XXX Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Dia Mundial das Missões e Infância Missionária ⇐

 

Leituras: Jr 31,7-9; Sl 126(125); Hb 5,1-6; Mc 10,46-52

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Caminho de Jesus nos Leva à Conversão e ao Discipulado

Mc 10,46-52

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXX Domingo do Tempo Comum nos motiva a largar o “manto” que nos prende a velhos hábitos para abraçar a Boa-Nova de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia, na sequência do Domingo passado, está em Mc 10,46-52, passagem que conclui a terceira parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “Viagens de Jesus fora da Galileia”.

Nesta Liturgia, Jesus, seguido pelos Seus discípulos e por uma multidão, está saindo de Jericó, restando apenas 30 quilômetros para chegar em Jerusalém. À beira do caminho, um cego mendicante, conhecido como Bartimeu (ou “filho de Timeu”), que percebendo a presença divina, grita: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47).

Muitos tentaram calá-lo, mas ele perseverou e Jesus mandou chamá-lo. O interessante é que o chamado é feito por um grupo que emprega dois imperativos: “coragem levanta-te, Jesus te chama!” (Mc 10,49). Em resposta ele joga o manto para trás e vai até Jesus (cf. Mc 10,50), recebe a cura, Jesus manda ele ir embora, mas ele fica como seguidor (cf. Mc 10,52).

O evangelista Marcos nos apresenta um leque de reflexões para a nossa vivência, pessoal e comunitária. Na dimensão pessoal, precisamos, muitas vezes, que o Senhor nos faça enxergar os Seus caminhos para depois segui-Lo. Já na dimensão comunitária, precisamos abrir os olhos para as opressões que colocam muitos à “beira do caminho” e sem a iluminação de Cristo, às vezes, queremos calar as pessoas, dizendo que a vida é assim e que precisamos nos conformar e, por isso, não devemos lutar por uma vida digna e justa.

Quantas vezes criticamos os que lutam por dignidade e justiça social ou quantos de nós desconhecemos a importância da proposta da Doutrina Social da Igreja ou hostilizamos iniciativas como o grito dos excluídos (no mês de setembro), a Cáritas, a Campanha da Fraternidade, além de muitas outras ações da Igreja. Bartimeu também representa os que perseveram mesmo diante das repreensões de alguns que caminham com Jesus.

Este texto também nos motiva a professarmos a confiança em Deus: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47), pois Bartimeu, mesmo antes do milagre, já tinha fé no messianismo de Jesus. Outra motivação é o largar o “manto”, que nos faz omissos, e tudo o que nos impede de seguir o Senhor, rompendo a paralisia e saltando em direção ao Redentor.

Na primeira leitura desta Liturgia, Jeremias profetiza a ação salvífica de Cristo, que conduz pelos Seus caminhos os sofredores (cf. Jr 31,8-9). Já na segunda leitura, a Carta aos Hebreus, confirma que Cristo é o sumo sacerdote desejado pelo Pai (cf. Hb 5,5), assumindo a nossa humanidade, exceto no pecado.

No início deste ciclo litúrgico do Ano B tivemos a graça fazer memória do 150° aniversário da declaração de São José como Padroeiro da Igreja, quando o Papa Francisco publicou Carta Patris Corde (ou “Coração de Pai”)(1) , que foi fortemente motivada pelos sofrimentos dos primeiros meses da pandemia. Na Carta, o Papa agradece a presença discreta de muitos profissionais, numa semelhança a São José. Nos próximos três Domingos apresentaremos alguns aspectos da Carta Patris Corde.

Recordamos também que hoje é o Dia Mundial das Missões, ápice do Mês Missionário. Neste ano, a arte da Campanha Missionária nos apresenta uma janela (de esperança), tendo, como destaque, Jesus curando um cego e, abaixo, algumas ações simbolizando o amor ao próximo.

Peçamos ao Espírito Santo a graça de tirar dos nossos olhos tudo o que nos impede de enxergar a realidade com a vontade de Deus. Agradeçamos, pois Ele nos chama e nos traz a realização plena, rezando com o salmista: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!”. Amém.

 

*   *   *
(1) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html>. Publicado em: 8 dez. 2020. Acesso em: 15 out. 2021.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Um Certo Bartimeu

À beira do caminho
Tinha um certo Bartimeu
Que gritava com insistência,
Sendo filho de Timeu.
O seu grito foi ouvido,
Por Jesus foi atendido,
Pois a cura aconteceu.
*
No caminho de Jesus
Aquele homem foi seguindo
Tornou-se um discípulo Seu,
Missionário foi agindo.
Proclamou a sua fé
Sempre disposto e de pé
Mundo novo construindo.

*
Nos caminhos do Senhor
Precisamos de coragem,
Viver a perseverança,
Partir para outras margens
Passos firmes a caminhar,
A fé sempre a professar
Para levar a mensagem.

*
Precisamos estar atentos
Para o mundo em que estamos,
Ouvir o grito dos pobres,
Que nem sempre escutamos
Viver fé e caridade,
Construir fraternidade
No chão onde nós pisamos.
*
Jesus, Mestre querido,
Sacerdote, eterno amor,
Curai todos os sofredores
Que padecem muita dor,
Mudai os acomodados,
Abri os olhos fechados,
Pois só Vós, sois o Senhor.

 

*   *   *

 

Referência da imagem: Eustache Le Sueur (1617-1655), In pt.wikipedia.org.

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a largar o “manto” que nos prende a velhos hábitos e comodidades, ilumine o seu caminho!

 

 

XXIX Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Leituras: Is 53,10-11; Sl 33(32); Hb 4,14-16; Mc 10,35-45

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Ser Discípulo de Cristo, é Servir

Mc 10,35-45

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXIX Domingo do Tempo Comum nos apresenta o verdadeiro discipulado de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,35-45.

Nesta Liturgia, Jesus segue Seu caminho subindo para Jerusalém quando dois dos Apóstolos, Tiago e João – motivados pela concepção de um reino terreno –, fazem um pedido ingênuo e desconcertante, eles dizem: “Deixa-nos sentar um a tua direita e outro a tua esquerda, quando estiveres na tua glória.” (Mc 10,37). Esta atitude deixou os outros dez indignados, mas, infelizmente, porque, possivelmente, eles almejam o mesmo.

Jesus, diante desta situação, orienta que ser Seu discípulo requer atitudes diferentes dos poderes do mundo. Diz o Senhor: “entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos” (Mc 10,43-44), deixando claro que o discipulado é a vivência do serviço, oferecendo a própria vida.

