Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, Festa

 

Leituras: Eclo 3,3-7,14-17a; Sl 128(127); Cl 3,12-21; Lc 2,22-40

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Sagrada Família nos Ensina sobre a Santidade do Lar

Lc 2,22-40

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da festa da Sagrada Família nos mantém no aprofundamento da encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,22-40.

Neste Domingo da Oitava do Natal, nós contemplamos a ida da Sagrada Família ao Templo para a apresentação do menino Jesus. Outros personagens entram na narração: o velho Simeão, que era justo e piedoso, e a profetisa Ana, que já era idosa e ficava dia e noite no Templo pela escuta do Senhor na oração.

O evangelista Lucas nos mostra que Maria e José mantém viva a tradição do então povo escolhido. Eles também trazem os dois pombinhos, a oferta dos mais simples, como a Família de Nazaré.

Outro momento importante desta narração é a presença do velho Simeão, que representa o povo de Israel e a esperada vinda do Salvador. Jesus, nos braços de Simeão, é acolhido pelos judeus que acolheram Jesus como o Cristo, portador da redenção e da esperança.

O coração de Simeão fica alegre por ter visto o Redentor. Na sua profecia as consequências do anúncio que Jesus iria proclamar durante a sua vida terrena, sendo sinal de queda e reerguimento de muitos, além de profetizar que uma espada traspassará a alma da Virgem (cf. Lc 2,34-35). Cristo trará uma mensagem de amor, mas, ao mesmo tempo, denunciará a divisão provocada por aqueles que ignoram a Boa-Nova do Reino e que alimentam a hipocrisia e a opressão contra os pobres.

Já a profetisa Ana louvou a realização da promessa de Deus. Ambos, Maria, José, Simeão e Ana representam o povo de Israel que acolhem o Salvador. Cristo nasce e reina em suas vidas. A eles é dada a missão de proclamar que o Salvador está presente no mundo e que todos devem adorar e escutar a sua voz.

A experiência de sintonia e esperança em Deus fazem com que Simeão e Ana percebem que a criança apresentada não é um recém-nascido comum, mas Deus que se fez carne e veio morar entre nós. O testemunho destes dois personagens santos também nos lembra os padrinhos quando na hora do batismo das crianças recebem em seus braços o afilhado e o apresenta à comunidade de fé.

São Paulo VI[1] nos indica três lições da Família de Nazaré: a primeira é sobre o silêncio o qual faz escutarmos Deus no recolhimento, na meditação e na oração silenciosa; a segunda é sobre a vida familiar e o respeito entre os cônjuges, com e entre os filhos, o exercício do perdão, da harmonia e do zelo pela santidade do matrimônio, exatamente como nos fala a sabedoria do Eclesiástico na primeira leitura desta Liturgia; a última lição é sobre o trabalho, que foi presença no cotidiano de Maria e José, que era carpinteiro e artista e vivia de seu trabalho, como uma atividade de dignidade e não como busca de acúmulo de riquezas.

A família santa nos ensina como construir um lar inspirado no exemplo da casa de Nazaré. Também esse é nosso chamamento. Peçamos ao Espírito Santo que ilumine todas as nossas famílias, para que sejam verdadeiros lugares da presença de Cristo, na santidade e na alegria entre pai, mãe e filhos.

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[1] Liturgia das horas, Domingo dentro da oitava de Natal, Festa da Sagrada Família, p. 382, Vozes, 1999.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Os Ensinamentos da Família Santa

 

Na obediência humana e divina,
Caminha a família santa a nos ensinar,
Carrega nos braços Deus Menino,
Que veio nos resgatar,
Ao Templo santo vem oferecer,
Aquela oferta que deve ser,
Sinal da simplicidade em tudo dar.

A Família Santa nos ensina,
Que silêncio é a melhor atitude,
Para que o lar seja espaço santo,
Presença divina em plenitude,
Lugar de amor e oração,
Da escuta e da contemplação,
O céu na terra e a infinitude.

A Família Santa ensina,
Sobre a vida familiar,
No convívio puro de esposo e esposa,
Que tanto tem a nos ensinar,
No respeito à vida na castidade,
Na obediência e na fraternidade,
No carinho santo a se propagar.

A Família Santa também nos ensina,
Sobre o trabalho e seu valor,
Ação digna que nos faz bem,
Que fez também nosso criador,
Por que a vida é pra ser vivida,
E nossas lutas bem assumidas,
Com paz, justiça e puro amor.

Que a mesa santa traga o alimento,
Para o testemunho de alegria,
De um banquete cheio de união,
Na caminhada de cada dia,
Que o diálogo esteja presente,
E o perdão nunca ausente,
Que seja verdade, a harmonia.

***

 

 

*** Que a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que nos deixa lições valiosas sobre a santidade do lar, ilumine o seu caminho! ***

 

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Solenidade

 

Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14

Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18

 

⇒ HOMILIA ⇐

E Deus veio morar conosco

Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18

 

Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia do Natal nos convidam a mergulhar no mistério da encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais.

Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando mais fraternidade e dignidade. Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor reina nos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas.

O evangelista Lucas, na Liturgia da Noite de Natal, nos apresenta a caminhada dura, entre as montanhas, que Maria e José fazem até Belém para participarem de um recenseamento. Nos arredores de Belém, próximo aos campos dos pastores, envolvido em faixas e deitado numa manjedoura (cf. Lc 2,12), nasce o nosso Salvador, nosso Pastor, portador da paz, da justiça e da misericórdia de Deus Pai.

Os primeiros a receberem a notícia são os pobres, distantes dos poderes humanos. Os homens de poder esperavam um messias equipado com poderoso exército. Mas a pedagogia de Deus proporciona a sua vinda como uma criança que nasce numa família simples – Maria e José – e pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto.

