⇒ Domingo da Misericórdia ⇐ Leituras: At 5,12-16; Sl 118(117); Ap 1,9-11a.12-13.17-19; Jo 20,19-31 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 20,19-31 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 2º Domingo da Páscoa, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, nos motiva a contemplar Cristo que vem aos Seus discípulos com a própria Paz enviada por Deus, cuja misericórdia é eterna [Sl 118(117),2]. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 20,19-31, passagem que é quase sequencial ao Evangelho do Domingo passado e está situada na terceira e última parte do Evangelho Segundo São João intitulada “A hora de Jesus. A Páscoa do Cordeiro de Deus” (cf. Jo 13,1-21,25). Nesta Liturgia, portanto, Nosso Senhor aparece aos Seus discípulos que estavam às escondidas num cenáculo, em Jerusalém. Estavam com as portas fechadas, pois tinham medo dos judeus. Neste Domingo, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor Jesus Cristo, ressuscitado pelo Pai, apresentando-se aos Seus discípulos com a tradicional saudação judaica: shalom, que quer dizer, a “paz esteja convosco”. Mas não era qualquer paz, era a paz de Deus. Com esta saudação, o Ressuscitado apresenta-se então como a própria Paz de Deus, ou seja, Cristo é, como diz a canção “Benção de Paz”(1), “o shalom do Pai”. Acabamos de vivenciar a semana chamada Oitava da Páscoa, na qual a Liturgia da Palavra foi marcada por testemunhos, sejam através de milagres, medo dos homens ou choro das mulheres. Atitudes características dos primeiros dias depois do Gólgota. O evangelista João nos conta que era o início da noite, primeiro dia da semana e as portas fechadas por medo dos Judeus (cf. Jo 20,19), ou seja, os que acompanharam Jesus de perto, estavam ainda nas trevas, marcados pelo medo e pelas incertezas. No dia da Ressurreição, Nosso Senhor aparece numa realidade gloriosa, vivo e alegrando os discípulos, apresentando o Seu sopro de vida nova, para enviar-lhes em missão e transmitirem a autoridade do perdão dos pecados, pois Ele veio para salvar a todos dos pecados do mundo, mostrando a face de Deus, que é infinita misericórdia. Outro ponto importante do Evangelho é a descrença de Tomé, que não estava na comunidade quando o Senhor aparece pela primeira vez e por isso se mostra incrédulo, como um cientista que quer provas para dar crédito à verdade da Ressurreição e, novamente, oito dias depois (ou o primeiro dia da semana – o Domingo), o Senhor vem ao encontro da comunidade e está lá Tomé para viver a experiência da fé na vida nova. Tomé é convidado a tocar nas chagas de Jesus para sentir e crer, assim como muitos de nós ainda precisamos de provas para crer que o Reino de Deus já está entre nós. Disse o Senhor a Tomé: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). Nós, cristãos da atualidade, também somos felizes quando vivenciamos a nossa fé na Ressurreição de Jesus e quando vivemos também a vida nova em nossa caminhada e, ao mesmo tempo, somos transmissores desta verdade. O que somos capazes de proclamar para os outros sobre o Ressuscitado? O que nos motiva a vivermos uma experiência de convicção da nossa fé? O Tempo Pascal é propício para reavaliarmos a nossa experiência de discípulos e discípulas do Senhor e levarmos a frente esta verdade, com a certeza de que foi a convicção dos que seguiram o Senhor Jesus ou ouviram a pregação sobre o Ressuscitado que fez chegar até nós, no nosso tempo, a mensagem maravilhosa de que o Senhor ressuscitou e nós podemos ressuscitar com Ele. Precisamos meditar se a descrença de Tomé tem relação com sua ausência da comunidade dos discípulos e porque Jesus não apareceu somente a ele após a aparição aos outros? Onde