contrário não viverão o preceito,
Que é viver o Reino e este implantar,
Tem que ter conversão não outro jeito.

E nós batizados também seus discípulos,
Queremos de nossas redes desapegar,
Seguir os caminhos para salvação,
Deixando que a Palavra venha nos moldar,
Não tendo medo da transformação,
Que o chamado venha nos causar,
Para seguir o Cristo e sua missão.

A missão é de Cristo por excelência,
Devemos apenas lhe obedecer,
Sendo discípulos no aqui e no agora,
Para sua obra deixarmos crescer,
Não fujamos e nem vamos embora
Porque ele chama a todos a se converter,
Porque o Reino chegou sua hora.

E na ceia, lugar do amor partilhado,
Todos os discípulos sempre reunidos,
Para o encontro da vida de união,
Alimenta-se na alegria e agradecidos,
Pois em Cristo, todos são irmãos,
Povo em missão e escolhido,
Vivendo na terra e no céu a comunhão.

 

HOMILIA

Pescadores no mundo da humanidade

Neste 3º domingo do tempo comum ouvimos do evangelista Marcos que Jesus segue em pleno movimento pregando a Boa-Nova do Reino tão esperado pelo povo de Israel. A Boa-Nova é: chegou o tempo do Reino, está próxima a realeza de Deus. Por isso todos devem se voltar para Deus através da conversão (cf. Mc 1,15).

E para que se expanda mais rapidamente o Reino, Jesus chama colaboradores para caminharem com ele na missão. Inicialmente ele compõe um quarteto de discípulos para ajudá-lo em sua obra salvadora: Pedro e André, Tiago e João. É interessante que estes primeiros quatro homens convocados por Jesus eram todos pescadores, estavam no mar, nas suas atividades profissionais (cf. Mc 1,16-19).

Imediatamente deixam seus afazeres e seguem o mestre… porque “é preciso pescar diferente e o povo já sente que o tempo chegou”[1]. De pescadores de peixe agora irão pescar pessoas para Deus, irão mudar suas vidas e a vida de tantos que abraçarem o caminho do Mestre. As relações familiares serão mudadas porque o caminhar com Jesus está acima dos apegos humanos.

Na primeira leitura, Jonas é o mensageiro de Deus para converter os moradores de Nínive e anuncia um prazo de 40 dias (cf. Jn 3). A mensagem de Jonas é forte e num dia de anúncio ele faz com que o povo mude de vida, evitando que a cidade seja destruída por causa do pecado.

Podemos refletir que quando se recebe uma mensagem da ação de Deus é necessário que logo venha à mudança de atitude, não dá para deixar para depois. Assim foi atitude dos ninivitas após a pregação de Jonas: “creram em Deus, convocaram um jejum e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.” (Jn 3,5).

Abraçar o caminho do Senhor nos impele a mudarmos nossos hábitos, nossas ações e relações. Como os discípulos de Jesus, que deixaram a rotina das redes para serem seguidores, os ninivitas deixaram a rotina de pecado e transformaram a cidade em um lugar de paz e fraternidade, deixando que Deus conduzisse as suas vidas.

Nós cristãos também temos nossas redes particulares e que de diversas formas nos prendem ao nosso mundo pessoal, impedindo-nos de sair para caminhar na missão com Jesus. Mesmo sendo batizado, indo às celebrações semanais e praticando de certa forma a nossa religião, devemos nos perguntar se algo mais deva ser feito pelo Reino de Deus.

Paulo, na segunda leitura faz referência à brevidade do tempo dos homens. É preciso ficar atento porque as coisas terrenas passam e o amor de Deus precisa ser acolhido antes que seja tarde (cf. 1Cor 7,29-30). É urgente que aprofundemos nosso caminho com Cristo. Seja nossa vida matrimonial, celibatária ou de solteiros, faz-se necessário que o nosso olhar esteja em Deus, porque o tempo da graça de Deus chegou para vivermos com mais intensidade a experiência com Deus.

Peçamos ao Espírito Santo que nos fortaleça para que saiamos do nosso comodismo construído nas quatro paredes de nossas casas ou dos nossos templos. Faz-se necessário sairmos em movimento, escutando o chamado de Jesus e seguindo em missão, como os discípulos saíram e propagaram pelo mundo o Evangelho. Amém.

