XXIV Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Eclo 27,33-28,9; Sl 103(102); Rm 14,7-9; Mt 18,21-35

 

⇒ HOMILIA ⇐

Perdoar sem Limites

Mt 18,21-35

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXIV Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a perdoar ilimitadamente. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 18,21-35, uma sequência ao Evangelho do Domingo passado.

“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?” (Mt 18,21). Esta é a pergunta do discípulo que quer acertar na caminhada com Jesus. Porém, a pergunta de Pedro expressa ainda a limitação do quanto deve-se perdoar o irmão. E a resposta de Jesus [“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 22)] vem carregada de sentido, pois, o número sete, na Bíblia, quer dizer completude, perfeição. Portanto, Jesus nos motiva a praticar 0o perdão perfeito.

O que seria do mundo, se não houvesse o perdão entre os humanos? O que seria da comunidade cristã, se a vida de cada membro não tivesse o precioso sacramento da confissão? E se Deus colocasse limites, quando durante a nossa vida, fôssemos pedir o perdão ou a confissão ao sacerdote? O amor de Deus por nós é insuperável e infinito. Ele não leva em conta as nossas imperfeições e limitações. O amor de Deus é incondicional.

Em nossa vida fraterna em Cristo há falhas e misérias, mas a convivência (interna e externa) é sustentada pelo perdão. Deus é esse Pai (o patrão da parábola que nós ouvimos no Evangelho), esse patrão que perdoa as nossas dívidas e nos liberta da escravidão, para prosseguirmos a vida (cf. Mt 18,27). Ao sairmos do confessionário, não devemos fazer como aquele empregado da parábola, que ao ser perdoado e libertado ele foi incapaz de perdoar o seu irmão (cf. Mt 18,30). A sua insensibilidade o cegou e o encaminhou de volta a escravidão.

O perdão será sempre a atitude que vencerá a vingança, a violência e os ressentimentos contra o irmão. Neste sentido o livro do Eclesiástico nos dirá: “Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados” (Eclo 28,2). A vida em santidade será sempre esse empenho na busca do perdão. Perdão de mim, do outro e de Deus, como também perdoar quando necessário, numa atitude de dentro para fora. Esta é a exigência do ser cristão, como nos fala São Paulo: “… vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14,9). Viver em Cristo e para Cristo é colocar em prática a oração que ele nos ensinou: “Perdoai a nossas dívidas [nossas ofensas], assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6, 12).

Portanto, o perdão é que nos impulsiona a seguirmos na nossa experiência, seja na família, na pastoral ou na sociedade, a responder ao nosso chamado vocacional, como rocha e não como pedra de tropeço. O perdão não significa ser conivente com as injustiças, mas indica a possibilidade de ressignificação da nossa vida. O perdão fortalece a conversão, o levantar e o recomeçar da nossa existência.

E neste segundo Domingo do Mês da Bíblia peçamos as luzes ao Espírito Santo, para que a sabedoria do Evangelho seja nossa força motriz na vivência do perdão, por que ele “é bondoso, compassivo e carinhoso. Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão” (Sl 102/103).

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

O Perdão Total

 

Perdão de Deus sem se limitar,
Que na prática não quer se enumerar,
E quantos retornos é preciso fazer,
Quando as quedas vêm a acontecer.
Porque o importante é a conversão,
Que tira o filho da confusão,
Para o seu caminho de novo fazer.

Perdão de Deus que se dá no amor,
É o perdão que não guarda rancor,
Que se dá pela santa e forte acolhida,
Na misericórdia sempre vivida,
Na história ativa de um caminheiro,
Deus presente como um companheiro,
Que abraça no retorno que traz à vida.

Perdão de Deus que vem nos reconstruir,
Para que o caminho possa-se prosseguir,
Buscando na trilha de santidade,
Que se faz na vida de humildade,
Perdoando sempre e sempre perdoando,
Abraçando e também abraçado,
Para retomar a fraternidade.

Perdão de Deus que promove a paz,
Na busca do Reino que se refaz,
Quando a violência quer sufocar,
E o ser humano quer escravizar,
Impedindo a vida de comunhão,
Que se faz viva no vinho e no Pão,
E a comunidade a sustentar.

Perdão de Deus para a humanidade,
Que vence as guerras e atrocidades,
Lição divina para o mundo ver,
Para as nações a paz promover,
E as injustiças e opressões,
Sejam vencidas nos corações,
Para o Reino de Deus acontecer.

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos propicia acesso à Sabedoria para perdoar ilimitadamentea, ilumine o seu caminho! ***

 

XXIII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ez 33,7-9; Sl 95(94); Rm 13,8-10; Mt 18,15-20

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Correção Fraterna da Igreja

Mt 18,15-20

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXIII Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a tomar a comunidade cristã como lugar de encontro fraterno. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 18,15-20.

Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles” (Mt,18,20). É na comunidade cristã que nós vivemos como irmãos e irmãs em Cristo. É onde rezamos juntos. Mas é também onde acontece a correção fraterna. Sempre com a meta de alcançar o perdão, livre de intrigas e murmurações. É na comunidade que nos vemos como pecadores. Em contrapartida, é onde, em alguns momentos, estamos mais propensos a enxergar os erros e misérias um dos outros, pois temos a oportunidade de nos conhecermos melhor naquilo que é bom e que não é bom em nós.

Mas a vida comunitária nos ajuda a buscarmos a santidade e sermos também corrigidos pelo grupo fraternal (cf. Mt 18,15-17). São Paulo nos fala do maior mandamento como sinal de amor a Deus e ao próximo (cf. Rm 13,10). Por isso a correção fraterna se traduz como o amor e a misericórdia ao irmão que erra.