A primeira leitura desta Liturgia apresenta o Servo Sofredor que oferecerá a sua vida em expiação (cf. Is 53,10). O Servo Sofredor, profetizado por Isaías, pode indicar tanto o povo de Deus, exilado na Babilônia, quanto Jesus Cristo, que “fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas.” (Is 53,11). Já a Carta aos Hebreus, na segunda leitura, confirma a profecia de Isaías, quando diz: “temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas…” (Hb 4,15), pois Jesus trouxe um sacerdócio desapegado de honrarias, prepotências e poder.

Portanto, as leituras desta Liturgia nos motivam a não buscar reconhecimentos ou privilégios. Estas orientações da Palavra de Deus estão, praticamente, na contramão da mentalidade humana, pois é natural querer ser o primeiro nas nossas empresas, nos concursos, no esporte e na nossa vida profissional. O cristão deve ser justo e comprometido naquilo que realiza, mas seus dons e bens devem produzir serviço e paz onde quer que esteja.

Enquanto discípulos e missionários, o exercício ministerial acontece nas comunidades cristãs, servindo, com humildade e simplicidade, mesmo diante das adversidades. Entre nós cristãos não deve haver indiferença, dominação, prepotência e a insensibilidade. Entre as nossas comunidades é essencial a solidariedade, a colaboração, a escuta da Palavra, onde há a mesa da partilha e da alegria. Deve haver a festa, onde todos possam perdoar e retornar à dignidade de filhos muito amados e em comunhão com Deus.

E neste terceiro Domingo do Mês Missionário e do Mês do Rosário, busquemos o ardor do verdadeiro discipulado de Cristo no exemplo e na intercessão de Santa Teresinha, a Florzinha de Lisieux, que, por méritos obtidos na obediência, foi capaz de interceder pelos missionários do mundo todo, tornando-se padroeira das missões, já em 1927 pelo Papa Pio XI.

Rezemos para que a coleta do Dia Mundial das Missões, no próximo Domingo, possa dar assistência aos diversos projetos missionários, no Brasil e no exterior. Que, a exemplo de Santa Teresinha, sejamos também missionários rezando ou levando alguma oferta na coleta para as missões.

Peçamos ao Espírito Santo, santificador e guia da Igreja, que nos santifique para que possamos ser sinal de humildade numa época marcada pelo egoísmo, opressão e autoritarismo e que tenhamos forças para apresentar o rosto de Cristo misericordioso, servidor, libertador e redentor. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Entre Nós Não Deve Ser Assim

Entre nós não deve ser assim:
Quem caminha em missão
Não deve ser o primeiro,
Mas viver a servidão.
Precisa de humildade,
Servir com simplicidade
E sem a dominação.
*
Entre nós não deve ser assim:
Nada de popularismo,
Nem querer os pedestais
E nem o autoritarismo.
Não se deve assim viver,
Deve-se é se converter,
Pra não cair no abismo.

*
Entre nós não deve ser assim:
Não esqueçamos nossa essência.
Para vivermos a Palavra,
Fazendo a experiência.
Pra viver o discipulado,
Precisamos estar focados,
E ter muita consciência.

*
Entre nós não deve ser assim:
Luz do mundo, sal da terra,
Nas tantas realidades,
Plantar paz e não guerra,
Semeando o amor,
Seguindo sempre o Senhor,
Caminho que ninguém erra.
*
Entre nós não deve ser assim:
Deve haver sempre a partilha,
Nas nossas comunidades,
Seguindo sempre as trilhas,
Do Senhor que nos chamou
E pro mundo nos enviou,
A ser luz que brilha.
*
Entre nós não deve ser assim:
Devemos sempre servir
Com amor e alegria,
Sem nada de oprimir.
Ser profetas da verdade,
Ser sinal de caridade,
Mundo novo construir.
*
Entre nós não deve ser assim:
Vamos viver em missão,
Pela Trindade iluminados,
Corpo e alma em doação.
A festa em comunidade,
Busca da fraternidade,
Em Deus, nossa comunhão.

 

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo,que nos motiva a viver o verdadeiro discipulado, ilumine o seu caminho!

 

 

XXVIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Leituras: Sb 7,7-11; Sl 90(89); Hb 4,12-13; Mc 10,17-30

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Viver além dos Preceitos

Mc 10,17-30

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXVIII Domingo do Tempo Comum, o segundo Domingo do Mês Missionário e do Mês do Rosário, neste Ano de São José, nos motiva a desejar ardorosamente seguir Jesus, o modo de ganhar a vida eterna. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,17-30, sequência do Domingo passado.

Nesta Liturgia, Jesus retoma o Seu caminho quando é abordado por um homem que, em reverência, ajoelha-se aos Seus pés e pergunta: “que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). Jesus responde que deve seguir os mandamentos (cf. Mc 10,18-19) e o homem diz que já cumpre desde a sua juventude (cf. Mc 10,20).

Então Jesus o exorta: “Vai vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” (Mc 10,21). Jesus pede o desprendimento de tudo o que é obstáculo ou que desvia do Caminho e que partilhe com os que nada têm. Depois destas condições, poderá segui-Lo. Diante da exigência que Jesus apresenta, aquele homem desiste “porque era muito rico” (Mc 10,22).

Seguir a Jesus exige uma reflexão constante sobre o desprendimento das coisas (materiais e não materiais), as quais, muitas vezes, são obstáculos ao discipulado. A primeira leitura desta Liturgia, do livro da Sabedoria, nos diz: “Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza” (Sb 7,8). E Jesus, nas conversas com os discípulos, aborda a temática dos ricos e, neste momento, eles se espantam a ponto de duvidarem que alguém possa ser salvo (cf. Mc 10,26).

Diante das dificuldades dos discípulos sobre as exigências em vista da salvação e do discipulado, Jesus diz que ser salvo não é possível para os homens, mas para Deus tudo é possível (cf. Mc 10,27). E segui-Lo, muitas vezes, implica em deixar casa, irmãos, mãe, pai, filhos e campos em favor do Evangelho (cf. Mc 10,29-30). Depois o autor da Carta aos Hebreus, na segunda leitura desta Liturgia, alerta que a Palavra de Deus, quando entra em nosso coração, transforma nossas atitudes egoístas e também, quando necessário, nos desconstrói (cf. Hb 4,12-13). Purificados, podemos viver a conversão no nosso cotidiano.