[1] Trecho da letra da música Há um barco esquecido na praia (Pe. Zezinho), Graça e paz, 1985, COMEP/Paulinas.

II DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: 1Sm 3,3b-10.19; Sl 39(40); 1Cor 6,13c-15a.17-20; Jo 1,35-42

POESIA

É MUITO BOM ESTAR COM O SENHOR

Nos caminhos do Senhor,
Sua voz vai nos chamando,
Aos poucos vamos descobrindo,
O que ele está nos apresentando,
É bom viver nas trilhas do Senhor,
Participar do seu plano de amor,
E não mais ficar adiando.

O Cordeiro divino e santo,
Vem nos chamar pra missão,
Primeiro ficar com ele,
Na nossa iniciação,
Descobrindo o seu chamado,
Caminhando ao seu lado,
Para nossa santificação.

Precisamos da escuta ao Senhor,
Para melhor responder
Ouvir sua voz nos chamando,
Na oração lhe atender,
Deixar o Senhor conduzir,
E o que ele exigir,
Para com ele viver.

Permanecer em seu caminho,
Esse é o seu chamado,
Para sermos os seguidores,
Pelo bom discipulado,
Por que só terá sentido,
O caminho percorrido,
De alma e corpo, doado.

O Senhor passa e nos chama,
Para com ele estar,
Convivendo em sua missão,
E a vida transformar,
Ele nos traz a alegria,
Pelo pão, Eucaristia,
Que vem nos congregar.

 

HOMILIA

Jesus nos chama para estar com ele

Na segunda-feira após o domingo do Batismo do Senhor iniciamos o tempo comum. Por isso este já é o 2º domingo, porque é decorrida uma semana. Neste tempo contemplamos Jesus na sua missão, pregando o Reino de Deus, expulsando demônios, curando os doentes, convertendo muitas pessoas e chamando os seus discípulos para colaborarem na implantação do plano salvífico.

Nesta primeira parte do tempo comum, que irá até o 6º domingo quando inicia a quaresma, exceto a liturgia de hoje em que ouvimos o evangelho segundo João, vamos ouvir a proclamação de todo o primeiro capítulo de Marcos, inclusive no 1º domingo da quaresma.

Nestas narrações, podemos ver Jesus em plena ação. Jesus está andando pela Galileia, pregando nas sinagogas, fazendo milagres. Faz tudo isso porque ele é o próprio Reino que chegou para trazer a redenção a todos os que o procurarem ou atenderem o seu chamado.

O evangelista João apresenta o Batista apontando aos seus discípulos o Cordeiro de Deus. É Jesus que passa. Há uma adesão imediata dos seguidores do João Batista para conhecerem onde Jesus mora.

É interessante que André, um dos discípulos de João, apresenta por sua vez Jesus a seu irmão, que também segue Jesus. Isso nos leva a refletir que muitas vezes somos chamados a levar ao irmão a pessoa de Jesus pelo nosso testemunho, com o objetivo de que estas pessoas também façam parte da comunidade de Cristo para vivência do amor fraterno e o anuncio do Reino.

A primeira leitura nos apresenta o chamado que Deus faz ao jovem Samuel (cf. 1Sm 3,9), junto ao sacerdote Eli, que dentro da noite de sono é chamado pelo Senhor. Inicialmente tem dúvidas de quem lhe chama e para aprofundar este chamado ele precisa despertar, levantar e caminhar para pedir a ajuda de Eli.

Com o auxílio daquele sacerdote ele vai deslumbrando que Deus lhe chama. Mais uma vez aprendemos que os outros nos ajudam no discernimento da nossa vocação. Precisamos nos apresentar como servos que escutam e aprofundam o chamado de Deus. Nos nossos momentos de orações pessoais devemos nos apresentar com esta atitude de escuta do Senhor, deixar que ele nos fale e nos chame para atender o seu chamado.

Olhando para figura de Samuel podemos refletir sobre nossa vida de cristãos, que às vezes necessita de muitos anos de escuta, muitas experiências celebrativas para podermos ter consciência do chamado de Deus em nossas vidas. Por isso necessitamos do silêncio da noite, quando outras vozes cessam, para podermos ouvir Deus.

Precisamos mergulhar na escuta também dos outros (irmãos) para nos ajudar a descobrir o nosso caminho com Deus, assim como Samuel que precisou da intermediação do sacerdote Eli para ter certeza de que era Deus que o chamava.

