VII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Lv 19,1-2.17-18; Sl 102(103); 1Cor 3,16-23; Mt 5,38-48

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

A outra face: uma nova atitude

Mt 5,38-48

 

Do alto da montanha, o Senhor continua o seu sermão nos ensinando: “Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem…” (Mt 5, 39.43). Eis a lição de casa que Jesus nos dá neste 7º Domingo do tempo comum.

Jesus nos ensina que não é pela vingança, ou seja, revidando o mal contra o irmão que iremos construir o Reino de Deus. Pelo o contrário, é oferecendo a outra face que podemos favorecer a paz no mundo; é amando os inimigos e rezando por eles que podemos criar a fraternidade. Neste sentido, amar o inimigo está além dos nossas atitudes afetivas, mas na maneira de olhar para o outro sem o sentimento de vingança e violência.

É oferecendo novas atitudes (o outro lado da face) e também posturas pacíficas, diante das provocações, que iremos expressar os mesmos sentimentos de Jesus. É rezando pelo outro e querendo o seu bem, mesmo que não seja possível abraçá-lo e lhe oferecer um sorriso; mesmo que suas diferenças e opções pessoais impeçam de nos aproximarmos dele.

Podemos até pensar: ser seguidor de Cristo exige muito de nós! É uma experiência muito desafiante para quem vive num mundo de tantas competições e contradições. Lembremos que, em alguns momentos, pessoas que acompanhavam Jesus também se questionaram e deixaram de segui-lo porque acharam suas palavras muito duras. E, aos doze, Jesus perguntou: Quereis vós também retirar-vos? (cf. Jo 6,66-67). E na boca de Pedro temos a resposta: “Senhor, a quem iríamos nós? Só Tu tens palavras da vida eterna.” (Jo 6,68).

Estas atitudes concretas que o Senhor nos pede na nossa convivência com os outros é próprio dos que buscam a santidade. O livro do Levítico nos traz o mandato que Deus encarregou a Moisés de falar ao povo de Israel e que soa de forma mais direta na boca de Jesus. “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2).

Os santos que conhecemos na história da Igreja não eram vingativos, não guardavam rancor e, por isso, amavam o próximo como a si mesmo. Mesmo sendo cada um santo com sua personalidade própria, eles eram caridosos, passivos e fraternos.

Ser santo também é compreender e aceitar que cada um é habitação do Espírito Santo, como nos fala São Paulo na sua primeira carta aos coríntios: “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (1Cor 3,16).

Deixar-se habitar por Deus é exatamente viver o que nos pede Jesus na liturgia deste 7º Domingo do Tempo Comum. Quando deixamo-nos habitar pelo Espírito Santo, reconhecemos que o outro é nosso irmão, filho do mesmo do Pai “que faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45).

Com este Evangelho também aprendemos que ser santo não se expressa apenas numa prática religiosa externa, mas em atitudes que vão além do que as pessoas que não são religiosas fazem. Que sentido teria, por exemplo, para um cristão amar somente as pessoas que os amam? Retribuir gratidão somente àqueles que os prestam algum favor? Qualquer pessoa mesmo sem religião faz o mesmo. Eis a nossa missão e desafio neste mundo: deixar que o Espírito do Evangelho possa transformar o nosso agir em atitudes a favor da paz e da fraternidade.

Precisamos aprender com os santos, com os que lidam diretamente com os pobres nas periferias das cidades, no contato com os refugiados e nos cortiços diversos de nosso país. Com os que visitam os presídios. Devemos além de aprender também, valorizar tudo aquilo que os nossos irmãos e irmãs fazem nas tantas instâncias além dos nossos templos.

Peçamos ao Espírito Santo, o qual habita em nós, para que nos faça cada vez mais santuários vivos da caridade, da fraternidade e da paz no mundo. Onde atitudes novas de amor sejam sempre praticadas a serviço do Reino. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Sede santos e santuários de Deus

O Senhor nos ensina:
Sede santos, como Eu,
No combate à opressão,
Na promoção da Paz,
Num coração que se refaz
No amor ao seu irmão.

O Senhor nos ensina:
Que nós somos iguais,
Diante do Pai bondoso,
Que este mundo nos deu
Chuva e sol nos ofereceu,
Com todos muito amoroso.

O Senhor nos ensina:
Fazei algo a mais,
Além do trivial,
Atitudes de santidade,
Em Cristo, a liberdade,
Numa entrega especial.

O Senhor nos ensina:
Somos seu templo santo,
De culto vivo e verdadeiro,
Habitação que germina,
Fortalece e ensina,
A vida do caminheiro.

O Senhor nos oferece,
A alegria do banquete,
Vem todos alimentar,
Nossa fome alivia,
Dá-nos paz e alegria,
Para a vida germinar.

.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte da lei perfeita, ilumine o seu caminho! ***

 

VI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

Leituras: Eclo 15,16-21; Sl 118(119); 1Cor 2,6-10; Mt 5,17-37

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

A verdadeira letra, além da lei

Mt 5,17-37

 

Estamos no 6º domingo do tempo comum. Jesus continua na montanha, pregando para os seus discípulos e à multidão: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). Depois de falar para os discípulos, dizendo que eles são sal da terra e luz do mundo, Jesus ensina, dando orientações exigentes e profundas sobre o cumprimento da lei, a qual, deve ser vivida além a letra.

Há uma grande divergência entre os grupos da época no que se refere à relação com a lei de Moisés e com os profetas. Jesus vem para ensinar à plenitude da lei segundo a vontade do Pai. A lei de Moisés e as orientações dos profetas ainda são incompletas.

O seguimento a Jesus faz com que as pessoas superem toda a lei formal e fundamentalista, que era fardo para os pobres, os quais não tinham tempo para observar tantas normas, mas era privilégio para os poderosos e mestres da lei, os quais estavam disponíveis para estudar os mais de seiscentos códigos.

Os discípulos precisarão aprofundar o novo mandamento de Jesus como meta para vivenciar a exigente experiência de caminhada com o seu Mestre. A justiça dos discípulos tem que ser maior do que a dos mestres da Lei. Caso contrário, não entrarão no reino dos Céus (cf. Mt 5,20).

A justiça dos fariseus vem apenas dos homens e da letra. Faz-se necessário uma complementação. Por isso, Jesus não vem abolir, mas aperfeiçoar. O ensinamento de Jesus é sobre a plenitude da lei, preceito que liberta o ser humano através do amor e da misericórdia divina, porque é “feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo” (Sl 118/119).

Jesus cita alguns dos mandamentos da lei de Moisés para explicar e levar os discípulos e, também o povo, a avançarem na compreensão destes preceitos. A Lei é necessária, mas precisa ser vivida além do formalismo e da obrigatoriedade.