O encontro com o Senhor e com os irmãos só tem sentido para quem vive nesta experiência de perdão, de crescimento espiritual e de alegria. Sim, a comunidade cristã também é o lugar da festa e da alegria, seja na partilha da vida de cada um, no lanche ao final da celebração ou na quermesse do padroeiro. E agora nesta pandemia do Covid-19, oportunidade de nos sensibilizarmos e rezarmos pelos que sofrem as consequências desta doença. Como também dirigir nossas orações pelos irmãos que padecem a morte de seus entes queridos.

Num mundo onde se motiva a exclusão por qualquer atitude de erro, corremos o risco de expor os irmãos na Igreja. Jesus nos aconselha que a atitude não é essa (cf. Mt 18,15). Faz-se necessário conversar em particular. Nós não somos os que devem dá a sentença sobre os erros dos outros, mas ajuda-los na conversa fraterna. Em outros momentos deixemos que outro também nos corrija. Quanto ao julgamento, este vem de Cristo, pois ele é amor, é misericórdia e é perdão, em vista da nossa conversão e salvação.

Quando vemos no outro o erro e não o ajudamos a seguir o caminho certo, também somos responsáveis por ele, como nos orienta o profeta na primeira leitura (cf Ez 33,7-9). Se na convivência comunitária com nossa família somos capazes de uma correção fraterna e sincera, iremos progredir no caminho da santidade.

Quando não conseguimos ganhar o irmão Jesus nos orienta que procuremos mais pessoas para que se oriente o caminho do bem. Se não conseguimos procuremos a Igreja (cf. Mt 18,17). A Igreja tem a Palavra da Verdade e da Justiça. Não deve-se omitir quando nossos erros humanos interferem nas realidades de outras pessoas. Cristo também é Palavra de Verdade e de Justiça.

Que o Espírito nos ilumine sobre a necessidade da correção fraterna. E neste primeiro Domingo do Mês da Bíblia acolhamos a Palavra de Deus que nos guia e nos fortalece nessa nossa caminhada de discípulos missionários de Cristo. Que estejamos sempre abertos a crescer em santidade.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Os Conselhos do Senhor

A palavra do Senhor vem nos alertar,
Sobre nosso agir e nossas intenções,
Para quando vermos o erro do irmão,
Possa-se o ajudar nas correções,
Para que não caia na condenação,
E mergulhe no mar das ilusões.

E quando a escuta não acontecer,
Outros irmãos podem se achegar,
Para a ajuda na fraternidade,
Que não deixe o amigo se desviar,
Correção de justiça e caridade,
Para no perdão se reencontrar.

A Igreja em Cristo pode ajudar,
Quando a rebeldia persistir,
Ficando o errante na resistência,
Em Cristo amor possa-se corrigir,
Com atitudes de santa paciência,
Em vista de o caminho restituir.

E se caminharmos por trilhas errantes,
Sem foco no nosso no santo caminho,
Lembremos que é possível nos refazer,
Tendo certeza que não estamos sozinhos,
Podendo-nos em nova vida florescer,
E sentirmos o amor de Deus como carinho.

E quando vier nossas tentações,
De fugirmos dos conselhos do Senhor,
Busquemos o encontro na comunidade,
Onde se encontra o irmão e seu calor,
Por que o que une é a fraternidade,
Que vem da Mesa Santa do amor.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos propicia o encontro da fraternidade na Sua pessoa, ilumine o seu caminho! ***

 

XXII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Jr 20,7-9; Sl 63(62); Rm 12,1-2; Mt 16,21-27

⇒ HOMILIA ⇐

Seduzir-se por Deus para Carregar a Sua Cruz

Mt 16,21-27

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXII Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a renunciar a nós mesmos para se tornar um seguidor. E o Evangelho para esta liturgia está em Mateus 16,21-27, na sequência do Evangelho do Domingo passado.

“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” (Mt 16,24). Será que compreendemos essa máxima de Jesus ao carregarmos um crucifixo no nosso peito? Somos capazes de aceitar o sofrimento ou os sacrifícios como consequência do ser cristão?

Quando Jesus começou a explicar para os seus discípulos as consequências da sua missão Pedro não aceitou. Ele que, pouco tempo antes (no Domingo passado), tinha sido elogiado por ter reconhecido Jesus como Filho do Deus vivo, agora Pedro decepciona seu mestre por pensar como demônio (cf. Mt 16,22). Pedro se baseava ainda no ideal do messias davídico, que era triunfante. O pensamento de afastar o sofrimento e a cruz do caminho da redenção é considerado diabólico. A caminhada de um cristão não é feita somente de glórias e haverá o sofrimento, naturalmente. Por isso Jesus chama a atenção de Pedro: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço…” (Mt 16,23).

Como entender esta aparente contradição de Jesus? Anteriormente diz que Pedro é a pedra sobre a qual construirá a sua a Igreja (cf. Mt 16,18). Agora, apenas cinco versículos depois, diz que é uma pedra de tropeço (cf. Mt 16,23). A reflexão deve ser a seguinte: a primeira pedra é uma rocha e resulta da vontade de Deus, já a segunda pedra a qual Jesus se refere é a pedra de tropeço e é resultado da vontade humana. Tirar a Cruz do nosso itinerário é como andar num caminho alienante e ilusório, diferente do caminho de Jesus.

