⇒ Dia de São José Operário ⇐ Leituras: At 5,27b-32.40b-41; Sl 30(29); Ap 5,11-14; Jo 21,1-19 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 21,1-19 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 3º Domingo da Páscoa, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia” , nos motiva a contemplar a beleza do testemunho dos apóstolos que proclamam, com coragem e alegria, a verdade na Ressurreição. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 21,1-19, passagem que é sequência do Domingo passado e que está situada no final da terceira e última parte do Evangelho Segundo São João intitulada “A hora de Jesus. A Páscoa do Cordeiro de Deus” (cf. Jo 13,1-21,25). Nesta Liturgia, Nosso Senhor está, em Seu Corpo glorioso, à margem do Mar de Tiberíades (que é o mesmo Mar da Galileia ou Lago de Genesaré). Tiberíades ficava ao sul de Cafaranum, a cidade do Senhor Jesus, e eram separadas por uma distância de, aproximadamente, 20 km. Neste Domingo, a Igreja nos oferece, uma vez mais na Liturgia da Palavra, a perspectiva da ressurreição da carne, como uma participação na glória do Filho, que assumiu em tudo, menos no pecado, a natureza humana. Esta aparição do Ressuscitado acontece no contexto profissional dos apóstolos, na vida cotidiana, no trabalho, ao “ar livre” e não com “portas fechas”, pois a Ressurreição passa por entre barreiras e obstáculos. A presença do Senhor também não está presa ao Templo, agora o templo de adoração é o Corpo glorificado do Senhor. O Evangelho de hoje nos proporciona vários pontos de reflexão para a experiência comunitária, sobretudo a de que é o Ressuscitado o condutor para que a comunidade cristã evangelize o mundo. A pesca foi um fracasso até a aparição de Jesus Ressuscitado, mas com Ele acontece o milagre da abundância, isto é, somente com Ele a nossa evangelização tem êxito. O chamado para cuidar do rebanho deve ser alimentado, primeiramente, pela vivência do amor. “Pela terceira vez, perguntou a Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: ‘Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo’. Jesus disse-lhe: ‘Apascenta as minhas ovelhas’.” (Jo 21,17). Por três vezes Pedro é interpelado pelo Senhor, pois antes tinha negado que conhecia Jesus também por três vezes antes do galo cantar (cf. Lc 22,56-60). Mas isso não foi impedimento para seguir em frente, agora está disposto e reabilitado pela força da Ressurreição e também por sua conversão mais profunda. Cristo tem o senhorio da barca e da missão e a iniciativa de Pedro de realizar a pesca é seguida pelos outros apóstolos, quando disseram nós também vamos pescar (cf. Jo 21,3). Com esta experiência Pedro caminhará e encontrará perseguições, calúnias. Seguirá para o martírio com uma convicção tão forte que se sentirá alegre e satisfeito porque agora encontrou a razão da sua fé, como podemos confirmar nos Atos dos Apóstolos: “Os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus.” (cf. At 5,41). Olhemos agora para João, o Discípulo Amado, aquele que esteve no sepulcro vazio e esperou Pedro chegar para conferir o acontecimento. Ele também está presente na pesca milagrosa e é quem reconhece primeiramente o Senhor Jesus e comunica a Pedro (cf. Jo 21,7). João é a face da Igreja contemplativa, orante, ministério do amor, que reclina a cabeça sobre o coração de Cristo (cf. Jo 13,23), que está ao pé da cruz e que acolhe a Virgem Maria como sua mãe (cf. Jo 19,26-27), mas que é obediente ao representante do colégio apostólico. As nossas comunidades paroquiais, grupos e pastorais devem fixar estas duas faces da Igreja: a que trabalha, representada por Pedro; e a que contempla e alimenta a comunhão e a missão, representada por João. Assim, nós, cristãos do século XXI, somos testemunhas primeiramente da Ressurreição do Senhor, que é autor da vida. Também devemos viver a caridade, a comunhão e a obediência quando respondemos ao Senhor que chama para lançarmos as redes de pesca. Recordemos ainda que neste mês de maio as intenções do Papa Francisco, Bispo de Roma e herdeiro da barca de Pedro, estão voltadas à juventude, para que, a exemplo a Virgem Maria, descubram a coragem como fruto da fé e o amor como motivação e como resultado da dedicação ao serviço. E neste tempo forte da Páscoa peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós para estarmos preparados para o reconhecimento, para o recebimento do dom da sabedoria e assim estejamos revestidos do Shalom do Pai, da Paz do Senhor e ao caminharmos por entre barreiras, obstáculos e tribulações possamos acreditar na vida nova. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos proporciona a sabedoria que nos permite caminharmos em paz por entre as tribulações da vida, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela fé dos jovens ⇐A Força do Testemunho no Ressuscitado
Pela Fé, na Coragem e na Alegria
Lá vão os discípulos, seguidores do Amor,
Em meio a calúnias e injúrias,
É o grande cominho que inicia,
Seguem sem medo,
Confiantes e na alegria.
*
Vão remando mar adentro,
Para o grande milagre,
Para a pesca do amor,
Que não afunda com a tempestade.
Porque o barco é do Senhor.
*
E em meio à mesa da partilha,
Onde o Pão os sacia,
Confirmam a missão,
Anunciando vida nova,
Construindo comunhão.
*
Seguem em comunidade,
Como “pedras vivas”,
Para o Reino edificar,
A caminho do martírio,
Firmes vão, sem desanimar.
*
E nós missionários de agora,
Seguiremos também no Amor,
Vivendo como os primeiros,
Caminhando sobre tempestades,
Mar adentro, sem desespero.