Já a Liturgia do Dia de Natal, com o texto do evangelista João, nos apresenta a divindade do Menino Deus que nasceu em Belém entre os pastores e sob a luz das estrelas entre as montanhas da Judeia. De acordo com o evangelista João, este recém-nascido é a encarnação de Deus e já existia antes desde o princípio da Criação. Agora, Deus mostra sua face, trazendo-nos a paz, seu amor e a salvação.

O nascido de Maria é o anunciado por Isaías na primeira leitura: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e que quer a salvação para todos. Para isso, basta que estes acolham a sua Palavra e respondam ao seu chamado para anunciar o Reino.

Jesus nasce na noite para dizer que ele é Luz. Os pastores foram os primeiros a sentir a realização da profecia de Isaías, pois “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1).

Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. E então vivemos o verdadeiro Natal também quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo.

Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal de Cristo, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos.

Que Espírito Santo nos ilumine e nos faça cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai que veio assumir a natureza humana para resgatar a humanidade. Jesus Cristo é Deus conosco.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

Deus Nasce entre os Pequenos

 

Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.

Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.

Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a entoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.

O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.

E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.

***

 

 

*** Que a Luz do Salvador, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo do Tempo do Advento, Ano B, São Marcos

 

Leituras: 2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16; Sl 89(88); Rm 16,25-27; Lc 1,26-38

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Corações Abertos para o Cristo que Vem

Lc 1,26-38

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo do Advento nos motiva, a exemplo da Virgem, a dizer um sim em atitude de entrega. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,26-38.

Já envolvidos pelo clima natalino, e a exemplo da Virgem, somos convidados a escutar Deus que nos traz a sua mensagem de esperança e de alegria e nos anuncia a chegada daquele que nos trará a Salvação.

E o Evangelho desta Liturgia, nós vemos que Deus envia um mensageiro à Virgem e as primeiras palavras do Anjo são: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28). Como deve ter ficado o coração de Maria?

Deus quer realizar suas promessas através da resposta de uma mulher virgem e já noiva de um homem justo chamado José, que também nos ensina sobre o silêncio, a obediência e a escuta.

Quantas mulheres esperavam esta dádiva, este presente, que Deus podia oferecer à descendência de Davi? “Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus” (Lc 1,30), disse o Anjo. Diante da mensagem de Deus não poderá haver medo, somente a meditação, a escuta e entrega à voz do Anjo que explica como tudo irá acontecer. Mesmo diante da escuta atenta e do silêncio sereno, Maria questiona, não com rebeldia, mas no sentido de dialogar sobre aquela novidade divina em sua vida: “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?” (Lc 1,34).

Disse o Anjo: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus.” (Lc 1,35). Neste momento a Virgem completa o seu entendimento sobre o plano que Deus está lhe propondo: oferecer o seu ventre para que Deus possa operar as maravilhas da salvação em favor da humanidade através da sua encarnação. “Eis a serva do Senhor” (Lc 1,38) é a grande resposta de amor e de obediência. E “faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38) é a entrega total para que Deus realize a sua obra salvífica não somente para a pessoa de Maria, mas para toda a humanidade que esperava a chegada do Messias.

Jesus nasce longe dos palácios! Nasce em Belém, entre os pobres e os animais. Isso nos diz que a sua Palavra tem que habitar fora dos poderes humanos. E o Evangelho deve ir aos que precisam de amor, paz e dignidade e combater as várias formas de violência e morte impostas aos pobres. A Boa-Nova de Deus deve nascer e reinar para que a vida e a alegria aconteçam no coração dos homens.

Que o Espírito Santo nos cubra com sua sombra para nos proteger, nos iluminar com seus dons para que façamos a vontade de Deus. E que neste Natal do Senhor possamos viver mais intensamente a oração e a escuta da Palavra num clima de alegria e de fraternidade onde o amor seja cada vez mais forte entre os nossos irmãos e irmãs que se preparam para celebrar o divino encontro de Deus com todos os homens.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Escuta e Obediência

 

Na simplicidade no meio dos homens,
Deus vem ao mundo para nos salvar,
Mostrar seu rosto igual ao nosso,
Porque conosco quer caminhar,
Traz alegria e claridade,
Justiça e paz à humanidade,
No nosso meio vem habitar.

O mensageiro visita uma Virgem,
Traz um recado do criador
Traz a alegria que vem do alto,
Do Deus da vida e de imenso amor,
Uma mensagem que tira o medo,
E revelando divino segredo,
Pois a nós virá o Salvador.

E o Santo Espírito fará a obra,
Com sua sombra vai proteger,
Não faltará proteção e graça,
Pois o Santo Menino irá nascer,
Filho de Deus será chamado,
Verbo divino no mundo encarnado,
Para um novo Reino acontecer.

A Virgem Santa se entregará,
Dizendo sim ao Deus da vida,
Na obediência da santa Palavra,
Na escuta atenta e refletida,
Sim à proposta e ao chamado,
Do Deus que ama e é amado,
E quer a humanidade toda redimida.

E neste mundo que agora estamos,
Somos a Igreja engravidada,
Da justiça e da esperança,
Para que a vida seja respeitada,
Para que as crianças recém-nascidas,
Sejam amadas e acolhidas,
E no amor de Deus encaminhadas.

E nas luzes que brilham em tantos lugares,
Possa lembrar nosso Deus de amor,
E entre os homens a fraternidade,
Que vem do alto com esplendor,
E os cristãos tochas brilhantes,
E qualquer lugar e a todo instante,
Sendo presença do Salvador.

