⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas organizações de voluntariado ⇐ Leituras: Gn 3,9-15.20; Sl 97(98),1.2-3ab.3cd-4 (R. 1a); Ef 1,3-6.11-12; cf. Lc 1,28; Lc 1,26-38 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 1,26-38 Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos com muito júbilo a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Esta Liturgia, dentro do 3º Ano Vocacional, nos motiva a contemplar a entrega da Virgem ao projeto de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,26-38. A Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora sempre acontece dentro do Tempo do Advento e a Virgem foi a primeira a viver o advento santo de Nosso Salvador. Ela esperou em Deus, ela esperou no silêncio, na oração e na serenidade. Esta verdade de fé, ou seja, este dogma, sobre a Imaculada Conceição de Maria, foi declarada pelo Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Dei. No número 41, o Santo Padre declara: “A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.” A Mãe Imaculada nos ajuda na vivência do Advento de forma mais profunda, pois foi por ela que o mundo pôde conhecer o Salvador, Aquele que é salvação para todos. Nossa Senhora viveu intensa e de forma particular a espera do Menino Deus. O seu advento foi o mais completo e perfeito, porque ela colocou em Deus toda a sua espera e confiança. No Evangelho de Lucas (cf. 1,26-38) podemos aprender da Virgem Maria como responder a Deus no momento em que Ele nos chama. Nem sempre devemos ser passivos diante do chamado, pois faz necessário perguntar com fez Maria, ela disse: “como acontecerá isso?” (Lc 1,34). A resposta divina virá e os caminhos se abrirão. E o Mensageiro de Deus, o Anjo, falou à Virgem: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra.” (Lc 1,35). E diante do esclarecimento divino dado pelo Anjo, houve a entrega de Maria, o “sim” definitivo em favor do plano salvador de Deus. A Virgem, Mãe de Deus e nossa, nos ensina como proceder em direção à santidade. Suas ações, sua escuta e sua resposta sinalizam o caminho do Céu. Devemos ser fiéis em nossos propósitos quando discernimos que o chamado vem de Deus, um chamado que, quando não entendemos, se abre para o diálogo sobre o próprio chamado, quando é para sermos discípulos e também missionários do Senhor Jesus. A Virgem é a cheia de graça. Frase que a Igreja eternizou e que rezamos todos os dias na oração da Ave-Maria e que, infelizmente, rezamos quase sempre aceleradamente, sem perceber o seu poder, sem meditar. Na frase do Anjo (cf. Lc 1,28) temos a certeza de que, pelo seu santo amor maternal, Nossa Senhora é fonte de ensino e de intercessão. Ela é imaculada, ou seja, sem a mácula do pecado original, porque Deus não poderia se encarnar num ventre com a mancha do pecado, com as fraquezas humanas que muitas vezes dificultam a resposta ao plano Deus. Sem pecado, a Virgem, como a nova Eva, esmaga o mal gerado pela desobediência no início da Criação, como vimos na Primeira Leitura desta Liturgia (cf. Gn 3,9-15.20). Imaculada, cuidou do seu Filhinho Santo em Nazaré. Como discípula, tornou-se também nossa Mãe, pois na Cruz o próprio Senhor indicou que ela cuide com amor de todos nós. Que neste Advento possamos enxergar e responder positivamente os sinais que Deus nos mostrar para vivermos como seus servos, discípulos e missionários. Meditar no silêncio do nosso coração, principalmente quando abraçarmos a Cruz. Esperar o Natal é, sobretudo, esperar e se preparar para as coisas novas que nascerão em nossa vida para o nosso bem e para o bem do mundo, pois o Menino Deus nasce para todos. Ele vem ao nosso encontro para nos dizer e nos mostrar que Deus tem um rosto como o nosso e quer que o nosso seja igual ao d’Ele. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ Visitada pelo Anjo, * * * * * * * * * * * ⇒ Que o exemplo da Virgem Maria, que se colocou sob a sombra do Espírito Santo para fazer a vontade de Deus, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Campanha para a Evangelização 2022 ⇐
» Tema: “Evangelizar: Graça e missão que se dá no encontro” «
⇒ 3º Ano Vocacional ⇐
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33) «Um Sim para nossa Salvação
Mulher do Sim
A escolhida perturbada:
Escuta o mensageiro,
Acolhe-o, desconcertada,
Questiona-o, mas aceita,
E diz sim por ser amada.
*
Acolherá o Verbo de Deus,
Para o mundo, esperança.
Ele será grande e justo
Rei diferente em bonança
Reinando para sempre,
Deus fiel da Aliança.
*
A Mulher do sim sem limites,
A Santa e Imaculada,
A Mãe de amor verdadeiro,
A mais pura e amada,
Ensina-nos a perseverança,
E a fé na caminhada.
*
Esperemos o Senhor,
Aprendendo com Maria,
Perseverando nas lutas
Seja noite ou seja dia,
Mesmo na dúvida e na cruz,
Seja Deus o nosso guia.
*
Olhando o seu rosto santo,
Aprendamos sua lição,
De sempre escutar a Deus
Na alegria e na aflição,
Vivendo o santo silêncio,
Pra acolher a salvação.
*
Mãe de Deus e nossa Mãe,
Cheia da graça divina,
Modelo de santidade,
Que intercede e que ensina,
Que ama e protege os filhos,
Amor que afaga e ilumina.
*
Que na santa Eucaristia,
Preparemos um lugar,
Um sacrário em nosso ser,
Pra Jesus poder estar,
Como fez também Maria,
Quando Deus veio nos salvar.