* * *
Categoria: Palavra e Poesia
2º Domingo da Páscoa, Domingo da Misericórdia, Ano C, São Lucas
⇒ Domingo da Misericórdia ⇐ Leituras: At 5,12-16; Sl 118(117); Ap 1,9-11a.12-13.17-19; Jo 20,19-31 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 20,19-31 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 2º Domingo da Páscoa, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, nos motiva a contemplar Cristo que vem aos Seus discípulos com a própria Paz enviada por Deus, cuja misericórdia é eterna [Sl 118(117),2]. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 20,19-31, passagem que é quase sequencial ao Evangelho do Domingo passado e está situada na terceira e última parte do Evangelho Segundo São João intitulada “A hora de Jesus. A Páscoa do Cordeiro de Deus” (cf. Jo 13,1-21,25). Nesta Liturgia, portanto, Nosso Senhor aparece aos Seus discípulos que estavam às escondidas num cenáculo, em Jerusalém. Estavam com as portas fechadas, pois tinham medo dos judeus. Neste Domingo, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor Jesus Cristo, ressuscitado pelo Pai, apresentando-se aos Seus discípulos com a tradicional saudação judaica: shalom, que quer dizer, a “paz esteja convosco”. Mas não era qualquer paz, era a paz de Deus. Com esta saudação, o Ressuscitado apresenta-se então como a própria Paz de Deus, ou seja, Cristo é, como diz a canção “Benção de Paz”(1), “o shalom do Pai”. Acabamos de vivenciar a semana chamada Oitava da Páscoa, na qual a Liturgia da Palavra foi marcada por testemunhos, sejam através de milagres, medo dos homens ou choro das mulheres. Atitudes características dos primeiros dias depois do Gólgota. O evangelista João nos conta que era o início da noite, primeiro dia da semana e as portas fechadas por medo dos Judeus (cf. Jo 20,19), ou seja, os que acompanharam Jesus de perto, estavam ainda nas trevas, marcados pelo medo e pelas incertezas. No dia da Ressurreição, Nosso Senhor aparece numa realidade gloriosa, vivo e alegrando os discípulos, apresentando o Seu sopro de vida nova, para enviar-lhes em missão e transmitirem a autoridade do perdão dos pecados, pois Ele veio para salvar a todos dos pecados do mundo, mostrando a face de Deus, que é infinita misericórdia. Outro ponto importante do Evangelho é a descrença de Tomé, que não estava na comunidade quando o Senhor aparece pela primeira vez e por isso se mostra incrédulo, como um cientista que quer provas para dar crédito à verdade da Ressurreição e, novamente, oito dias depois (ou o primeiro dia da semana – o Domingo), o Senhor vem ao encontro da comunidade e está lá Tomé para viver a experiência da fé na vida nova. Tomé é convidado a tocar nas chagas de Jesus para sentir e crer, assim como muitos de nós ainda precisamos de provas para crer que o Reino de Deus já está entre nós. Disse o Senhor a Tomé: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). Nós, cristãos da atualidade, também somos felizes quando vivenciamos a nossa fé na Ressurreição de Jesus e quando vivemos também a vida nova em nossa caminhada e, ao mesmo tempo, somos transmissores desta verdade. O que somos capazes de proclamar para os outros sobre o Ressuscitado? O que nos motiva a vivermos uma experiência de convicção da nossa fé? O Tempo Pascal é propício para reavaliarmos a nossa experiência de discípulos e discípulas do Senhor e levarmos a frente esta verdade, com a certeza de que foi a convicção dos que seguiram o Senhor Jesus ou ouviram a pregação sobre o Ressuscitado que fez chegar até nós, no nosso tempo, a mensagem maravilhosa de que o Senhor ressuscitou e nós podemos ressuscitar com Ele. Precisamos meditar se a descrença de Tomé tem relação com sua ausência da comunidade dos discípulos e porque Jesus não apareceu somente a ele após a aparição aos outros? Onde estava Tomé? O que levou ele a ficar ausente? E foi exatamente após a caminhada de uma semana que o Senhor Jesus se apresentou mais uma vez e agora com a presença de Tomé que é convidado a tocar nas Suas chagas. Como Tomé, às vezes, precisamos de mais tempo também para absorvermos uma realidade nova em nossa existência. O evangelista João faz questão de nos lembrar das marcas, das feridas, da crucificação e da presença de Tomé no grupo. Talvez por duas razões: primeiro para provar que era Jesus mesmo que estava ali com eles, com as feridas, pois fora crucificado e também para dizer que a fé dos apóstolos foi alimentada na experiência da comunidade reunida. Portanto, irmãos e irmãs, é na partilha da mesma realidade e no encontro fraterno que alimentamos a nossa fé na Ressurreição do Senhor e somos motivados a prosseguir um caminho novo. Peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós para estarmos preparados para o recebimento dos dons do Espírito Santo, neste Tempo, neste grande dia que a Igreja chama de Tempo da Páscoa ou Tempo de Pentecostes. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos dá a verdadeira Paz, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐Ressurreição: Vida Nova de Cristo que Cresce pelo Mundo
(1) Cf. CD “Na Dança da Vida”, Comunidade Católica Shalom. Ele está no Meio de Nós
Ele está em nosso meio,
No encontro e na alegria,
Na reza de cada dia,
Na partilha do Pão,
Fazendo-nos Comunhão,
Viva e santa Eucaristia.
*
Ele está na caminhada,
Dos caminheiros queridos,
Que mesmo com os pés feridos,
Das estradas compridas,
Às vezes trazendo fadiga,
Mas se sentem agradecidos.
*
Ele está em nossa vida,
Às vezes com portas fechadas,
Com a Paz anunciada,
Para nos tranquilizar,
E fazer-nos caminhar,
Numa vida renovada.
*
Ele está em nosso ser,
Para a fé nos retomar,
E o medo espantar,
Pra nos dar a segurança,
E refazer-nos a Esperança,
Para o caminho trilhar.
*
Enfim, Ele está aqui e agora,
Quando faço poesia,
Nos passos de cada dia,
Presente em todo momento,
Sendo Deus fonte e alimento,
Que nunca se esvazia.
* * *
Domingo da Páscoa do Senhor (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: At 10,34a.37-43; Sl 118(117); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 20,1-9 Meus irmãos e irmãs, eu vos desejo uma feliz e abençoada Páscoa! A Liturgia do Domingo da Ressurreição do Senhor, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, nos motiva a contemplar a alegria do Aleluia e do Glória que, desde a Vigília do Sábado, ontem, se estenderá até o Pentecostes por cinquenta dias como sendo um único dia. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 20,1-9, passagem que é sequência do Evangelho da Sexta-feira da Paixão e que está situada na terceira e última parte do Evangelho Segundo são João intitulada “A hora de Jesus. A Páscoa do Cordeiro de Deus” (cf. Jo 13,1-21,25). Nesta Liturgia, Nosso Senhor ainda está na mansão dos mortos. Segundo a dimensão litúrgica de antiga tradição do séc. IV, Ele entrou, como que numa procissão de entrada, e portando a cruz vitoriosa com o reconhecimento dos que lá estavam conduzindo-os ao um banquete preparado para receber os cativos resgatados da mansão dos mortos.