Portanto, as leituras desta Liturgia nos remetem aos temas da vida missionária e secular. A vida missionária nas vocações específicas, tais como a vida consagrada e ordenada, muitas vezes exigem, do homem ou da mulher, o deixar a família, o emprego e até a sua terra. Já a vida secular (na sua dimensão profissional, conjugal, como leigos em geral) tem, do mesmo modo, suas exigências e requer autenticidade nas diversas realidades. Para os leigos, os bens materiais, usados de forma adequada, são necessários, pois cada realidade familiar há necessidades que devem ser assistidas.

No entanto, a partilha é igualmente realizada quando disponibilizamos casa, carro, instrumentos musicais para animar as atividades pastorais, litúrgicas, abraçando o que nos indicou os Bispos no Documento de Aparecida: promover uma conversão pastoral no qual os grupos passem de atividades de conservação para atividades missionárias (cf. DAp, n. 370) ou como nos falou o Papa Francisco, na Evangelli Gaudium, sendo “uma Igreja ‘em saída’ ” numa “pastoral em conversão” (Evangelli Gaudium, n. 20-33).

E ao nos aproximarmos da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira de Brasília e do Brasil, no próximo dia 12, peçamos, à “advogada nossa”, a sua graça medianeira para sermos cada vez mais Povo de Deus, membros do Corpo Místico que tem como cabeça Cristo, “Salvador e Redentor nosso”(1) .

Que o Divino Espírito Santo nos fortaleça para que sejamos desprendidos na partilha e sigamos o discipulado com o coração livre, isto é, pautados na Palavra viva que nos transforma e nos orienta ao chamado e ao mandato de Cristo, os quais estão além da observância dos preceitos. Amém.

*   *   *
(1) Trecho do ato de consagração aos pés da imagem do Cristo Redentor. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-04/coronavirus-consagracao-brasil-cristo-redentor-rio-de-janeiro.html>. Publicado em: 14 abr. 2020. Acesso em: 5 out. 2021.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Como Ganhar a Vida Eterna?

Ansiando a vida eterna
Alguém a Jesus procurou,
Dos mandamentos sabia,
Mas isso não lhe bastou
Precisava algo mais:
Deixar os bens materiais
Para seguir o Senhor.
*
Jesus logo respondeu
O que era preciso:
Viver o desprendimento
E não ficar indeciso.
Mas o homem desistiu,
E muito triste saiu,
Abatido e sem sorriso.

*
Vender todos os seus bens
Não estava nos seus planos.
Jesus foi muito exigente
Sem mostrar nem um engano.
Para ser Seu seguidor,
Tem que Lhe prestar amor
Sem desvio ao profano.

*
Pra Deus tudo é possível.
Jesus então respondeu,
Ter uma mudança de vida,
Ao rico Ele esclareceu.
Viver o desprendimento,
Ir além dos mandamentos,
Vencer o egoísmo seu!
*
Olhando esta narração
Que nos leva ao seguimento
Precisamos refletir
Sobre o desprendimento.
A Jesus o amor primeiro,
As coisas por derradeiro,
Sem apego e fingimento.
*
O nosso discipulado
É marcado pelo amor.
Tem Jesus por primeiro,
Mesmo diante da dor.
Pois pra ter a Salvação,
Temos que amar o irmão
Sem reserva e sem rancor.
*
Buscar a Sabedoria
Que vem da fonte divina
Para ser um bom discípulo,
Como Jesus nos ensina.
Estar aos pés do Senhor
Para não perder o ardor,
Sem deixar a disciplina.
*
Também desprendimento
Dos métodos ultrapassados,
Fazem parte do roteiro
Do nosso discipulado,
A conversão pastoral
Sem desprezo ao social,
Atenção e amor doado.
*
Peçamos as luzes divinas
Supremas do Deus Trindade,
Para a nossa caminhada.
Que nos dê a santidade,
E que a nossa missão,
Palavra em vida e ação
Nos leve à Eternidade.

 

*   *   *

 

Referência da imagem: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org.

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos chama a praticar o desapego em prol da vida eterna, ilumine o seu caminho!

 

 

XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Leituras: Gn 2,18-24; Sl 128(127); Hb 2,9-11; Mc 10,2-16

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Projeto do Amor de Deus

Mc 10,2-16

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXVII Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos motiva a contemplar a família como projeto do amor de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,2-16, passagem que está localizada na terceira parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “Viagens de Jesus fora da Galileia”.

Nesta Liturgia, Jesus sai de Cafarnaum, onde estava ocultamente, e segue a caminho do território da Judeia e, em movimento, apresenta a proximidade do Reino de Deus em dois momentos distintos: primeiro, na discussão sobre o divórcio com os fariseus (cf. Mc 10,1-12) e, depois, na exortação, aos discípulos, para valorizar a simplicidade das crianças (cf. Mc 10,13-16).

Na passagem sobre o divórcio, Jesus é provado pelos fariseus, mas o próprio Jesus recorda literalmente a passagem do livro do Gênesis que está na primeira leitura desta Liturgia: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24; cf. Mc 10,7-8). E ainda acrescenta: “o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,9), reforçando que o Matrimônio é uma união indissolúvel e que o rompimento de uma primeira união com o início de uma segunda implica em adultério (cf. Mc 10,12).

Portanto, os casais são chamados a uma vida conjugal sustentada pelo amor e pela fidelidade, sendo concretizada pelo perdão e pelo cuidado mútuos entre os cônjuges. A escuta da Palavra de Deus e a perseverança na Igreja fornecem a santificação necessária para a sintonia sob uma mesma canga, cujo peso é suavizado na caminhada com Jesus (cf. Mt 11,28-30).

Já na passagem sobre as crianças (cf. Mc 10,13-16), Jesus intervém e, aborrecido, orienta os discípulos dizendo que o Reino de Deus é daqueles que se convertem em crianças (cf. Mc 10,14), pois elas são exemplos de inocência e simplicidade. Recordemos que as crianças, naquele contexto cultural de Jesus, não tinham vez e Jesus rompe com esta postura, e Ele acolhe e abençoa; e, desta forma, nos indicando mais um modo de abraçar e ser abraçado pelo mistério do Reino de Deus.