Tag: Ano Litúrgico
Quarta-feira de Cinzas (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Jl 2,12-18; Sl 51(50); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18 ⇒ HOMILIA ⇐ Mt 6,1-6.16-18 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, dia de jejum e abstinência, nos motiva a continuar contemplando o “Sermão da Montanha”, hoje nos apresentando a esmola, a oração e o jejum. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 6,1-6.16-18, passagem que compõe a segunda parte do Evangelho Segundo São Mateus intitulada “A promulgação do Reino dos Céus”. Com esta Liturgia, somos inseridos no Ciclo da Páscoa e na primeira etapa desse Ciclo: o Tempo da Quaresma. A Quaresma, um retiro universal, é um tempo de preparação para a festa mais importante do tempo litúrgico: a Páscoa do Senhor, o centro da experiência litúrgica. O período quaresmal nos proporciona, ainda, uma espiritualidade de penitência e conversão, com a qual recebemos diversas chaves para o retorno a Deus. Na Liturgia da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor, ainda no contexto do “Sermão da Montanha”, mas pela ótica do evangelista São Mateus, no qual apresenta a Boa-Nova pela trilha da prática da piedade através da esmola, do jejum e da oração, numa releitura da antiga aliança(1). A fé, a esperança e a caridade são virtudes que nos sustentarão neste tempo de purificação aos pés do Senhor, pois com Ele caminharemos passando pelo calvário, pela Cruz e acordaremos na manhã da Ressurreição com um coração renovado para cantar O Aleluia pela vitória do Ressuscitado. Nesta Liturgia, Jesus orienta quanto ao comportamento relativo às aparências e também que a esmola, a oração e o jejum devem ser realizadas com um coração simples e voltadas para Deus. A esmola, realizada em segredo, deve ter como recurso o resultado da nossa abstinência e destinada aos necessitados da Providência de Deus. Já a oração deve produzir uma escuta do que Deus fala em nossa vida e uma vida de mansidão nas relações humanas. Por fim, o jejum deve ser resultado de abstinências que mortifique nossas posses que nos socorrem diante das dificuldades humanas, nosso poder que nos faz ser atendidos pelos outros e também da nossa atitude que muitas vezes querer que Deus atenda nossas vontades. O importante é que tais práticas tenham como fruto a nossa permanente conversão, reavaliando nossa vida de batizados que querem seguir o Senhor na vida de caridade (a esmola), na prática da fé (a oração) e de esperança no Reino (jejum). Esta experiência deve nos ajudar a sermos melhores pais de família, filhos, consagrados e ordenados, evangelizadores a serviço do Reino de Deus. Lembremos do que diz o profeta Joel, na primeira leitura desta Liturgia: “rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus” (Jl 2,13). Faz-se necessário transformar o nosso coração para mudar de vida. O apóstolo Paulo nos exorta a vivermos a reconciliação com Deus, pois somos embaixadores de Cristo. Somente nesta sintonia com o Senhor é que podemos oferecer um testemunho. Já iniciamos esta caminhada recebendo as cinzas em nossas cabeças e a atitude deve ser de simplicidade e de reconhecimento de que o nosso corpo é perecível e que necessita da vida infinita em Cristo Senhor. Também nesta Quarta-feira de Cinzas a Igreja no Brasil está voltada para o início da Campanha da Fraternidade, com o tema “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), cuja coleta nacional ocorrerá no dia 10 de abril. Recordarmos que neste mês as intenções do Papa Francisco, Vigário de Cristo, estão voltadas para a construção de resposta cristã aos desafios da bioética, promovendo a defesa da vida com a oração e a ação social. Finamente, peçamos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa, que ela interceda por nós e que possamos ser guiados pelo o Espírito Santo, unção de todos os santos, pelo retiro quaresmal preparado pela Igreja, Corpo Místico de Cristo. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte e meta da nossa vocação, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐
⇒ Dia de jejum e abstinência ⇐
Cinzas, Esmola, Oração e Jejum
(1) Cf. Nota de rodapé “e”, pág. 1710, referente ao título “2. Discurso: O Sermão sobre a Montanha”, da Bíblia de Jerusalém.
Caminhos que Levam a Deus
Quero seguir em frente,
Sendo mais crente,
Tendo caridade,
Na simplicidade,
Sem esquecer o mundo,
Nem por um segundo,
Neste ofertar,
Neste escutar,
A quem tem necessidade.
*
Quero seguir orando,
Sempre escutando,
Ao Deus amor,
Ao irmão na dor,
Que me faz pensar,
E que me leva a orar,
E o coração,
Nesta conversão,
Para o Senhor.
*
Quero seguir jejuando,
E me transformando,
Em um humano santo,
Sem medo ou espanto,
Sensível ao irmão,
Sendo compaixão,
Coração rasgado,
Mas purificado,
Em Deus o encanto.
*
Quero prosseguir,
Sem desistir,
Nunca isolado,
Mas sintonizado,
Com todos os irmãos,
Alheios e cristãos,
Aos que não escutaram,
Mas que desejaram,
Santa conversão.
*
Quero, com o Senhor,
Viver seu amor,
E sempre encontrar,
Para se alimentar,
Na mesa da alegria,
Encontrar a harmonia,
No alimento eterno,
Que nos faz fraternos,
A Eucaristia.
* * *
Solenidade da Epifania do Senhor
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12 ⇒ HOMILIA ⇐ Mt 2,1-12 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Solenidade da Epifania do Senhor, penúltimo Domingo do Tempo do Natal, nos motiva a contemplarmos o mistério da encarnação do Verbo de Deus, agora com a adoração dos magos do oriente. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 2,16-21, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Mateus intitulada “O nascimento e a infância de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus, pequenino, está com a Sua Mãe, em Belém, recebendo, dos magos do oriente, a adoração e os presentes (o ouro, o incenso e a mirra). A palavra epifania, de origem grega, significa manifestação e, com esta Liturgia, a Igreja nos mostra que Deus se manifesta, através dos sábios da Pérsia, a todos os povos. No Evangelho de hoje, o evangelista Mateus (cf. 2,1-12) narra o nascimento de Jesus em Belém e nos situa dentro do reinado de Herodes, o Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o Menino (cf. Mt 2,3). Os especialistas nas escrituras, que estavam a serviço de Herodes, localizam uma profecia de Miqueias (cf. 5,1-4) sobre o nascimento do Messias em Belém. Em cena aparecem os magos do oriente, que, mesmo não tendo as Escrituras, querem chegar até o Rei dos judeus que acabara de nascer (cf. Mt 2,2). Herodes, astutamente, pediu a ajuda dos magos para chegar até o Menino. Mas os magos, avisados em sonho, voltaram por outro caminho. (cf. Mt 2,12). A Liturgia nos ensina que os magos representam os gentios que buscam e acolhem a salvação de Deus. Estar com o Menino Jesus é o objetivo dos que querem encontrar-se com Deus. São Paulo, na sua Carta aos Efésios, ainda reforça que: “os pagãos são admitidos (…) do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo…” (Ef 3,6). Outro ensinamento é sobre as ofertas dos magos que foram entregues depois de adorarem o Menino (cf. Mt 2,1-12). O ouro é o reconhecimento da realeza de Cristo. O incenso reconhece a Sua divindade. Já a mirra nos aponta duas indicações: que Jesus veio para aliviar o sofrimento dos pobres e que Seu corpo humano, mesmo incorruptível, terá tratamento, terá unção, antes da Ressurreição. Um terceiro ensinamento, desta Liturgia, diz respeito ao retorno dos magos. Sim, eles retornaram por outro caminho para fugir da astúcia de Herodes, mas também porque o encontro com Deus, na pessoa do Filho, os faz homens renovados e alegres e também convertidos. Por isso, seguem um novo caminho em suas vidas. Portanto, irmãos e irmãs, esta Liturgia nos motiva para buscarmos constantemente o encontro com a pessoa do Filho muito amado do Pai, pois Cristo quer fazer nova todas as coisas, quer que sejamos discípulos muito amados por Ele. Nós, por outro lado, devemos participar da Eucaristia sempre como um ato louvor e de adoração, alegres pela busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: O que tenho oferecido a Deus? Que dons tenho colocado a serviço do Reino? E neste 2 de janeiro, queremos fazer memória da data natalícia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, evento ocorrido há 149 anos, sendo a nona filha do casal São Luís Martin (*1823†1894) e Santa Zélia Guerín Martin (*1831†1877). E o nome “Teresa” não foi recebido em função dos votos religiosos no Convento, pois já foi batizada, no dia 4 de janeiro de 1873, com o nome de Maria Francisca Teresa e tendo como padroeira a própria Santa Teresa d’Ávila, a Grande (*1515†1582). Por fim, rogamos a Nossa Senhora do Sorriso, que curou Santa Teresinha do que hoje chamamos de depressão, que interceda para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da Fortaleza necessário para rompermos com tudo aquilo que nos impede de colocar nossos dons aos pés do Rei dos reis. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que, através da atitude dos reis magos, nos motiva a contemplar o mistério da encarnação do Verbo de Deus, ilumine o seu caminho! ⇐
A Luz do Senhor Atrai os Magos do Oriente
Caminhar em Busca do Menino
Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.