(1) Maria Madalena, marcada pelo sofrimento e pela morte de Jesus, vai, antes do sol raiar, tratar do Corpo de Nosso Senhor e encontra o túmulo vazio (cf. Jo 20,1). Leva a notícia aos outros discípulos, sendo, no Evangelho desta Liturgia, a primeira a anunciar o grande acontecimento. Os discípulos, ainda atordoados pelos acontecimentos, não conseguiram vislumbrar a grande dádiva de Deus. Tudo era muito novo, muitas coisas precisavam acontecer para que eles vivessem a certeza da Ressurreição do Senhor. Aquela manhã, a do primeiro dia da semana, ficará marcada no coração dos discípulos e discípulas como sendo o Dies Domini, Domingo, que quer dizer Dia do Senhor. É o dia em que se consolida a fé na Ressurreição, porque o Discípulo Amado viu, acreditou e disseminou esta certeza (cf. Jo 20,8) e a força do Ressuscitado se espalhará por todos os cantos. A fé agora será amadurecida na caminhada dos seguidores de Cristo até ao ponto de testemunharem sem medo tudo o que aconteceu. Alimentados da esperança e pela certeza, os discípulos enfrentarão o mesmo destino do Senhor: serão perseguidos, caluniados e martirizados, mas encontrarão a ressurreição e a vida eterna. Se fortalecerão na comunidade reunida com a presença da Santa Mãe de Deus. Pedro e os outros discípulos anunciarão a verdade da Ressurreição como vimos na primeira leitura de hoje: “… Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou proclamar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,39-42). Somos os herdeiros desta mensagem quando nos reunimos para o encontro com a Palavra viva e com a Eucaristia, nutrientes para o nosso caminhar na nossa peregrinação terrestre. Assim, somos despertados para uma nova vida que se constitui a cada momento, a cada desafio vencido, a cada graça ofertada por Deus. A fé que temos no Senhor foi consolidada naquela madrugada de Madalena e dos outros discípulos. Somos também discípulos missionários que devem levar a mensagem de esperança e de vida nova todo o mundo. Precisamos buscar o Ressuscitado na oração, no jejum e na esmola. Cristo, o Ressuscitado, é a Eucaristia que devemos receber com o coração purificado pela confissão dos nossos pecados – e aqueles que não podem receber a Eucaristia, que estejam com o coração puro de malícias e maledicências. Na celebração eucarística devemos, como disse são Paulo na segunda leitura de hoje, nos esforçar para “… alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus…” e aspirar “… às coisas celestes e não às coisas terrestres.” (Cl 3,1-3). Que nesta caminhada pascal possamos semear a verdade esperançosa e alegre, num mundo carente do amor do Pai e marcado pelas dores e mortes das pandemias, das guerras e das injustiças. E que a cada dia também possamos amadurecer a nossa fé no Ressuscitado que nos faz novas criaturas. Sigamos em frente e meditemos neste período de cinquenta dias que se seguem, celebrando-os como sendo um, e cantemos confiante: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e n’Ele exultemos!” [Sl 118(117)]. Finalmente, peçamos a Nossa Senhora, que sempre se fez mãe dos filhos no Filho, que ela interceda por nós para que possamos ser entender tudo aquilo que Deus quer que entendamos. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos dá a vida eterna, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
Animados e Iluminados pela Ressurreição de Cristo
(1) Cf. LITURGIA DAS HORAS. De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo: A descida do Senhor à mansão dos mortos. Disponível em: <https://liturgiadashoras.online/quaresma/SabadoSanto>. Acesso em: 6 mar 2020.Quem Ama Chega Primeiro
Por amor e pela esperança,
Madalena vai correndo,
Cheia de uma novidade,
Que está lhe preenchendo,
Volta do túmulo vazio,
Madrugada em vento e frio,
Coração se aquecendo.
*
Primeira anunciadora,
De Jesus Ressuscitado,
Vai dizer aos seus irmãos,
Sobre o túmulo arrebentado,
Precisa se refazer,
Para poder entender,
O que Deus tem realizado.
*
A mensagem é semeada,
Junto aos outros irmãos,
Aos poucos se espalhando,
Por Pedro e também por João,
Cristo trouxe a vida nova,
Túmulo vazio é a prova,
Da santa Ressurreição.
*
Há um amor que motivou,
Ao Discípulo em seu correr,
Pois o amor chega primeiro,
E não se deixa esmorecer,
Sem medo ele segue em frente,
Sendo de Pedro o primado evidentemente
Sem dúvida a lhe preencher.
*
O amor do Discípulo Amado,
A muitos encorajou,
Fez Pedro chegar à frente,
Mesmo que ao Mestre negou,
Pois foi o amor e a fé,
Que fez Pedro ficar de pé,
Com coragem continuou.
*
Compreender a vida nova,
No caminhar do dia a dia,
Aceitar outra maneira,
Pra seguir a nova via,
A morte não tem mais poder,
Basta seguir e também crer,
Na paz e na alegria.
*
Somos também seguidores,
De Cristo Ressuscitado,
Seguimos a nova vida,
Com o nosso Deus amado,
Que se fez nosso Alimento,
Na alegria e sofrimento,
Caminhando ao nosso lado.
*
O encontro com os irmãos,
Faz sair da madrugada,
Para abraçar a luz completa,
E a vida iluminada,
Pois Cristo que se faz clarão,
Na Palavra e Comunhão,
E a assembleia renovada.
* * *
Santa Missa da Vigília Pascal, Ano C, São Lucas
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: 1ª Leitura: Gn 1,1-2,2; Salmo: Sl 16(15); 3ª Leitura: Ex 14,15-15,1; 4ª Leitura: Is 54,5-14; 5ª Leitura: Is 55,1-11; 6ª Leitura: Br 3,9-15.32-4,4; 7ª Leitura: Ez 36,16-17a.18-28; Salmo: Sl 104(103); Salmo: Sl 30(29); Salmo: Is 12; 2ª Leitura: Gn 22,1-18; Leitura do Novo Testamento: Rm 6,3-11; Evangelho: Lc 24,1-12 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 24,1-12 Meus irmãos e irmãs, a celebração da Vigília Pascal faz memória da História da Salvação desde a Criação do mundo e do homem até a Nova Criação em Jesus Cristo. A Nova Aliança que se dá na Última Ceia e se concretiza na Ressurreição do Senhor. É uma Liturgia repleta de rituais com uma simbologia muito profunda e que nos insere no mistério da vida nova no Senhor. Ele vem como luz da Nova Criação. N’Eele somos banhados pelo batismo para fazermos parte do novo Povo de Deus, como sacerdote, profeta e rei, na dignidade de filhos e filhas de Deus. Para mergulharmos profundamente no sentido desta Liturgia iremos vivenciar quatro momentos bem definidos. Primeiro adentramos na Liturgia da Luz, que é a celebração da Páscoa cósmica, marcado pela a passagem das trevas para luz. O círio, aceso na fogueira, em frente ou ao lado da igreja, é a luz do Ressuscitado que irá se espalhando por todo o espaço da assembleia, através das nossas velas, as quais nos lembram o dia de nosso batismo, o dia do nosso novo nascimento. No segundo momento, na Liturgia da Palavra, revivemos pelas leituras bíblicas, a Páscoa histórica, enfatizada nos principais momentos da História da Salvação. A Páscoa do povo Judeu e a Páscoa da Nova Aliança, quando seremos um povo renovado pelo Sangue do Cordeiro de Deus. Num terceiro momento viveremos a Liturgia batismal, que celebra a Páscoa da Igreja, povo de Deus nascido da fonte batismal. A Igreja batiza e o seu povo renova o compromisso do seu batismo como de discípulos e discípulas de Cristo. Por fim, a Liturgia Eucarística, que celebra a Páscoa perene e futura quando seremos julgados definitivamente por Cristo no final dos tempos. A Páscoa de todos os dias quando vamos à Missa e mergulhamos no mistério do Banquete do Cordeiro que se oferece como alimento para a festa da vida e da