As duas cenas, do Evangelho desta Liturgia, nos levam a refletir sobre a realidade do Matrimônio e dos excluídos. Quanto ao Matrimônio, devemos enfrentar uma mentalidade que esvazia a família e a autoridade dos pais, ferindo os valores semeados por Jesus, pois a vida conjugal é um compromisso de fidelidade como o de Cristo à vontade do Pai. Sobre os excluídos, Jesus acolhe a todos os que buscam nele a redenção, pois o Reino é daqueles que, como as crianças, se entregam sem reservas, diferente dos arrogantes. Deus oferece a Misericórdia e a Salvação a todos, mas requer de todos decisão e colaboração.

E neste Domingo, a Igreja está voltada para o início da animação do Mês Missionário, com o tema “Jesus Cristo é missão” e o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20). Motivamos a todos a rezar a Novena Missionária, que tem como destaque os missionários da compaixão e da esperança.

Peçamos, ao Espírito Santo, a chama do ardor missionário, para testemunharmos a obra de Cristo, sendo assim portadores da fé, da esperança e da caridade em nossos cotidianos e assim possamos proclamar, como salmista, que o Senhor abençoe cada dia de nossa vida. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Criados para o Amor

O Deus de infinita grandeza,
Artista da criação,
Bem da suprema beleza,
Um oleiro em ação,
Na obra que iniciou
Ao homem entregou
Para a contemplação. (cf. Gn 2,18-19).
*
E o homem assim olhou
Para todas as criaturas
E não se identificou
Com nenhuma a sua altura.
Então Deus fez nascer
Um semelhante ser
De beleza e formosura. (cf. Gn 2,22-23).

*
Do homem se fez companheira
A caminhar do seu lado
Pra viver a vida inteira.
Ele então o seu amado
Rompendo a solidão
Foram viver a união
Como Deus tinha pensado. (cf. Gn 2,24).

*
Foram feitos para o amor
E para a fecundidade.
O matrimônio iniciou
O Bem para humanidade.
Uma só carne serão (cf. Gn 2,24b)
Pra viver em união
Sempre em fidelidade.
*
Jesus então confirmou
A santa Instituição.
Aos fariseus contestou,
Fazendo a reprovação. (cf. Mc 10,5)
No início foi assim
E ninguém porá o fim
Nesta sagrada União. (cf. Mc 10,6).
*
Ninguém pode separar
Aquilo que Deus uniu (cf. Mc 10,9)
E também nem desmanchar
O que Ele consentiu.
A União é para sempre.
Temos que ser conscientes
Do que Deus instituiu.
*
O cristão deve zelar
Desta santa União.
Tem sempre que protestar
Quando houver profanação.
A família é o fundamento
Que dará sempre sustento
Pra formar um bom cristão.
*
Quando o lar é bem formado
A moral é respeitada.
Os filhos são educados.
Numa fé fundamentada
Jesus Cristo é amado
E também anunciado.
Se vive o discipulado.
*
É importante a oração
Com a família no lar
Também nossa pregação
Na fé, no testemunhar.
É preciso esperança,
Viver com perseverança
Para não desmoronar.
*
Jesus Cristo, esposo perfeito
Da Igreja, esposa amada,
Confortai os seus eleitos
Que te seguem em caminhada.
Que a Mãe do Salvador
No seu infinito amor
Auxilie na caminhada.

 

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar a família como projeto do amor de Deus, ilumine o seu caminho!

 

 

XXVI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
50ª Edição do Mês da Bíblia – “Pois todos vós sois UM só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d) ⇐
Dia Nacional da Bíblia

 

Leituras: Nm 11,25-29; Sl 19(18); Tg 5,1-6; Mc 9,38-43.45.47-48

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus nos Ensina a não Escandalizar os Pequeninos

Mc 9,38-43.45.47-48

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXVI Domingo do Tempo Comum, Dia Nacional da Bíblia, nos motiva a cultivar, enquanto discípulos do Senhor, atitudes que nos santifique diante do mundo, mudando a nossa forma de pensar e o nosso modo de agir. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 9,38-43.45.47-48.

No Evangelho desta Liturgia, Jesus ainda está em Cafarnaum, mas ocultamente, pois continua preparando os discípulos para as consequências do discipulado. No entanto, João, em nome dos discípulos, quer proibir a ação milagrosa de alguém que estava expulsando demônios em nome de Jesus (cf. Mc 9,38), mas o Senhor adverte que fazer o bem não é um privilégio do Seu grupo e que, ao fazê-lo, também está a Seu favor (cf. Mc 9,40).

O tema da liberdade do Espírito de Deus também está presente na primeira leitura desta Liturgia. Moisés partilha o seu dom de profetizar com os setenta anciãos. Josué, discípulo de Moisés desde a juventude, cai também no mesmo erro de querer proibir a ação profética de Eldad e Medad por não estarem na Tenda. Mas Moisés, sabiamente, adverte que “quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu Espírito!” (Nm 11,29).

O evangelista Marcos ainda nos apresenta outros pontos que merecem meditação, como o de escandalizar os pequeninos, tais como os pobres, os órfãos, os sem-teto. Aos escandalosos, é melhor que se afoguem no mar com uma pedra de moinho no pescoço (cf. Mc 9,42). Outra preocupação é o cuidado com o uso do nosso corpo físico (tais como mãos, pés e olhos), pois o mau uso pode ser um caminho para o inferno. Para isso é preciso cortar atitudes que impedem a vivência do amor e a experiência da fraternidade.

As mãos devem servir para escrever uma história fundamentada na caridade e não na riqueza construída com a apropriação indevida dos salários dos pobres, como denuncia São Tiago na segunda leitura desta Liturgia (cf. Tg 5,4). Quanto ao , este deve nos levar para sermos caminheiros de Cristo, visitando os pobres, os doentes e todos os sofredores marcados pela exclusão social. Como missionários, somos chamados a vestir os pequeninos da dignidade de filhos de Deus.

Já os olhos também podem nos levar à perdição quando olhamos para o outro com inveja, com más intenções, com julgamento ou desprezo. Devemos perceber a necessidade que o outro tem da nossa atenção e, desta forma, enxergar as coisas boas do Reino de Deus ou a outras pessoas que não estão no nosso grupo e que fazem o bem. E como sementes do Verbo mostram a face de Cristo pela caridade.

E neste Dia Nacional da Bíblia continuemos o exercício do encontro com a Palavra de Deus pela Carta de São Paulo aos Gálatas. A passagem bíblica nos remete ao tema “A comunidade fraterna que semeia projeto do Espírito” em Gl 6,1-5.14-18, em que o Apóstolo apresenta recomendações práticas para que, numa vida em comunidade, sejamos solidários uns com os outros tendo como fundamento a fé em Cristo Jesus.