*
O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.
*
Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.
*
Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Porque o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre O encontrar.
*
Carreguemos o sentido da Salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração à grande novidade,
Porque Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.
Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Nm 6,22-27; Sl 67(66); Gl 4,4-7; Lc 2,16-21 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 2,16-21 Meus irmãos e irmãs, neste dia 1º de janeiro celebremos a paz junto à Nossa Senhora e ao nosso Salvador, Jesus Cristo. A Liturgia da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, ainda no espírito do tempo do Natal, nos mantém na proximidade da revelação do mistério da encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,16-21, ainda no contexto evangélico do “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus está, inicialmente, envolto em faixas e, depois, sendo circuncidado, um sinal da aliança de Deus com Abraão (cf. Gn 17,1-27). Também esta Liturgia é sempre celebrada no dia 1º de janeiro, Dia Mundial da Paz, instituído por proposta do Papa São Paulo VI(1) e que neste ano a mensagem do Papa Francisco é dedicada ao tema da paz duradoura fundamentada no diálogo entre as gerações, na educação e no trabalho(2). Nesta Liturgia, portanto, os cristãos se reúnem esperançosos, com expectativas e perspectivas, para celebrar o Dia Mundial da Paz junto com a Mãe de Deus. Ela que nos presenteou com o seu “Sim”, acolhendo e fazendo com que o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) pudesse nascer e reinar em nosso meio, portando a misericórdia do Pai e a Salvação para todos. No Evangelho de hoje, São Lucas apresenta o encontro dos pastores com o Menino Jesus ainda na manjedoura, junto com Maria e José. Os pastores foram os primeiros que receberam a notícia do nascimento do Salvador. A eles cabe também o anúncio das maravilhas de Deus, louvando toda a realização divina (cf. Lc 2,17-18.20). A Virgem guardava todos estes acontecimentos e meditava em seu coração (cf. Lc 2,19), procurando compreender todo o processo da sua resposta a Deus, quando o Anjo a visitou. A Virgem Maria também meditava porque era mulher do silêncio e da oração, na sua missão de gerar e acompanhar o Verbo na Sua caminhada terrestre entre os homens. Neste Dia Mundial da Paz, os cristãos também pedem a bênção que vem de Deus. Bênção que é sinal de salvação como escutamos na primeira leitura desta Liturgia do livro de Números: “ ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. (Nm 6,24-27). Sobre o marco temporal de 2021 e 2022, devemos também ter em mente que se faça a vontade do Senhor e não a nossa, “assim na terra como no Céu”. Maria nos possibilita que sejamos seus filhos. Ela, que é Mãe de Deus e nossa, ela também gerou a Igreja que somos parte. Ela é a Mãe do Príncipe da Paz, também nosso irmão, nosso Deus amado que veio ficar junto de nós para nos ensinar que Deus é Pai e tem misericórdia dos pecadores, por isso vem trazer a união e a fraternidade. Nessa relação santa de filhos, São Paulo nos fala: “Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.” (Gl 4,7). Temos então o temor que vem do amor e da necessidade de santificação e não o medo da condenação. Se amamos o Senhor, faremos a vontade d’Ele e por isso não devemos ter medo d’Ele porque Ele está bem próximo de nós. Por fim, peçamos a mediação materna da Mãe do Redentor para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da adoção dos filhos de Deus como ensina São Paulo aos gálatas e também a nós. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos mantém na proximidade da revelação do mistério da encarnação do Verbo de Deus, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ 55o Dia Mundial da Paz ⇐
» Tema: A paz duradoura a partir do diálogo entre as gerações, a educação e o trabalho «
Celebremos a Paz junto à Mãe de Deus
(1) Cf. PAULO VI. Mensagem para a celebração do 1º Dia Mundial da Paz. Publicado em 8 dez. 1967. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/messages/peace/documents/hf_p-vi_mes_19671208_i-world-day-for-peace.html>. Acesso em: 27 dez. 2021.
(2) Cf. FRANCISCO. MMensagem para a celebração do 55º Dia Mundial da Paz. Publicado em 8 dez. 1967. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/peace/documents/20211208-messaggio-55giornatamondiale-pace2022.html>. Acesso em: 27 dez. 2021.
Santa Mãe de Deus e Nossa
Mãe da escuta atenta,
Do silêncio e da oração,
Toda entregue por amor,
Ao Senhor da salvação,
Ensina-nos a santidade,
Mostra-nos tua serenidade,
Para a santificação.
*
Mãe de Deus e nossa Mãe,
Mãe do Príncipe da Paz,
Ensina-nos a fraternidade,
Que tanta harmonia nos traz,
Ensina-nos também a escuta,
A paciência na labuta,
Quando não somos capazes.
*
Que o nosso Príncipe da Paz,
Pela Sua encarnação,
Ajude-nos na caminhada,
E no amor entre os irmãos,
Trazendo-nos alegria,
Que nasce da Eucaristia,
Pra nossa libertação.