esperança. Portanto, os elementos da luz, da água, do pão e do vinho, acompanham toda a nossa vida de filhos e filhas de Deus em Cristo Senhor. A cada momento de nossa vida temos esses elementos vitais e sensíveis em nossa caminhada. Em cada celebração, nós renovamos nosso compromisso de caminhar com o Senhor esperando a sua vinda gloriosa. No Evangelho desta Liturgia, ouvimos o testemunho das mulheres, Maria Madalena e Maria mãe de Tiago, como também de Salomé que vão ao túmulo vazio. A força da vida nova rompeu a pedra que queria impedir a vida. Como grão que arrebenta a terra para nascer, Cristo com sua força salvífica arrebentou as barreiras da morte, da escuridão e da tristeza. Como nos fala são Paulo, na Carta aos Romanos, Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem pode sobre Ele. (cf. Rm 8,6). As mulheres ainda iam ver o cadáver, Jesus entre os mortos. Queriam ungir o corpo corruptível, mas, ele já se tinha transformado para sempre em um corpo novo e cheio de vida. Nós também, muitas vezes, queremos cultuar um Cristo morto por não querer acreditar que Ele nos trará vida nova e transformada. Queremos visitar os túmulos de nosso pessimismo, de nossas dúvidas e de nossa falta de esperança. No Batismo somos novas criaturas e sinais de Cristo, luz do mundo. A Páscoa não é um acontecimento do passado, crer em Cristo Ressuscitado é, portanto, acreditar n’Ele agora e para sempre. Não podemos perder esse foco da fé. Cristo é o coração do Mundo, como disse o teólogo K. Ranner (1904-1984). Nele está a nossa esperança de uma existência nova, redimida e transformada já aqui na nossa caminhada terrena. Ele está em nossas lágrimas, como força, e nas dores como consolo permanente e vitorioso sobre nossos sofrimentos. Ele está em nossos fracassos e impotências como força segura que nos defende. Ele nos visita em nossas depressões, acompanhando-nos na nossa solidão e nas nossas tristezas; Ele age em nossos pecados, nos oferecendo a misericórdia e o Seu perdão como possibilidade de um novo significado para a nossa vida cotidiana e comunitária no caminho da santidade. A experiência no Ressuscitado significa acreditar que Ele está vivo, aqui e agora entre nós. É acreditar que ele está com a gente na comunidade reunida, na catequese, na liturgia, no Terço dos Homens, nos Terços nas casas, também quando saímos em missão, quando nos encontramos para a Missa e em muitos outros momentos que vivenciamos na nossa comunidade a união e a alegria do Evangelho. Jesus tem força para ressuscitar e transformar nossa vida, renovar a nossa esperança de nos converter. Não são os bens materiais que nos dão a vida nova, mas a paixão e o amor à vida, alimentada pela mística espiritual do encontro, da partilha e da busca de harmonia com o supremo Deus que nos coloca na dignidade de filhas e filhos muito amados. Que a experiência da Ressurreição do Senhor nos faça também pessoas pascais, ou seja, marcadas pela vida nova no amor do Senhor e no compromisso com a paz e a justiça do Reino de Deus. Busquemos vencer a morte que está nas tantas realidades humanas – nas guerras, nas injustiças, na nossa conivência com as mentiras deste mundo e nas pobrezas espirituais e materiais. O Senhor está conosco em todos os dias de nossas vidas até o fim dos tempos (Mt 28,20). Sigamos com a vida e a esperança na força do Ressuscitado, na busca de um mundo novo. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos insere numa vida nova pela Sua Ressurreição, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
Cristo é a Luz da nova Criação
A Páscoa de Cristo em Nós
Acompanhados da Luz do vivente,
Caminhamos como amigos e irmãos,
Vencendo as trevas e iluminados,
Fortes, vencendo a escuridão,
Seguindo-O vamos em frente,
Na procissão como povo crente,
Em busca do altar da comunhão.
*
Pela companhia da Palavra santa,
Vamos ouvindo o novo mandamento,
Aprendendo e caminhando com o Senhor,
Vivendo a salvação como ensinamento,
Não como algo que ficou no passado,
Que aconteceu e ficou desprezado,
Mas no hoje de nossa vida fundamento.
*
Banhados pela água batismal,
Renovando o compromisso que se selou,
Sigamos a mesma fé professando,
Vivendo a nossa páscoa que chegou,
A cantar o cântico dos renascidos
Como discípulos fiéis e redimidos,
Com o Jesus que conosco Ressuscitou.
*
Encontro da mesa e do Vinho novo,
Comungamos do Corpo do Ressuscitado,
Que nos convida e nos oferece a alegria,
Vem trazer a paz aos desanimados,
Na fraternidade sempre a seguir,
Com coragem e sem desistir,
No mundo novo que agora é recriado.
* * *
Celebração da Paixão do Senhor (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Is 52,13-53,12; Sl 31(30); Hb 4,1416;5,7-9; Jo 18,1-19,42 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 18,1-19,42 Irmãos e irmãs, nesta Sexta-feira Santa, no silêncio e de joelhos, toda a Igreja inicia, às 15h, a Celebração da Paixão do Senhor, a sua segunda Páscoa, dentro do mistério da redenção. Todo o momento desta Liturgia é realizado na mais absoluta reverência e clima de meditação da Palavra e da contemplação da cruz. Da cruz, a qual Jesus foi pregado e elevado, viveu o seu Sacrifício de entrega e a tornou o trono do seu reinado para a nossa salvação. Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado por entrega total e livremente. No Jardim das Oliveiras, Jesus foi entregue aos inimigos para viver a sua paixão e morte e nos resgatar para a vida nova. O jardim é simbólico. Lá o homem (Adão) desobedeceu a Deus e quis ser igual a Ele. No jardim, Jesus foi obediente ao Pai pela nossa Salvação. A maioria de seus discípulos fugiu porque esperavam um rei poderoso segundo as expectativas imperiais e humanas. Pilatos se acovardou por medo da popularidade de Jesus. Por medo de perder seu poder diante do Império Romano. O Reino de Cristo não é deste mundo, mas do alto e do Pai. Esse Reino não tem critérios humanos, não tem interesses de poderes terrenos e de ambições de poder e opressão contra os pobres, os sem vez e sem voz. Jesus sim, esteve a todo tempo ao lado dos necessitados de saúde, de acolhimento, de perdão, de misericórdia, de amor e de libertação. Tudo isso levou Jesus a ser condenado pelos poderes do mundo. Ontem, na Última Ceia, Jesus nos deu o exemplo do mandamento do amor e do serviço e nos pediu que fizéssemos o mesmo. Hoje nos dar o testemunho da entrega total, do esvaziamento pelo sofrimento, limítrofe humanamente falando. “Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Fl 2,6-7). É a natureza humana e santa de Cristo que se entrega pela nossa salvação. Nós somos chamados a viver a paixão de Cristo nos tornando solidários aos que sofrem vivendo a compaixão pela dor do outro e tentando amenizá-la. Somos convidados a valorizarmos a vida, a cada dia. Quantas vezes reclamamos por pouca coisa e queremos desistir de seguir em frente. Cristo nos chama a caminharmos com Ele em meio às glórias e carregando a cruz. O Senhor se compadeceu de nossos pecados e sofrimentos. É misericordioso quando erramos e quer que retornemos à dignidade de filhos e filhas. Quer que voltemos à sua Casa, onde há o Pão, da Palavra e da Eucaristia, e onde há a Bebida que mata a nossa sede para sempre. O