estava Tomé? O que levou ele a ficar ausente? E foi exatamente após a caminhada de uma semana que o Senhor Jesus se apresentou mais uma vez e agora com a presença de Tomé que é convidado a tocar nas Suas chagas. Como Tomé, às vezes, precisamos de mais tempo também para absorvermos uma realidade nova em nossa existência. O evangelista João faz questão de nos lembrar das marcas, das feridas, da crucificação e da presença de Tomé no grupo. Talvez por duas razões: primeiro para provar que era Jesus mesmo que estava ali com eles, com as feridas, pois fora crucificado e também para dizer que a fé dos apóstolos foi alimentada na experiência da comunidade reunida. Portanto, irmãos e irmãs, é na partilha da mesma realidade e no encontro fraterno que alimentamos a nossa fé na Ressurreição do Senhor e somos motivados a prosseguir um caminho novo. Peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós para estarmos preparados para o recebimento dos dons do Espírito Santo, neste Tempo, neste grande dia que a Igreja chama de Tempo da Páscoa ou Tempo de Pentecostes. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos dá a verdadeira Paz, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐Ressurreição: Vida Nova de Cristo que Cresce pelo Mundo
(1) Cf. CD “Na Dança da Vida”, Comunidade Católica Shalom. Ele está no Meio de Nós
Ele está em nosso meio,
No encontro e na alegria,
Na reza de cada dia,
Na partilha do Pão,
Fazendo-nos Comunhão,
Viva e santa Eucaristia.
*
Ele está na caminhada,
Dos caminheiros queridos,
Que mesmo com os pés feridos,
Das estradas compridas,
Às vezes trazendo fadiga,
Mas se sentem agradecidos.
*
Ele está em nossa vida,
Às vezes com portas fechadas,
Com a Paz anunciada,
Para nos tranquilizar,
E fazer-nos caminhar,
Numa vida renovada.
*
Ele está em nosso ser,
Para a fé nos retomar,
E o medo espantar,
Pra nos dar a segurança,
E refazer-nos a Esperança,
Para o caminho trilhar.
*
Enfim, Ele está aqui e agora,
Quando faço poesia,
Nos passos de cada dia,
Presente em todo momento,
Sendo Deus fonte e alimento,
Que nunca se esvazia.
* * *
Tag: Liturgia para a festa das Tendas [cf Sl 118(117)]
Domingo da Páscoa do Senhor (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: At 10,34a.37-43; Sl 118(117); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 20,1-9 Meus irmãos e irmãs, eu vos desejo uma feliz e abençoada Páscoa! A Liturgia do Domingo da Ressurreição do Senhor, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, nos motiva a contemplar a alegria do Aleluia e do Glória que, desde a Vigília do Sábado, ontem, se estenderá até o Pentecostes por cinquenta dias como sendo um único dia. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 20,1-9, passagem que é sequência do Evangelho da Sexta-feira da Paixão e que está situada na terceira e última parte do Evangelho Segundo são João intitulada “A hora de Jesus. A Páscoa do Cordeiro de Deus” (cf. Jo 13,1-21,25). Nesta Liturgia, Nosso Senhor ainda está na mansão dos mortos. Segundo a dimensão litúrgica de antiga tradição do séc. IV, Ele entrou, como que numa procissão de entrada, e portando a cruz vitoriosa com o reconhecimento dos que lá estavam conduzindo-os ao um banquete preparado para receber os cativos resgatados da mansão dos mortos.