 

***

 

 

*** Que a Alegria e a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que, como seu exemplo, nos motiva a dizer um sim em atitude de entrega ensina a viver a certeza alegre da encarnação de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo do Tempo do Advento (Gaudete), Ano B, São Marcos

 

Leituras: Is 61,1-2a.10-11; Sl Lc 1,46ss; 1Ts 5,16-24; Jo 1,6-8.19-28

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Alegria no Senhor é para Sempre

Jo 1,6-8.19-28

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do III Domingo do Advento (Domingo da Alegria) nos motiva a viver a alegria da certeza da encarnação do Verbo. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 1,6-8.19-28.

E a alegria que a Igreja nos fala está além das sensações e dos propósitos humanos, como nos descreve Isaías: “Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça” (Is 61,10). Também João Batista expressa a expectativa de alegria para o povo: Aquele que virá é maior, pois é o Ungido que o profeta Isaías nos falou na primeira leitura. A alegria que o Messias irá trazer “é a boa nova aos pobres, é a cura aos quebrantados de coração e a proclamação da liberdade aos cativos… o tempo da graça do Senhor” (Is 61,1-2).

De Deus vem a nossa verdadeira alegria como também o seu amor para a nossa salvação. Sendo que é aqui, como peregrinos, que somos chamados a buscar nossa realização de filhos para a alegria verdadeira. Uma alegria que é diversa do paradoxo do mundo, que a uns incentiva o acúmulo de bens e a outros o consumo desenfreado de bens. A caminhada peregrina é muitas vezes de dores, tristezas e sofrimentos, mas no Senhor somos felizes porque encontramos o refrigério da serenidade e da misericórdia.

A comunidade reunida em torno da Palavra e da Ceia é o testemunho da alegria, quando estamos juntos diante do Altar do Senhor e quando apresentamos para o mundo o nosso jeito de ser, somos “a voz que grita no deserto da vida, contra tudo que entortou o caminho do Senhor”[1] nas realidades tristes dos homens de hoje onde a santa alegria se faz ausente.

Para que sejamos luz do mundo, precisamos acolher a presença da luz de Cristo. Devemos reconhecer que o Natal é a aceitação da luz que veio nascer e reinar em nossas vidas e pela sua iluminação divina trazer-nos a alegria verdadeira.

Não são as luzes das lojas e das ruas que representam o nascimento do Salvador e nos trazem a alegria, mas as luzes dos presépios, como também as velas acesas nas novenas de Natal, quando partilhamos a Palavra e a Paz de Cristo.

É a luz do nosso testemunho, das nossas motivações missionárias que deverão iluminar quem está próximo de nós, o ambiente humano e eclesial para celebrarmos a presença de Cristo, que nos traz a Salvação e a Paz.

Por fim, é São Paulo quem nos orienta para este Domingo Gaudete (que quer dizer Alegrai-vos). Diz o Apóstolo Paulo: “Alegrai-vos sempre, orai sem cessar. Por tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus. Não extingais o Espírito.” (1Ts 5,16-19). Pois é pela alegria e oração constantes que nos realizamos plenamente como filhos e filhas de Deus, que nos ama fielmente. Como gratidão devemos dirigir nossos júbilos e louvores a Deus, que é amor, que é justiça, que é misericórdia. Deixemos que o Espírito Santo seja nossa alegria com o seu fogo abrasador.

***

[1] Jesus veio nos indicar os caminhos do reino: Roteiros homiléticos do Tempo do Advento-Natal – Tempo Comum, Ano B, novembro de 2014/fevereiro de 2015, CNBB. p. 32.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

A Verdadeira Alegria

 

A verdadeira alegria
Vem sempre do Senhor,
Que completamente nos realiza,
Com seu eterno e perfeito amor,
Ele é o caminho certo,
À nossa vida sempre aberto,
Percurso santificador.

A verdadeira alegria
É plena de pura perfeição,
Preenche-nos totalmente,
Desnecessária complementação,
Sua Palavra é o alimento,
Seu corpo também é sustento,
Para a santificação.

A verdadeira alegria
Vem do fogo abrasador,
Do Espírito Santo em nós,
Com sua força e amor,
Trazendo a forte união,
Dos que se reúnem em oração,
Como povo do Senhor.

A verdadeira alegria,
É a certeza da salvação,
Que vem da voz do profeta,
Na sua forte pregação,
Pelos nossos desertos,
Levando-nos aos rumos certos,
Através da conversão.

A verdadeira alegria,
Devemos também proclamar,
Pelo nosso testemunho,
Para o mundo contemplar,
Ao Senhor que nos conduz,
Ele é a verdadeira luz
E que vem para nos salvar.

 

***

 

 

*** Que a Alegria e a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que, como seu exemplo, nos ensina a viver a certeza alegre da encarnação de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo do Tempo do Advento, Ano B, São Marcos

 

Leituras: Is 40,1-5.9-11; Sl 85(84); 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8

⇒ HOMILIA ⇐

O Senhor Vem para Endireitar nossos Caminhos

Mc 1,1-8

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do II Domingo do Advento nos motiva a receber Jesus para endireitar nossos caminhos e nossas relações humanas. O Evangelho deste Domingo está em Mc 1,1-8.

Nesta Liturgia, a Igreja nos apresenta os primeiros versículos do Evangelho segundo Marcos, dizendo: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). Parece óbvio começar um livro com esta expressão, mas não é por acaso o termo “princípio” e a designação “Jesus Cristo, Filho de Deus”.

O termo “princípio” quer destacar que até o momento da escrita do Evangelho de Marcos, o testemunho sobre a experiência do seguimento a Jesus e o conhecimento da sua pessoa e da sua história era apenas oral.

Já a designação “Jesus Cristo, Filho de Deus” aponta para além do homem filho de Maria e de José. Trata-se de uma compreensão mais profunda de Jesus, pois a palavra Cristo é um título que só é plenamente compreendido após a experiência da Cruz e da Ressurreição.