E neste último Domingo de setembro, quando celebramos o quinquagésimo Mês da Bíblia, aprendemos muito pela leitura e escuta da Palavra sobre o ser discípulo de Cristo, que precisa primeiramente estar aberto aos outros que também querem servir e amar. A caridade não uma propriedade única dos cristãos, outros fazem a experiência do amor ao próximo. Peçamos ao Espírito Santo forças para que, santificados, possamos amar e viver a comunhão em Cristo querendo ser, plenamente, discípulos do Senhor. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Mãos, Pés e Olhos para o Senhor


Dai-me Senhor,

Mãos que abençoam
E que promovam a paz,
Mãos que escrevem
Uma história de amor capaz,
Que seguram firme
Para não romper o cordão da ciranda,
E que sejam para Ti força
Para que o Reino se expanda.
*
Livra-me Senhor
Das mãos da violência,
Que provocam escândalo
E tantas carências…
Corta-me as atitudes
Que destroem a fraternidade
E que promovem
A morte e a desigualdade.

*
Dai-me Senhor,
Pés que caminham para missão
Que vão em busca
Do encontro com o irmão;
Livra-nos das veredas
Do mau caminho
E da tentação
De querer caminhar sozinho.

*
Abençoa os caminheiros
Da perseverança,
Pelas estradas da existência
Que às vezes cansa,
Pés que pisam o chão
Da comunidade em união
Que dançam na festa
Da paz e da comunhão.
*
Enfim
, ensina-nos
A enxergar um mundo novo,
Com o teu olhar
Na vida do povo,
Contemplando
As tristezas e alegrias,
Mas esperando o teu Reino
Como o novo dia.

 

*   *   *

 

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a cultivar atitudes que nos santifique diante do mundo, ilumine o seu caminho!

XXV Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês da Bíblia – “Pois todos vós sois UM em Cristo Jesus” (Gl 3,28d) ⇐

 

Leituras: Sb 2,12.17-20; Sl 54(53); Tg 3,16-4,3; Mc 9,30-37

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Aprendendo a Ser Servo e Acolhedor

Mc 9,30-37

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXV Domingo do Tempo Comum, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar Cristo que nos indica formas de como ser Servo sofredor, acolhedor. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 9,30-37.

O Evangelho desta Liturgia apresenta Jesus ainda em movimento, agora Ele atravessa a Galileia, ocultamente, pois queria estar a sós com os discípulos para melhor prepará-los. Neste texto do Evangelho segundo São Marcos, Jesus faz o segundo anúncio da sua paixão, morte e Ressurreição (cf. Mc 9,30-32). Mais uma vez, Ele surpreende os discípulos e os alerta das consequências do discipulado.

Num primeiro momento, pela segunda vez, Jesus fala sobre o seu calvário e também sobre a Ressurreição após três dias, mas os discípulos não conseguem entender, pois ainda estavam presos às honrarias humanas do costume judaico, além da importância do status de determinados cargos ou postos (cf. Mc 9,34).

Jesus prossegue dizendo que, para ser Seu discípulo, é preciso que primeiro seja aquele que serve, aquele que acolhe os pequeninos, pois quem acolhe uma criança em Seu nome na verdade está acolhendo o Pai do Céu (cf. Mc 9,37). Acolher e ajudar o indefeso e sem voz é acolher o próprio Deus.

Essa experiência de segui-lo terá suas consequências de sofrimento, mas Deus o defenderá e acontecerá o livramento de seus inimigos, como nos indica o livro da Sabedoria (cf. Sb 2,18), na primeira leitura desta Liturgia. Somente quem faz a opção e vive a radicalidade do seguimento em favor do Reino poderá entender esta dimensão da vida cristã.

Na segunda leitura desta Liturgia, São Tiago nos fala que a sabedoria que vem do alto será a base dos valores dos que vivem a fé autêntica em Jesus Cristo. Esta sabedoria é pura, pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimentos (cf. Tg 3,17).

Diante destes fundamentos bíblicos, iluminados pela Liturgia da Palavra, podemos refletir que seguir Jesus supõe estar na contramão das ideologias desumanas presentes no mundo pós-moderno, onde é valorizado aquele que chega primeiro, que se projeta, que quer aparecer diante de todos.

Outro aspecto do seguimento de Jesus é a consciência do sofrimento, é comprometer-se com o outro, é estar com Cristo na escuta, na oração, na Eucaristia e na vivência da humildade (ser o último, ser como criança). É se entregar com simplicidade nas mãos de Deus, tendo disposição para suportar as perseguições, as calúnias, as incompreensões. É não ter medo do mundo (cf. 1Jo 2,15-17) e ser consciente das consequências.

Sem a compreensão do verdadeiro seguimento, como caminho de redenção, fica difícil ser um seguidor autêntico de Cristo. Para isso, é preciso meditação constante e atenta à Palavra para não correr o risco de ficar preocupado com o supérfluo, com as honrarias, com o estrelismo, a popularidade, desaguando assim na inversão da proposta do Reino.

E neste mês da Bíblia, continuemos o exercício do encontro com a Palavra de Deus pela Carta aos Gálatas. A primeira passagem nos remete ao tema “A Filiação divina como cumprimento da Promessa” em Gl 4,1-7, em que São Paulo apresenta como Cristo, descendente de Abraão, nos liberta da escravidão, além de conter a primeira referência à Virgem Maria no Novo Testamento(1) (cf. Gl 4,4). A segunda passagem nos apresenta o tema “A Vida no Espírito conduz a Igreja à Missão universal” em Gl 5,13-26, em que o Apóstolo nos exorta a nos libertar dos instintos para servir os irmãos, evitando as obras da carne e alimentando as obras do Espírito, tais como a paz, a alegria, a paciência, a generosidade, o domínio de si mesmo, entre outras.

Por fim, e retomando o mistério pascal desta Liturgia, peçamos ao Espírito Santo que nos dê forças para que, santificados, possamos enfrentar as tentações e que nosso olhar esteja fixo nas “coisas do alto” (Cl 3,1), mas nossas obras falem onde quer que estejamos, sendo servos e acolhedores para que a luz do Reino dos Céus brilhe na realidade dos desprotegidos e desamparados. Amém.