(1) Maria Madalena, marcada pelo sofrimento e pela morte de Jesus, vai, antes do sol raiar, tratar do Corpo de Nosso Senhor e encontra o túmulo vazio (cf. Jo 20,1). Leva a notícia aos outros discípulos, sendo, no Evangelho desta Liturgia, a primeira a anunciar o grande acontecimento. Os discípulos, ainda atordoados pelos acontecimentos, não conseguiram vislumbrar a grande dádiva de Deus. Tudo era muito novo, muitas coisas precisavam acontecer para que eles vivessem a certeza da Ressurreição do Senhor. Aquela manhã, a do primeiro dia da semana, ficará marcada no coração dos discípulos e discípulas como sendo o Dies Domini, Domingo, que quer dizer Dia do Senhor. É o dia em que se consolida a fé na Ressurreição, porque o Discípulo Amado viu, acreditou e disseminou esta certeza (cf. Jo 20,8) e a força do Ressuscitado se espalhará por todos os cantos. A fé agora será amadurecida na caminhada dos seguidores de Cristo até ao ponto de testemunharem sem medo tudo o que aconteceu. Alimentados da esperança e pela certeza, os discípulos enfrentarão o mesmo destino do Senhor: serão perseguidos, caluniados e martirizados, mas encontrarão a ressurreição e a vida eterna. Se fortalecerão na comunidade reunida com a presença da Santa Mãe de Deus. Pedro e os outros discípulos anunciarão a verdade da Ressurreição como vimos na primeira leitura de hoje: “… Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou proclamar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,39-42). Somos os herdeiros desta mensagem quando nos reunimos para o encontro com a Palavra viva e com a Eucaristia, nutrientes para o nosso caminhar na nossa peregrinação terrestre. Assim, somos despertados para uma nova vida que se constitui a cada momento, a cada desafio vencido, a cada graça ofertada por Deus. A fé que temos no Senhor foi consolidada naquela madrugada de Madalena e dos outros discípulos. Somos também discípulos missionários que devem levar a mensagem de esperança e de vida nova todo o mundo. Precisamos buscar o Ressuscitado na oração, no jejum e na esmola. Cristo, o Ressuscitado, é a Eucaristia que devemos receber com o coração purificado pela confissão dos nossos pecados – e aqueles que não podem receber a Eucaristia, que estejam com o coração puro de malícias e maledicências. Na celebração eucarística devemos, como disse são Paulo na segunda leitura de hoje, nos esforçar para “… alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus…” e aspirar “… às coisas celestes e não às coisas terrestres.” (Cl 3,1-3). Que nesta caminhada pascal possamos semear a verdade esperançosa e alegre, num mundo carente do amor do Pai e marcado pelas dores e mortes das pandemias, das guerras e das injustiças. E que a cada dia também possamos amadurecer a nossa fé no Ressuscitado que nos faz novas criaturas. Sigamos em frente e meditemos neste período de cinquenta dias que se seguem, celebrando-os como sendo um, e cantemos confiante: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e n’Ele exultemos!” [Sl 118(117)]. Finalmente, peçamos a Nossa Senhora, que sempre se fez mãe dos filhos no Filho, que ela interceda por nós para que possamos ser entender tudo aquilo que Deus quer que entendamos. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos dá a vida eterna, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
Animados e Iluminados pela Ressurreição de Cristo
(1) Cf. LITURGIA DAS HORAS. De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo: A descida do Senhor à mansão dos mortos. Disponível em: <https://liturgiadashoras.online/quaresma/SabadoSanto>. Acesso em: 6 mar 2020.Quem Ama Chega Primeiro
Por amor e pela esperança,
Madalena vai correndo,
Cheia de uma novidade,
Que está lhe preenchendo,
Volta do túmulo vazio,
Madrugada em vento e frio,
Coração se aquecendo.
*
Primeira anunciadora,
De Jesus Ressuscitado,
Vai dizer aos seus irmãos,
Sobre o túmulo arrebentado,
Precisa se refazer,
Para poder entender,
O que Deus tem realizado.
*
A mensagem é semeada,
Junto aos outros irmãos,
Aos poucos se espalhando,
Por Pedro e também por João,
Cristo trouxe a vida nova,
Túmulo vazio é a prova,
Da santa Ressurreição.