Portanto, não basta “não matar”, mas evitar as maldades que levam à morte. Faz-se necessário que as pessoas vivam como irmãos, na fraternidade, na solidariedade, no perdão e na justiça, evitando o ódio e a discórdia entre si.

Jesus também cita o 9º mandamento, o de não desejar a mulher do próximo (cf. Mt 5,27). O adultério era resultado do desejo de posse sobre a mulher fruto do machismo e dos privilégios dos homens, na época de Jesus.

Ao cristão de hoje, é necessário entender que o amor, o perdão, o respeito, a fidelidade e a igualdade de dignidade entre homem e mulher é uma atitude de amor onde se cumpre a lei do Senhor.

Quanto ao jurar falso (8º mandamento), Jesus pede que se alargue a vivência deste mandamento, fundamentado na verdade, na integridade, na honestidade e na ética, porque a falsidade não é somente quanto a Lei, mas na ausência da dimensão total da pessoa que vive em sintonia com a Palavra do Senhor.

Portanto os que querem viver de acordo com a lei perfeita, devem abraçar a sabedoria de Deus, devem escolher a vida e o bem como nos fala o livro do Eclesiástico (15,19): “a sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente”. Porque “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9b).

Que o Senhor nos abençoe e o seu Espírito nos ensine a vivermos a lei que supera todas as regras e os códigos humanos, a lei mais completa e mais perfeita: a lei do amor, que tudo supera e que tudo suporta (cf. 1Cor 13,4-10)… Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

A lei perfeita

A Tua Lei, Senhor,
É lei perfeita,
Vem do alto para nos santificar,
É uma luz que não se apaga,
O amor perfeito a nos orientar
Sinal divino a nos iluminar.

A Tua Palavra, Senhor,
É verdadeira,
Não há contradição e nem falsidade,
É pura, plena e abrangente,
Conselho perfeito para a santidade,
Ensinamento de lealdade.

Tua Palavra, Senhor,
É liberdade,
Não se impõe e nem quer oprimir,
Está além da letra e do moralismo,
Quer nos ensinar e nos redimir,
Orientando o caminho a prosseguir.

Tua Palavra, Senhor,
E só bondade,
Orienta a vida com nossos irmãos,
São preceitos santos e preciosos,
Fazendo-nos discípulos em missão,
Pelo “sim” de verdade à salvação.

Tua Palavra, Senhor,
É a lei maior,
Maior que nossas tantas ambições,
Além de nossos desejos e interesses,
Porque não nos causa decepções,
Porque habita nossos corações.

Tua Palavra, Senhor,
É encarnação,
Vida concreta em cada dia,
Que nos educa para a irmandade,
É banquete santo de alegria,
É encontro de paz, é Eucaristia.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte da lei perfeita, ilumine o seu caminho! ***

V Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

Leituras: Is 58,7-10; Sl 111(112); 1Cor 2,1-5; Mt 5,13-16

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Cristãos sem se esconder-se

Mt 5,13-16

 

Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Eis o que nos pede Jesus neste 5º Domingo do Tempo Comum (cf. Mt 5,13-16). Somos chamados a ser sal da terra e luz do mundo, não isolados, não em nós ou para nós mesmos.

Como discípulos, inseridos na vida de Cristo, banhados nele para sermos novas criaturas, somos convocados a ser a sal da terra e luz do mundo, fortificados pela Eucaristia e iluminados pela Palavra, que nos sustentam e, ao mesmo tempo, nos dão um sentido completo e verdadeiro à nossa existência neste mundo.

O sal é símbolo de purificação, de sabor, de conservação e dá gosto aos alimentos. Nos tempos mais antigos foi visto como símbolo da sabedoria. Está mais para o nosso “ser”. Não o vemos entre a comida, mas sentimos a sua presença ou a sua ausência quando nos alimentamos.

Os cristãos são chamados a darem sentido ao ambiente da comunidade pela sua presença sábia, humilde, desprendida e de encontro. Às vezes uma presença tão simples e discreta de uma pessoa na comunidade, dá um imenso gosto ao ambiente quando estamos em reunião. E assim o cristão, como o sal deve conservar a força do Evangelho, procurando amenizar as podridões das diversas mortes terrenas, estimulando o sentido de ser discípulo, a sabedoria nas palavras e a ação com a força do amor.

A luz como símbolo do nosso Batismo e do próprio Cristo, está mais para o nosso testemunho, por isso atinge os nossos olhos. Porém, o importante é que deixemos que ela possa iluminar o nosso caminho, por que a luz vem de Deus e, para iluminarmos mundo, precisamos primeiro deixar que ela nos preencha e nos irradie com sua claridade.

Os discípulos de Cristo no mundo são esta presença iluminadora pelo testemunho de vida, que seguem o caminho da salvação. Deixam-se iluminar pelo Senhor e, ao mesmo tempo, buscam iluminar o mundo com sua presença em meio a tantas trevas que escurecem o mundo.

O profeta Isaías nos apresenta o que devemos fazer concretamente para deixar resplandecer a luz do Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá” (Is 58,7-8).

Ser luz, segundo o profeta Isaías, é viver a caridade onde as carências dos irmãos devem ser vistas, ouvidas e atendidas. Olhando para a vida pública de Jesus, não percebemos outra coisa senão a caridade pura, através do perdão, da cura do corpo e da alma, do alimento, da escuta e da acolhida aos que eram marginalizados e, ao mesmo tempo, a promessa verdadeira da vida eterna.

E agora nos perguntamos: Como está nossa luz de cristãos para o mundo? Como vislumbramos entre nós o sentido, o sabor (sal) da vida em Cristo? Inicialmente Jesus nos ensina que não podemos ser sal e luz fechados em nós mesmos e para nós mesmos, como lâmpadas escondidas debaixo de nosso individualismo e egoísmo.

Devemos sim ser luz para os outros a partir da presença de Cristo em nós, pela nossa ação de amor e fervor diante das pessoas que nos rodeiam. Deixar que resplandeça o amor, pela nossa fraternidade entre os irmãos e irmãs e pelas nossas ações diante dos que precisam de nós.

Devemos ser sal do mundo, deixando que o nosso ser se preencha da alegria do Evangelho, porque os cristãos são chamados a terem presente no rosto, sempre a alegria, e nas atitudes, mesmo diante das cruzes, a força, o otimismo e os passos firmes e livres do medo de caminhar.

E quando for necessário pregar para as pessoas, que nossas palavras expressem o que somos e o que fazemos para o Senhor. Que o Espírito Santo seja o guia da nossa pregação e da nossa missão, como falou São Paulo: Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas era uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens” (1Cor 2,4-5).