*   *   *
(1) Cf. KRIEGER, Dom Murilo S. R. Com Maria, a Mãe de Jesus. São Paulo: Paulinas, 2001, p. 44.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Viver no Senhor

Quero estar contigo, Senhor,
No silêncio do meu quarto interior;
Na escuta das Tuas Palavras cortantes;
Que me convertem a cada instante;
Fazendo-me olhar o mundo com Teu amor.
*
Quero caminhar contigo Senhor
Querendo ser servo no discipulado,
Querendo ser o seguidor menor,
Querendo ser o último e melhor,
Querendo ser como criança, por Ti amado…

*
Ajuda-me a colocar a toalha da caridade,
E caminhar num mundo de tanto sofridos,
Ensina-me a lavar os pés machucados,
Dos caminhantes sem rumo, às vezes chagados…
Que precisam de um lugar para serem acolhidos.

*
Aos poucos vou entendendo
A essência do discípulo em fidelidade:
Sendo servo, perseverando,
Ser sal, luz, se entregando,
Neste mundo carente de fraternidade.
*
Ser trigo triturado, esmagado…
Ou caído na terra para germinar,
Nos caminhos do mundo, frutificando,
Na vida também a cruz carregando,
Sendo semente do Reino em todo lugar.

 

*   *   *

 

Referência da imagem: “São Paulo Escrevendo Suas Epístolas” (Saint Paul Writing His Epistles) – 1618-1620, por Valentin de Boulogne, In wikipedia.org.

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos indica modos de como ser Servo sofredor, ilumine o seu caminho!

XXIV Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês da Bíblia – “Pois todos vós sois UM em Cristo Jesus” (Gl 3,28d) ⇐

 

Leituras: Is 50,5-9a; Sl 116(114-115); Tg 2,14-18; Mc 8,25-37

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Palavra de Vida Eterna em Nosso Caminho

Mc 8,25-37

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXIV Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Cristo como Servo sofredor que nos indica o Caminho que requer consciência das consequências da nossa opção de discípulos. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 8,25-37.

A Igreja, com esta Liturgia, nos motiva a abraçarmos a Palavra, conscientes do Chamado para proclamarmos as maravilhas do Reino de Deus, da sua Justiça e da sua Misericórdia. O Espírito Santo continua abrindo nossos ouvidos para que possamos contemplar o Mistério divino que se abre a nós.

A Evangelho desta Liturgia apresenta Jesus novamente em movimento, agora em Cesareia de Felipe. No caminho, Jesus faz uma pergunta aos seus discípulos: “quem dizeis que eu sou?” (Mc 8,29). Parece que, para alguns, não estava tão claro quem era Jesus. É de Pedro que sai a resposta inspirada: “Tu és o Messias” (Mc 8,29). Porém, em seguida Pedro cai pois ainda não compreende o novo messianismo que Jesus apresenta no primeiro anúncio da sua Paixão (cf. Mc 8,31-33).

Pedro e os outros discípulos ainda pensam segundo a realidade humana. Por isso Jesus não autoriza que saiam falando sobre suas obras, pois ainda não tinham consciência da verdadeira missão de Jesus e das suas consequências: sem honrarias, sem fama e sem status, que passa por fracassos, humilhações, dores e mortes. E Jesus conclui: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” (Mc 8,34). Quem estava ou está preparado para este projeto?

A primeira leitura desta Liturgia profetiza o sofrimento de Jesus como Servo sofredor: “Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba…” (Is 5,6). Em Jesus se cumprirá a profeta de Isaías, pois é o Servo sofredor que, por sua vez, vencerá a morte e trará a salvação para todos os homens.

O discipulado exige a prática do seguimento, como nos exorta São Tiago na segunda leitura. A fé sem obras é morta (cf. Tg 2,17). Implica, portanto, que a fé reflita numa realidade concreta. Por isso, o cristão precisa saber quem é Jesus: seu projeto de amor e sua postura diante do mundo. Ser cristão é ter vontade de carregar a cruz das incompreensões, das calúnias e do martírio. É defender a vida na luta contra o aborto, contra a eutanásia ou quando somos solidários com os que estão em abandono. Tudo isso, muitas vezes, exige do cristão firmeza e tranquilidade diante de uma realidade desconfortável e não uma fuga para ficar com a consciência tranquila.

E neste mês da Bíblia, e em consonância com o subsídio das Edições CNBB, continuemos o exercício do encontro com a Palavra de Deus pela Carta aos Gálatas. A primeira passagem nos remete ao tema “O Batismo nos torna filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus”(1), em Gl 3,23-29, onde está localizado texto inspirador do lema do Mês da Bíblia “Pois todos vós sois UM em Cristo Jesus” (Gl 3,28d). A segunda passagem nos apresenta o tema “Chamados a construir a Unidade da Igreja”, em Gl 1,11-24, em que São Paulo expõe a experiência da sua vocação, do chamado de Deus e de sua resposta que resultou no apostolado que difundiu a Palavra de Deus para todos os povos do Império Romano.

Por fim, e retomando o tema desta Liturgia, somente entenderemos o verdadeiro sentido da cruz quando soubermos quem é Cristo Jesus e vivermos verdadeiramente sua fé, sua obra, sua cruz, sem fingimentos e sem falsidades, como nos motiva o salmista “Andarei na presença de Deus, junto a Ele, na terra dos vivos.” Amém.

*   *   *
(1) Os temas aqui apresentados são os dois primeiros encontros propostos no subsídio “Encontros Bíblicos para o Mês da Bíblia 2021 – Carta aos Gálatas”, Edições CNBB (versão eletrônica).

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Quem És Tu Senhor?

 

Quem és Tu ó meu Senhor?
Que me chama pra Te seguir.
Que me trata como amigo…
Que me é sincero e não me enganas,
Pro Teu caminho assumir.
*
És Pão e Palavra que vem do alto,
Alimento dos que estão unidos,
Dos que sonham sempre juntos,
Dos que caminham na Tua escuta.
Dos que procuram abrigo.

*
Tens Palavras de vida eterna,
Mas também Palavras duras.
A Teus discípulos é exigente,
Porque é um mestre diferente,
E com amor nos segura.

*
Pra Te seguir conscientes,
As consequências teremos,
O Teu mandato é exigente.
Tem cruz e humilhações,
Mas a vida encontraremos.
*
O que fazer então, ó Senhor?
Para Te responder coerente,
A verdade do meu coração,
Que ainda Te desconhece,
Como age tanta gente.
*
Somente continuar Te seguindo,
No Teu caminho de ensinamento,
Nas Tuas perguntas curtas,
Que me incomodam, mas limpa
Todo o meu entendimento.

*   *   *

 

Referência da imagem: “Cristo aparecendo a São Pedro na Via Ápia” (Domine quo vadis?) – 1602, por Annibale Carracci, In wikipedia.org.