*
Há um amor que motivou,
Ao Discípulo em seu correr,
Pois o amor chega primeiro,
E não se deixa esmorecer,
Sem medo ele segue em frente,
Sendo de Pedro o primado evidentemente
Sem dúvida a lhe preencher.
*
O amor do Discípulo Amado,
A muitos encorajou,
Fez Pedro chegar à frente,
Mesmo que ao Mestre negou,
Pois foi o amor e a fé,
Que fez Pedro ficar de pé,
Com coragem continuou.
*
Compreender a vida nova,
No caminhar do dia a dia,
Aceitar outra maneira,
Pra seguir a nova via,
A morte não tem mais poder,
Basta seguir e também crer,
Na paz e na alegria.
*
Somos também seguidores,
De Cristo Ressuscitado,
Seguimos a nova vida,
Com o nosso Deus amado,
Que se fez nosso Alimento,
Na alegria e sofrimento,
Caminhando ao nosso lado.
*
O encontro com os irmãos,
Faz sair da madrugada,
Para abraçar a luz completa,
E a vida iluminada,
Pois Cristo que se faz clarão,
Na Palavra e Comunhão,
E a assembleia renovada.
* * *
Santa Missa da Vigília Pascal, Ano C, São Lucas
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: 1ª Leitura: Gn 1,1-2,2; Salmo: Sl 16(15); 3ª Leitura: Ex 14,15-15,1; 4ª Leitura: Is 54,5-14; 5ª Leitura: Is 55,1-11; 6ª Leitura: Br 3,9-15.32-4,4; 7ª Leitura: Ez 36,16-17a.18-28; Salmo: Sl 104(103); Salmo: Sl 30(29); Salmo: Is 12; 2ª Leitura: Gn 22,1-18; Leitura do Novo Testamento: Rm 6,3-11; Evangelho: Lc 24,1-12 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 24,1-12 Meus irmãos e irmãs, a celebração da Vigília Pascal faz memória da História da Salvação desde a Criação do mundo e do homem até a Nova Criação em Jesus Cristo. A Nova Aliança que se dá na Última Ceia e se concretiza na Ressurreição do Senhor. É uma Liturgia repleta de rituais com uma simbologia muito profunda e que nos insere no mistério da vida nova no Senhor. Ele vem como luz da Nova Criação. N’Eele somos banhados pelo batismo para fazermos parte do novo Povo de Deus, como sacerdote, profeta e rei, na dignidade de filhos e filhas de Deus. Para mergulharmos profundamente no sentido desta Liturgia iremos vivenciar quatro momentos bem definidos. Primeiro adentramos na Liturgia da Luz, que é a celebração da Páscoa cósmica, marcado pela a passagem das trevas para luz. O círio, aceso na fogueira, em frente ou ao lado da igreja, é a luz do Ressuscitado que irá se espalhando por todo o espaço da assembleia, através das nossas velas, as quais nos lembram o dia de nosso batismo, o dia do nosso novo nascimento. No segundo momento, na Liturgia da Palavra, revivemos pelas leituras bíblicas, a Páscoa histórica, enfatizada nos principais momentos da História da Salvação. A Páscoa do povo Judeu e a Páscoa da Nova Aliança, quando seremos um povo renovado pelo Sangue do Cordeiro de Deus. Num terceiro momento viveremos a Liturgia batismal, que celebra a Páscoa da Igreja, povo de Deus nascido da fonte batismal. A Igreja batiza e o seu povo renova o compromisso do seu batismo como de discípulos e discípulas de Cristo. Por fim, a Liturgia Eucarística, que celebra a Páscoa perene e futura quando seremos julgados definitivamente por Cristo no final dos tempos. A Páscoa de todos os dias quando vamos à Missa e mergulhamos no mistério do Banquete do Cordeiro que se oferece como alimento para a festa da vida e da esperança. Portanto, os elementos da luz, da água, do pão e do vinho, acompanham toda a nossa vida de filhos e filhas de Deus em Cristo Senhor. A cada momento de nossa vida temos esses elementos vitais e sensíveis em nossa caminhada. Em cada celebração, nós renovamos nosso compromisso de caminhar