O evangelista nos mostra que Jesus é verdadeiramente o Filho muito amado, desde o princípio (cf. Jo 1,1). Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem (cf. CIgC 464-469), por isso nos traz a salvação e nos mostra a face misericordiosa de Deus.

Como último profeta antes de Jesus, João Batista tinha a compreensão de que o Jovem Galileu era o enviado do Pai. Dizia João Batista, “depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.” (Mc 1,7). Em função disso o Batista não se sente digno nem de se aproximar, porque o batismo de Jesus será com fogo[1] do Espírito Santo. Jesus é o prometido por Isaías quando o povo estava cativo na Babilônia (cf. Is 40,1-11). Ao ler Isaías, Marcos diz que João Batista irá preparar a chegada do Ungido de Deus. É preciso que o povo se prepare, busque a conversão e faça penitência para acolhê-lo. Faz-se necessário ir ao deserto, longe dos poderes, para escutar a voz profética, endireitar-se e reconhecer o Cristo de Deus.

Hoje é a Igreja, Corpo Místico de Cristo, a mensageira da segunda vinda, em nossa vida e na do mundo. Ao mesmo tempo, devemos ser como João Batista: preparar o mundo para celebrar o Natal como festa da encarnação de Deus e não como um momento que pouco recorda aquele que, como adulto, diria “Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa” (Lc 19,5). Para isso, é importante a Novena de Natal, a participação assídua e atenta nas Liturgias, a vivência da espiritualidade da espera alegre do Senhor, que quer renascer e reinar em nossa vida.

Cristo quer endireitar nossos caminhos, às vezes tortuosos. Ele quer fazer nova nossa vida (cf. Ap 21,5), nossas relações que, frequentemente, estão desgastadas pela displicência, pelo egoísmo. Como refrigério para as feridas humanas, Jesus nos oferece a vigilância do Bom Pastor (cf. Jo 10,1-21) e o altruísmo do Bom Samaritano (cf. Lc 10,29-37).

Peçamos a Nossa Senhora a virtude da esperança, que perseverou em silêncio (na carne e no espírito) a espera da encarnação do Verbo. A exemplo da Virgem, esperamos “novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça” (2Pd 3,13).

***

[1] Expressão usada pelo evangelista Mateus (cf. 3,11).

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Nossos Caminhos com o Senhor

 

Nos caminhos tortuosos,
Cheios de grandes defeitos,
Vem o Senhor concertar,
Para se tronarem direitos,
Uma voz em nossos desertos,
Ensina os caminhos certos,
Que não foram ainda feitos.

Esse caminho é refeito,
Pela nossa conversão,
Precisa de escuta e fé,
De silêncio e oração.
Pois para bem celebrar
O Natal que vai chegar,
Precisa-se dedicação.

A espera é importante,
Sendo alegre e prudente,
Numa busca bem atenta,
Vivendo o amor paciente,
Praticando a caridade,
A Paz e a solidariedade,
No agora, no presente.

Novos céus e uma nova terra,
É o que nós esperamos,
Na paz com os nossos irmãos,
Sempre que nos encontramos.
Para o Natal acontecer,
Devemos nos envolver,
É o que nós precisamos.

Ao redor da Santa Mesa,
De todos os caminheiros,
Que buscam endireitar,
Sua vida por inteiro,
Buscando a conversão,
Que leva à redenção,
Para o Reino verdadeiro.

Peçamos a Santa Mãe,
Que soube bem esperar,
Para que nos auxilie,
Neste nosso caminhar,
Ela que silenciou,
E perseverante rezou,
Ensine-nos a rezar.

 

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*** Que a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que nos motiva a receber o Menino Deus para curar as feridas das nossas relações humanas, ilumine o seu caminho! ***

 

I Domingo do Tempo do Advento, Ano B, São Marcos

 

Leituras: Is 63,16b-17.19b;64,2b-7; Sl 80(79); 1Cor 1,3-9; Mc 13,33-37

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Esperemos Alegres e Vigilantes o Senhor que Vem!

Mc 13,33-37

 

Meus irmãos e minhas irmãs, iniciamos hoje um novo ano litúrgico, o Ano B, com a iluminação dos textos do evangelista Marcos. E o mistério pascal deste I Domingo do Advento nos motiva a estar vigilantes e alegres pela certeza da vinda de Cristo. Já o Evangelho desta Liturgia está em Mc 13,33-37.

No Advento, a Igreja nos chama a viver a espera alegre do Senhor que se encarnará e nos abrirá as portas para a nossa salvação. É um tempo de vigiar e meditar sobre o encontro com o Senhor pela sua Palavra e pelo seu corpo e sangue e, ao mesmo tempo, viver a experiência, enquanto discípulos missionários, da espera da volta do Senhor.

A cada ano litúrgico, no seu final, completamos uma volta na estrada cíclica da nossa vida. Precisamos nos perguntar: quantas voltas já fomos capazes de realizar? Quantas voltas Deus nos permitirá? Como tenho feito e como farei os próximos percursos?

Somos marcados pela experiência da espera em Cristo, vivemos sempre expectativas para que haja, em nossos ambientes, mais prosperidade, paz e fraternidade em Cristo.

O evangelho de Marcos nos leva a refletir sobre a vigilância, que é estar em comunhão com o Senhor numa atitude de escuta da Palavra que nos orienta e nos fortalece. “Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou no amanhecer.” (Mc 13,35). Neste versículo, Jesus nos alerta para que vigiemos durante o dia e a noite. Porém, prevalece o noturno (meia-noite, madrugada e amanhecer). Isso significa que devemos vigiar em todos os momentos da nossa vida, de dia ou de noite. É preciso que estejamos atentos para que o ladrão não roube o lugar pelo qual estamos responsáveis e estar bem acordados para não ser enganado.