salmo responsorial desta Liturgia, o Salmo 30, nos convida a refletirmos sobre a confiança no Senhor: Pai em tuas mãos eu entrego o meu espírito. O servo justo coloca toda a confiança em Deus que lhe dá força e não o abandona. Às vezes temos o sentimento de abandono, achamos que Deus nos abandonou e não nos escuta. Mas Cristo nos ensina que devemos perseverar (mesmo no sofrimento, mesmo no sacrifício e nas dores da cruz, mesmo quando somos caluniados em busca da nossa redenção). Nós, hoje, estamos com Jesus vivendo a Sua Páscoa na cruz, vivendo a Sua passagem pela cruz. Como Maria e o discípulo amado, nós também aos pés da cruz para dizermos que somos uma comunidade onde se abraça o sofrimento, mas, ao mesmo tempo, com coragem e carregados de esperança e amor. Reconhecemos que, muitas vezes, queremos desistir da cruz, queremos mais glória, mais festa, mais apegos humanos e por isso temos medo das consequências do abraço à cruz. Nesta Celebração vamos unir nossas preces em favor das realidades humanas, temporais e espirituais. Depois iremos acolher a cruz como símbolo da vitória de Cristo. Em procissão reconheceremos que somos a Igreja que nasce do lado de Cristo no alto da cruz. Pelas águas do Batismo somos unidos aos discípulos do Senhor. Pela Eucaristia nos unimos como Igreja corpo que se torna comunhão mística, comunhão espiritual, que busca a redenção. Depois, em silêncio, também sairemos para meditarmos em nossas casas, sobre a paixão do Senhor. Amanhã, Sábado Santo, deverá ser vivido no silêncio até o início da Vigília Pascal. Que o Senhor nos abençoe e nos dê a perseverança de vivermos santamente este Tríduo Pascal. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a ser Servos por amor, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
A Páscoa de Cristo na Cruz
A Árvore da Vida Nova
Ó cruz libertadora,
Que Cristo a passou por amor,
Para nos trazer a vida,
Mesmo aos tormentos e na dor,
Sinal da entrega total,
Matando a morte, afinal,
Pra ser o nosso Salvador.
*
Cordeiro que se entregou,
Ao Sacrifício, livremente,
No silêncio e na firmeza,
Em favor de sua gente,
Fez de Si santa Comida,
Como também a Bebida,
Que se dá agora e sempre.
*
Essa cruz também se estende,
Aos irmãos, os sofredores,
Que também carregam o fardo,
Expressos em suas dores,
Os sem voz e oprimidos,
Aos tristes e deprimidos,
Que vivem os seus temores.
*
O silêncio da cruz do Senhor,
Se une aos abandonados,
Às famílias em desalento,
Aos tantos desempregados,
Aos reféns dos tantos conflitos,
Reféns das guerras, aflitos,
E aos irmãos refugiados.
*
Que a cruz de nosso Senhor,
A sua santa Paixão,
Faça-nos a Igreja viva,
Fundada na comunhão,
E que o Seu Corpo Santo,
Faça-nos enxugar o pranto,
E nos dê consolação.
* * *
Missa Vespertina da Ceia do Senhor (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Ex 12,1-8.11-14; Sl 116(114-115); 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 13,1-15 Irmão e irmãs, com esta Liturgia, a da Missa Vespertina da Ceia Senhor, nós iniciamos o Tríduo Pascal que seguirá como uma única Liturgia até a vigília do Sábado Santo. Nesta Liturgia, o refrão do salmo 115 nos diz: “O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor”. Este refrão nos oferece a profundidade da celebração da Ceia do Senhor, porque todos que se reúnem na comunidade dos batizados vem partilhar da mesma palavra, do mesmo pão e do mesmo sangue, abençoados, consagrados e oferecidos pelo mesmo Senhor. Nesta liturgia Jesus institui o Sacerdócio e a Eucaristia; o mandamento do amor. A Missa da Última Ceia, do Lava-pés, é a porta de entrada do Tríduo Pascal, cume do Ano Litúrgico e em que celebramos três páscoas (passagem): a primeira, na quinta-feira, celebramos a páscoa da ceia; a segunda, na sexta-feira, a páscoa da paixão; e a terceira, no sábado e no Domingo, a páscoa da Ressureição. Nesta celebração, da quinta-feira, o evangelista João vem apresentar a sua particularidade na Última Ceia de Jesus: o gesto do lava-pés o qual os outros evangelistas não trazem em seus textos. Isso significa que é mais um elemento que enriquece o sentido da Ceia nas narrações dos evangelhos. Jesus realiza um gesto que era próprio dos escravos ou servos daquela época: lavar os pés do seu senhor. Isso para nos dizer que a Eucaristia só será completa quando, ao recebê-la, estivermos prontos para servir também os outros. Prontos para vivermos a caridade, cuidando também do irmão. Eucaristia também é lava-pés, é abaixar-se e se colocar também à disposição do outro no serviço, no cuidado e na simplicidade. Jesus realizou este gesto para dizer aos discípulos que era preciso fazer o mesmo. E por isso disse: “Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos” (Mt 10,43-44). Todo o ensinamento de Jesus, antes de ser falado, é vivido por Ele. Vemos que se tornou servo das pessoas; compassivo, caridoso para com os pobres; misericordioso com os pecadores; e consolador dos aflitos. Vemos que os discípulos tiveram dificuldade de entender o gesto de lavar os seus pés. Foi algo totalmente novo e desafiador para os Seus seguidores. Pedro, por exemplo, disse-lhe: “Tu nunca me lavarás os pés. E Jesus lhe responde: Se eu não lavar, não terás parte comigo” (Jo 13,8). O pensar de Pedro era ainda dos antigos judeus. Um mestre nunca poderá lavar os pés de seus seguidores. Assim são os cristãos, quando acham que a religião traz status e honra. Ser discípulo de Jesus é estar primeiramente a serviço dos irmãos que precisam de nós. É pão partilhado e sangue oferecido para a salvação de todos, mas que traz libertação e vida nova. Isso quando os necessitados forem atendidos e os sem esperança forem animados e fortalecidos pela força edificadora de Cristo. Hoje, somos nós, os batizados em Cristo, que participamos e atualizamos aquela ceia derradeira. A Eucaristia nos faz sentirmos como os seus discípulos naquele momento. Muitas vezes temos dificuldades de entender o agir do Senhor para conosco. E, em outros momentos, nos sentimos incapazes de realizar o que Ele nos pediu, pois a Eucaristia nos motiva a ter parte com Jesus Cristo e com seu projeto, de missão, de amor e de misericórdia. Portanto, a Última Ceia de Jesus foi marcada pela memória da libertação de Israel, mas ao mesmo tempo atualizada pela sua entrega como o Cordeiro que se oferece em Sacrifício pela salvação, não somente de um povo, mas de todo o mundo. Jesus inaugura a Nova Aliança e o novo Povo de Deus. Que a cada dia possamos entender que o encontro perseverante e constante com o Senhor, na Palavra e na Eucaristia, nos fortalece e nos faz continuar a caminhada, como também nos ensina, a cada dia, algo novo para chegarmos à salvação e ao Céu. É caminhado com Jesus que nos tornamos cada vez mais capacitados para servir e amar os irmãos e sermos sinais de servidão e de santidade no mundo. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a ser Servos por amor, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
O Lava-pés e a Ceia do Senhor
O Avental de Cristo
Jesus que tanto amou o mundo,
E continua a nos amar,
Ensina-nos a servir aos outros,
Quando um avental quis usar,
Como o servo do amor,
Fez-se Rei servidor,
A fim de nos libertar.