com o Senhor esperando a sua vinda gloriosa. No Evangelho desta Liturgia, ouvimos o testemunho das mulheres, Maria Madalena e Maria mãe de Tiago, como também de Salomé que vão ao túmulo vazio. A força da vida nova rompeu a pedra que queria impedir a vida. Como grão que arrebenta a terra para nascer, Cristo com sua força salvífica arrebentou as barreiras da morte, da escuridão e da tristeza. Como nos fala são Paulo, na Carta aos Romanos, Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem pode sobre Ele. (cf. Rm 8,6). As mulheres ainda iam ver o cadáver, Jesus entre os mortos. Queriam ungir o corpo corruptível, mas, ele já se tinha transformado para sempre em um corpo novo e cheio de vida. Nós também, muitas vezes, queremos cultuar um Cristo morto por não querer acreditar que Ele nos trará vida nova e transformada. Queremos visitar os túmulos de nosso pessimismo, de nossas dúvidas e de nossa falta de esperança. No Batismo somos novas criaturas e sinais de Cristo, luz do mundo. A Páscoa não é um acontecimento do passado, crer em Cristo Ressuscitado é, portanto, acreditar n’Ele agora e para sempre. Não podemos perder esse foco da fé. Cristo é o coração do Mundo, como disse o teólogo K. Ranner (1904-1984). Nele está a nossa esperança de uma existência nova, redimida e transformada já aqui na nossa caminhada terrena. Ele está em nossas lágrimas, como força, e nas dores como consolo permanente e vitorioso sobre nossos sofrimentos. Ele está em nossos fracassos e impotências como força segura que nos defende. Ele nos visita em nossas depressões, acompanhando-nos na nossa solidão e nas nossas tristezas; Ele age em nossos pecados, nos oferecendo a misericórdia e o Seu perdão como possibilidade de um novo significado para a nossa vida cotidiana e comunitária no caminho da santidade. A experiência no Ressuscitado significa acreditar que Ele está vivo, aqui e agora entre nós. É acreditar que ele está com a gente na comunidade reunida, na catequese, na liturgia, no Terço dos Homens, nos Terços nas casas, também quando saímos em missão, quando nos encontramos para a Missa e em muitos outros momentos que vivenciamos na nossa comunidade a união e a alegria do Evangelho. Jesus tem força para ressuscitar e transformar nossa vida, renovar a nossa esperança de nos converter. Não são os bens materiais que nos dão a vida nova, mas a paixão e o amor à vida, alimentada pela mística espiritual do encontro, da partilha e da busca de harmonia com o supremo Deus que nos coloca na dignidade de filhas e filhos muito amados. Que a experiência da Ressurreição do Senhor nos faça também pessoas pascais, ou seja, marcadas pela vida nova no amor do Senhor e no compromisso com a paz e a justiça do Reino de Deus. Busquemos vencer a morte que está nas tantas realidades humanas – nas guerras, nas injustiças, na nossa conivência com as mentiras deste mundo e nas pobrezas espirituais e materiais. O Senhor está conosco em todos os dias de nossas vidas até o fim dos tempos (Mt 28,20). Sigamos com a vida e a esperança na força do Ressuscitado, na busca de um mundo novo. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos insere numa vida nova pela Sua Ressurreição, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
Cristo é a Luz da nova Criação
A Páscoa de Cristo em Nós
Acompanhados da Luz do vivente,
Caminhamos como amigos e irmãos,
Vencendo as trevas e iluminados,
Fortes, vencendo a escuridão,
Seguindo-O vamos em frente,
Na procissão como povo crente,
Em busca do altar da comunhão.