Também precisamos, em nosso percurso espiritual (e psicológico), estar atentos para que os desafios, os pessimismos, as violências, os egoísmos não afetem a esperança e a fé nas promessas de Deus. Quando deixamos de lado nossa atenção ao Senhor e à sua Palavra nós corremos o risco de cairmos no sono espiritual, deixando de lado a vigilância da porta por onde o mal pode entrar e roubar a nossa fé e a nossa esperança. Para combater o sono espiritual, temos o recurso da oração pessoal e comunitária, “estimulantes” estes que estão ao nosso alcance, gratuita e abundantemente.

Devemos deixar que Deus nos molde à sua ação santificadora como nos fala Isaías (64,7): “(…) és nosso pai (…), nosso oleiro, e nós (…) obra de tuas mãos.” Vigiar é entender que, em diversos momentos, é o Senhor quem age, transforma e nos indica por onde devemos seguir. Nesse sentido, São Paulo diz “é ele também que vos fortalecerá (…) para que sejais irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor”. (1Cor 1,8).

Devemos fazer a nossa parte e deixar que Cristo possa nascer e reinar em nossa vida, trazendo a salvação. Irmãos e irmãs, o Advento é, portanto, o momento de revermos como está a nossa espera, a qual deve ser constante durante todo o ano litúrgico.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Como Porteiros do Senhor

 

Nas noites e madrugadas do nosso existir,
Esperemos o Senhor que quer chegar,
Para encontrar-nos sempre vigilantes,
Sem medo de se decepcionar,
E como o porteiro, sempre atento,
A cada passo e a cada momento,
Deixemos a promessa se realizar.

Também nos dias de chuva e de sol,
Faz-se necessário também vigiar,
Porque não sabemos qual o momento,
Em que Senhor vai nos chamar,
Porque nossa vida é de atenção,
Pela escuta e pela oração,
Nesta dinâmica do esperar.

Do sono da vã indiferença,
Busquemos sempre despertar,
Acordando para a vida verdadeira,
Que precisa sempre desabrochar,
E o otimismo em nossa existência,
Que não pode ser vítima da demência,
Que muitas vezes quer nos sufocar.

Que o culto seja o momento,
Da Palavra que vem nos sacudir,
Para não vivermos na ignorância,
Mas como despertos possamos seguir,
Reunindo com os nossos irmãos,
E na Paz, vivemos a comunhão,
Eucaristia sempre a nos nutrir.

E como porteiros eficientes,
Que não cochilam na portaria,
Fiquemos atentos a quem quer entrar,
Seja na noite, seja no dia,
Porque nossa vida é esta morada,
Desta Palavra que é encarnada,
Cristo, o amor, a nossa alegria.

 

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*** Que a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que nos ensina a estar vigilantes e alegres pela certeza da vinda do Cristo, ilumine o seu caminho! ***

 

Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Solenidade, Ano A

 

Leituras: Ez 34,11-12.15-17; Sl 23(22); 1Cor 15,20-26.28; Mt 25,31-46

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Um Reino que não é deste Mundo

Mt 25,31-46

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXXIV Domingo do Tempo Comum do Ano A, Solenidade de Cristo, Rei do Universo, nos motiva a contemplar a realeza de Cristo, na dimensão da justiça e da misericórdia. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 25,31-46, sequência do Domingo passado.

Assim, entramos na última semana do ano litúrgico. No próximo Domingo seremos chamados a começar um novo percurso, quando entraremos no Advento do Ano B, período em que teremos a orientação dos textos do evangelista Marcos.

Celebrar a realeza de Cristo é olhar para ele como o Pastor que cuida do seu rebanho com amor, mas também vê-lo como o Juiz que tem o julgamento sobre nossas ações enquanto caminhamos nesta terra.

A caridade é o critério principal para participarmos da sua alegria. Ele mesmo nos ensina: “pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me.” (Mt 25,35-36). O amor ao irmão necessitado tem o mesmo valor que a mesa do Altar do Senhor. Segundo São João Crisóstomo, ele diz “enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo”.[1] É mais importante a nossa preocupação com os sofredores do que o nosso apego ao espaço material. Nesse sentido, devemos refletir sobre isso e nos perguntar como está a atenção ao Cristo escondido nos pobres, o crucificado nos irmãos e irmãs que clamam o amor concreto de Deus.

Os textos da Liturgia apresentam o Senhor como o Pastor e o Rei do universo. Pastor que cuida, que vai atrás das ovelhas perdidas, reúne ao seu redor (cf. Ez 34,11-12.15-17), o Rei que julga as ovelhas, separando-as de acordo com os critérios do amor.

Aos que obedeceram a voz do Senhor acolhendo-o nos pobres, famintos, sedentos, estrangeiros, despidos e presos, estes receberão a herança do Reino, serão chamados benditos do Pai (cf. Mt 25,34).

Quanto aos que desconheceram a presença do Senhor nos que sofrem, ele os dirá: “afastai-vos de mim malditos” (Mt 25,41) e serão jogados no fogo eterno. Parece muito duro ouvir tais palavras do Jovem Galileu. O Evangelho nos motiva a estar atentos às palavras do Pastor e Rei.

As palavras de Cristo neste último Domingo do ano A nos convida a avaliar nossas ações como cristãos, durante todo o tempo em que escutamos a Palavra, comungamos da Mesa e nos reunimos na comunidade de discípulos de Cristo. É permanente a necessidade de rever nossas ações e posturas como ovelhas do redil do Bom Pastor.