*
Abaixou-se a nossos pés,
Com a solidariedade,
Ensinou-nos a comungar,
Pra vivermos a unidade,
Pois comungar é servir,
No amor se consumir,
Por toda a humanidade.
*
Só comunga com o Senhor,
Aquele que quer servir,
Que veste o avental da entrega,
E segue sem desistir,
Que desce da prepotência,
Pra viver a benevolência,
E a voz do outro ouvir.
*
A santa Eucaristia
É Jesus Ressuscitado,
Ensinando-nos o serviço,
Para o necessitado,
É os pés do outro lavar,
E o amor testemunhar,
Com o coração doado.
*
Recordando a Última Ceia,
Hoje também partilhando,
Avental e lava-pés,
E mesma fé professando,
Na comunhão e caridade,
No serviço e na irmandade,
Corpo e Sangue comungando.
* * *
Domingo de Ramos e da Paixão, Ano C, São Lucas
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Is 50,4-7; Sl 22(21); Fl 2,6-11; Lc 19, 28-40; Lc 23,1-49 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 19, 28-40; Lc 23,1-49 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do Domingo de Ramos nos motiva a contemplar o mistério salvífico numa dupla dimensão: a primeira é a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando é aclamado Rei e que vem de forma simples e sem exércitos de força, para nos mostrar que o Seu Reino tem como base principal o amor e a paz e a segunda é a paixão e morte, nos mostrando as consequências da missão de Jesus neste mundo. O Evangelho de hoje nos coloca, neste início da Semana Santa, diante da ação em que Jesus rompe com o culto antigo, que com tantas leis oprimiam os pobres, deixando-os à margem da sociedade. As demais leituras da Liturgia deste Domingo de Ramos nos fornecem a dimensão do verdadeiro culto em toda a História da Salvação. O profeta Isaías nos apresenta a figura do servo sofredor, paciente diante da humilhação. Diz o Profeta: “Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado” (Is 50,7). São Paulo nos confirma que este servo sofredor que se esvazia na humilhação é de condição divina (cf. Fl 2,6). No salmo responsorial temos o lamento no sofrimento e no abandono máximo o qual passa a natureza humana de Deus e que se solidariza com todos os que carregam a cruz na caminhada da vida. A liturgia deste início de Semana Santa, portanto, nos leva a meditar sobre os dois acontecimentos no final da vida de Jesus. Primeiro, a aclamação do povo e dos discípulos na entrada de Jerusalém com ramos tapetes: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” (Lc 19,38), nos lembrando dos pastores em Belém, na noite do nascimento. Alguns querem silenciar as aclamações e manifestação dos discípulos, Jesus, porém, repreende, pois são os discípulos que aclamam e caminham com Ele. Ser discípulo é anunciar a presença de Cristo no meio do povo, não é possível calar a voz dos missionários, dos pregadores e dos profetas. O caminho de Jesus não tem volta. Segue em direção à sua paixão e à cruz. Por isso é importante que juntemos os dois textos de Lucas nesta Liturgia. Precisamos caminhar com o Senhor aclamando como Rei de amor e contemplando a sua paixão, no calvário e na cruz. É a cruz que nos leva à vitória e a redenção. Qual seria a nossa reposta se começássemos a refletir sobre nosso caminhar com Jesus na nossa história. Seríamos um “Cireneu” que ajudou, involuntariamente, a carregar a cruz? Seríamos como Maria que ficou, voluntariamente, ao pé da cruz? Ou estaríamos de longe, com medo, fugindo e negando ser discípulo d’Ele? Esta reflexão é importante tendo em vista que, ainda hoje, o Filho de Deus é crucificado nas crianças abortadas, nos jovens assassinados, nos pais de família que enfrentam a violência e o desemprego, nos refugiados, nos fugitivos das guerras e nas tantas mulheres vítima da exploração sexual, violência doméstica, exploração moral e social. E para proclamá-Lo Ressuscitado no meio do mundo, precisamos também viver a experiência da ressurreição, quando somos vencedores com o Senhor mesmo diante de tantos desafios e tribulações inerentes à vida no “vale de lágrimas”. Precisamos nos envolver na pregação do Evangelho em nossa vida e na proclamação de seus valores para que a existência humana seja libertada das tantas cruzes, dos tantos sofrimentos a fim de que uma vida nova ressurja em cada pessoa. Recordemos ainda que neste mês de abril as intenções do Papa Francisco, Vigário de Cristo e Bispo de Roma, estão voltadas pelo êxito dos profissionais de saúde na assistência aos doente e idosos, sobretudo nas localidades mais pobres e carentes. Também neste dia, a Igreja, no Brasil, está voltada para o dia nacional da coleta da solidariedade referente à Campanha da Fraternidade, que traz como tema “Fraternidade e Educação” e o lema “fala com sabedoria, ensina como amor”, cujos recursos são geridos tanto pelas dioceses quanto pelo fundo nacional de solidariedade que é administrado pelo departamento social da CNBB sob a orientação do conselho gestor da mesma. Finalmente, peçamos a Nossa Senhora da Piedade que ela interceda por nós para que, nesta Semana Santa, possamos ser guiados pelo Espírito Santo, Espírito da Fortaleza, para, junto com Jesus, passarmos pelo triunfalismo e fazer a vontade do Pai. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ Ouça o áudio preparado para esta Liturgia. ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos aproxima da verdadeira Sabedoria e do verdadeiro Amor, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐
Entre Aclamações e a Cruz
Com Jesus na Cruz e na Nossa Vida
Vamos caminhar com Jesus
Com cantos de alegria,
Com ramos nas mãos sem hipocrisia,
Caminhemos com Ele até a cruz,
Sejamos discípulos do Amor e da Luz,
Façamos por inteiro nosso peregrinar,
Expusemos o medo de com Ele caminhar.
*
Façamo-Lo Rei,
Não da força e da prepotência,
Mas do amor, da paz e da paciência,
Num caminhar sereno e de prontidão,
Seguindo a estrada na partilha e na união,
No culto novo e cheio de amor,
Além do que se pede a lei e seu rigor.