Faz-se necessário deixar-se seduzir por Deus, como nos fala o profeta Jeremias (cf. 20,7). Quando nos deixamos nos seduzir por Deus, conseguimos entender o sentido da nossa caminhada, que também é feita de tristezas e alegrias, de derrotas e vitórias.

A vida em Cristo nasce da nossa resposta consciente de caminhar com ele em todas as dimensões humanas rumo à glorificação. É necessário oferecer a nossa vida em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, um culto espiritual, como nos fala São Paulo na sua carta aos romanos (cf. 12,1).

Neste sentido, o discípulo viverá livre das tentações que querem desafiá-lo do caminho de Jesus. Olhando para Pedro, podemos ver que o nosso caminhar ainda é parecido com o dele. Às vezes também queremos somente um Cristo glorioso, longe do sacrifício, do sofrimento e da dor. E não sendo possível, poderá haver decepções ou distorções do Evangelho.

E neste dia do catequista, rezemos por todas as pessoas que se dedicam ao trabalho da Palavra de Deus e da doutrina cristã, preparando as crianças, os jovens, os adultos e também os casais a buscarem a experiência de encontro com Cristo através dos sacramentos. Que sejam abençoadas todas estas pessoas, iluminadas e fortificadas pelo Espírito Santo, nesta missão tão necessária e preciosa da Igreja: a catequese.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Cristo nos Ensina a Doação

 

Sigamos o Cristo da doação,
Tendo como sinal a sua Cruz,
Que olha para nosso sofrimento,
Sendo força de paz que nos conduz,
Ensinando-nos os frutos do amor,
Que pelo seu chamado nos seduz.

Ofereçamos nosso culto espiritual,
Num sacrifício vivo e agradável,
Elevando ao altíssimo a nossa alma,
Numa atitude santa e louvável,
Entregando-nos de todo o coração,
Aos braços de nosso Deus amável.

Que a tentação da fuga da missão,
Não venha a nos incomodar,
Que abracemos a vida por inteiro,
Mesmo que venhamos a tropeçar,
E aceitemos a vida de Nosso Senhor,
E nas glórias e fadigas a perseverar.

Despeçamo-nos da velha criatura,
Para a nova criatura resplandecer,
Retomemos a viva imagem de Deus,
Que para o mundo quer aparecer,
Para vencer as ilusões e fantasias,
E abraçar o caminho que faz viver.

Deixemo-nos seduzir por Deus amado,
Que dá sentido ao nosso existir,
Que nos faz pedras de construção,
Da Igreja que faz seu povo reunir,
Ao redor da Palavra e da Eucaristia,
Comungando na alegria de existir.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos convida a renunciarmos a nós mesmos, ilumine o seu caminho! ***

 

XXI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 22,19-23; Sl 138(137); Rm 11,33-36; Mt 16,13-20

⇒ HOMILIA ⇐

As Chaves e os Tijolos da Construção Espiritual

Mt 16,13-20

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXI Domingo do Tempo Comum, em que Pedro reconhece que Jesus é o Filho do Deus vivo. E o Evangelho para esta liturgia está em Mateus 16,13-20.

“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 19,19).

Quem é Jesus para nós? Ele que nos diz entregar a chave nas mãos dos que ficam por conta do seu rebanho. Quem é esse Deus que permite aos seus sucessores ser como pedras de fundamento para a sua Igreja.

O Evangelho de hoje nos pede inicialmente que nos perguntemos quem é Jesus para cada um de nós. Nós que somos Igreja e caminhamos como Igreja, que escutamos a Palavra do Senhor, que participamos da sua mesa, não podemos caminhar sem conhecê-lo ou sem fazermos uma experiência mais profunda em nossas vidas. Nossas respostas não podem ser aquelas decoradas ou pronunciadas por outros. Nossas respostas devem ser mais abrangentes, ser expressão da nossa convicção, da nossa experiência íntima na caminhada de vida orante e de missão junto a Cristo.

Por isso é importante aceitarmos que somente quando caminhamos com Jesus, vivendo no seu amor, sendo fiel a seu Evangelho, buscando viver a justiça, a caridade, a esperança e vivendo em comunhão com os irmãos e com os mandamentos é que teremos conhecido cada vez mais a Ele. E a nossa resposta para os que nos perguntam são ditas com o auxilio de Deus e através do nosso testemunho de vida. Resposta esta que damos com as nossas ações caridosas e acolhedoras, porque somos discípulos de Cristo.

Somente vivendo em oração, atento a Palavra, alimentando-se da Eucaristia, participando da ceia, nos encontros com os irmãos, podemos ter convicção de quem é Jesus para nós.

Pedro, que iluminado pela graça de Deus, proclamou o conhecimento verdadeiro de Cristo, agora ele recebe duas missões exigentes: primeiro ser pedra firme do Edifício Divino que é a Igreja e depois receber as chaves para conduzir o Reino de Deus na terra. Por isso caberá a ele, em nome de Cristo, ligar e desligar. E o poder do mal não mais vencerá (cf. Mt 13,18), porque em Cristo, que é a nossa rocha, está o reino de Deus.

E nós, os cristãos de agora, somos também convidados a sermos tijolos de construção do Edifício Espiritual, que é a Igreja. Nós formamos a comunidade dos seguidores de Jesus. Formamos o rebanho que é conduzido pelo sucessor de Pedro, o Papa. E como responsáveis por uma família, por um grupo da Igreja ou por uma missão confiada e confirmada pela Igreja e iluminados pelo Espírito Santo devemos ter a chave que é a nossa condução, a nossa responsabilidade em cuidar e colaborar com Cristo na construção do seu Reino.