Que o Espírito Santo nos ilumine e nos fortaleça em nossa missão. Que possamos usar nosso tempo para avaliar, propor e melhorar nosso agir como seguidores do Bom Pastor que nos conduz pelos caminhos retos, mas que também nos julga quando somos ovelhas distantes e errantes que não reconhecem o sofrimento do Filho Unigênito do Pai na existência humana.

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[1] Das homilias sobre Mateus, de são João Crisóstomo (*309+407), bispo e doutor da Igreja. In Liturgia das Horas, 1999, vol. IV, p. 157.

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⇒ POESIA ⇐

Um Reinado que Vem do Senhor

 

O Reinado do Senhor,
É justiça e caridade,
Caminho ao paraíso,
Marcado pela bondade,
Seremos chamados benditos,
Porque consolamos os aflitos,
Pela solidariedade.

O Reinado do Senhor,
É o amor em nosso agir,
Enxergando-o nos sofredores,
No seu corpo a se ferir.
No chão da nossa existência,
Em tudo que for carência,
No humano a existir.

O Reinado do Senhor,
É herança garantida,
Para todos os benditos,
Pelo Rei oferecida,
Pois o critério é o amor,
Ao Cristo no sofredor,
Para retomar a vida.

O Reinado do Senhor,
Nos leva a meditar,
Há tempo para se rever,
Para no seu reino entrar.
Recriar nossa postura,
Retomar nossa ternura,
Para não nos enganar.

O Reinado do Senhor,
É encontro e alegria,
É o encontro com o outro,
Sendo noite ou de dia,
É caridade ao irmão
É serviço e gratidão,
Que brota da Eucaristia.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que com justiça e misericórdia nos motiva a participar do Reino de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: Ex 17,8-13; Sl 120(121); 2Tm 3,14-4,2; Lc 18,1-8

 

“O juiz iníquo e a viúva inoportuna” (1908), por Eugène Burnand

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Oração perseverante

Lc 18,1-8

 

O evangelista Lucas (cf. 18,1-8) inicia o seu texto, neste 29º domingo do tempo comum, com mais uma parábola. Jesus “contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir” (Lc 18,1).

O sucesso na experiência de oração será exatamente quando houver a perseverança e a percepção da necessidade de sempre rezar. A oração, portanto, é este encontro com o Mistério Santo e Infinito, o nosso Deus Verdadeiro que está sempre pronto a nos encontrar e nos escutar.

Quando buscamos aprofundamento nos mestres espirituais, percebemos que rezar está muito além das petições, dos louvores, das fórmulas e dos textos decorados. A oração, portanto, é o diálogo livre com Deus, numa atitude de filhos, numa postura interior de total confiança e entrega aos braços divinos. Claro que quando rezamos a oração da Ave Maria e a oração do Pai Nosso não somente falamos palavras, mas buscamos, no nosso coração, orante o fundamento e o sentido maior destas orações para nós cristãos.

A parábola do juiz iníquo e da viúva inoportuna nos ensina também que se deve orar suplicando a Deus sem cessar, porque ele escuta o clamor dos seus filhos os quais confiam no seu amor, pois ele fará justiça à todos que lhes suplicam dia e noite.

No livro Êxodo (cf. 17, 12-13), temos a experiência de Moisés na sua luta contra o inimigo, pois, para vencer, precisou ser forte e até mesmo necessitou do apoio do povo que o ajuda a manter seus braços erguidos para continuar vencendo os amalecitas. Muitas vezes, nós também precisamos contar com a ajuda e as orações dos outros para nos mantermos firmes e obtermos a vitória. Portanto, temos um modelo de oração no sentido bíblico, para nos mostrar que é a fé no Deus verdadeiro, a perseverança e a força, também nossa, é que nos mantém vencendo o mal.

Diante destas reflexões podemos nos perguntar: Como está a minha experiência de oração pessoal e comunitária? Qual a qualidade dos meus momentos de encontro com Deus? A nossa oração também suplica a justiça de Deus em favor dos irmãos que sofrem descriminação, desprezo, desemprego e muitos outros sofrimentos?

Como cristãos, discípulos do Senhor, devemos sempre nos perguntar se a nossa vida está marcada por uma atitude de oração pessoal e comunitária, tendo como base a Eucaristia, a meditação da palavra do Senhor e a comunhão com os irmãos.

Devemos viver os momentos litúrgicos e eclesiais, como combustível que fortalece a nossa caminhada diária, na nossa vida familiar, no nosso trabalho, nas interações sociais, na vida de comunidade e na nossa missão de ser sal e luz, em vista de mundo mais fraterno e justo para os filhos e filhas de Deus.

Que neste mês das missões possamos refletir que sem a oração verdadeira o discípulo não terá sucesso na evangelização, pois a oração fortalece o missionário e, ao mesmo tempo, o coloca consciente de sua caminhada em meio a tantos desafios a serem superados.

 

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⇒ POESIA ⇐

Necessitamos da oração

 

Deixemos que o Senhor
Ensine-nos a rezar,
Com sua Santa Palavra,
Que ensina e que encanta,
Que anima a nossa vida,
Nas chegadas e partidas,
Com sua força sem cessar.

Deixemos que o Senhor
Abra o nosso coração,
Com a força do seu amor,
Com o seu forte fervor,
Fazendo-nos perseverar,
Nossa vida a iluminar,
Em profunda oração.

Façamos com o Senhor
Nossa forte oração,
Sem medo, sem desanimar,
Sempre e sempre a caminhar,
Na vida missionária,
Na vida também solidária,
Com e para os irmãos.

Fiquemos com o Senhor
A cada passo realizando,
Numa presença constante,
Caminheiro e caminhante,
Amigos em sinceridade,
Diálogo de lealdade,
Sempre, sempre retomando.