*
Entre a fama e a cruz,
Há um caminhar ainda a se fazer,
Há violentos e assassinos a se atrever,
Há também os traidores,
Há os medrosos, os fujões e desertores,
Mas há os que são solidários,
Que caminham até o fim, mesmo solitários.
*
Triste é saber, e ver,
Que no mundo, neste caminhar,
Ainda há muitos crucificados a gritar,
Marcados pelo flagelo e a humilhação,
Que gemem com o peso da opressão,
Mas aparecem os “cireneus” para ajudar,
Para o peso do sofrimento aliviar.
*
Olhemos para Jesus,
Que caminha com a gente e sem desistir,
Fazendo Sua aliança conosco cumprir,
Caminhando sem medo e com humildade,
Totalmente entregue e na liberdade,
Para nos dar o prêmio da vida por Ele anunciado,
Para nos conduzir ao Reino, pelo Pai preparado.
* * *
* * *
V Domingo do Tempo da Quaresma, Ano C, São Lucas
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Is 43,16-21; Sl 126(125); Fl 3,8-14; Jo 8,1-11 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 8,1-11 Meus irmãos e irmãs, a liturgia deste domingo retomará o tema do perdão e da misericórdia de Deus, porém com um cenário e uma situação muito diferente da realidade da parábola do filho pródigo ou do Pai Misericordioso, que foi reflexão do Domingo passado. Enquanto no texto do 4º Domingo da Quaresma o filho volta arrependido por sua própria iniciativa, neste 5º Domingo, o evangelista são João (8,1-11) narra que uma mulher, sem nome, adúltera é empurrada pelos mestres da Lei e fariseus até Jesus para ser condenada por adultério (cf. Jo 8,3). Segundo o livro do Levítico (20,10), a punição sobre o adultério era igual para os dois culpados, homem e mulher. E diz: “se um homem cometer um adultério com a mulher do próximo, o adúltero e a adúltera serão punidos com a morte”. Também no Deuteronômio (22,22) teremos a mesma orientação para os que cometem adultério. Aqueles senhores doutores também tinham outra intensão: montar uma armadilha para pegar Jesus em contradição, na interpretação da lei judaica e no julgamento daquela situação. E Jesus começa a escrever no chão. E como queríamos saber o que ele escreveu! Alguns estudiosos supõem que Jesus escrevia a frase que logo em seguida diria para os fariseus: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8,7). O autor do cartaz da Campanha da Fraternidade deste ano de 2022 supõe que Jesus escreveu “amor e sabedoria”. Outros ainda especulam que Jesus escreveu os tantos pecados cometidos pelos doutores da lei e fariseus. A postura de Jesus e suas palavras de sabedoria fizeram com que todos largassem as pedras no chão. Seus ensinamentos com amor gerou uma reflexão não somente no coração da mulher, mas também no coração dos acusadores. Saíram calados e desarmados, a começar pelo mais velho (cf. Jo 8,9), que obviamente era o mais experiente e tinha maior conhecimento da lei, porém faltava-lhe no coração o amor, o perdão e a misericórdia. Todos foram embora. E o tempo agora é somente para Jesus e a mulher. A misericórdia e a miséria. O pecador e o perdão. Deus e o humano. Ela não pede perdão, não fala nada, até que Jesus pergunta onde estão os acusadores (cf. Jo 8,10). E as palavras de Jesus definem o caminhar daquela pecadora: “Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8,11). Daquele momento em diante aquela mulher viverá uma vinda nova, caminhada de conversão e de reconhecimento concreto do amor e da misericórdia de Deus. Ela voltará justificada com certeza, porque atenderá o pedido de Jesus: não peques mais. Que ensinamentos podemos retirar deste texto de João para o nosso caminhar cristão, como discípulos que querem testemunhar o amor e a misericórdia do Senhor? Olhando para os fariseus podemos também nos perguntar: quando é que agimos como aqueles fariseus e doutores da lei julgando e condenando os irmãos, como se não tivéssemos nossos pecados, nossas fragilidades e nossos erros absurdos também. Tantas vezes enchemos nossas mãos das pedras da intolerância, da arrogância e da dureza de nosso coração. E por isso nos consideramos mestres dos outros. Em outros momentos, somos superficiais, pregando uma moral e uma lei que está em contraste com o Evangelho. E chegando já para o final deste tempo quaresmal, nós somos convidados a contemplar a ação de Deus na história e no nosso caminhar. Precisamos reconhecer a graça libertadora e santificadora do Senhor, como fala o salmo: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!”. Pois o nosso Deus é maior do que as leis humanas, Ele vai além dos nossos caprichos e interesses pessoais, porque ama a todos dentro das suas limitações. Porém, nos pede para seguirmos em frente e não ficarmos parados e também nos ordena que nos convertamos a cada dia, que desocupemos nossas mãos das “pedras” que nos impedem de vivermos a fraternidade e a paz entre os irmãos e irmãs. Neste ano, a Campanha da Fraternidade, que acontece mais visivelmente no Tempo da Quaresma e traz o tema “Fraternidade e Educação” e o lema “fala com sabedoria, ensina como amor”, nós teremos no próximo dia 10, Domingo de Ramos, o dia nacional da coleta da solidariedade. É importante saber que desta coleta financeira, 60% fica na própria diocese e é gerido pelo fundo diocesano de solidariedade, com o objetivo de apoiar iniciativas e projetos locais. Os outros 40% arrecadados compõem o fundo nacional de solidariedade que é administrado pelo departamento social da CNBB sob a orientação do conselho gestor da mesma. Por fim, peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Divina Graça, que ela interceda por nós para que possamos ser guiados e iluminados pelo Espírito Santo, Espírito da Fortaleza, que Ele nos ajude a purificar nossas mãos das pedras da arrogância e dos julgamentos contra os nossos irmãos e irmãs, para podermos a Palavra e a Eucaristia, que estejamos de mãos limpas para saudar os irmãos e irmãs e de corações livres para construir a paz e a fraternidade como sinais do Reino de Deus no mundo. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Seu amor e na Sua misericórdia, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐
As Pedras dos nossos Julgamentos
Tira-nos Senhor, as pedras de nossas mãos
Pecadores que somos
Pedimos ao Senhor,
Que nas nossas arrogâncias,
E também nas ganâncias,
Possamos ser transformados pelo amor,
Querendo a conversão abraçar,
E o caminho da Paz continuar.
Jogando fora o rancor.
*
Quantas pedras em nossas mãos,
Para nos outros atirar,
Que impedem a caridade,
Que dificultam a fraternidade,
E muitas vezes querem dominar,
Numa atitude de opressão,
Impedindo a libertação,
Que Jesus veio pregar.
*
Olha para nós, ó Senhor,
Ajuda-nos nesta nossa caminhada,
Tira das nossas mãos a violência,
Capacita-nos com a benevolência,
Por onde segue a nossa estrada,
Ensina-nos com a própria prática do perdão,
Rega com o amor nosso coração.
Que nossa vida seja restaurada.