E neste quarto domingo do mês vocacional rezemos pela vocação para os ministérios e serviços na comunidade. Por todos os leigos dos diversos ministérios pastorais, segmentos e serviços. Cristãos, povo de Deus, que formam a missão evangelizadora e caritativa da Igreja. Que o Espírito Santo ilumine o irmão e a irmã que doa seu tempo e sua boa vontade para servir na fé, na caridade e na esperança, evangelizando e fazendo crescer o rebanho do Senhor. Amém.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Pedras de Edificação da Igreja

 

No remar da nossa vida,
Nas noites das tempestades,
Nas chegadas e partidas,
Em nossas fragilidades,
Procuremos o Senhor,
Que nos dá tranquilidade.

E ao fazermos a travessia,
Nos mares da insegurança,
Busquemos a harmonia,
Nossa força e esperança,
Com o olhar fixo em Cristo,
Ele nos dá segurança.

Nas nossas noites escuras,
Nossa fé, fortifiquemos,
Quando vem as amarguras,
Em Deus todos confiemos,
Para seguirmos no mar,
Sem que nós nos afundemos.

Nossos medos e tristezas,
Não nos venha apavorar,
Não nos tirem a beleza,
Da vida e do caminhar,
Para vivermos a missão,
Firmes e sem vacilar.

Que a barca do Senhor,
Vença as tribulações,
E que a força e o amor,
Traga paz entre as nações,
Nossa Igreja a remar,
Vencendo as contradições.

Que a mesa da alegria,
Reúna todos os irmãos,
Com a paz e harmonia,
Sangue e Corpo, comunhão,
Que chama à fraternidade,
Destino à ressurreição.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, ilumine o seu caminho! ***

 

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

 

Leituras: Ap 11,19a;12,1-6a.10ab; Sl 45(44); 1Cor 15,20-26.27a; Lc 1,39-56

⇒ HOMILIA ⇐

Maria e Isabel: o Encontro da Profecia e da Salvação

Lc 1,39-56

 

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela liturgia da solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu. O Evangelho para esta Solenidade está em Lc 1,39-56.

Nossa Senhora foi ela quem viveu primeiramente a fé e o serviço a Cristo e, por isso, a primeira a participar de corpo e alma, da redenção e da glorificação do Céu.

A Assunção de Nossa Senhora é uma verdade de fé, um dogma proclamado pela Igreja de forma irreversível. Este dogma sobre Nossa Senhora é o mais recente, entre os quatro. Foi o Papa Pio XII que, em 1º de novembro de 1950, através da constituição apostólica Munificentissimus Deus[1], a proclamou assunta à glória celeste, de corpo e alma. Os outros três dogmas são: Maternidade Divina, Imaculada Conceição e Virgindade Perpétua.

Quanto à liturgia da Palavra, o Evangelho segundo Lucas (cf. 1,39-56) nos apresenta Maria realizando a sua caminhada de fé rumo à casa de Isabel. Maria segue pelo longo percurso de 150 km, rumo a Judeia, caminha, por entre as montanhas, para levar a caridade e a alegria à sua prima. Ao abraçar o chamado de Deus, torna-se sacrário vivo do Senhor. Maria seguirá a sua peregrinação, grávida do Salvador e vazia dos suas pretensões e interesses pessoais, como todos aqueles que também abraçam o chamado do Senhor e decidem crescer na resposta de fé, pois todos aqueles que estão cheios de Deus vivem a mesma atitude de amor e de doação.

Maria, na sua caminhada, não se doa de forma lenta e desinteressada, mas às pressas, quase correndo, por que a salvação está próxima e, por isso, faz-se necessário anunciar a promessa que Deus fez aos profetas. Pois há outra grávida (Isabel), que traz em seu ventre a profecia (João Batista), que preparará os caminhos do Enviado para que os homens o acolham, sejam curados, chamados e redimidos pelo sangue do Cordeiro.

Maria é a imagem perfeita da Igreja (cf. CIgC[2], nº 967), que é o Corpo Místico de Cristo (cf. CIgC, nº 787-810), também sacrário Santo e vínculo de amor entre os irmãos, é meio de salvação para todos que dela se aproximam para escutar e se alimentar do Senhor, será purificada pela fé e glorificada na dimensão celestial.

É ela a mulher “vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1), por que tem no seu ventre o poder da vida que vence o dragão da morte e devolve a vida verdadeira a todos os que acolhem os valores do Reino e querem a redenção e desejam participar da glória de Deus.

São Paulo nos diz que “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (1Cor 15,20). Deus antecipa a Maria a graça da ressurreição e da glorificação. É ela a primeira cristã entre os que seguiram e seguem o Senhor. Por isso podemos chamá-la de Nossa Senhora da Glória, pois ela é a Rainha que se encontra à direita do Rei, com o esplendor da sua beleza e da sua santidade, assim como cantamos no salmo responsorial desta liturgia (cf. Sl 45/44).

Para que vivamos um testemunho coerente, precisamos olhar para Maria, que interioriza e pratica as virtudes na simplicidade do seu cotidiano. Estando atentos ao que Deus nos pede, vivendo a obediência à Palavra do Senhor, não desviarmos a nossa atenção às diversas situações do mundo, principalmente no que se refere a todos os sofredores. Enfim, nos esvaziando do nosso egoísmo para nos encher da graça de Deus.

Rezemos neste 3º domingo do mês vocacional pela vocação à vida consagrada, religiosos, consagrados, seculares, os quais são chamados e enviados para a Evangelização no mundo. Que possamos aprender de Maria sobre a escuta da Palavra, a obediência ao chamado de Deus, à vida de castidade, o anúncio do Reino de Deus e a contemplação frutífera, através da oração perseverante.