Seja a nossa luz que vem de Cristo pelo nosso batismo o sinal da presença dele. Seja o nosso sal a alegria que vem da Palavra e da Eucaristia para construir a paz de Cristo no mundo a partir de onde estamos e caminhamos. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Somos sal e luz do Senhor

Se queremos ser Sal do mundo,
E a terra temperar,
Deixemos que a alegria,
E o Santo Espírito que nos contagia,
Em nós venha habitar!

Se queremos ser Luz do mundo,
Clareando a escuridão,
Deixemos que o Esplendor,
Da luz santa do Senhor,
Nos ilumine em imensidão!

Se queremos em meio às trevas,
Caminhar iluminando,
Acolhamos a força da vida,
Pela ressurreição acontecida,
E o Evangelho semeando!

Se queremos dar sabor à vida,
E seu sentido buscar,
Busquemos na Eucaristia,
A força do amor e da alegria,
Em nós a se revelar!

Sejamos o Sal e a Luz,
Sentido e iluminação,
Nas obras concretas da caridade,
Pela justiça, paz e verdade,
Caminho de libertação.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, a fonte do sal da terra e da luz do mundo, ilumine o seu caminho! ***

Apresentação do Senhor, Festa

Leituras: Ml 3,1-4; Sl 23(24); Hb 2,14-18; Lc 2,22-40

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus: luz dos povos e glória de Israel

Lc 2,22-40

Neste 4º domingo do Tempo Comum, celebramos a Festa da Apresentação do Senhor. O texto de Lucas (cf. 2,22-40) nos apresenta o primeiro ato cultual de Jesus no Templo de Jerusalém e já nos lembrando do evento pascal onde será imolado como o Cordeiro da nova aliança para concretizar a redenção da humanidade.

O texto ainda nos remete ao clima natalino quando são transcorridos quarenta dias e Maria precisa fazer a sua oferta da purificação. Como era costume no povo de Israel quem não tinha muitos recursos para oferecer um cordeiro, poderia oferecer dois pombinhos, um para o holocausto e outro para o sacrifício pelo pecado (cf. Lv 12,8). Maria e seu esposo José fazem a oferta dos pobres, cumprem a lei do seu povo como família obediente ao que Deus lhes pede como justos e verdadeiros israelitas.

O Evangelista apresenta ainda em cena mais duas figuras: Simeão e Ana. Simeão quer dizer “escutador”, aquele que estava sempre a escuta e atento aos sinais dos tempos. Ana significa “graça”. Na sua oração atenta e silenciosa encontrou Deus e a sua graça, por isso começa a falar a todos da esperança na libertação da cidade santa, Jerusalém.

Na noite do nascimento, o Verbo de Deus se manifesta a céu aberto aos pobres que estão no campo, que pastoreiam e cuidam dos rebanhos. E como Pastor supremo e divino, vem nos mostrar que o seu amor e a sua luz é para todos os homens. Na apresentação no Templo, o menino se revela também aos pobres anciãos, orantes e atentos aos sinais e a presença de Deus para nos ensinar que os de coração aberto também oferecem um culto verdadeiro onde a oração e a escuta acontecem. Também veio para os levitas, os sacerdotes que com certeza estavam presentes e ouviram o louvor e a profecia de Simeão e Ana e perceberam que aquele rito de apresentação teve algo diferente e marcante dos tantos ritos que aconteciam no Templo durante o ano.

A apresentação do Menino Jesus no Templo nos convida a nos alegrar com Simeão e Ana, com Maria e José. Somos chamados a contemplar e acolher a Luz de nosso Deus em Cristo Ressuscitado. Na Palavra saboreamos a força e a luz para o nosso caminho, na Eucaristia, tomamos nas mãos, na boca e no nosso coração o Senhor que nos sacia com o seu amor e misericórdia.

Movidos pela alegria do Evangelho, que é a Palavra viva presente em nosso meio e pela Eucaristia, nosso alimento perfeito e verdadeiro, caminhamos como velas acessas e resistentes contra os ventos da tristeza, da desesperança e das injustiças. Com a graça, a alegria e luz do Senhor, somos movidos por ele e seremos luz para o mundo, brilhando na vida dos irmãos e irmãs que precisam do amor de Deus para transformarem suas vidas em alegria e paz verdadeira e se tornarem também mensageiro do Reino de Deus.

Meditemos nas Palavras de Simeão, as quais ficaram na Igreja e que ressoam na oração de todas as noites (na oração das completas, Liturgia das Horas), rezada pelos ministros ordenados, religiosos, comunidades de vida e muitos outros cristãos: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram tua salvação, que preparastes diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel.” (Lc 2,29-32). Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Jesus, glória e luz das nações

 

Nos braços da mãe é apresentado,
O Menino Deus, luz das nações,
A família santa oferece o culto,
Oferta de amor em seus corações,
Justiça que vem a todos os povos,
Nos lábios de Simeão, suas orações.

José do silêncio e da escuta,
Cumprindo as leis que vem do Senhor,
Humilde, obediente e silencioso,
Marido simples e cheio de amor,
Pai adotivo do Filho de Deus,
Carpinteiro Santo e trabalhador.

Nos braços de Simeão santa Promessa,
Deus está conosco a caminhar,
Palavra exigente e sentido forte,
Profecia sobre o ungido a anunciar,
Visitação vinda de Nosso Senhor,
Verbo encarnado a se apresentar.

Aos olhos de Ana, o santo Menino,
Profetiza orante em realização,
Que percebe Deus no santo Templo,
Na sua vida longa e meditação,
Louva, porque Deus está conosco,
Justiça aos povos e libertação.

Olhemos no amor a Família Sagrada,
Para todos os povos modelo perfeito,
Sempre prontos a ouvir e a meditar,
Sobre a Palavra santa e seus preceitos,
Que se concretiza no Emanuel,
Deus que visita seu povo eleito.

Olhemos a Deus Santo e amado,
Apresentado para nós no santo altar,
Manifestados primeiro aos pobres,
Na noite e nos campos a iluminar,
Nos braços firmes dos anciãos orantes,
No silêncio do Templo a se revelar.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, guia das nações e glória de Israel, ilumine o seu caminho! ***

III Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

Leituras: Is 8,23b-9,3; Sl 26; 1Cor 1,10-13.17; Mt 4,12-23

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Ele está no meio de nós

Mt 4,12-23

 

Neste 3º Domingo do Tempo Comum, vamos ler o Evangelho de Mateus (cf. 4,12-23). A nossa caminhada com o Senhor continua e nós contemplamos a sua luz brilhando no mundo. Jesus Cristo é a presença concreta do Reino de Deus entre nós, pela sua mensagem de amor, pelos seus milagres e pela sua ação salvadora, através da sua compaixão, paixão, morte, ressurreição e glorificação.