*
Pela companhia da Palavra santa,
Vamos ouvindo o novo mandamento,
Aprendendo e caminhando com o Senhor,
Vivendo a salvação como ensinamento,
Não como algo que ficou no passado,
Que aconteceu e ficou desprezado,
Mas no hoje de nossa vida fundamento.
*
Banhados pela água batismal,
Renovando o compromisso que se selou,
Sigamos a mesma fé professando,
Vivendo a nossa páscoa que chegou,
A cantar o cântico dos renascidos
Como discípulos fiéis e redimidos,
Com o Jesus que conosco Ressuscitou.
*
Encontro da mesa e do Vinho novo,
Comungamos do Corpo do Ressuscitado,
Que nos convida e nos oferece a alegria,
Vem trazer a paz aos desanimados,
Na fraternidade sempre a seguir,
Com coragem e sem desistir,
No mundo novo que agora é recriado.
* * *
IV Domingo da Páscoa, Domingo do Bom Pastor, Ano B
*** Ano de São José (2020/2021) ***
Leituras: At 4,8-12; Sl 118(117); 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18
⇒ HOMILIA ⇐
O Pastor Eterno e Amoroso
Jo 10,11-18
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor, nos motiva a contemplar o Bom Pastor e a nossa experiência de ovelha que escuta a sua voz que nos conduz ao redil onde saciamos definitivamente a fome e a sede. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 10,11-18.
O evangelista João nos apresenta três importantes dimensões do Cristo, Bom Pastor: Jesus é o Bom Pastor que cuida; o seu redil já não está restrito à Jerusalém terrestre e, por fim, o Bom Pastor dá a vida pela salvação das ovelhas.
Jesus é o Bom Pastor porque é pleno ao cuidar do rebanho confiado pelo Pai. Por isso, foi até as últimas consequências na cruz e, de braços abertos, acolhe as ovelhas. O seu rebanho nasce da entrega e do cuidado visíveis no seu amor misericordioso.
Nós, você e eu, somos convidados a seguir a voz do Bom Pastor, o Pastor divino. O Autor da Vida também espera a oferta do nosso coração (muitas vezes de pedra), pois quer fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21,5). Que atitudes do Bom Pastor temos tido diante da vida e dos irmãos? Temos, todos nós, missões que se parecem com a condução de um rebanho. Somos também pastores como ministros ordenados, como consagrados, pais e mães de família, como coordenadores de pastorais, como chefes de repartições. Também devemos imitar o Bom Pastor na escuta ao outro e em muitas outras experiências de cuidado que devem ser realizadas com simplicidade, justiça e misericórdia.
Num segundo momento Cristo nos diz que há ovelhas que não são do redil (de Jerusalém) que devem ser apascentadas (cf. Jo 10,16). Os cristãos devem acolher cada um que vem e quer se inserir no rebanho do Senhor, pois o Bom Pastor acolheu a todos, em um só rebanho e um só Pastor. O acolhimento e o cuidado do Bom Pastor faz a diferença na semeadura do Evangelho.
Por fim Jesus nos ensina que a sua vida é oferecida para a salvação do mundo: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo.” (Jo 10,18). A entrega é gratuita e livre em favor da humanidade. O Ressuscitado quer abrir a nossa inteligência para que possamos entender as Escrituras.
Somos motivados a meditar se nossas ações são em função das coisas do alto ou de interesses fúteis e ou mesmo de atitudes úteis das coisas terrestres (cf. Cl 3,1-4). Como usamos o nosso cajado diante de nossa missão de servir? O cajado do pastor é para apontar e proteger o caminhar e não para bater nas ovelhas. Os maus pastores, os mercenários, fogem diante dos perigos ou batem com o cajado nas ovelhas quando estas se perdem (cf Jo 10,12).
E o que dizer dos governantes? Responsáveis pela saúde pública, pela educação, pelo cuidado do povo. Estes, escolhidos pelo seu próprio rebanho, com frequência causam muitos sofrimentos como o mercenário do Evangelho de hoje. Não promovem a justiça e o bem comum. Jesus nos ensina que o pastor deve ter amor e compromisso na sua missão, promovendo a dignidade do povo.