*
Que a benção do Senhor,
O Filho amado e querido,
Possa nos trazer a Paz,
Neste mundo tão sofrido,
Das guerras possa nos livrar.
E o amor sempre a buscar,
Os povos todos unidos.
*
Que a santa Eucaristia,
Renove a nossa lida,
Dando a força necessária,
Para a estrada percorrida,
E que o Deus Emanuel
Com a nossa Mãe do Céu,
Tragam a Paz à nossa vida.
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14 Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18 Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo nos convidam a mergulhar no mistério da Encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais. Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando fraternidade e dignidade. O evangelista João diz que Cristo é a luz que brilha nas trevas e as trevas foram derrotadas (cf. Jo 1,4-8). Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor e a luz reinam em nossos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas. A Liturgia da Noite de Natal, também conhecida como “Missa do Galo”, é conduzida pelo anúncio do nascimento do Salvador, narrado pelo evangelista Lucas (2,1-14), passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. E nesta Liturgia, Jesus está, inicialmente, no ventre da Virgem Maria, como fruto bendito, e, depois, deitado na manjedoura, envolto em faixas. Antes de chegar em Belém, que em hebraico quer dizer “Casa do Pão”, Maria e José fazem uma dura caminhada entre as montanhas para participarem de um recenseamento. E é em Belém, e em condições precárias, que nasce o nosso Salvador, o Pão da Vida, o nosso Pastor, o Príncipe da paz e portador da justiça e da misericórdia de Deus. As primeiras testemunhas do nascimento do Salvador são os pastores, que naquele contexto eram pessoas sem crédito nas disputas judiciais, mas, mesmo assim, suas palavras deixaram muitos maravilhados quando contaram tudo o que viram sobre o nascimento de Jesus (cf. Lc 2,17-18). Assim, aqueles pastores representam os pobres, distantes dos poderes humanos, da elite religiosa do judaísmo, que esperava um messias davídico e equipado com poderoso exército. No entanto, a pedagogia de Deus, o Seu ensinamento, se realiza na Sua vinda como uma frágil criança numa família simples (Maria e José), família pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto. Já a Liturgia do Dia de Natal é conduzida pelo evangelista João. Ele nos apresenta a origem divina de Jesus(1), a encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho da Liturgia do Dia de Natal é exatamente a parte introdutória, o prólogo do Evangelho segundo São João. E nesta Liturgia Jesus está na eternidade, fora do tempo cronológico, do tempo histórico, Ele está no princípio de tudo, quando tudo foi feito para Ele. Ele é a Palavra, o Verbo de Deus. O recém-nascido é a encarnação de Deus e agora Deus mostra sua face, trazendo-nos Sua paz, Seu amor e nossa salvação. O nascido da Virgem Maria foi profetizado por Isaías e está presente na primeira leitura da Missa do Dia de Natal. Diz o profeta: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e quer a salvação para todos. Para isso, basta acolher a Sua Palavra e responder ao Seu chamado para anunciar o Reino. Portanto, estas duas Liturgias do Natal nos apresentam a autocomunicação de Deus. Primeiro ao permitir o nascimento de Jesus à noite para dizer que Ele é a Luz e, depois, ao colocar os pastores como os primeiros a sentirem a realização da profecia de Isaías, quando diz “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1). Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. Vivemos o verdadeiro Natal quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo. Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos. Neste Natal, peçamos a intercessão de Nossa Senhora, Mãe da divina graça, para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito de toda graça, e assim renovemos cotidianamente o nosso “sim”, o Batismo, sendo cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai. Jesus Cristo é Emanuel, é Deus conosco. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ⇐ E Deus Veio Morar Conosco
(1) CNBB / Roteiros homiléticos para o Tempo do Advento – Natal – Tempo Comum I (novembro 2021 / fevereiro 2022): “Alegrai-vos! O Senhor está próximo”, Ano C – São Lucas. Brasília: Edições CNBB, 2021, pp. 34-35.Deus Nasce entre os Pequenos
Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.
*
Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.
*
Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a ecoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.
*
O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com Sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.
*
E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.
Domingo de Ramos e Paixão do Senhor – Ano A, São Mateus
Leituras: Is 50,4-7; Sl 21(22); Fl 2,6-11; Mt 21,1-11 (Procissão); Mt 27,11-54 (Paixão)
Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)
⇒ HOMILIA ⇐
O louvor dos homens e a Paixão de Cristo
Mt 21,1-11 (Procissão);Mt 27,11-54 (Paixão)
A celebração do Domingo de Ramos é um resumo de toda a vivência do Tríduo Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo), liturgia que nos insere no clima e sentido espiritual da Semana Santa. Nesta celebração, portanto, contemplamos Cristo que caminha livre para Jerusalém onde irá viver a sua paixão e morte. Lá nos dará como presente a vida nova, pois vencerá a morte para sempre e ressuscitará para também nos proporcionar a ressurreição.
Na caminhada de Jesus para Jerusalém também vemos a sua simplicidade e a sua entrega como um rei diferente. Contrariando as expectativas de muitos, montará num jumentinho, emprestado, para nos mostrar que o seu reinado é marcado pela humildade, pelo amor e pela entrega total para a salvação do mundo.
Na procissão de Ramos, cantamos “Hosana ao Filho de Davi, Bendito o que vem em nome do Senhor”. A nossa vida também é marcada pela caminhada rumo à cidade santa, a cidade celeste, em procissão para a casa da Palavra e do Pão, a qual nos orienta, nos alimenta e nos faz crescer como irmãos e irmãs.
Na nossa vida também encontramos, aclamações, louvores, elogios… em outros momentos, muitas cruzes, ameaças e mortes, como Jesus encontrou na sua missão. E nestes dias que se passaram e que virão, em que a Igreja não celebra com o seu povo, a liturgia presencial, nós somos convidados a fazer a nossa peregrinação, nossa procissão de Ramos, interior, em espírito e verdade, sobre a Ação do Espírito Santo.
As nossas casas poderão ser marcadas por ramos nas portas, como sinal de que entramos com Jesus e com sua Igreja na Semana Santa. Como os discípulos, estamos juntos com Jesus, para sua última ceia, na sua entrega à Cruz e na sua vitória sobre a morte, nos dando vida nova.
O roteiro homilético da CNBB[1] nos lembra que nesta semana, nós meditaremos sobre cinco movimentos os quais marcam não somente este tempo, mas também toda a nossa caminhada de fé, dentro do sentido de um itinerário pascal.
O primeiro movimento é a procissão do domingo de Ramos (que neste ano, não faremos por causa da situação do Covid 19), mas podemos meditar neste momento sobre este movimento… Como cristãos, pelas jornadas da nossa vida, vivemos o louvor e o sofrimento, mas continuamos a caminhada, pois estamos com o Senhor.