O evangelista Mateus nos informa que Jesus foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e Neftali (cf. Mt 4,13). Esta região é a mesma anunciada pelo profeta Isaías ao se referir ao povo de Israel quando estava escravo e oprimido nas mãos dos assírios, por volta de 732 a.C. Por isso o profeta Isaias anuncia a esperança para aquele povo: “O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandece” (Is 9,1).

Informado o contexto no qual o Evangelista nos apresenta, podemos afirmar que a presença de Jesus na Galileia é o cumprimento daquilo que o profeta Isaías anunciou: agora chegou a salvação para o povo que andava nas trevas. Jesus é a grande luz presente no mundo, pois anuncia a conversão, cura as enfermidades e ao mesmo tempo chama colaboradores para a missão, porque ele já é a presença do Reino em nosso meio.

Neste Evangelho também constatamos o chamado de Jesus aos primeiros discípulos, Simão Pedro e André, Tiago e João. Eles estavam na pesca. Pedro e André estavam lançando as redes e Tiago e João consertavam as redes na barca. Eram trabalhadores dedicados, mas o chamado de Jesus faz com que mudem imediatamente o percurso de suas vidas e sigam agora o caminho de Jesus. Saem logo, depressa, para anunciar por toda a Galileia, porque chegou a salvação.

Faz-se necessário que todos conheçam os ensinamentos sobre o Reino. Era preciso reconhecer a força de Deus em Jesus, o Filho amado que veio visitar o seu povo. Os discípulos são os primeiros colaboradores de Cristo para que o Reino de Deus possa chegar a todo o mundo, pois a Palavra deve se espalhar pelas nações para fermentar o coração da humanidade proporcionando libertação e sentido de vida das pessoas.

O apostolo são Paulo nos ensina como sermos irmãos em Cristo: Não podemos ser elementos de divisão na comunidade, pois o poder de Deus está na comunhão e na caridade. Assim nos fala o Apóstolo: “Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós.” (1Cor 1,10).

Tanto nós, como os primeiros discípulos, somos chamados a mudar o nosso percurso, se for necessário, para seguir o caminho de Jesus. Somos convocados pelo batismo a formarmos a comunidade de amor que o Senhor deseja. Somos chamados a anunciar o Reino, pois ele está próximo de nós. Está na Eucaristia, na assembleia reunida, na Palavra partilhada, nas curas, nas ações comunitárias, na luta por justiça, fraternidade e paz.

Deus opera milagres em nossas vidas, principalmente quando vamos nos convertendo cada vez mais ao seu Evangelho. Converter-se é trazer em nossa vida os mesmos sentimentos de Cristo. Como diz a popular música do Padre Zezinho: Amar como Jesus amou / Sonhar como Jesus sonhou / Pensar como Jesus pensou / Viver como Jesus viveu / Sentir o que Jesus sentia / Sorrir como Jesus sorria”. Isso é conversão!

Em Cristo somos livres e, ao mesmo tempo, somos chamados a libertar os outros como membros da comunidade viva de Cristo, a Igreja. O mar, no sentido bíblico, simboliza os perigos e as trevas. Os discípulos saíram desta escuridão para seguir a Luz do Senhor e, seguindo esta Luz, vão vencendo os perigos que podem levá-los aos tormentos presentes no mundo. Assim somos nós, os cristãos no mundo hoje, discípulos e missionários em meio aos desafios e trevas, mas confiantes na Luz de Cristo que nos ilumina, nos da força e aponta o caminho que juntamente com os irmãos em Cristo devemos seguir.

Que o Senhor nos abençoe e nos conduza na missão evangelizadora que ele nos confiou. Que nossa missão seja concretizada no nosso testemunho e na nossa vida na experiência de discípulos missionários. Que antes de pregarmos aos outros, possamos ter a convicção de que “Deus é nossa Luz e Salvação e que ele protege a nossa vida” (cf. Sl 26). Por fim, possamos ouvir o apóstolo Paulo na sua carta aos Coríntios: não somos de grupo A ou B, mas somos membros do povo do Senhor (cf. 1Cor 1,12). Amém!

 

 

***

⇒ POESIA ⇐

Tão perto de nós, ó Senhor

Olhemos para o altar,
Para o Cordeiro imolado,
Pedimos Deus nos venha salvar,
Nos livrando do pecado.

Ouvindo o que ele nos diz,
Nutrindo nosso coração,
Pedimos que nos faça feliz,
A vivermos como irmãos.

Entrando em sua morada,
E com os irmãos encontrando,
Queremos a paz anunciada,
E no amor comungando.

Nosso Cordeiro amado,
Entregou-se em humildade,
E ao seu banquete integrados,
Vivemos a fraternidade.

Seu alimento é vida,
E a nós se ofertou
Fonte de eterna acolhida,
Pois a morte derrotou.

E a nós, os batizados,
No Espírito abrasador,
Sejamos também enviados,
Do santo e vivo amor.

E pelo o mundo em missão,
Levemos sempre a verdade,
O Evangelho em ação,
Salve toda a humanidade.

E no Batismo ardente,
Luz do Espírito que irradia,
Preencha-nos a alma e a mente,
De pura e repleta alegria.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, presença concreta do Reino de Deus entre nós, ilumine o seu caminho! ***

II Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

Leituras: Is 49,3.5-6; Sl 39(40); 1Cor 1,1-3; Jo 1,29-34

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Batizados em Cristo

Jo 1,29-34

 

Após a solenidade da Epifania e a festa do Batismo do Senhor nós entramos no tempo comum, período que contemplamos a ação do Verbo de Deus na história dos homens. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29), porque veio mergulhar em nossa realidade humana, santificou as águas e trouxe o batismo no Espírito Santo para resgatar a nossa imagem, a fim de que se assemelhe à d’Ele.

O Evangelho deste II Domingo Tempo Comum está em Jo 1,29-34, o qual nos apresenta João Batista apontando Jesus e confirmando o que ele já tinha anunciado nas suas pregações pelo deserto. João Batista também faz uma memória do acontecimento do Batismo de Jesus e a sua experiência de ter visto o Espírito Santo descer e permanecer (cf. Jo 1,33), como ouvimos na liturgia do domingo passado, na festa do Batismo do Senhor.

O profeta Isaías nos fala do Servo de Israel, que será luz das nações e que trará a salvação até os confins da terra (cf Is 49,3-6). Para nós, cristãos, Jesus é este servo, o Cordeiro que agora se entrega para salvar todos do pecado original. Ele traz a redenção e a paz para o mundo.

São Paulo, na carta aos Coríntios, dirige uma mensagem aos que encontraram em Cristo o fundamento da santidade. Os que estão em Cristo são chamados a viver os mesmos sentimentos dele (cf.1Cor 1,2-4). Por isso os batizados têm a missão de serem santos dentro das diversas realidades do mundo.