Para seguirmos Jesus precisamos ter atitudes diante de sua Palavra. É preciso ouvir, despertar, levantar do nosso comodismo para caminhar com ele, aprendendo com ele sobre a sua missão e assumindo a continuidade de sua missão.

Devemos estar com o Senhor numa experiência de encontro na Eucaristia e na Palavra, para vivermos a missão evangelizadora. É o alimento espiritual que nos faz missionários e não somente o ativismo, a correria sem tempo para encontrar com os irmãos na comunidade do corpo de Cristo.

São Paulo nos fala que somos parte do corpo do Senhor (cf. 1Cor 6,16), formamos a Igreja, um templo que é formado por outros pequenos templos, onde habita o Espírito Santo. Nesse sentido devemos cuidar desse templo evitando que se torne lugar de pecado tal como a imoralidade.

O nosso corpo é lugar do exercício de uma sexualidade sadia segundo a vontade de Deus, exercendo a castidade e não para a prostituição e nem para a difamação. Somos de Cristo em todo o tempo e por isso devemos ser sinais para o mundo com Palavras e ações concretas, através do testemunho como membros da comunidade santa que é a Igreja peregrina.

Na hora da comunhão, quando o sacerdote parte o pão para a comunidade, antes ele usará as mesmas palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36). Nós devemos olhar para o Cristo e nos perguntarmos se estamos conscientes desta presença de Jesus em nossas vidas, se queremos verdadeiramente estar com ele, se queremos segui-lo como discípulos, deixando o Senhor morar conosco, no nosso coração e na nossa existência.

Confirmando estas perguntas acima, podemos tranquilamente participar do santo altar e comungar do seu corpo para a nossa fraternidade e salvação e transmitir a todos que encontramos na nossa caminhada dizendo que é muito bom ficar com o Senhor.

Que neste Tempo Comum possamos caminhar na missão e com a missão de Cristo. Que sejamos André, que anuncia o Messias para o próximo. Que sejamos Simão, que recebe a missão de ser cefas, uma pedra que estabiliza no chão a tenda do Senhor, a começar pelo nosso próprio corpo. Amém.

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Is 60,1-6; Sl 71(72); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

POESIA

CAMINHAR EM BUSCA DO MENINO

Seguindo a estrela de Belém,
Marcados pelo desejo de encontrar o Senhor
Vão os caminheiros do oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus ricos e simbólicos presentes.

O encontro com o Deus menino,
Muda a direção dos curiosos caminheiros,
Seguem um caminho transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que vão levar a divina alegria,
Que pra eles antes não existia,
E agora é um sonho precioso realizado.

Também nós devemos seguir este caminho,
Via que nos leva até o Deus encarnado,
Para sermos discípulos com dons a oferecer,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de evangelização,
Marcado pelo amor e a oração,
Convictos de um constante converter.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não se dispôs trilhar o caminho e até a ele chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar,
Mas o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Para os que querem o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado a conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

 

HOMILIA

Os sábios vão em busca da Salvação

A solenidade da Epifania[1] do Senhor nos traz o texto de Mateus, o qual nos conta o nascimento de Jesus em Belém. O evangelista nos situa dentro do reinado de Herodes, que se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o menino (cf. Mt 2,3). Os especialistas nas escrituras (mestres da lei) localizam o texto do profeta Miquéias (5,1-4), que cita o nascimento de Jesus em Belém.

Em cena aparecem também os magos do oriente que estão curiosos. Não têm as escrituras para decifrarem sobre o nascimento do Jesus, mas querem chegar até ele (cf. Mt 2,2). Herodes quer usar os magos para chegar até o menino, mas não consegue. Pois os magos são avisados em sonho e voltam dessa grande jornada de busca e visita ao Messias por outro caminho (cf. Mt 2,12).

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. Em primeiro lugar a interpretação teológica nos ensina que os magos representam a diversidade racial dos gentios, que buscam e acolhem a salvação universal de Deus através de Jesus.

Ir ao encontro do Menino significa a busca dos que querem encontrar-se com Deus. Este texto de Mateus nos ensina que a Salvação em Cristo é para todos os homens, como nos fala São Paulo na segunda leitura: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.” (Ef 3,6).