Sejamos com o Senhor,
Discípulos perseverantes,
Caminhando na esperança,
Em oração de confiança,
Nos braços do Deus amado,
Entregues e em nada reservados,
Totalmente confiantes.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus, Senhor e Deus, ilumine o nosso caminho ***

 

 

XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: 2Rs 5,14-17; Sl 98(97); 2Tm 2,8-13; Lc 17,11-19

 

“Jesus com o leproso que voltou para dar graça”, por W. B. Hole (1846-1917)

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Deus nos chama para ajudarmos na construção do seu Reino

Lc 17,11-19

 

Iniciemos a reflexão da liturgia deste 28º Domingo do Tempo Comum com uma pergunta que nos ajudará na meditação do evangelho de Lucas (17,11-19): Até que ponto somos capazes de agradecer a Deus pelas tantas graças (curas) que ele realiza em nós e por nós?

A fé e a gratidão são duas chaves, entre outras, da liturgia que celebramos neste 2º domingo do mês missionário. O Evangelho nos fala dos dez leprosos que foram curados por Jesus e que depois somente um vem aos seus pés bendizê-lo pela cura. Este, por sua vez, era um samaritano. Os samaritanos eram inimigos dos judeus.

Podemos nos perguntar, por que o evangelista Lucas, nos seus textos, nos apresenta figuras fora da cultura judaica. A resposta é simples: o evangelista quer nos comunicar que a salvação é para todos os homens, basta que estes reconheçam e acolham, pela fé, o poder e ação salvadora de Deus em suas vidas. Isto aconteceu com aquele samaritano, que, recebendo a cura, volta para o Senhor e numa atitude de fé prostra-se aos seus pés e agradece não somente pela restauração física, mas também pela cura total do homem, que é a salvação.

No 2º livro de Reis, podemos comprovar uma atitude muito parecida com a do samaritano. Naamã o sírio, aconselhado pelo profeta Eliseu, foi mergulhar no Jordão sete vezes. Ele volta curado. Mas não somente para agradecer, senão também para reconhecer que há um só Deus que atende ao pedido dos seus filhos: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel!” (2Rs 5,15b).

A atitude de voltar sempre para agradecer a Deus pelo seu imenso amor deve ser própria dos cristãos. Talvez não tenhamos noção do quanto Deus age em nosso favor, o quanto ele nos livrou dos perigos, o quanto ele nos alimenta na nossa caminhada e como é grande a sua misericórdia por nós. Para isso, basta que queiramos receber suas graças e o perdão que vem ao nosso encontro com imenso abraço de Pai.

Gratidão é o que precisamos exercitar no nosso cotidiano: gratidão pela vida de cada dia, por cada nascer do sol, a cada manhã, pelo encontro com os irmãos em cada momento de nossa vida, por nossos familiares, pelos nossos amigos, pela comunidade que nos faz fraternos, pelo nosso trabalho, pela coragem de enfrentarmos as adversidades da nossa existência e pelo imenso amor de nosso Deus que nos faz irmãos e seus filhos.

Portanto, gratidão é o gesto de querer voltar a Deus, sempre para a ação de graças (missa), para a escuta da sua Palavra que nos orienta no nosso caminhar, para (confissão) que nos cura e nos coloca no nosso processo de conversão e para a mesa (eucaristia) que nos alimenta no dia-a-dia, rumo à eternidade.

Neste sentido podemos lembrar a segunda leitura quando São Paulo nos diz: “Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo.” (2Tm, 2,12-13).

Neste mês missionário voltemo-nos para o Senhor que caminha conosco e quer nos curar das enfermidades materiais e espirituais. Ele quer que façamos parte do seu rebanho, quer a nossa colaboração na construção do seu Reino, “porque ele fez conhecer a salvação e às nações revelou sua justiça” (Sl 98/97), pois seu amor e seu reino são para todos os homens. Ele nos chama para este projeto universal e santo a cada momento.

 

***

⇒ POESIA ⇐

A fé e a gratidão do discípulo

A fé nos dá o retorno
Para o abraço do Senhor,
Quando muito agraciados,
Por seu imenso amor,
Pois a cura será completa,
Quando a vida for repleta,
Das graças do Salvador.

Um retorno agradecido,
Pela cura operada,
Quando as tantas feridas
Já estiverem fechadas,
E então levantaremos,
E firmes prosseguiremos,
Com a vida agraciada.

Nossa salvação completa,
É nossa cura total,
A alma purificada,
E o corpo sem o mal,
Uma vida santificada,
Pra seguir a caminhada,
Ao reino celestial

Para seguir o Senhor,
Devemos agradecer,
Pelas suas santas bênçãos,
Que estão a acontecer,
Pois não temos nem noção,
Das graças que nos virão,
Para nos fortalecer.

É bom sempre retornar,
Com gesto de gratidão,
Pelo pão na mesa santa,
E a vida em comunhão,
Viver a gratuidade,
Construir a unidade,
Em Deus e com os irmãos.

A fé é a grande chave,
Que nos faz sempre voltar,
Para ouvir a Palavra santa.
E o pecado confessar,
E também a perceber,
Tantas curas acontecer,
Nesse nosso caminhar.

Obrigado, ó Senhor,
Por seu corpo em alimento,
Pelos imensos milagres,
Sua Palavra, o sustento.
Pois sua santa caridade,
Sua Paz, sua bondade,
Cura nossos ferimentos.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus, Senhor e Deus, ilumine o nosso caminho ***

 

 

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: Hab 1,2-3;2,2-4; Sl 94(95); 2Tm 1,6-8.13-14; Lc 17,5-10

 

“A exortação aos apóstolos” (1886-1894), por J. Tissot

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Aumentando a fé na caminhada

Lc 17,5-10

 

O Evangelho deste 27º domingo do tempo comum inicia exatamente com uma forte súplica dos apóstolos a Jesus: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17,5).