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos indica o Caminho que requer consciência das consequências da nossa opção de discípulos, ilumine o seu caminho!

XXIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês da Bíblia – “Pois todos vós sois UM em Cristo Jesus” (Gl 3,28d) ⇐

 

Leituras: Is 35,4-7a; Sl 146(145); Tg 2,1-5; Mc 7,31-37

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Discípulos em Escuta e Missionários na Fala

Mc 7,31-37

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXIII Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos motiva a contemplar a ação salvífica que quer curar nossas deficiências para que possamos escutar a Palavra e proclamar as maravilhas do Reino de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 7,31-37, passagem que está localizada no início da terceira parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “Viagens de Jesus fora da Galileia”.

A Evangelho desta Liturgia apresenta Jesus em movimento, em território pagão – na região de Tiro e Sidônia –, numa peregrinação em meio aos homens e mulheres deste mundo. Aos seus pés trazem um surdo-mudo para ser curado, pois não ouvia e tinha dificuldade de falar. Jesus o separa da multidão, toca nos seus ouvidos e na língua. Em seguida proclama uma oração de súplica ao Pai. E aquele homem, que estava afastado da comunidade e por isso precisou ser carregado, agora escuta e fala – caminha com autonomia.

Com esta passagem, Jesus cumpre o que profetizou Isaías quando falou ao povo exilado na Babilônia, da esperança da Salvação que vem de Deus. Diz o profeta na primeira Leitura desta Liturgia: “Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos” (Is 33,5).

Já na segunda leitura desta Liturgia, ainda é São Tiago quem exorta para que, na nossa fé em Jesus Cristo, não admitamos acepções de pessoas e que os herdeiros do Reino são os ricos na fé. Portanto não é Deus o promotor da exclusão, mas aqueles que, não querendo escutar o Senhor, ficam de fora da herança que Ele oferece.

Vivemos numa realidade poluída sonora e visualmente e sem o discernimento que a Palavra de Deus nos oferece podemos acabar como aquele pagão, surdo-mudo. É Cristo quem nos oferta a cura para que possamos escutar o chamado que nos leva à comunidade. E quando necessário Deus provê quem nos leve. Cristo quer que estejamos ao alcance dos sofredores, carentes do Pão e da Palavra e que estejamos disponíveis para abrir a boca para proclamar as maravilhas do Reino de Deus.

E neste mês da Bíblia, façamos um exercício do encontro com o Senhor para escutarmos o Espírito Santo na voz da Igreja, seja pela Eucaristia seja pela leitura diária da Bíblia. É pela constante escuta do que podemos permanecer firmes nos caminhos da vida e de justiça num mundo de sofrimento (cf. Dt 4,1-2.6-8). A Palavra de Deus precisa ser semeada no coração das pessoas, propiciando a cura do individualismo que se manifesta, muitas vezes, na avareza ou no consumismo.

Neste ano, a Igreja nos oferta o lema “Pois todos vós sois UM em Cristo Jesus” (Gl 3,28d), da Carta de São Paulo aos Gálatas, que é o livro escolhido para este mês. Rezamos para que possamos ser realizadores em nossa pessoa do lema de sermos um em Cristo, que possamos escutar e proclamar as maravilhas que nos foram deixadas pelo Pai, pelo Jovem Galileu e pelo outro Paráclito (cf. Jo 14,16). Peçamos à Virgem Maria que rogue por nós para que o seu “Sim” ao Pai, sua acolhida ao Espírito e a sua dedicação ao Filho sejam nutrientes para enfrentarmos os desafios e as tentações neste vale de lágrimas. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Efatá

 

Abri teu coração e os teus ouvidos,
À voz da Palavra que te liberta,
Também para a escuta do teu irmão,
Que grita em teu existir e te alerta,
Para o verdadeiro ser cristão.
*
Deixa que eu cure a tua surdez,
Para ouvires as Palavras agradáveis,
Que vem dos teus amados irmãos,
Em seus gestos sinceros e amáveis
E que fazem ressoar em teu coração.

*
Deixa que eu abra os teus lábios
Para proclamares a minha Glória,
Na partilha da Palavra e do Pão,
Na Ressurreição que é vitória,
Beleza da vida e da comunhão.

*
E convertido no teu ouvir e no teu falar,
Denunciarás as injustiças desta vida,
Proclamarás o amor em comunidade
Quando as pessoas todas reunidas
Buscarão a Paz e a Fraternidade.

*   *   *

 

Referência da imagem: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org.

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos quer proclamadores das maravilhas do Reino de Deus, ilumine o seu caminho!

XXI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês Vocacional – Domingo da Vocação do Cristão Leigo ⇐

 

Leituras: Js 24,1-2a.15-17.18b; Sl 34(33); Ef 5,21-32; Jo 6,60-69

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Decidir com Quem Caminhar

Jo 6,60-69

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXI Domingo do Tempo Comum, o quinto e último do “Discurso do Pão da Vida”(1), neste Ano de São José, nos motiva a decidir pelo dom da Vida Eterna. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 6,41-51.

A Igreja, com esta Liturgia da Palavra, nos motiva a ruminar sobre a nossa escolha diante do discurso que Jesus fez e faz sobre o Pão da vida. Até que ponto nos incomodamos com o que o Senhor nos fala pelo Santo Evangelho? Será que nos questionamos sobre nossa vida de cristãos batizados em nome do Senhor? Estamos dispostos a atravessar pela porta estreita (cf. Lc 13,22-30)?

O mundo nos incomoda e nos questiona a partir de nossas atitudes às vezes incoerentes, ou seja, vida vazia de testemunho. Conseguimos esconder muito pouco a incoerência das nossas falas e reflexões que brotam da escuta, nem sempre atenta, da Palavra. Por isso a caminhada com Jesus, a qual fizemos opção de vida (seja consagrada, ordenada ou leiga), precisa estar engajada num ministério.

Constatamos, no Evangelho desta Liturgia, o quanto foi duro, para os que já estavam no caminho de Jesus, ouvir seus critérios de adesão ao discipulado. Murmuraram e disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6,60). Parece-nos que as palavras pronunciadas no seu discurso de Jesus soaram de forma muito pesada no coração de quem ouvia.

Mas podemos nos perguntar se aqueles “ouvintes” estavam mesmo escutando com o coração ou estavam escutando com seus interesses? Era para servir ou para serem servidos? E nós, o que respondemos hoje com a conclusão do Discurso do Pão da Vida?