Um segundo ensinamento sobre a visita dos magos são as ofertas feitas por eles: ouro, que é símbolo da realeza; incenso, a sua divindade e mirra, a sua unção no túmulo, no corpo (natureza humana) e a incorruptibilidade do seu corpo que culmina na Ressurreição.

Antes mesmo das ofertas, os magos se ajoelham diante do Menino e o adoram (cf. Mt, 2,12). Num terceiro momento podemos lembrar que os visitantes retornaram para sua terra seguindo outro caminho, significando que o encontro com o menino Jesus transforma a vida daqueles que vão ao seu encontro.

Portanto, a liturgia da Epifania do Senhor deve nos levar a meditar que precisamos constantemente ir ao encontro de Jesus para renovarmos nossa caminhada, para seguir novos caminhos e avançar na vida de discípulos amados por ele.

O nosso encontro deve ser de louvor, marcado pela alegria que o encontro deve nos proporcionar. Podemos ainda nos perguntar: o que temos para oferecer a Deus? Que dons podemos colocar a serviço do Reino?

A dimensão universal da salvação proposta pelo evangelista Mateus, pode nos direcionar para o aspecto ecumênico nas nossas ações cristãs, no nosso relacionamento com os irmãos de outras denominações e no nosso trabalho social voltado para serviço aos pobres.

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro para que percorramos um ano novo cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus. Por fim, rezemos com o salmo 71(72): “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor.”

[1] Em grego quer dizer “manifestação”.

BATISMO DO SENHOR, FESTA

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Is 55,1-11; Sl 28; At 10,34-38; Mc 1,7-11

POESIA

MERGULHADOS NA VIDA DE CRISTO

Do céu vem uma voz:
É o Pai de eterno amor,
Que apresenta o Filho,
Como nosso redentor,
É o filho muito amado,
Do Pai o seu agrado,
O santificador.

O céu também se abre,
Para a terra abraçar,
Pois a humanidade,
Estava a esperar,
Que a terra fosse olhada,
E a vida resgatada,
E em águas se banhar.

Do céu também o Espírito,
Em manifestação,
Pousando sobre o Filho,
Do Pai da criação,
Jesus conduzirá,
E o consagrará,
Toda a sua missão.

Do céu à aqui na terra,
A Trindade Santa vem,
Apresentando ao mundo,
O amor, a paz e o bem,
Missão de redenção,
A todos a salvação,
Sem excluir ninguém.

E nós os batizados,
Em Cristo, inseridos,
Igreja, o seu corpo,
Os membros reunidos,
A Palavra Santa ouvindo,
Seu corpo consumindo,
Pra sermos redimidos.

 

HOMILIA

Cristo mergulha em nossa humanidade

Celebramos hoje o Batismo do Senhor, festa que nos encaminha para o início da primeira parte do Tempo Comum. Inicialmente podemos nos perguntar: era necessário que Jesus fosse batizado por João Batista? O batismo de Jesus significa “a manifestação pública de sua adesão ao Pai e a missão que lhe foi confiada, como Filho amado e fiel”.[1] O filho de Deus feito homem, nascido em Belém, agora é apresentado ao mundo com a sua missão. O céu se abre para apresentar o Filho muito amado numa manifestação da Santíssima Trindade. A descida do Espírito Santo, a voz do Pai Eterno e o Filho que se faz batizar por João.

Deus entra em diálogo com a humanidade pecadora. Cristo que vem ao rio Jordão para mergulhar nas águas, se solidariza com os homens e por isso mergulha na nossa natureza humana para nos resgatar para a sua vida divina. A sua missão é mostrar a ação misericordiosa de Deus que veio visitar o seu povo para libertá-lo dos pecados, curar os doentes, fazer os cegos enxergarem, libertar todos do pecado e os conduzir a salvação.

Em Jesus se realiza aquilo que Isaías nos apresenta: “Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu Espírito, ele trará o direito às nações.” (Is 42,1). Cristo é apresentado como o filho, o (servo) eleito, muito amado, obediente em quem o Pai põe o seu bem querer (cf. Mc 1,11), porque é vontade dele que este Filho seja conhecido, porque ele também é Deus que se encarnou para salvar o mundo, não mais como servo, mas como Filho muito amado.

Jesus, no seu batismo, no rio Jordão, já prefigura aquilo que será a consequência da sua missão: a sua morte como sacrifício oferecido em favor dos pecadores e ressurreição, como vitória sobre a morte.