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[1] Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html>.

[2] CIgC: Catecismo da Igreja Católica, disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html>.

 

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⇒ POESIA ⇐

A Primeira Crente da Nova Aliança

 

Aberta à voz de Deus e ao seu chamado,
Grávida, a serviço da vida e da esperança,
á vai a caminheira para a santa missão,
Como primeira crente da nova Aliança.

Vai pelas montanhas entre o vento e a poeira,
Motivada pelo amor e levando a força da redenção,
Visita a sua prima Isabel, com gratuidade fraterna,
Levando um cântico de alegria, profecia e libertação.

Sua alma é engrandecida pelo amor supremo,
Pois a alegria é plena do Espírito Divino,
Porque o mundo a chamará Senhora Bendita,
Porque da sua boca nasce o anúncio, por um belo hino.

É glorificada no Céu de corpo e alma,
Porque em Cristo és mãe e santificada,
Por isso o nosso culto a ti elevamos felizes,
Porque és a primeira cristã de vitória alcançada.

Rogai por nós, nos vales dos nossos sofrimentos,
Mãe da profecia e cheia do belo cantar de amor,
Ensina-nos a sermos vazios de nós e cheios da Graça,
Como servos atentos e santos de Nosso Senhor.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que enquanto Deus se fez filho de Maria, ilumine o seu caminho! ***

 

XIX Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: 1Rs 19,9a.11-13a; Sl 85(84); Rm 9,1-5; Mt 14,22-33

 

⇒ HOMILIA ⇐

Chamados e Enviados a Remar com o Senhor

Mt 14,22-33

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum. O Evangelho para este Domingo está em Mt 14,22-33, em continuidade ao Evangelho do Domingo passado.

Após a multiplicação dos pães, Jesus ordena que os discípulos entrem na barca e sigam para o outro lado do mar (cf. Mt 14,22). Depois do milagre do pão, é hora de seguir em frente. Caminhar é preciso, mesmo em meio aos desafios da vida. É preciso avançar na missão. Do outro lado há necessitados da salvação e da misericórdia de Deus.

Jesus procura um lugar para sua oração pessoal (cf. Mt 14,23). Isto para mostrar (e ensinar) a seus discípulos a sua sintonia com o Pai. Para quando navegarem nas ondas do mundo, dentro da barca dele, terem a fé fortalecida e seguirem em frente no anúncio da esperança.

É madrugada e os discípulos estão no alto mar. A barca está agitada e, sem Jesus, os discípulos são invadidos pelo medo de afundarem. Jesus vem ao encontro para acalmá-los (cf. Mt 14,25). Pensam se tratar de um fantasma. E Jesus os deixa tranquilos: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,26-27).

A cena prossegue e Jesus os chama para que o encontrem mesmo em meio a tempestade. Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,29-30). Sair da barca e deixar os outros não foi uma boa opção para Pedro, ele começou a andar, mas afundou. Jesus entra na barca e devolve Pedro ao grupo e a calmaria retorna.

Quantos ensinamentos podemos colher das cenas deste Evangelho. Falando em ondas e tempestades, refletimos que aquele acontecimento no mar de Tiberíades ficou marcado na mente e no coração dos discípulos, principalmente na pessoa do apóstolo Pedro o qual, depois da ressurreição, enfrentou muitas perseguições do Império Romano.

A presença de Cristo nos desafia a ir ao seu encontro pela nossa fé, com a alegria que o próprio Evangelho nos alimenta, com a confiança e a esperança. A fé é que nos faz ter segurança diante das tempestades da vida. A fé que nos faz reconhecer o Cristo como aquele que tem o total poder sobre as tribulações e tempestades causadas pelos poderes do mal. Os cristãos seguem Jesus na barca que é a Igreja e muitas vezes caminham sobre as águas deste mar bravio que é o mundo. Mundo das superficialidades da vida, das ideologias relativistas e reducionistas e das injustiças que só os causam insegurança e uma mentalidade fantasiosa da existência humana.

Na tempestade do mar da Galileia, o evangelista Mateus nos fala: “Assim que subiram no barco, o vento se acalmou” (Mt 14,32). Quando deixamos Jesus entrar na nossa barca, na barca de nossa vida, as coisas se acalmam e podemos seguir a travessia. É na calmaria que podemos encontrar a direção da nossa existência. É na confiança da presença de Deus que somos impedidos de afundar na insegurança e no medo de avançar em nosso caminhar.

Os momentos de encontro com o Senhor nos faz seguir pelo mar da vida, vencendo as tempestades junto com os nossos irmãos e irmãs. Confiemos nossa travessia de discípulos ao Cristo que nos oferece sua mão protetora para o retorno à barca. Ele é quem nos salva dos naufrágios da vida. Rezemos com o refrão do salmo 84(85): Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!” Amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

A Travessia do Mar da Vida

 

No remar da nossa vida,
Nas noites das tempestades,
Nas chegadas e partidas,
Em nossas fragilidades,
Procuremos o Senhor,
Que nos dá tranquilidade.

E ao fazermos a travessia,
Nos mares da insegurança,
Busquemos a harmonia,
Nossa força e esperança,
Com o olhar fixo em Cristo,
Ele nos dá segurança.

Nas nossas noites escuras,
Nossa fé, fortifiquemos,
Quando vem as amarguras,
Em Deus todos confiemos,
Para seguirmos no mar,
Sem que nós nos afundemos.