Como fermento que transforma a massa e que a faz crescer, assim são os batizados no Espírito Santo, os quais fazem crescer a força do Evangelho no mundo. Viver a santidade com os pés firmes no chão da vida e iluminando os outros para também trilharem o mesmo caminho. Por isso, devemos ouvir Deus, que sempre nos chama. Esta é a missão dos cristãos, esta é a “missão de todos nós”[1].

Não podemos viver uma espiritualidade mergulhada no isolamento e no intimismo, alheios às realidades concretas da vida as quais estamos inseridos. Onde quer que estejamos, somos chamados a dar testemunho do que vivemos. E dar testemunho sempre no meio das realidades onde estão ausentes os valores do Evangelho.

No seguimento a Cristo, somos chamados a tirar o pecado do mundo, porque ser seguidor é anunciar a justiça, é construir a fraternidade, vencer os males que afetam a realidade humana. Todas as vezes que nos reunimos para rezar, para planejar as ações de amor e de caridade estamos contribuindo para que a miséria que está no mundo seja diminuída.

Quando nos alimentamos do Corpo e do Sangue do Senhor, apresentados no altar de ação de graças e da doação do amor, somos nutridos para vivermos com perseverança e força a missão que o Senhor nos confiou. Não podemos esquecer que a apresentação do Cordeiro na Mesa da Eucaristia nos motiva a olhar para João Batista e fazermos o mesmo que ele fez: apontar para Cristo e apresenta-lo aos que ainda não o encontraram.

Olhemos para o Cordeiro que agora nos oferece um banquete fraterno e santo para nossa salvação e perguntemo-nos: somos capazes de reconhecer os nossos pecados os quais Cristo quer nos tirar? Quais são os pecados do mundo os quais estamos envolvidos? Que pecados queremos que Cristo tire do mundo, com a nossa colaboração?

São muitos os pecados os quais praticamos e que, de certa forma, podemos nomear nos dias de hoje: as injustiças sociais, a corrupção, as guerras, a opressão e a falta de acolhimento aos refugiados, as ambições, o egoísmo, o individualismo e, sobretudo, a omissão dos cristãos quando é preciso levantar a voz e defender a vida e a justiça.

Mas não esqueçamos dos tantos discípulos do Senhor (padres, bispos, diáconos, religiosos, leigos e outros) que se dedicam ao Reino com empenho através das missões nas dioceses, paróquias, nas diversas comunidades, e os missionários além fronteiras, os que se envolvem em favor da justiça, da paz e do amor. Os que semeiam com tanta fidelidade, entusiasmo e coragem a alegria do Evangelho.

Peçamos ao Espírito Divino que ilumine as nossas ações e os nossos corações para vencermos o medo e o comodismo e que nos venha a coragem de tomarmos consciência de nossos erros, os quais trazem consequências para a humanidade se distanciar da vida verdadeira. Que o Banquete do Cordeiro alimente a nossa vontade de vivermos fielmente o nosso batismo no Espírito de Deus em virtude de fazermos a experiência dos discípulos missionários neste mundo marcado por tantas controvérsias.

————

[1] Trecho da letra da música “Missão de todos nós”, de Zé Vicente. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gWj-XoDuuGc>. Acesso em: 18 jan. 2020.

 

 

***

⇒ POESIA ⇐

Ele é o nosso Cordeiro

Olhemos para o altar,
Para o Cordeiro imolado,
Pedimos Deus nos venha salvar,
Nos livrando do pecado.

Ouvindo o que ele nos diz,
Nutrindo nosso coração,
Pedimos que nos faça feliz,
A vivermos como irmãos.

Entrando em sua morada,
E com os irmãos encontrando,
Queremos a paz anunciada,
E no amor comungando.

Nosso Cordeiro amado,
Entregou-se em humildade,
E ao seu banquete integrados,
Vivemos a fraternidade.

Seu alimento é vida,
E a nós se ofertou
Fonte de eterna acolhida,
Pois a morte derrotou.

E a nós, os batizados,
No Espírito abrasador,
Sejamos também enviados,
Do santo e vivo amor.

E pelo o mundo em missão,
Levemos sempre a verdade,
O Evangelho em ação,
Salve toda a humanidade.

E no Batismo ardente,
Luz do Espírito que irradia,
Preencha-nos a alma e a mente,
De pura e repleta alegria.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, ilumine o seu caminho! ***

Batismo do Senhor, Festa

Leituras: Is 42,1-4.6-7; Sl 28-29; At 10,34-38; Mt 3,13-17

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Deus Pai nos apresenta o seu Filho amado

Mt 3,13-17

Celebramos neste Domingo a Festa do Batismo do Senhor, a qual ainda se vive dentro do ciclo do Natal (que inclui dois momentos: tempo Advento e Tempo do Natal). A partir da próxima segunda-feira, já entraremos na primeira parte do Tempo Comum, que se estenderá até a terça-feira, antes do início da Quaresma. O Tempo Comum, o Advento e a Quaresma, na liturgia do domingo, são marcados por um ciclo de leituras contínuas, quando prevalece um dos Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos ou Lucas). No Ano A caminhamos com o Evangelho segundo Mateus, no Ano B meditamos os textos de Marcos e no Ano C temos as narrações do evangelista Lucas. A cada três ano este ciclo se reinicia. Há algumas exceções em cada ano, quando se usa o Evangelho de João, isto ocorre de forma mais acentuada no ano B (Marcos)

Portanto, no primeiro Domingo do Advento do ano passado reiniciamos o ciclo, e então, estamos no ano A, meditando o evangelho de Mateus. “Cada texto do Evangelho proclamado neste Tempo, na liturgia dominical, com exceção das festas e solenidades, nos coloca no seguimento de Jesus Cristo, desde o chamamento dos discípulos até os ensinamentos a respeito dos fins dos tempos”[1].

Nesta festa do Batismo do Senhor nós temos o texto de Mt (cf. 3,13-17), que nos narra o Pai eterno, após o batismo de João Batista no Jordão, nos apresentando o seu Filho ao mundo: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado” (Mt 3,17). E nós, cristãos de hoje, caminhamos alegres porque Jesus mergulhou nas águas para tornar-se solidário a todos que estavam afogados no pecado.

João Batista, aquele que preparou os caminhos do Senhor para que a humanidade conhecesse o Filho muito amado, se assusta com a presença de Jesus para ser batizado por ele: “Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (Mt 3,14). A presença do Filho de Deus, solidário aos pecadores também se expressa para se cumprir a justiça de Deus, pois a justiça se explica na vontade do Pai em apresentar o seu Filho para recuperar a imagem perdida quando no início nossos pais perderam esta marca da semelhança à imagem divina.