Os apóstolos caminham com Jesus para Jerusalém e, depois de terem ouvido sobre a misericórdia, a pobreza e a riqueza, sentem o desafio e as possíveis barreiras a serem enfrentadas no apostolado.

E Jesus, vendo aquela fé “infantil”* dos apóstolos, vinda da tradição do antigo povo de Israel, responde: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.” (Lc 17,6).

Na caminhada com o Mestre, os apóstolos necessitavam de aumentar fé, pois a experiência de segui-lo em missão exigia um compromisso maduro e mais concreto, baseada numa resposta consciente de cada seguidor, a cada dia, a cada desafio, a cada crise. Caminhar com Jesus não era mais como seguir a tradição dos mestres da lei, que muitas vezes impunha normas e preceitos sem adesão das pessoas.

Para seguir o mestre exigia-se novas atitudes de vivência religiosa, e desta vez concreta e encarnada na vida, no contato com os doentes, com os pobres e com os marginalizados, também no embate com as lideranças políticas e religiosas daquela época. Isso exigia que a fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, precisaria crescer, ter força de transformação, de movimento e de mudanças consistentes na vida de cada apóstolo.

Estas palavras de Jesus nos leva a refletir que talvez precisamos suplicar uma fé que seja mais sólida e que tenha a força das palavras do evangelho, maior do que a fé infantil absorvida, mas necessária, nos primeiros anos de catequese. E então podemos pedir: Senhor, aumenta a nossa fé, qualifica a nossa fé, torna a nossa experiência com o Senhor cada vez mais autêntica, como aquela que transformou a vida dos primeiros seguidores do Caminho, mesmo que ela seja tão pequena quanto um grão de mostarda.

E Jesus nos ensina sobre a nossa posição de servos: “quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.” (Lc 17,10). Neste sentido, é o crescimento de nossa fé como discípulos do Senhor que nos faz nos reconhecermos como servos inúteis ou simples servos.

Crescer na fé é uma graça que vem de Deus. Servir ao Senhor não nos dar o direito aos merecimentos, às honrarias, mas de bem-aventurança por fazermos um caminho de discipulado para como o Senhor e nos convertermos e ganharmos o Céu. Vivemos num mundo que estimula os méritos. Ser discípulos é se colocar na contramão desta concepção de merecimentos humanos. Ser um simples servo é ser discípulo em gratuidade e agradecimento por caminhar com Jesus e colaborar com o seu Reino e no anúncio de sua Boa-Nova.

Na primeira leitura podemos constatar um diálogo entre o profeta Habacuc e Deus, que poderá nos ajudar nesta compreensão da experiência da fé. O profeta se queixa de tantos sofrimentos a sua frente, pois ele já não compreende porque tantos problemas a sua vista e aparentemente sem soluções. E Deus lhes responderá no final: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé.” (Hab 2,4). O justo viverá pela sua fé, este é o segredo.

Na segunda leitura, São Paulo, na carta a Timóteo, nos exorta a vivermos sem medo ou timidez nesta estrada do Senhor: “Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade.” (2Tm 1,7). O discípulo do Senhor não pode caminhar na insegurança, nem no medo. Ele deve carregar no coração a esperança, e como servo inútil buscar viver a sua fé numa dinâmica de crescimento do mandato recebido.

E no início do mês missionário e do Santo Rosário, peçamos ao Senhor que aumente o nossa fé e o nosso entusiasmo na missão. Também o nosso compromisso na evangelização, caminhando com Ele na construção do seu Reino. Mesmo reconhecendo que a nossa fé seja tão pequena quanto um grão de mostarda, supliquemos ao Senhor que qualifique a nossa confiança, pois somos servos inúteis e necessitamos sempre da Graça de Deus e, ao mesmo tempo, incapazes de corresponder plenamente ao que o Senhor nos favorece, porque seu amor além de ser incalculável é gratuito. Amém.

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* A expressão “infantil” nos remete à uma vivência de adoração a Deus anteriormente a encarnação do Filho. Essa noção pode ser lida em Pagola (O caminho aberto por Jesus: Lucas. Petrópolis: Vozes, 2012, pp. 279-285).

 

 

***

⇒ POESIA ⇐

Os caminhos da fé

Em missão vão os discípulos,
Junto ao Senhor que tanto os ama,
Suplicam a fé em quantidade,
Para que não se apague o fervor da chama,
Que se acendeu quando Ele os chamou,
E continua acessa por onde Ele caminhou,
Mas que por um momento já não inflama.

Ao perceberem os desafios do caminhar,
Pedem a fé para perseverar,
A confiança na rocha firme que é o Senhor,
Para na missão com pés firmes continuar,
Sem medo, sem desconfiança,
Mas na obediência e na esperança,
Que com o Senhor não irão desandar.

Hoje somos nós os seguidores,
Que pedem o dom da esperança e da alegria,
Com o peito marcado pelo fervor
Nas noites escuras e, mas também ao dia,
Buscando ouvir a palavra como alimentação,
Querendo viver sem desolação,
E seguindo a Luz que sempre alumia.

O Senhor nos chama a sempre caminhar,
E nos dá o seu corpo que nos fortalece,
Nos chama a viver na comunhão,
Acolher seu amor que nos enternece,
E o Santo Espírito sempre acolher,
Que a nossa vida quer aquecer,
Numa firme busca que se oferece.

E nesta vida de peregrinação,
Como servos inúteis vamos andando,
Aos passos lentos procurando entender,
Tudo que o Senhor vai nos ensinando,
Como na fé a gente vai crescendo,
Mesmo que no momento não entendendo,
Porque a vida santa se faz caminhando.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus, Senhor e Deus, ilumine o nosso caminho ***