O segundo movimento acontece concretamente na Sexta-Feira Santa, quando adoramos e beijamos a Cruz. Ela é o sinal da glória de Cristo, representação do amor máxima de Jesus por nós, a explicação do limite o qual Jesus chegou para nos apresentar a face misericordiosa de Deus Pai pelos homens. A Cruz também é sinal de misericórdia e vitória.
No terceiro movimento, podemos dizer que é o mais forte e marcante para os cristãos, pois é o nosso caminhar atrás do círio Pascal, a luz verdadeira que brilha nas trevas. Cristo ressuscitado agora nos guia e nos ilumina com sua luz. Caminhamos sem medo da escuridão, das dores, das angústias e das tristezas, pois agora somos vencedores marcados pela alegria, coragem e paz no mundo. Cristo está vivo!
O quarto movimento diz respeito à nossa procissão rumo à mesa cujo o alimento é o corpo do ressuscitado, o seu sangue mata a nossa sede e nos sacia para continuarmos firmes, marcados pela esperança num mundo novo cheio de fraternidade e vida nova para todos. Neste ano, os que celebram as Eucaristia presencial, farão este movimento em nome de toda a Igreja, enquanto os fiéis que estão em casa, contemplam e fazem a sua comunhão espiritual.
No quinto e último movimento, somos enviados em missão para proclamarmos que Cristo venceu a morte. Lá fora da Igreja, seremos sempre presenças vivas entre os homens, para mostrarmos a face do Senhor que é amor e compaixão que deseja que todos sejamos irmãos.
Portanto, vivamos a semana das semanas, num espírito de oração, de penitência e jejum, também em nossas casas. Fiquemos atentos aos passos do Senhor na sua paixão, morte e ressurreição, pois é nesta verdade e neste acontecimento que está fundamentada a nossa fé. Amém.
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[1] Roteiros homiléticos da quaresma, março e abril, ano A. 2014.
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⇒ POESIA ⇐
O caminho com Jesus
Com alegria e liberdade,
Caminhamos com o Senhor,
Seguindo-o na simplicidade,
Com um cântico de louvor.
Vivendo na irmandade.
E como bons caminheiros,
A vida é totalidade,
E dela nós somos os herdeiros.
Com os ramos verdes e santos,
Seguimos sempre a cantar,
E com a cruz, nosso sinal,
Que vem nos santificar.
Pensando em nosso Senhor,
Seguimos a caminhar,
Vamos ao perfeito amor,
Que vem para nos salvar.
E chegando em sua casa,
Atentos, vamos ouvir,
A sua Palavra viva,
Que vem a nos invadir.
Ela ao fervor nos motiva,
Nos ensina e nos sustenta,
Numa caminhada ativa,
Que nos guia e orienta.
Vamos para a Paixão e morte,
Que Jesus também provou,
Como o servo que sofreu,
Quando na cruz se entregou.
Nós também temos a cruz,
Na vida do dia-a-dia,
Pois o nosso caminhar,
Muitas vezes nos desafia.
Mas vencemos com o Senhor,
Ele a pedra de firmeza,
Mestre da vida e do amor,
Que nos chama à sua mesa.
Na condenação pereceu,
Porque o Pai o permitiu,
Mas a morte ele venceu,
E a vida ressurgiu.
*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que caminha a Jerusalém por entre o triunfalismo, ilumine o seu caminho! ***
V Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus
Leituras: Ez 37,12-14; Sl 129(130); Rm 8,8-11; Jo 11,1-45
Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)
⇒ HOMILIA ⇐
Desatemo-nos para a Vida nova
Jo 11,1-45
Na liturgia deste 5º domingo da Quaresma, mais uma vez iremos ler o Evangelho de João (cf. 11,1-45), o qual nos apresenta a Ressurreição de Lázaro, o sétimo sinal de Jesus, segundo este evangelista. Diante da situação a qual estamos vivendo no Brasil e no mundo, por causa da coronavírus, Jesus vem nos dizer: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim, mesmo que morra viverá.” (Jo 11,25).
E no diálogo com Marta, irmã de Lázaro, esta mulher, chorosa e sofrendo por causa da morte seu irmão, ela professa sua fé no Senhor da vida, dizendo: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo” (Jo 11,27). Alimentada por esta esperança e certeza ela vai anunciar para a sua irmã, Maria sobre a presença de Jesus entre elas. A fé de Marta se expressa na condição de se colocar a caminho para anunciar a esperança na ressurreição já no tempo presente.
Quanto à Maria e os judeus, estes precisaram presenciar o sinal da ressurreição para poderem acreditar no milagre da vida nova. Lázaro que está no túmulo, enterrado há quatro dias, de mãos e pés atados e sem possibilidades de movimento. Jesus ordena: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” (Jo 11,44). Diante da ressurreição de Lázaro “muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele” (Jo 11,45).
A fé em Cristo, será a nossa grande resposta nesta certeza, que é a experiência de amor e de vida completa com o ele, que como no caso de Lázaro, nos chama a desatar a nossas amarras e caminhar sempre para uma vida renovada.
Precisamos refletir sobre o sentido deste sinal de Jesus para o nosso crescimento espiritual e a nossa fé na ressurreição. A morte de Lázaro nos lembra toda a humanidade morta pelo pecado e é através de Jesus que todos têm acesso a vida que vence o pecado.
O batismo é a porta que nos traz de volta para a vida eterna, para a vitória sobre o pecado. O choro de Jesus nos lembra de sua natureza humana, de que ele se compadece da nossa dor e por isso comove-se, porque caminha conosco sendo solidário aos nossos sofrimentos, cruzes e dores que acontecem na nossa existência terrena.
Quanto ao túmulo, lembramos que muitas vezes estamos quase que sepultados no nosso individualismo, na nossa indiferença, no nosso comodismo e no nosso medo de seguir em frente com o Senhor. Vivemos num mundo que muitas vezes proclama a morte e a desesperança. Quando falta-nos os elementos da fé, caímos nos abismos da morte e ficamos atados a insegurança.
Precisamos desatar as nossas mãos para que construamos a paz e a fraternidade. Precisamos desamarrar nossos pés das amarras do indiferentismo e da zona de conforto que muitas vezes nos impedem de seguirmos caminhando com Jesus como discípulos missionários pelas estradas do mundo.
Precisamos lembrar a 1ª leitura desta liturgia quando o profeta Ezequiel fala para o povo de Israel escravo na Babilônia: “Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor” (Ez 37,12-13).