Neste texto de Mateus podemos ainda refletir sobre outras realidades espirituais e marcantes na manifestação do Batismo do Senhor. “Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre ele.” (Mt 3,16). Neste versículo podemos contemplar o Céu que se abre para se unir a Terra, já não há mais distância entre Deus e o homem, pois o Filho, Deus encarnado, está presente, caminhando junto a todos para anunciar, para curar, para nos dignificar como filhos amados também e chamar os homens à redenção.

Ainda percebemos também uma presença explícita da Trindade nesta teofania (manifestação divina), podemos ver o Pai que fala, o Espírito que, numa forma de pomba, desce sobre o próprio Jesus, o Filho muito amado. É presença da comunidade divina na terra, mostrando para a humanidade que Deus ama a todos querendo o retorno à vida eterna, retorno ao Céu.

Sempre iremos nos perguntar por que Jesus, sendo santo, sendo Deus, foi receber o Batismo de João? São Máximo de Turin (380-423)[2] num de seus sermões respondeu: “Cristo foi batizado, não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las e para purificar as torrentes com o contato de seu corpo. A consagração de Cristo é, sobretudo, a consagração da água. Assim, quando o Salvador é lavado, todas as águas ficam puras para o nosso batismo; a fonte é purificada para que a graça batismal seja concedida aos povos que virão depois. Cristo nos precede no batismo para que os povos cristãos sigam confiantemente o seu exemplo.”

A profecia de Isaías se cumpre no Batismo de Jesus. Cristo é “o centro da aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,6-7).

O Batismo de Jesus deve nos reportar ao nosso batismo, pois é neste sacramento que resgatamos a imagem da beleza divina após a criação e alimentamos a esperança certa do caminho de volta ao reino eterno. É importante lembrarmos que a presença do Reino já inicia-se no aqui e no agora, quando todos nos tornamos fraternos, lutamos pela justiça e somos solidários na nossa caminhada de fé, e como sal e luz do mundo, promovemos a paz, o valor e o sentido da vida e proclamamos a alegria do Evangelho.

Peçamos a força do Espírito Santo para que tenhamos perseverança na vivência do nosso testemunho de batizados e que assumamos a missão de anunciar com firmeza e unção como Pedro nos falou nos Atos do Apóstolos: “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele” (At 10,38b). Deus está conosco, na nossa vida de família, nosso ministério à Igreja, nas nossas comunidades, grupos da pastorais sociais, na luta pela justiça e no cuidado com a criação de Deus. Ele nos conduz em cada momento e em cada situação que encontramos nos cominhos desta vida. Amém.

————

[1] Diretório da Liturgia, ano A, CNBB, 2013.

[2] Liturgia das Horas, ofício das leituras, sexta-feira após a Epifania.

.

.

 

***

⇒ POESIA ⇐

O Filho amado

O Pai nos apresenta o Filho,
Aquele que se uniu à humanidade
Que se tornou um de nós em fraternidade,
Numa presença santa e de alegria,
Humilde, cheia de paz e harmonia,
Justiça divina e solidariedade.

O Pai nos dá o Filho,
Para se tornar nosso alimento,
Deus amigo em todos os nossos momentos,
Para cativar-nos ao seu amor,
Nas águas do Jordão, o santificador,
Livra-nos do pecado e seus tormentos.

O Pai nos envia o Filho,
Para ser o divino missionário,
Visitando-nos e a nós sendo solidário,
Promovendo a vida e seu sentido,
Contempla nosso caminho percorrido,
E do seu reino nos faz operários.

O Pai nos mostra o Espírito,
Para nos santificar e nos iluminar,
Conduzindo por onde a gente caminhar,
Numa inspiração do divino Amor,
Fortaleza, sabedoria, purificador,
Fazendo-nos povo novo a anunciar.

O Filho, é o eterno amado,
Deus, humano belo e perfeito,
O Cordeiro, o Servo, o Eleito.
E o Pai é a fonte do eterno amor,
Fiel à aliança, nos dá o Salvador,
Sua misericórdia, é nosso direito.

E nós filhos, por Deus, amados,
Ele que veio a nos encontrar.
Para na sua fonte nos batizar.
Purificando-nos do pecado primeiro,
Tratando-nos como amigos e herdeiros,
E nos convida para com ele morar.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

Solenidade da Epifania

Leituras: Is 60,1-6; Sl 71(72); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Os magos do Oriente são atraídos pela Luz do Senhor

Mt 2,1-12

Celebramos neste domingo a Solenidade da Epifania do Senhor. Epifania significa a manifestação do amor infinito e misericordioso de Deus, a todos os povos e nações. Esta liturgia nos traz o texto de Mateus (cf. 2,1-12), o qual nos narra o nascimento de Jesus em Belém. O evangelista nos situa dentro do reinado de Herodes, chamado de O Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o menino (cf. Mt 2,3). Os especialistas nas escrituras (mestres da lei) localizam o texto do profeta Miqueias (cf. 5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém.

Em cena aparecem também os magos do Oriente que estão curiosos, não têm as Escrituras para decifrarem sobre o nascimento de Jesus, mas querem chegar até ele (cf. Mt 2,2). Herodes quer usar os magos para chegar até o Menino, mas não consegue, de modo que eles, avisados em sonho, voltam por outro caminho, nessa grande jornada de busca e de visita ao Messias (cf. Mt 2,12).

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. Em primeiro lugar a interpretação teológica nos ensina que os magos representam os gentios que, em sua diversidade étnica, buscam e acolhem a salvação universal de Deus em Jesus Cristo.

Ir ao encontro do Menino significa a busca dos que querem encontrar-se com Deus. O texto de Mateus nos ensina que a Salvação em Cristo é para todos os homens, como nos fala São Paulo na sua carta aos efésios: “os pagãos são admitidos na mesma herança, são do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.” (Ef 3,6).

Um segundo ensinamento sobre a visita dos magos, são as ofertas feitas por eles: ouro, símbolo da realeza de Cristo; incenso, a sua divindade; e mirra, que pode ser lida em dois sentidos: (1) que Jesus veio para aliviar as dores dos pobres e (2) a sua unção no túmulo, no corpo (natureza humana), a incorruptibilidade do seu corpo que culmina na Ressurreição. Antes mesmo das ofertas, os magos se ajoelham diante do Menino e o adoram (cf. Mt 2,12).

Lemos neste texto de Mateus que os magos, ao serem seguidos pela estrela, sentem uma grande alegria, e após visitarem Jesus, retornaram para sua terra, seguindo outro caminho (cf. Mt 2,10.12). Isto significa que aqueles que caminham para Deus e o encontram, são transformados pela alegria e pela conversão e por isso seguem novos caminhos em suas vidas.