Nossos medos e tristezas,
Não nos venha apavorar,
Não nos tire a beleza,
Da vida e do caminhar,
Para vivermos a missão,
Firmes e sem vacilar.

Que a barca do Senhor,
Vença as tribulações,
E que a força e o amor,
Traga paz entre as nações,
Nossa Igreja a remar,
Vencendo as contradições.

Que a mesa da alegria,
Reúna todos os irmãos,
Com a paz e harmonia,
Sangue e Corpo, comunhão,
Que chama à fraternidade,
Destino à ressurreição.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos acalma em meio às tempestades, ilumine o seu caminho! ***

 

XVIII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 55,1-3; Sl 145(144); Rm 8,35.37-39; Mt 14,13-21

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cinco Pães e Dois Peixes, o Número Perfeito

Mt 14,13-21

Irmãos e irmãs, neste XVIII Domingo do Tempo Comum nós contemplamos Jesus no deserto com a multidão e os seus discípulos. O Evangelho para esta Liturgia está em Mt 14,13-21.

Jesus percebe a realidade daquele povo que está no deserto e, por isso, sente compaixão e traz a cura aos doentes e pão aos famintos. Referente à fome do pão material, os discípulos de Jesus querem dispensar o povo com fome, como se dissessem: “cada um se vire e compre o seu próprio alimento”. Jesus faz o milagre com o pouco que alguns têm (cinco pães e dois peixes) e assim alimenta a todos, sobrando ainda doze cestos de alimento.

O deserto é o “lugar” de tentações, de sofrimento, de fome, de combates. Mas o deserto também é o lugar onde se encontra Deus e o encontro de Deus pode operar o milagre do amor e da partilha. Não nos esqueçamos que o deserto foi lugar onde Deus escolheu para caminhar com o povo, purificando-o e a caminho da terra prometida, rumo à libertação.

Naquele dia, lá no deserto, Jesus apresentou um grande ensinamento para os discípulos, pois eles queriam mandar o povo embora. Ensinou que para o Reino de Deus acontecer é necessário que seus colaboradores se compadeçam do sofrimento do próximo e se envolvam no movimento de partilha e de comunhão.

Fiquemos atentos aos gestos de Jesus: “pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Depois partiu e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões” (Mt 14,19). Estes gestos de Jesus nos lembram a mesa da Eucaristia, quando acontece o milagre da transubstanciação e a matéria do pão e do vinho se transformam no Corpo e Sangue de Cristo. É através dessa partilha maravilhosa que nós, enquanto Igreja (Corpo Místico de Cristo), podemos ter acesso à salvação.

É no encontro com o Senhor que nos alimentamos de sua Palavra e de seu Corpo e também partilhamos do que temos como irmãos e irmãs, caminhantes pelos desertos que vamos passando pela nossa existência, como caminheiros com o Senhor.

O profeta Isaías nos ensina sobre a bondade e gratuidade de Deus quando encorajou o povo de Israel no exílio da Babilônia (cf. Is 55,1). Agora, no deserto, Jesus fez o mesmo com o povo doente e faminto.

Os cristãos, como os discípulos amados de Jesus, estão no mundo e também fazem parte da multidão necessitada e faminta. Há fome de pão nas mesas, mas também há necessidade de justiça (civil, social, econômica), necessidade também de dignidade, de paz, de solidariedade e, sobretudo, de compaixão para que os famintos sejam saciados e os doentes curados. Não nos esqueçamos que os doentes que Jesus curou sofriam de problemas resultado de pecados segundo as normas das autoridades da religião judaica.

Quando exercemos a caridade, doando cestas aos que tem fome, roupa aos que precisam, trabalho aos desempregados, cuidado e saúde aos doentes, a Eucaristia se estende do altar para alimentar os que estão fora do templo. Que sejamos presença viva do Cristo Eucarístico onde quer que estejamos e que o Espírito Santo nos ilumine e no encoraje a perceber o próximo que está necessitado. Que, compadecidos, façamos acontecer o grande milagre da partilha, da paz e da comunhão.

 

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⇒ POESIA ⇐

A Providência Perfeita

Das mãos dos que tem um pouco,
Para as mãos do Mestre em compaixão,
Do coração que sente o sofrimento,
Vendo a fome da multidão,
O Mestre incentiva a providência,
E mesmo quando se está em carência,
Vem o milagre da comunhão.

Comunhão que nasce da sensibilidade,
No deserto aonde a fome vem aparecer,
Onde há a tentação de desistir,
Mesmo que se tenha algo a oferecer,
Mas estando o Senhor presente,
Trazendo o pão abundantemente,
E fazendo a dor da fome desaparecer!

“Dai-lhes vós mesmos de comer”
Eis o mandato do Mestre da vida,
Estimulando os discípulos à partilha,
Em vista das multidões sofridas,
Pela fome e diversos sofrimentos,
Nas doenças, dívidas e lamentos,
Carentes do cuidado e da acolhida!

E o milagre de Jesus nos ensina,
Sobre um pouco colocado em união,
Transformando o coração dos seguidores,
Trazendo o milagre da comunhão,
Fazendo-nos olhar as tantas realidades,
Um mundo que precisa da solidariedade,
Para denunciar o acúmulo de bens e de pão!

Que em nossa vida de amados discípulos,
Nada nos separe do divino amor,
Mesmo que venham os tantos sofrimentos,
Os quais às vezes nos causam dor,
Porque em Cristo somos gloriosos,
Na vida e na missão, vitoriosos,
Cuidando das obras do Criador.