Muitas vezes estamos presos ao sepulcro do pessimismo e da tristeza como escravos do comodismo e sem coragem para continuar a nossa caminhada. Diante disso escutemos o Senhor que diz: “Desatai-o e deixai-o caminhar.” (Jo 11,44).
A Palavra do Senhor deve encher a nossa vida de alegria e esperança, para sermos sinais de Deus no mundo. Lembremo-nos o que diz o Papa Francisco no início da exortação apostólica Evangelii Gaudium “a Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”[1].
Neste tempo de recolhimento por causa do Covid-19, momento em que somos estimulados a vivermos uma experiência de Quaresma dentro da quarentena, outras formas de nos reunir, de celebrar e de compartilhar nossa vida vão surgindo no nosso cotidiano. Importante que a nossa fé seja exercitada neste novo contexto e que a nossa experiência com a Palavra de Deus seja constante.
Nesta Quaresma de 2020, especificamente, nesta realidade em que não podemos celebrar presencialmente a Eucaristia, devemos perseverar na oração, nos alimentando da Palavra e comungando espiritualmente da Eucaristia. Deus caminha conosco neste nosso deserto, ele nos ensina e nos ajuda a vencermos as tentações em nossa vida cotidiana, ele se transfigura e nos ajudar a transfigurarmos em nosso testemunho, em nossas convivências, e em nossa missão. Jesus é nossa fonte de água viva em cada momento de nossa existência, em cada momento de nosso dia, fazendo-nos enxergar novas realidades, novas formas de vivermos como irmãos e irmãs na nossa Igreja.
As mensagens, os vídeos, áudios, as orações compartilhadas nas redes sociais só nos ajudarão em nossa experiência de oração, se pararmos um pouco e na calma do nosso ser, da nossa alma, no silêncio do nosso coração deixarmos Deus falar a nós com seu amor, com sua Palavra e com sua misericórdia.
Façamos o exercício de pararmos um pouco e rezarmos de verdade sobre a situação de nosso país e de nosso mundo, com as realidades concretas dos enfermos, do que morrem por consequência do Coronavírus e de outras doenças, no espírito de fraternidade e sentimento que somos uma comunidade global, compartilhamos de uma situação comum de sofrimento e por isso que impele à irmandade.
Que o Senhor que dá vida nos encha de esperança e alegria e nos conduza para celebrarmos com profundidade, a sua Páscoa, a Festa das festas. Amém.
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[1] Evangelii Gaudium, nº 1.
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⇒ POESIA ⇐
Vem para fora
O Senhor nos chama:
Vem para fora,
Sai do teu medo,
Da desesperança,
Para a confiança
E segue em frente,
Discípulo crente,
Levando ao mundo
O amor vivente.
O Senhor nos ordena:
Vem para fora,
Sai da omissão,
Do teu comodismo,
Do teu fanatismo,
Para testemunhar,
E para proclamar
A ressurreição,
Sem desanimar.
O Senhor nos alerta:
Vem para fora,
Fora do teu orgulho,
Da tua indiferença,
Abraça a benevolência,
E vem construir,
Um encontro a unir
Na fraternidade,
Para a vida florir.
Ao Senhor escutemos,
Sua voz de esperança,
Abracemos a vida,
E então, levantemo-nos,
Desatemo-nos!
Por Cristo, alimentados,
Saiamos fortificados,
Deixemos nossos túmulos,
Sigamos o ressuscitado!
*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que representa a Glória de Deus, ilumine o seu caminho! ***
III Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus
Leituras: Ex 17,3-7; Sl 94(95); Rm 5,1-2.5-8; Jo 4,5-42
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⇒ HOMILIA ⇐
Busquemos a fonte Viva e Eterna
Jo 4,5-42
Neste 3º Domingo da Quaresma, a liturgia nos apresenta o texto do Evangelho de João (4,5-42), que narra o encontro de Jesus com uma samaritana. Em plena luz do dia, marcado pelo sol escaldante da Galileia, Jesus senta-se junto à fonte de Jacó (cf. Jo 4,6). Cansado fisicamente da caminhada de peregrino, vai ao poço e aí acontece um encontro com uma mulher samaritana, sem nome, que, com certeza, sempre ia para aquele poço buscar água.
Aquela mulher viverá uma experiência de encontro, nunca esperado, pois aquele meio dia não foi comum como os outros. Algo mudou a sua vida completamente. Ela era de um grupo de pessoas descriminadas pelos judeus e, por isso, nunca esperaria um encontro com um mestre de Israel, um profeta, tão próximo, que lhe ouvisse e até ousasse pedir-lhe água para beber.
Para os discípulos também foi uma surpresa, porque, ao chegarem junto a Jesus, não entendem aquela conversa (cf. Jo 4,27). A aproximação de Jesus e o seu diálogo com aquela mulher nos mostra a ação de um Deus que vem ao encontro do humano para oferecer a sua vida. Ele é a fonte de água viva e infinita, que sacia a sede de todos os que o buscam e o encontram.
A presença de Jesus junto à samaritana mudou o jeito dela enxergar a sua existência, o seu caminhar, seus conceitos, suas concepções culturais e religiosas. De conceber a presença de Deus na sua vida, de buscar os anseios mais profundos da sua alma, pois, agora Deus se coloca no mesmo nível do ser humano, para poder se comunicar com ela e oferecer-lhe o sentido verdadeiro da vida.
Alimentada e motivada pela experiência de diálogo junto ao Mestre, convencida da chegada do Messias ao mundo, a samaritana tornar-se missionária e vai anunciar à sua cidade as maravilhas deste encontro com Jesus. (cf. Jo 4,28-29).
A ação de Jesus em oferecer a verdadeira água, a fonte da vida, para os samaritanos, nos lembra o povo no deserto, quando falta a água, reclama da sede, e, diante de Moisés, murmura chegando a duvidar de Deus (cf. Ex 17,7). E da rocha firme Deus faz brotar a água para saciar a sede do seu povo (cf. Ex 17,6). Moisés é o intercessor, que o escuta e dirige a Deus a sua súplica a favor do povo para solucionar os diversos problemas que vão surgindo na caminhada pelo deserto.
Também a samaritana foi esta ponte, esta intercessora, esta missionária, entre o seu grupo e Jesus. Foi por causa do seu anúncio sobre o Senhor, que muitos correram ao encontro da fonte (Jesus), mudaram de vida e buscaram matar a sede de amor e superar os tantos vazios e discriminações sofridas por parte dos judeus, os quais se destacam aqui, os doutores da lei e os fariseus.