Portanto, a liturgia da Epifania do Senhor deve nos levar a meditar que precisamos constantemente ir ao encontro de Jesus para nos alegrar e nos renovar, na nossa caminhada, para seguirmos novos caminhos e avançarmos na vida de discípulos amados por ele. O nosso encontro deve ser de louvor, adoração e marcado pela alegria que nos pode proporcionar nesta busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: o que temos para oferecer a Deus? Que dons podemos colocar a serviço do Reino? Que alegria nos motiva a ir ao encontro do Senhor?

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro para que percorramos um ano novo, cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual e humano, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus para encontrarem novos caminhos e novas realidades em suas vidas. Por fim, rezemos com o salmo 72: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor.” (Sl 72/71).

.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Caminhar em busca do Menino

Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do Oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.

O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.

Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Pois o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, Menino Deus, adorado pelos povos do Oriente, ilumine o seu caminho! ***

Festa da Sagrada Família, Jesus, Maria e José

Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 128(127); Col 3,12-21; Mt 2,13-15.19-23

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Família Sagrada: testemunho de amor em meio aos desafios da vida

Mt 2,13-15.19-23

Celebramos neste domingo a Festa da Sagrada Família. Dentro do clima do tempo do Natal, Jesus, Maria e José nos ajudam a entendermos o sentido mais profundo da encarnação do Verbo de Deus.

O Evangelho para esta liturgia é de Mateus (cf. 2,13-15.19-23). Este texto narra a fuga de José com Maria e Jesus, para o Egito, depois, o retorno a Israel e, num terceiro momento, a ida da Sagrada Família a Nazaré, para lá morar. A narração de Mateus coloca o anjo de Deus o qual aparece três vezes a José nos momentos de fuga, de retorno a Israel e da decisão da Sagrada Família morar em Nazaré.

Através deste texto de Mateus podemos aprender que o verdadeiro Natal de Jesus não foi uma realidade tão tranquila como muitas vezes nós imaginamos. Jesus já nasceu sendo rejeitado pela humanidade. Seus pais nutrícios, Maria e José, não foram acolhidos em Belém, não havia lugar para hospedagem (Lc 2,7b), pois isso, nasceu nos arredores da cidade, num curral, foi colocado numa manjedoura (recipiente que se coloca comida para gado ou cavalos) e somente os pastores, pessoas sem prestígio social, inicialmente, souberam do acontecido. Depois, o Menino Deus, foi perseguido pelas autoridades, teve que fugir para o Egito, com seu e pai e sua mãe, ficando longe da perseguição de Herodes.

Esta história de Jesus nos lembra também Moisés que foi colocado no rio (cf Ex, 2,1-10), foi preservado da morte e se tornou o libertador de Israel. Jesus é o novo Moisés que, quando criança, também se livrou da morte e se tornou o libertador do povo da nova aliança. Ele veio ficar junto dos pobres, restaurar a dignidade das pessoas, veio transformar a vida dos sofredores, curar os doentes, e a muitos converteu, anunciou e trouxe a salvação a todos os homens.

Toda a vida de infância de Jesus foi no seio da família, na casa santa de Nazaré, vivendo a obediência, no amor e na união com seus pais. Maria e José se mantiveram sempre unidos, mesmo em meio as grandes dificuldades que as envolveram, nas fugas da morte, na vida de seu lar, no trabalho, pois havia o amor perfeito deste casal, a harmonia e o cuidado em viver segundo a vontade de Deus.

O livro do Eclesiástico nos traz grandes orientações espirituais para que a família possa viver a santidade: “Aquele que respeita o pai obtém o perdão dos pecados, o que honra sua mãe é como quem ajunta um tesouro.” (Eclo 3,3-4).

Numa sociedade em que se percebe a fragilidade da estrutura e dos valores da família, é muito importante vislumbrar a importância que devemos dar ao amor e atenção, aos conselhos e as experiências de quem dedicou a sua vida aos filhos.

Quanto ao cuidado aos pais na velhice e o carinho, nas suas limitações, nem sempre é uma realidade nas atitudes dos filhos no mundo de hoje. São Paulo, na Carta aos Colossenses, aconselha que sejamos revestidos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência… (cf. Cl 3,12). Esta veste da qual nos fala São Paulo é exatamente necessária para que se cuide de forma humana dos idosos, dos enfermos e dos mais frágeis, com suas limitações físicas e psicológicas.

Os pais, por sua vez, também tem a missão de serem referencial de amor, de acolhimento e de maturidade, primeiramente com o testemunho do cuidado e da proteção aos filhos no que se refere à educação, à vida de oração, ao convívio social e a outras dimensões da existência humana.

Não devemos esquecer que as chagas da sociedade são consequências de certa displicência, no cuidado, na presença e na formação junto às crianças, adolescentes e jovens. Há a necessidade de presença, de amor, de acolhimento e de compreensão por parte dos pais e cuidadores, pois se trata da missão própria de quem respondeu a Deus o chamado de gerar ou cuidar e ajudar na formação de pessoas nas etapas de desenvolvimento de sua vida.

Rezemos pedindo à Sagrada Família que ajude a tantas famílias, migrantes pelo mundo, refugiados, fugindo da morte, da fome, das guerras, que não tem casas, que falta emprego, comida, justiça e paz. Peçamos a Jesus, Maria e José, que ajude os lares a se tornarem um ambiente de fraternidade, de amor, de escuta, de oração, acolhimento e compreensão. Família, uma Igreja doméstica que viva a missão de semear paz e a perseverança, dentro e fora da casa, mesmo que venham tantas dificuldades e desafios próprios desta vocação suscitada por Deus. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

A família santa de Nazaré

Mãe que escuta e a Deus se entrega,
Para viver um plano de amor exigente,
Que questiona, porém consente,
O peso da imensa missão,
Meditando no seu coração,
O amor de Deus e de sua gente.

Pai terreno e obediente ao Pai do Céu,
Discreto no seu silêncio orante,
Que nas dúvidas segue avante,
Ao anjo em sonho escutou,
E firmemente acreditou,
Postura de homem Santo suplicante.

Filho, Deus que desce a este mundo,
Presente no meio da multidão,
Rosto de Misericórdia e perdão,
Que traz aos homens a esperança,
A vida eterna como herança,
Ressuscita e nos dá a ressurreição.

Família, modelo para chegarmos ao Céu,
Santa desde a sua fundação,
Referência para cada lar cristão,
Conduz-nos a evangelizar,
Fazendo-nos firmemente acreditar,
Que o Reino se constrói pela missão.

E agora pedimos um auxílio santificador,
Para construirmos uma Igreja em nosso lar,
E ao mundo podermos testemunhar,
Uma vida de cuidado e comunhão,
Marcada pela evangelização,
Para as chagas do mundo poder curar.