*
Seja o nosso encontro contigo Senhor,
Como o da mulher pecadora,
Que em nada se justificou,
Somente em Deus esperou,
A sentença libertadora,
Que Jesus veio a lhe dar,
De seguir em frente e não mais pecar,
E depois ser sua seguidora.
*
Ilumina Senhor com a Tua Palavra,
Nossa vida de discípulos ainda pecadores,
Mas que querem seguir em frente,
Querendo ser no mundo semente,
Como humanos anunciadores,
Com mãos livres para edificar,
E os irmãos podermos abraçar,
Caminheiros, discípulos, sonhadores.
* * *
IV Domingo do Tempo da Quaresma, Ano C, São Lucas (Domingo Lætare)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Js 5,9a.10-12; Sl 34(33); 2Cor 5,17-21; Lc 15,1-3.11-32 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 15,1-3.11-32 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do IV Domingo da Quaresma, o Domingo Lætare (ou “o Domingo da Alegria”), nos motiva a contemplar a misericórdia de Deus que é compassivo com os que se perdem dentro e fora de Sua Casa. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 15,1-3.11-32, passagens que estão situadas no início da metade final da quinta parte do Evangelho Segundo São Lucas intitulada “Subida para Jerusalém”(1). Neste Domingo, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor revelando a misericórdia de Deus aos publicanos e pecadores, que se aproximaram para ouvi-Lo, e aos fariseus e escribas, que criticavam sobre Jesus. Com a parábola do “Pai das Misericórdias” (ou conhecida também como “parábola do filho pródigo”) a Igreja nos coloca diante da alegria preconizada por Isaías (cf. Is 66,10) e por São Paulo (cf. Fl 4,4). Também diante da alegria de Josué em escutar a confirmação da promessa da Terra Prometida (cf. Js 5,9a). Já o Papa Francisco nos recorda que a atitude de São José de acolher a Virgem Maria e Jesus pode ter sido uma das inspirações para a parábola do “Pai das Misericórdias”(2). Reflitamos sobre cada uma das figuras da parábola: o filho mais novo, o pai e o filho mais velho. O mais novo toma a iniciativa de pedir a parte da herança, o mais velho também recebe a sua parte e o pai cede as duas partes. O mais novo quer se distanciar para dissipar os bens. Quando acabou a última moeda e a última gota de vinho e diante da miséria social desejou matar a forme com a comida dos porcos (cf. Lc 15,16). Diante de sua angústia, renuncia ao seu orgulho e pensa em pedir perdão ao pai e a Deus e deseja ser tratado como empregado e não como filho. Depois disso, toma a iniciativa de voltar para a casa do Pai. Ainda estava longe ele é alcançado pelo olhar e abraço do pai. O Pai dispensa as palavras do filho e acolhe com alegria, com veste, anel no dedo e sandálias e também com um banquete. O mais velho ao retornar da jornada de trabalho é surpreendido com a festa e não acolhe o mais novo. O mais velho devia ter mais experiência, era trabalhador, mas não conhecia a misericórdia de seu Pai. Também o mais velho precisava renunciar ao seu orgulho para aprender sobre o amor que o Pai transmitia diariamente desde a ausência do filho mais novo. O filho mais velho é a figura dos fariseus que conheciam a Lei mas não a Misericórdia e o amor. Também figura os cristãos que se acham autossuficientes e incapazes de acreditar no amor da misericórdia de Deus. A figura do Pai é a concretização de tudo aquilo que Jesus pregou e viveu, ou seja, a misericórdia e a alegria de Deus que, sem acolher o pecado, sempre acolhe Seus filhos pecadores, independente da sua dignidade. Cada encontro que fazemos com o Senhor através da Sua Palavra e do Seu Corpo partilhado é um grande banquete, ação de graças, uma festa, pela nossa restauração, pela nossa volta aos braços do amor misericordioso de Deus. Deus sempre faz festa quando retornamos a Ele e à Sua Casa. Para vivermos as virtudes da santidade de forma concreta devemos atender ao que São Paulo nos aconselha: “deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que n’Ele nós nos tornemos justiça de Deus.” (2Cor 5,20-21). E neste IV Domingo da Quaresma, o Domingo da Alegria, continuemos a nossa atenção e reflexão sobre o tema e o lema da Campanha da Fraternidade: “Fraternidade e Educação” e “Fala com amor, ensina com sabedoria” (cf. Pr 31,26). Na parábola do “Pai das Misericórdias”, Jesus nos fala com sabedoria sobre a ação do Pai misericordioso, de como o nosso Deus age com Seus filhos errantes. O Senhor também nos ensina com amor, nos educa para a vivência da misericórdia, para com o irmão que se perde e quer se reencontrar com o amor divino. Finalmente, peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Divina Graça, que ela interceda por nós para que possamos ser guiados pelo Espírito Santo, Espírito da Fortaleza, para renunciarmos ao nosso orgulho e possamos escutar o Filho e fazer a vontade do Pai. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos revela o Pai das Misericórdias, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐
Os Braços da Misericórdia
(1) Na Bíblia de Jerusalém, o Evangelho Segundo São Lucas é composto das seguintes partes: Prólogo (cf. Lc 1,1-4), I. Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus (cf. Lc 1,5-2,52), II. Preparação do ministério de Jesus (cf. Lc 3,1-4,13), III. Ministério de Jesus na Galileia (cf. Lc 4,14-9,50), IV. Subida para Jerusalém (cf. Lc 9,51-19,27), V. Ministério de Jesus em Jerusalém (cf. Lc 19,28-21,38), VI. A paixão (cf. Lc 22,1-23,56) e VII. Após a Ressurreição (cf. Lc 24,1-53).
(2) Cf. §§ 32.40 da Carta Apostólica Patris Corde, do Papa Francisco, por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja.O Abraço Alegre do Pai
Nas minhas idas e voltas,
Peço-Te agora, ó Senhor,
Que me acolha no Teu amor,
No meu arrependimento,
Também no meu sofrimento,
Aliviando-me a dor.
*
E no abraço da alegria,
Com o anel da dignidade,
E as sandálias da fraternidade,
Faz-me, Senhor, restaurado,
Como Teu Filho amado,
Na Tua simplicidade.
*
Faz-me grande banquete,
No retorno à minha vida,
Na divina acolhida,
Sem cobrar a herança,
Retoma a esperança,
Vida renascida.
*
Preciso, então, aprender,
Ser filho, Contigo,
Sendo Teu amigo,
Sem autossuficiência,
Sem prepotência,
E mais agradecido.
*
Perdoando o pecado mal que fiz,
Te bendigo o retorno e celebro,
A uma vida nova me entrego,
Renasce em mim amor e paz,
Reforçando a vida que me traz,
Abraço de amor que me alegra.
* * *
III Domingo do Tempo da Quaresma, Ano C, São Lucas
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Ex 3,1-8a.13-15; Sl 103(102); 1Cor 10,1-6.10.12; Lc 13,1-9 * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz do Senhor, que nos ensina a paciência divina, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