E chamados a seguir a caminhada,
Mesmo no deserto (de noite ou de dia),
Sigamos aprendendo do Senhor,
Acolhendo o milagre que a fome sacia,
Fomentando o cuidado e a compaixão,
Partilhando nosso pouco para a multidão,
Em vista da vida, do amor e da alegria.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Nosso Mestre e Senhor, que alimenta o seu povo pelos desertos da vida, ilumine o seu caminho! ***

 

XVII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: 1Rs 3,5.7-12; Sl 118(119); Rm 8,28-30; Mt 13,44-52

 

⇒ HOMILIA ⇐

Reino de Deus: Tesouro e Pérola

Mt 13,44-52

 

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela liturgia do XVII Domingo do Tempo Comum. Contemplemos o Mestre que continua ensinando os camponeses. E o Evangelho deste Domingo está em Mateus (13,44-52), texto que dá continuidade aos Evangelhos dos dois últimos Domingos.

O capítulo 13 de Mateus, o qual nos conta várias parábolas, hoje é concluído com mais três histórias que Jesus nos conta para comparar com o Reino de Deus. Diante da missão, Jesus sempre usou da sua criatividade para que sua mensagem pudesse atingir o coração das pessoas. Para os fariseus ele era um contraventor, um desobediente à Lei. Para o povo era o mestre, o defensor e representava a esperança.

A primeira parábola é a do tesouro escondido, que é encontrado por um homem do campo, que vende tudo o que tem para comprar aquele pedaço de chão e tomar posse do tesouro (cf. Mt 13,44). Foi este tesouro que muitos encontraram ao ouvir as Palavras de Jesus. Foi esta riqueza que os discípulos, deixando suas redes, suas famílias e suas rotinas, compraram. Eles entenderam o sentido do Reino de Deus, pois foram capazes de desapegar até de suas próprias vidas para testemunharem e também pregarem sobre a Boa-Nova.

Foi este Tesouro (essa Sabedoria) que Salomão optou quando foi ao santuário e, em oração, fez o seu encontro pessoal com Deus. Disse o Senhor: Pede o que desejas e eu te darei” (1Rs 3,5). E Salomão responde: “Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal” (1Rs 3,9). Foi assim que Salomão se tornou o rei mais sábio de Israel. Ele fez a opção pela Sabedoria, que é o próprio Deus, e se deixou guiar por ela.

A segunda parábola é muito parecida com a primeira. A diferença é que quem compra pérolas se esforça para encontrar uma de maior valor possível. Quando a encontra vende seus bens para poder adquirir aquela valiosa pérola (cf. Mt 13,44). Neste sentido e neste segundo momento vale lembrar que é preciso empenho, esforço para que o Reino seja encontrado. Há uma busca e uma valorização maior, porque parte de quem se interessa.

Em nossos dias sabemos que o Reino ainda está escondido, mas sempre é possível de ser encontrado. Está escondido sim. Mas, ao mesmo tempo, pode ser encontrado nos grupos, nas pessoas – pessoas que deixaram (que venderam) um modo de vida e refizeram seus caminhos e vivem seguros de terem encontrado o mais valioso tesouro que dá o sentido de suas vidas, o próprio Cristo, sua Palavra, seu Corpo e Sangue (a Eucaristia).

De outro modo, outras pessoas, “caindo em si” (cf. Lc 15,17), procuraram comprar a pérola mais preciosa, a mais importante, a qual precisava tomar posse. Buscar a pedra mais cara exige esforço, exige busca, perseverança e um redirecionamento da vida. Tomar posse do Reino de Deus e fazer com que ele se torne realidade é um processo no qual se inicia a nossa peregrinação rumo a salvação.

A terceira parábola nos fala da diferença que há entre os que têm o tesouro e os que o desprezaram. Os peixes bons e os maus. Os que buscaram o amor e os que fizeram a sua opção por algo de valor material. O Reino de Deus está em nosso meio, mas precisa ser encontrado e buscado por cada um de nós.

No julgamento final seremos avaliados de acordo com as nossas opções. Os que abraçaram o valioso tesouro do Reino de Deus (os bons), serão separados dos que não optaram e se deixaram levar pelas ilusões do mundo. Que no dia do juízo possamos rezar como o salmo 118 (119): “Como eu amo, Senhor, vossa lei, vossa Palavra! É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata”. Reflitamos sobre o Reino de Deus e seu valor incalculável.

 


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⇒ POESIA ⇐

O Reino de Deus é Precioso

Ele é nosso tesouro,
Que se dá gratuitamente,
Nossa riqueza e beleza,
Que se faz em nós presente,
Sempre e sempre encontrado,
Pra vida eternamente.

Ele é a nossa Pérola,
Que também nós procuramos,
Exige assim nosso esforço,
Quando então nós o buscamos,
Precisamos então vender,
Tudo que idolatramos.

Ó Sabedoria eterna,
Que Salomão suplicou,
Fazendo-lhe um grande sábio,
Porque a Deus o conquistou,
Foi um rei de muita dádiva
E este Tesouro comprou.

E no mar da nossa vida,
Que a todos sempre alcança,
Na rede do julgamento,
O amor nossa esperança,
Pois no amor somos julgados,
E o Reino é nossa herança.

Busquemos incansavelmente,
O Reino, nossa riqueza
Este dom tão valioso,
Que nos traz a fortaleza,
Quem o encontra jamais deixa,
Porque dar força e firmeza.