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, refugiado pequenino no Egito, ilumine o seu caminho! ***

IV Domingo do Advento, Ano A, São Mateus

Leituras: Is 7,10-14; Sl 23(24); Rm 1,1-7; Mt 1,18-24

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Ele está conosco, Ele é nossa salvação

Mt 1,18-24

Na liturgia da Palavra do IV domingo do Advento temos como figuras centrais Maria e José. Eles deram a resposta a Deus em favor da salvação do mundo, quando disseram sim diante do chamado que veio do Céu.

Maria, diante do anjo de Deus, tentou compreender como tudo aconteceria, se ela não convivia com homem algum (cf. Lc 1,34). José, sabendo da gravidez de Maria e não querendo denunciá-la queria abandoná-la em segredo, mas o anjo de Deus lhe encoraja a não deixar sua esposa, porque está nos planos de Deus aquele acontecimento e não nos planos humanos (cf. Mt 1,19-21).

José desperta para o projeto divino e também diz sim (cf. Mt 1,24). Sua esposa gerou no ventre o Verbo que veio comunicar o amor misericordioso de Deus. Esta promessa já era antiga, pois está na primeira leitura, retirada da profecia de Isaías: “Eis que uma virgem conceberá dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14).

Deus virá visitar o seu povo para lhe trazer a salvação. Não é necessário mais o intermédio dos profetas, ele ficará conosco, ele próprio vem trazer a redenção do homem, como homem perfeito. José e Maria, figuras principais do presépio, depois de Jesus, foram os acolhedores do Senhor que veio habitar no nosso meio.

José e Maria trouxeram Jesus para nós pela obediência e escuta a Deus. Por causa deles, Cristo está em nosso meio. Jesus está conosco na sua Palavra, na Eucaristia, na assembleia reunida, na simplicidade e na caridade aos irmãos. O Natal é a prova concreta de que Deus veio ficar conosco. A missão de Jesus foi curar as pessoas de suas doenças, fazer os cegos recuperarem a vista, os paralíticos andarem, limpar os leprosos, os surdos ouvirem, os mortos ressuscitarem e os pobres serem evangelizados para poderem entender a vontade de Deus (cf. Mt 11,5).

Precisamos aprender de José e Maria a escuta e a obediência, no silêncio de Deus e no nosso. Os barulhos impedem de escutarmos Deus. Quando lamentamos muito, sem uma reflexão dos significados das situações, há uma dificuldade de entender a vontade divina. Não há, portanto, espaço para Deus falar e agir. José e Maria, inicialmente, tiveram dificuldade de entender o que Deus queria, mas foi pela escuta atenta, pela fé, pelo silêncio e pela obediência que eles se entregaram de forma total ao projeto do Reino.

De Maria aprendemos o dialogar com Deus, perguntar e ficarmos dispostos a ouvir o que ele quer nos falar e nos propor. De José apreendemos a escuta silenciosa e obediente pela fé. Como José, no silêncio e na escuta, e totalmente entregues a proposta desconhecida e incomum de Deus, somos chamados a seguir a orientação que o Senhor nos dá.

Escutar a voz de Deus através das circunstâncias, acontecimentos e pessoas é talvez o grande desafio dos cristãos. O nosso mundo de barulhos e conceitos predefinidos, muitas vezes nos deixam indecisos e marcados pelo medo. Em alguns momentos queremos abandonar a nossa missão, mas o anjo de Deus vem e nos comunica o que ele quer de nós e nos orienta como devemos fazer.

Deus caminha conosco, seu nome é Jesus (Deus salva), ele é Emanuel (Deus conosco). O mundo precisa ser salvo do mal das corrupções, da violência, da falta de comunhão. A luz da salvação deve invadir o nosso coração no lugar das imensas árvores do império do dinheiro e das riquezas materiais que tentam as pessoas a comprarem sem necessidades.

Precisamos reacender o verdadeiro sentido do Natal para que deixemos o menino Jesus nascer em nossas casas, em nossas redes sociais. É preciso deixar de novo que a manjedoura de Belém nos ensine sobre a simplicidade de Deus. Jesus quer nascer em nossos corações, em nosso agir e em nossa missão para que a estrela da noite dos pastores ilumine o mundo. Faz-se necessário colocar a Sagrada Família no centro de nosso lar e de nossa vida.

São Paulo nos exorta dizendo: É por ele (Cristo) que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé a todos os povos pagãos, para a glória de Deus. Entre esses povos estais também vós, chamados a ser discípulos de Jesus Cristo (cf. Rm 1,5-6). Em meio a tantas distorções do verdadeiro sentido do Natal, precisamos apresentar para o mundo o testemunho da verdadeira festa da encarnação do Verbo de Deus através do nosso discipulado.

***

⇒ POESIA ⇐

O Sim de José

Contemplemos o sim de José,
Que no silêncio respondeu,
Ao chamado do Altíssimo,
A Deus Pai obedeceu,
Foi firme e perseverou,
A Maria muito amou,
E a ela engrandeceu.

José do sim no silêncio,
Homem santo e obediente,
Despertou para o plano divino,
Foi fiel ao Onipotente,
Ao anjo soube escutar,
Só rezando e sem falar,
Calou e seguiu em frente.

Contemplou os sinais do Céu,
Ao lado da sua amada,
Acolheu a Deus criança,
E seguiu a caminhada,
Foi firme e foi fiel,
Adotando o Emanuel,
Foi sua vida abençoada.

Deus veio morar conosco,
Pra trazer a salvação,
Mostrou-nos o amor do Pai,
Seu amor é libertação,
Um Deus humano e divino,
Nos trazendo o destino,
Que é a nossa redenção.

Deus está sempre conosco,
Em todos os nossos momentos,
Nos chamando e enviando,
Dando força e sustento,
E o silêncio de José,
Ensina o caminho da fé,
Quando nos vem os tormentos.

E Maria, mãe do Céu,
Que a Deus se entregou,
Viveu com seu santo esposo,
e com carinho o cuidou,
Os dois viveram a esperança,
Fiéis ao Deus da Aliança,
Que o profeta anunciou.

Seja a Sagrada Família,
O auxílio em nossos dias,
Ensina-nos a obediência,
Pela fé e alegria,
Maria Sacrário Santo,
E José com o seu manto,
Sejam nossa companhia.

Do Altar da Eucaristia,
Jesus vem nos encontrar,
Ele é Pão da união,
Que quer nos alimentar,
Sua Palavra é forte,
Nos tira o medo da morte,
Quando estamos a lutar.

Este é o nosso Deus,
Que não nos deixa sozinhos,
Quer sempre está com a gente,
Ele quer ficar pertinho,
Faz conosco a caminhada,
Quer os pés firmes na estrada,
Mesmo que haja espinhos.

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, filho nutrício de São José, ilumine o seu caminho! ***