Por fim, rezemos pelos nossos pastores (Papa, Bispos, padres, diáconos, muitos coordenadores de pastorais), para que sejam fiéis à sua missão de cuidar do redil, que é a Igreja. E a nós, ovelhas reunidas em torno da Palavra e da Eucaristia, ouçamos a voz do Bom Pastor que nos conduz ao aprisco onde nossa fome e sede são saciadas definitivamente, e que possamos ser também responsáveis naquilo que o Bom Pastor nos confiou.
***
⇒ POESIA ⇐
O Pastor e a Ovelha
Ó Pastor supremo e bom,
Que a todas as ovelhas,
Trata com tanto carinho,
Que orienta o caminho,
Totalmente por amor,
Ó eterno bom Pastor,
Não nos deixe aqui sozinhos.
Ó Pastor supremo e verdadeiro,
Que doa a vida livremente,
Para a todos vir salvar,
Sem assim descriminar,
Nenhum dos seres humanos,
Com verdade e sem enganos.
Vem nos fortificar.
Ó Pastor supremo e amigo,
Que fala palavras eternas,
Para nos alimentar,
Para nos encorajar,
Pois tua voz queremos ouvir,
Sem medo de te seguir,
Vem sempre nos iluminar.
Somos teu rebanho vivo,
Que quer sempre te encontrar,
Queremos o teu infinito amor,
Acende-nos com tua luz e teu ardor,
Para a nossa forte felicidade,
Para a nossa viva caridade,
Tu és nosso belo e bom Pastor.
Pastor que cuida com tanto zelo,
As ovelhas cansadas e feridas,
O seu rebanho por ti tão querido,
Trata-nos como teus amigos,
E vai também a outros rebanhos,
Não consideram como estranhos,
Acolhe e carrega quem está sofrido.
Prepara-nos a mesa do amor,
Com taças e o vinho da alegria,
Para as ovelhas sempre acolher,
Pois sua vida vem a nos oferecer,
E não deixa de fora ninguém,
Seu rebanho alimenta do sumo bem,
No banquete vem a todos receber.
***
*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Bom Pastor, ilumine o seu caminho! ***
Domingo da Páscoa do Senhor
Leituras: At 10,34a.37-43; Sl 118(117); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9
⇒ HOMILIA ⇐
Animados e Iluminados pela Ressurreição de Cristo
Jo 20,1-9
Meus irmãos e irmãs, eu vos desejo uma feliz e abençoada Páscoa. O mistério pascal da Liturgia do Domingo da Ressurreição nos motiva a contemplar a alegria do Aleluia e do Glória que, desde a Vigília do Sábado, se estenderá por cinquenta dias como sendo um único dia. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 20,1-9.
Maria Madalena, marcada pelo sofrimento e pela morte de Jesus, vai, antes do sol raiar, tratar do Corpo de Nosso Senhor e encontra o Túmulo Vazio (cf. Jo 20,1). Leva a notícia aos outros discípulos, sendo, no Evangelho desta Liturgia, a primeira a anunciar o grande acontecimento.
Os discípulos, ainda atordoados pelos acontecimentos, não conseguiram vislumbrar a grande dádiva de Deus. Tudo era muito novo, muitas coisas precisavam acontecer para que eles vivessem a certeza da Ressurreição do Senhor.
Aquela manhã, a do primeiro dia da semana, ficará marcada no coração dos discípulos e discípulas como sendo o Dies Domini, Domingo, que quer dizer Dia do Senhor. É o dia em que se consolida a fé na Ressurreição, porque o discípulo amado viu, acreditou e espalhou esta certeza (cf. Jo 20,8) e a força do Ressuscitado se espalhará por todos os cantos. A fé agora será amadurecida na caminhada dos seguidores de Cristo até ao ponto de testemunharem sem medo tudo o que aconteceu.