Na sua paixão, com os braços abertos ele acolherá a todos, sem distinção, como fala o apóstolo Pedro: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,34-35). Todos os povos podem participar do Reino, desde que pratiquem a justiça segundo a vontade de Deus e queiram abraçar a salvação oferecida por Jesus. Ele que veio julgar com misericórdia todo homem que aderir a sua mensagem.

O Filho agirá com mansidão, não oprimirá e nem será autoritário, mas seu julgamento será pela misericórdia e justiça divina, será fiel, pois irá até o fim para trazer a sua glória a todos aqueles que almejam a vida eterna.

No batismo somos inseridos na comunidade dos membros de Cristo como sacerdotes, profetas e reis. Sacerdotes, porque devemos oferecer o sacrifico a Deus como templos vivos que acolhem o Espírito Santo. Como profetas, devemos anunciar a verdade do Evangelho num mundo de contravalores e de difamação da santidade. E como reis, somos chamados a reinar sobre as realidades do mundo com o amor de Cristo o proclamando como rei e nosso Deus.

Somos chamados à dignidade de filhos de Deus pelo nosso batismo, para também mergulharmos nas águas santas e ouvir a voz de Deus, e deixando que o céu se abra para nossa existência. Precisamos acolher a ordem do Pai: ouvir o filho que veio ao nosso encontro para nos comunicar a sua bondade pela palavra, nos alimentar com o seu corpo e fazer-nos discípulos.

Devemos também refletir sobre o nosso batismo no sentido de como estamos vivendo a nossa inserção na Igreja. Os jovens devem se perguntar sobre a sua experiência de batizado nas suas diversas realidades. Como está o testemunho e a convicção de ser membro de Cristo, ou de testemunharmos a nossa vida como uma imitação de Cristo.

Como seguidores de Cristo, seremos enviados para comunicarmos os mesmos sentimentos misericordiosos de Cristo. Devemos anunciar a importância do Batismo e ao mesmo tempo propagar o valor que tem a comunidade dos mesmos quando se reúnem em torno da Palavra e da Eucaristia. E ainda, é missão de todo batizado fazer com que outros sejam batizados para serem acolhidos como filhos e membro do Corpo de Cristo que é a Igreja.

Rezemos por todos os batizados e pelos padrinhos que juntamente com os pais e mães assumem o batismo dos filhos e afilhados, para darem testemunho do amor de Deus, da escuta da Palavra, da participação da Eucaristia e da preocupação para que as crianças e jovens cresçam também no amor de Cristo.

[1] Jesus veio nos indicar os caminhos do reino: Roteiros homiléticos para o tempo do Advento – Natal – Tempo C – Ano B – São Marcos. Brasília: Edições CNBB, 2014, p. 67.

Sagrada Família, Jesus, Maria e José, Festa

Leituras: Eclo 3,3-7,14-17a; Sl 127; Cl 3,12-21; Lc 2,22-40

 

OS ENSINAMENTOS DA FAMÍLIA SANTA

 

Na obediência humana e divina,
Caminha a família santa a nos ensinar,
Carrega nos braços Deus Menino,
Que veio nos resgatar,
Ao Templo santo vem oferecer,
Aquela oferta que deve ser,
Sinal da simplicidade em tudo dar.

A família Santa nos ensina,
Que silêncio é a melhor atitude,
Para que o lar seja espaço santo,
Presença divina em plenitude,
Lugar de amor e oração,
Da escuta e da contemplação,
O céu na terra e a infinitude.

A família Santa ensina,
Sobre a vida familiar,
No convívio puro de esposo e esposa,
Que tanto tem a nos ensinar,
No respeito à vida na castidade,
Na obediência e fraternidade,
No carinho santo a se propagar.

A família santa também nos ensina,
Sobre o trabalho e seu valor,
Ação digna que nos faz bem,
Que fez também nosso criador,
Por que a vida é pra ser vivida,
E as nossas lutas bem assumidas,
Com paz, justiça e puro amor.

Que a mesa Santa traga o alimento,
Para o testemunho de alegria,
De um banquete cheio de união,
Na caminhada de cada dia,
Que o diálogo esteja presente,
E o perdão nunca ausente,
Que seja verdade, a harmonia.