Jesus é a nossa fonte de água viva e eterna, na caminhada do deserto de nossa existência, quando muitas vezes nos sentimos cansados, com sede e com pouca força para continuar nossa peregrinação terrestre. Nele encontramos a esperança e a salvação e com ele anunciamos o Reino de Deus.
Pela água somos inseridos no novo povo de Deus, através do Batismo, por ela somos purificados do pecado original e nela somos mergulhados, para nascermos de novo, nos tornarmos irmãos, filhos do mesmo Pai Divino, missionários do seu amor, e caminheiros neste mundo em vista da eternidade. O Senhor é a fonte verdadeira que sacia a nossa sede, nos dando forças, nos acolhendo e nos saciando com o seu amor e sua misericórdia, quando nos vem o cansaço a e nossa aridez.
Os cristãos são chamados a deixar resplandecer, em suas atitudes, o rosto amável de Cristo junto aos irmãos necessitados. Àqueles que precisam não somente de pão material mas também são carentes da água viva que dá sentido e força ao existir de todos que peregrinam neste mundo.
Supliquemos ao Espírito Santo que a sua luz e o seu amor se derrame sobre nós, para que sejamos discípulos missionários de Jesus Cristo e que perseveremos no nosso caminhar com ele e, dos nossos corações, possa brotar a oração verdadeira, como reza o salmo 94(95): “Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos!” Amém!
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⇒ POESIA ⇐
Dai-me desta água viva
Senhor é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do teu amor,
No transfigurar da tua beleza,
No encontro da tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em tua fortaleza.
Senhor é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.
Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do teu chamado,
Para o teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.
Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, tu nos chamas a levantar,
E com coragem te seguir,
Para aos outros se unir,
E Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.
Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.
*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***
II Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus
Leituras: Gn 12,1-4; Sl 32(33); 2Tm 1,8b-10; Mt 17,1-9
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⇒ HOMILIA ⇐
Da transfiguração à missão
Mt 17,1-9
O 2º Domingo da Quaresma nos traz o texto de Mateus (cf. 17,1-9), o qual nos apresenta transfiguração de Jesus. Nesta liturgia, portanto, somos convidados a subir à montanha com Pedro, Tiago e João e contemplarmos o rosto transfigurado de Jesus que, como o sol, ilumina todo homem, com seu amor e nos faz santos como o Pai do Céu é santo.
Diante da transfiguração de Jesus, Pedro foi tentado a se acomodar e ficar somente na glória e não se envolver com a missão após a descida do monte (cf. Mt 17,4). Neste sentido, Deus Pai intervém apresentando o Filho e pedindo que o escutem (cf. Mt 17,5). É preciso viver o discipulado orientado pela Palavra de Jesus.
Há, ainda, a presença de Moisés e Elias na cena apresentada por Mateus. Eles representam a Lei e os profetas para nos afirmar que em Jesus a Lei é cumprida plenamente porque ele é o novo Moisés, aquele que conduz o novo povo de Deus. Em Jesus também está a profecia, o anúncio da justiça e da fraternidade, o Dom da vida plena, porque a Palavra de Deus – Jesus – agora se encarnou no meio dos homens e fala conosco como irmão.
Os discípulos se deliciam com a experiência mística da transfiguração e querem ficar lá, com tendas armadas para cada um. Isso confirma a vontade humana de ficarmos sempre num ambiente de conforto. O Papa São Leão Magno (395-461) nos fala que a principal finalidade da transfiguração foi afastar dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humilhação da Paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo[1].
Apesar de que todos nós precisamos ficar um pouco usufruindo o bem-estar com a família, com os amigos, precisamos parar um pouco para nos abastecer no aconchego da nossa casa, saborear espiritualmente da maravilhosa e edificante força e encontro com a Eucaristia. Sempre precisamos louvar e buscar a alegria que preenche o nosso coração. Às vezes somos tentados a querer uma vida sem desafios, sem dor e sem problemas, mas não é possível neste mundo. Somos caminheiros da vida em meio aos obstáculos, sofrimentos que vem ao nosso encontro através das enfermidades físicas e mentais, dos lutos, das lutas, dos desesperos e decepções. Mas o Senhor que se transfigura na Palavra, na Eucaristia, nos encontros com os irmãos e irmãs, desce do Monte (Altar) para caminhar conosco pelas estradas da nossa vida!
Precisamos nos levantar e, como o Senhor pediu aos seus discípulos, seguir em frente. Faz-se necessário descer do monte da transfiguração, para que, iluminados e fortalecidos pela luz do Senhor, continuemos caminhando, prosseguindo com Cristo e anunciar o Reino de Deus com o nosso testemunho, nossa perseverança, na esperança, para que o mundo não nos desfigure com tantos barulhos, luzes artificiais, filmes, propagandas e outros recursos que podem nos impedir de guardar tesouros no céu (cf. Mt 6,20).
Muitas vezes, faz-se necessário sairmos do nosso lugar de mesmice, cômodo, da nossa segurança material e bem-estar pessoal, como fez Abrão, que deixa sua terra e se abre a uma nova experiência de vida, uma vida transfigurada, de acordo com o que Deus o chamou e, ao mesmo tempo, o enviou (cf. Gn 12,4).
A Quaresma é este tempo de rezarmos, silenciarmos, fazermos penitência e aperfeiçoar cada vez mais na nossa vivência cristã através da oração, da penitência, da caridade e do sacramento da confissão. Resumindo: praticando jejum, oração e esmola.
No Brasil, e em outros países, temos a Campanha da Fraternidade, como mais um elemento de vivência do tempo quaresmal, que é parte do grande ciclo pascal. Por isso, nos encontros semanais (Via-Sacra, encontros em família, rodas de conversa, nas celebrações, formações) somos convidados a uma atitude de contemplação sobre as realidades sociais como campos de nosso envolvimento e vivência concreta da nossa fé, no que se refere aos diversos problemas e carências da vida humana.
Deixemos que o Espírito Santo venha nos guiar com sua luz e nos faça obedientes ao que Deus Pai nos pede: Escutar o Filho. Que em nossas subidas e descidas às montanhas de nossa existência possamos estar acompanhados de Cristo e de sua Palavra. E a nossa oração seja sempre voltada ao seguimento fiel de Cristo que nos chama a realizarmos nossa missão a favor de seu Reino de amor e paz.
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[1] Dos sermões de São Leão Magno, Liturgia da Hora II, 2º Domingo da Quaresma.
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⇒ POESIA ⇐
É bom ficarmos aqui
Senhor é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do teu amor,
No transfigurar da tua beleza,
No encontro da tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em tua fortaleza.