E hoje o Povo de Deus,
Encontra na Eucaristia,
O tesouro precioso,
Que lhe dar força e alegria
Já não é mais escondido,
Está visto à luz do dia.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o semeador divino, ilumine o seu caminho! ***

 

XVI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Sb 12,13.16-19; Sl 85(86); Rm 8,26-27; Mt 13,24-43

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Semente Boa, a Mostarda e o Fermento no Mundo

Mt 13,24-43

 

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela liturgia do XVI Domingo do Tempo Comum. Contemplemos o Mestre que continua ensinando os camponeses. E o Evangelho deste Domingo está em Mateus (13,24-43), texto que dá continuidade ao Evangelho do Domingo passado.

Jesus, em suas parábolas (isto é, em suas comparações) tocava o coração das pessoas e os fazia entender o sentido daquilo que é o Reino de Deus. Suas palavras aproximavam cada ouvinte do amor de Deus, que é simples, caritativo, misericordioso e paciente com o pecador. Jesus tocava no coração e ajudava a encontrar o sentido de suas vidas.

E Jesus perguntava: com que se parece o Reino dos Céus? O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo”. (Mt 13,24). “É também como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo” (Mt 13,31) …Ou “como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado” (Mt 13,33). Essa era a pedagogia de Jesus: perguntar e comparar as coisas do céu com a vida concreta do povo.

A semente boa foi plantada. Depois, sementes ruins foram jogadas e germinaram junto com as primeiras. Como entender que Deus permite que o maligno semeie o mal em meio ao bem? Isso também acontecia com Jesus. Enquanto pregava, outros semeavam o mal e a divisão, confundindo o coração das ovelhas de Israel. No entanto, a semente boa crescia em meio às ideologia de opressão das autoridades (judaicas e romanas). Era preciso deixar que Deus pudesse cuidar do julgamento e oferecer seu parecer.

Aparentemente, o Reino dos céus é simples e frágil, como uma semente, mas que vai nascendo aos poucos e tornando-se grande como. É assim o agir do nosso Deus, ele nos transforma de forma leve e paciente. E nós, aos poucos, vamos nos deixando conduzir por ele. Com o tempo, como seus servos, nos mostraremos como sinais da presença de Deus no mundo.

Aos poucos vamos deixando o seu Espírito agir em nossa vida através da oração. Como nos fala São Paulo, não sabemos nem pedir, pois é o próprio Espírito Santo que age por nós (cf. Rm 8,26).

Jesus insiste ainda que podemos observar o Reino como o fermento. Sem percebermos a sua presença visualmente, ele faz crescer a massa, com sua força química. A força (o fermento) do Reino está crescendo em meio à sociedade, sem que possamos ver. Em nossas comunidades, se mergulharmos profundamente em suas histórias, perceberemos que muitas coisas mudaram. A comunidade, o grupo ou o movimento nascem pequenos e vão crescendo. A participação dos leigos na vida da Igreja aumentou. Novos movimentos vão surgindo. O grão de mostarda cresce. O fermento faz a massa crescer. O Reino de Deus nasceu nas margens do mar da Galileia, nos campos e nos povoados das ovelhas perdidas da casa de Israel. Começou a brotar no alto da Cruz e foi regado pelo sangue de Jesus. Foi fecundado e, ao mesmo, tempo foi se expandindo em meio aos males e controvérsias do mundo. Mas, como semente boa, produziu e produz muitos frutos para o crescimento do Reino de Deus.

O amor de Cristo como fermento, faz crescer no coração invisível do homem a essência e a força do Reino dos céus. Cada batizado, como aqueles servos da parábola, carrega ao mesmo tempo o trigo e o joio. Aos poucos vai se deixando transformar com a força do Espírito Santo, que o converte e o faz Santo. Somente Jesus foi a semente perfeita que, humanamente caído na terra, fecundou e fez nascer a salvação para toda humanidade.

Que o nosso Deus, que é bom, é clemente e fiel (cf. Sl 85/86) venha com o seu Reino, pela ação do seu Espírito, fecundar o coração das crianças, dos jovens, das famílias e dos idosos, para que os frutos do amor, da fraternidade e da paz cresçam e transformem o nosso mundo. Sendo paciente e bondoso, o Senhor faz crescer a sua vinha e no dia oportuno virá para a colheita. Ele julgará com sua justiça a fim de que o seu Reino seja implantado definitivamente.

 

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⇒ POESIA ⇐

A Paciência de Deus (II)*

Reino de Deus, sem limites,
Que cresce imensamente,
Em meio aos males do joio,
Vai se espalhando fortemente,
Para a colheita do amor,
Santa e divina semente.

Reino de Deus paciente,
Que cresce enquanto dormimos,
Que tem raízes profundas,
Pois nele, nós existimos,
Cada dia, cultivados,
E ao semeador nos unimos.

Reino de Deus de bondade,
Que julga com retidão,
Que queima as força do mal,
Com Espírito de purificação,
Convertendo a nossa vida,
A partir do coração.

Reino de Deus consistente,
Cheio de Simplicidade,
Como a pequena mostarda,
Cheia de capacidade,
Que cresce e traz seu verdor,
Com força e vivacidade.

Reino de Deus em mistério,
Fermento que vai crescendo,
Com calma vai se espalhando,
Como que se escondendo,
Mas que vai se construindo,
E aos seus servos acolhendo.

Reino de Deus de alegria,
Que faz a todos, irmãos,
Que nos reúne em festa,
Para colhermos a união,
Fortalecendo o encontro,
Vivido na comunhão.

 

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* O primeiro poema A Paciência de Deus foi publicado em 3/3/2013, no III Domingo da Quaresma do Ano C, cujo mistério pascal gira em torno do convite de Jesus à conversão.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o semeador divino, ilumine o seu caminho! ***