Homilia

A Sagrada Família nos ensina a Santidade no lar

 

Neste Domingo da oitava do Natal celebramos a festa da Sagrada Família. Jesus, Maria e José vão ao Santuário de Deus para realizar os preceitos da Lei com a apresentação do menino Jesus ao Templo. Outros personagens entram na narração: o velho Simeão, que era justo e piedoso, e a profetisa Ana, que já era idosa e ficava dia e noite no Templo pela escuta do Senhor na oração.

Ao meditarmos sobre o evangelho de Lucas percebemos que Maria e José mantém em família, com obediência, a tradição do seu povo. Vivem o momento histórico como tantas famílias da sua época deviam fazer: apresentar o filho ao Templo para que seja consagrado a Deus.

Eles também trazem a oferta representada nos dois pombinhos. Trata-se da oferta mais simples que uma família judaica poderia apresentar ao altar do Senhor. Nisto também se confirma a oferta dos pobres a qual é a expressão da simplicidade da família de Nazaré.

Outro momento importante desta narração é a presença do velho Simeão que representa o povo de Israel, nação que tanto esperou pela chegado do Salvador. Nos braços deste ancião Jesus é acolhido, porque ele (Simeão) faz parte dos judeus que acolheram Jesus como o Cristo, aquele que veio trazer a redenção e a esperança a todos os povos.

O coração de Simeão fica alegre por ter visto o Redentor. Na sua profecia as consequências do anúncio que Jesus iria proclamar durante a sua vida terrena: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma.” (2,34-35).

A Palavra viva (Cristo) trará uma mensagem de amor, mas, ao mesmo tempo, denunciará pela sua força a divisão entre aqueles que aceitarão o Reino e aquele que a ignorarão sua presença e seu valor. A Pregação de Jesus denunciará a hipocrisia, a incoerência religiosa e a opressão contra os pobres que vem da parte das lideranças reais e tradicionais dentro do povo judeu.

A profetisa Ana também se alegrou com a presença do Menino Deus no Templo. Ela louvou e pregou sobre a realização da promessa de Deus a tanto tempo esperado pelo seu povo. Ambos, Maria, José, Simeão e Ana representam o povo de Israel que acolhem o Salvador concretamente nas suas vidas. A eles é dada a missão de proclamarem com a vida, com o testemunho e com as palavras, que o salvador está presente no mundo e que todos devem adorar e escutar a sua voz.

A experiência de sintonia e esperança em Deus fazem com que Simeão e Ana percebem que a criança apresentada não é um recém-nascido comum, mas o Verbo de Deus encarnado que veio morar entre nós. O testemunho destes dois personagens santos também nos lembram os padrinhos quando na hora do batismo colocam nos braços, seus afilhados, apresentando-os à comunidade de fé.

Quanto a família de Nazaré, mais especificamente, segundo o Beato Paulo VI[1], esta apresenta três lições para os cristão que querem aprender da escola do Evangelho: a primeira é sobre o silêncio o qual faz escutarmos Deus no recolhimento, na interioridade, na nossa preparação pelo estudo, da meditação e a oração silenciosa as sós com Deus; a segunda lição da casa de Nazaré é sobre a vida familiar. O respeito entre os cônjuges, com os filhos, o perdão e o amor misericordioso, a harmonia no lar, o zelo pela santidade do matrimônio. A primeira leitura desta liturgia fala, sobretudo, do respeito e o cuidado que o filho deve ter com os seus pais, principalmente na velhice. Jesus mesmo sendo Deus, foi obediente e cuidadoso com seus pais, vivendo a maior parte de sua vida junto a eles.; a última lição é sobre o trabalho. Os evangelhos apresentam como algo presente na casa de Maria e José. José, carpinteiro e artista,, vivia de seu trabalho juntamente com Maria e Jesus. O trabalho como dignidade e não como busca de acúmulo de riquezas inúteis ao homem. Naquela casa santa de Nazaré se viveu a experiência do trabalho humano, pois até neste sentido Jesus assumiu como homem, para nos mostrar que ele viveu dentro das realidades do povo.

A família santa nos ensina como construir um lar inspirado no exemplo da casa de Nazaré. Também esse é nosso chamamento. Peçamos ao Espírito Santo que ilumine todas as nossas famílias e para sejam verdadeiros lugares da presença de Cristo, na santidade e na alegria entre pai, mãe e filhos. Amém!

 

[1] Liturgia das horas, domingo dentro da oitava de Natal, Festa da Sagrada Família, p. 382, Vozes, 1999.