Senhor é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.
Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do teu chamado,
Para o teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.
Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, tu nos chamas a levantar,
E com coragem te seguir,
Para aos outros se unir,
E Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.
Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.
*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***
I Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus
Leituras: Gn 2,7-9;3,1-7; Sl 50(51); Rm 5,12-19; Mt 4,1-11
Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)
⇒ HOMILIA ⇐
Cristo nos ensina a vencermos as tentações
Mt 4,1-11
A liturgia deste 1º domingo da quaresma nos apresenta, através do Evangelista Mateus (cf. 4,1-11), Jesus, após o batismo, sendo conduzido pelo Espírito ao deserto para enfrentar as tentações do diabo. Diz Santo Agostinho (*354+430), bispo de Hipona (moderna Annaba, na Argélia): “O Senhor poderia impedir o demônio de aproximar-se dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer na tentação”[1].
Na tentação dos nossos primeiros pais[2], Adão e Eva, percebemos a fraqueza e a desobediência. Diante dos resultados desta atitude, o casal se percebe na nudez de sua realidade humana. A nudez da qual narra o Gênesis é exatamente a descoberta de que não podemos nada sem Deus e que não podemos ser como Ele, pois somos suas criaturas e já carregamos algo muito precioso: a sua imagem e semelhança.
Meditando na liturgia da palavra deste 1º domingo da quaresma, aprendamos o que o Senhor nos ensina sobre as tentações que ele viveu antes de se entregar ao seu ministério pela Galiléia.
A primeira tentação acontece no deserto após os quarenta dias de jejum, quando Jesus sente fome. “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” (Mt 4,30). Jesus nos ensina a vencermos esta tentação do ter. Esta tentação, a qual nos leva a pensarmos que tudo se refere ao dado material e aos nossos próprios desejos e interesses. De vez em quando, caímos na motivação diabólica de resolvermos as situações do mundo a partir de nossa autossuficiência. Esquecemos que não é somente dos bens materiais de consumo, do acúmulo e de nossos interesses individualistas, que vivemos, mas da Palavra de Deus que nos orienta por um caminho de fraternidade e de partilha, vivida no amor ao nosso Deus e aos nossos irmãos (cf. Mt 4,4).
A segunda tentação ocorre no templo: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui para baixo” (Mt 4,6). Jesus é tentado a se apresentar glorioso e inclinar-se ao triunfalismo. A nossa vivência religiosa na Igreja não deve ser motivada por prestígio e por fama. Somos, às vezes, tentados a vivermos uma religião de refúgio, segurança individualista, fama e também de status social. Faz-se necessário vivermos um cristianismo em virtude da justiça e do bem a favor dos outros. O Senhor nos ensina: “Não tentarás o Senhor teu Deus!” (Mt 4,7). Não podemos provocar Deus a fazer a nossa vontade em favor dos nossos interesses individualistas e do nosso prestígio, para sermos vistos pelo mundo em nossa ostentação.
Na última tentação, Jesus é levado a uma alta montanha onde se visualiza todos os reinos poderosos do mundo. Diz o diabo: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar.” (Mt 4,9). Os reinos de satanás são governados pelo poder opressor, pelas maldades, discriminação, mortes, mentiras, falsidade e corrupções.
Jesus nos ensina que não podemos nos dobrar às motivações diabólicas do poder que mata, que divide as pessoas, que as exclui e que promovem as guerras. A tentação do lucro e do domínio por parte de poucos sobre muitos, crucifica os pobres e vulneráveis com práticas criminosas.
Precisamos entender que o poder de Jesus está no amor, na compaixão, no cuidado com os pobres, na sua palavra que chama o ser humano à mudança de vida e o envia a semear o Evangelho. Também na entrega à cruz, para a libertação e salvação do mundo. Porque é o amor, a escuta, a adoração, o culto ao Deus verdadeiro, que dignifica de verdade a vida das pessoas e traz a verdadeira paz, a Paz de Cristo, o shalom que Jesus saudou os discípulos, logo na tarde da Ressurreição, onde eles se encontravam trancados com medo dos judeus, proporcionando-lhes a Paz interior a todos os que estavam amedrontados (cf. Jo 20,19-23).
A razão de nossa vida é Cristo, o novo Adão, Aquele que no deserto, lugar onde Israel foi tentado, venceu o diabo e nos ensinou também a vencê-lo. Deu-nos a vida verdadeira e nos renovou em seu amor. Quis ser alimento para nós, o seu povo novo, com seu corpo e sua Palavra, dando-nos força e luz em nosso peregrinar terrestre.
Peçamos perdão pelas vezes que nos deixamos vencer pelas tentações, às quais passaram por Jesus e que ainda hoje invadem a nossa vida material e espiritual. Que a luz do Espírito nos ilumine e nos encha de força para vencermos as tantas tentações que encontramos a cada dia. Que o nosso jejum, a nossa oração e a nossa esmola nos transformem em pessoas cada vez mais parecidas com Cristo, nas atitudes e nas palavras. Amém.
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[1] Dos comentários sobre os salmos, de Santo Agostinho, bispo. Liturgia das Horas, 1º Domingo da Quaresma.
[2] O nome Adão (em hebraico ´adamah, pois procede da terra), se torna ´ish (que quer dizer homem, mortal). E da palavra ´ish surge ´isshá (que quer dizer mulher), pois é carne da mesma carne, isto é, procede do homem, sendo da mesma substância (cf. nota de rodapé de Gn 2,23, da Bíblia do Peregrino, editora Paulus, 2018).
***
⇒ POESIA ⇐
Vencer as tentações com Cristo
Contigo, Senhor,
Sou vencedor,
Contra o tentador,
Que me faz escravo
Das suas falsidades,
Atrocidades,
Contrárias ao amor.
Em ti, Senhor,
Sou firme e forte,
Venço também a morte,
Que me traz as trevas,
Deixando-me perdido,
Como se fosse vencido,
Longe da tua sorte.
Por ti, Senhor,
Vou me entregando,
Sempre caminhando,
Rumo à vitória,
Meta dos teus seguidores,
Dos evangelizadores,
E o reino anunciando.
Para ti, Senhor,
Toda gratidão,
Nada é em vão,
Vamos sempre vencendo,
Vencemos o pecado,
O mal derrotado,
Em ti, novo Adão.
Contigo, Senhor,
Na fraternidade,
Seguindo sendo caridade,
Pelo mundo a fora,
Vivendo a oração,
Sendo comunhão,
Via da santidade.
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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o novo Adão que nos trouxe o dom gratuito e superabundante da justiça, ilumine o seu caminho! ***