Alimentados da esperança e pela certeza, os discípulos enfrentarão o mesmo destino do Senhor, serão perseguidos, caluniados e martirizados, mas encontrarão a ressurreição e a vida eterna. Se fortalecerão na comunidade reunida com a presença da Santa Mãe de Deus.
Pedro e os outros discípulos anunciarão a verdade da Ressurreição como vimos na primeira leitura de hoje: “… Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou proclamar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,39-42).
Somos os herdeiros desta mensagem quando nos reunimos para o encontro com a Palavra viva e com a Eucaristia, nutrientes para o nosso caminhar na nossa peregrinação terrestre. Assim, somos despertados para uma nova vida que se constitui a cada momento, a cada desafio vencido, a cada graça oferecida por Deus. A fé que temos no Senhor foi consolidada naquela madrugada de Madalena e dos outros discípulos. Somos também discípulos missionários que devem levar a mensagem de esperança e de vida nova todo o mundo.
Precisamos buscar o Ressuscitado na oração, no jejum e na esmola. Cristo, o Ressuscitado, é a Eucaristia que devemos receber com o coração purificado pela confissão dos nossos pecados – e aqueles que não podem receber a Eucaristia, que estejam com o coração puro de malícias e maledicências. Na celebração eucarística devemos, como disse São Paulo na segunda leitura desta Liturgia, nos esforçar para “… alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus…” e aspirar “… às coisas celestes e não às coisas terrestres.” (Cl 3,1-3).
Que nesta caminhada pascal possamos semear a verdade esperançosa e alegre, num mundo carente do amor do Pai e marcado pelas dores e mortes desta pandemia. E que a cada dia também possamos amadurecer a nossa fé no Ressuscitado que nos faz novas criaturas. Sigamos em frente e meditemos neste período de cinquenta dias que se seguem, celebrando-os como sendo um, e cantemos confiante: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (Sl 118/117).
***
⇒ POESIA ⇐
Quem Ama Chega Primeiro
Pelo amor e a esperança,
Madalena vai correndo,
Cheia de uma novidade,
Que está lhe preenchendo,
Volta do Túmulo Vazio,
Madrugada em vento e frio,
Coração se aquecendo.
Primeira anunciadora,
De Jesus ressuscitado,
Vai dizer aos seus irmãos,
Sobre o Túmulo Arrebentado,
Precisa se refazer,
Para pode entender,
O que Deus tem realizado.
A mensagem é semeada,
Junto aos outros irmãos,
E aos poucos se espalhando,
Por Pedro e também por João,
Cristo trouxe a vida nova,
Túmulo Vazio é a prova,
Da santa Ressurreição.
Há um amor que motivou,
Ao discípulo em seu correr,
Pois o amor chega primeiro,
E não se deixa esmorecer,
Sem medo ele segue em frente,
Sem dúvida a lhe preencher.
O amor do Discípulo Amado,
A muitos encorajou,
Fez Pedro seguir em frente,
Mesmo que ao mestre negou,
Pois foi o amor e a fé,
Que fez Pedro ficar de pé,
Com coragem continuou.
Compreender a vida nova,
No caminhar do dia a dia,
Aceitar outra maneira,
Pra seguir a nova via,
A morte não tem mais poder,
Basta seguir e também crer,
Na Paz e na Alegria.
Somos também seguidores,
De Cristo ressuscitado,
Seguimos a nova vida,
Com o nosso Deus amado,
Que se faz nosso alimento,
Na alegria e sofrimento,
Caminhando ao nosso lado.
O encontro com os irmãos,
Faz sair da madrugada,
Para abraçar a luz completa,
E a vida iluminada,
Pois Cristo que se faz clarão,
Na Palavra e comunhão,
E a assembleia renovada.
***
*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos dá a vida eterna, ilumine o seu caminho! ***