Somente os que abraçaram de corpo e alma, mesmo com suas misérias, indignidades, carências, fraquezas, tal como os apóstolos, foram capazes de ouvir e professar a fé no Pão da vida. Mesmo aos “trancos e barrancos” seguiram em frente, mas decididos em continuar aprendendo com o Mestre, pois suas Palavras “são espírito e vida” (Jo 6,63). Com isso, podem levar a vida verdadeira e dá sentido ao caminhar dos seguidores, alimentar a fé dos que caminham em meio as alegrias e tristezas, dores e angústias…

Na primeira leitura desta Liturgia, a Igreja nos oferta o texto que narra a assembleia de Siquem (cf. Js 24,15). E mesmo o povo já seguindo o caminho de Deus, Josué motiva o povo a renovar a sua fé e fidelidade no Senhor Deus. Nossa vida também é assim, precisamos sempre renovar no encontro com a Palavra e com a Eucaristia, nossa fé em Jesus, Ressuscitado, pois fomos chamados através do Batismo a fazer parte do novo povo de Deus.

Na segunda leitura (cf. Ef 5,21-32) a Igreja serve uma passagem da Carta de São Paulo aos Efésios, que trata da vida doméstica dos cônjuges (casal que está debaixo do mesmo jugo, da mesma canga). O Apóstolo nos apresenta a experiência da vida matrimonial como um espelho da vida de Cristo com a Igreja. Nossa vida de cristãos deve ser marcada pelo amor e pela obediência, podemos dizer: submissão à Palavra de Cristo Esposo, que, por sua vez, entrega-se à obediência ao Pai, doa toda sua vida a favor da sua esposa, que é a Igreja.

E este quarto Domingo do Mês Vocacional é dedicado à vocação dos cristãos leigos e leigas. Rezemos para que os leigos sejam “sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino”(2), tendo como referência a família de Nazaré, Jesus, Maria e José, exemplo de simplicidade, de fidelidade dos dons em vista do projeto de Deus e do amor ao próximo.

Peçamos a Deus, Pai santo, justo e misericordioso, que nos ilumine em nossa conversão diária, fruto de arrependimento, muitas vezes imperfeito, para que possamos renovar nossa escolha diariamente por Ele, como fez o Filho e guiados pelo Espírito Santo, que dá vida à carne, pois como nos motiva o salmista, possamos provar e ver o quão suave é o Senhor.

*   *   *
(1) Cf. BECKHÄUSER, Frei Alberto. O Ano Litúrgico: Com Reflexões Homiléticas para cada Solenidade, Domingo e Festa do Senhor. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 226.
(2) Tema do Ano do Laicato, promovido pela CNBB em 2017/2018, cujo lema foi “Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5,13-14)”.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Escolher o Caminho

 

O Senhor nos pede uma escolha:
Caminhar com ele
Ou outro percurso seguir,
Mesmo já tendo iniciado o caminho,
Alguém pode desistir.
Perder-se em meio à multidão,
Seguir os desejos do coração,
E a Palavra da vida não mais ouvir.
*
O Senhor nos pede uma decisão,
Quando sua Palavra escutarmos,
E refletirmos e logo escolhermos,
Com Ele não mais caminharmos,
Sem Ele somos indignos até de mendigar,
Podemos seguir um ídolo e adorar,
E numa vida vazia mergulhamos.

*
E a quem podemos seguir, Senhor?
Se Tuas palavras são espírito e vida,
Pois não há outro Deus a adorar,
Somente em Ti, perdão e acolhida,
Tua palavra é o Santo Pão,
Teu Corpo e Sangue é comunhão,
Que se faz na comunidade reunida.


*   *   *

 

Referência da foto: David Shankbone (2007), In wikipedia.org

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Pão que nos leva à vida eterna, ilumine o seu caminho!

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês Vocacional – Domingo da Vocação para a Vida Religiosa ⇐

 

Leituras: Ap 11,19a;12,1-6a.10ab; Sl 45(44); 1Cor 15,20-27a; Lc 1,39-56

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Maria e Isabel: O Encontro da Profecia e da Salvação

Lc 1,39-56

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar a assunção de Nossa Senhora ao Céu, de corpo e alma, sendo a primeira a participar da redenção e da glorificação celeste. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,39-56.

A Assunção de Nossa Senhora à glória celeste, de corpo e alma, é um dogma proclamado pela Igreja, ou seja, uma verdade de fé, e é o mais recente entre os quatro dogmas marianos, tendo sido proclamado pelo Papa Pio XII no ano de 1950(1). Os outros três dogmas marianos são: Maternidade Divina, Imaculada Conceição e Virgindade Perpétua.

No Evangelho desta Liturgia, o evangelista São Lucas nos apresenta a caminhada de fé da jovem Virgem rumo à casa de Isabel. A Virgem Maria, grávida por obra do Espírito Santo (cf. Mt 1,20), segue pelo longo percurso de 150 km rumo à Judeia e caminha, por entre as montanhas, para levar a caridade e a alegria à sua prima. Com esta missão, a Virgem, grávida do Salvador e vazia de interesses pessoais, dá mais um passo para torna-se Sacrário Vivo do Senhor.

A Virgem peregrina nos dá exemplo de como abraçar o Chamado e da firme decisão para crescer na resposta de fé, em atitude de amor e de doação. A Mãe do Salvador se doa de forma lenta e desinteressada, mas vai apressadamente para servir a outra grávida, portadora da profecia em seu ventre (João Batista), que preparará os caminhos do Enviado para que os homens o acolham, sejam curados, chamados e redimidos pelo sangue do Cordeiro.

A Esposa de São José, Maria, é a imagem perfeita da Igreja (cf. CIgC(2), nº 967), que é o Corpo Místico de Cristo (cf. CIgC, nº 787-810). Ela é também Sacrário Santo e vínculo de amor entre irmãos, é meio de salvação para todos que dela se aproximam para escutar e se alimentar do Senhor, sendo purificados pela fé e glorificados na dimensão celestial.

É ela a mulher “vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1), como nos fala a primeira leitura desta Liturgia. É ela porque tem no seu ventre o poder da vida e que esse poder vence o dragão da morte e devolve a vida verdadeira a todos os que acolhem os valores do Reino e querem a redenção e desejam participar da glória de Deus.

São Paulo nos diz que “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (1Cor 15,20). Deus antecipa para a Mãe do Salvador a graça da ressurreição e da glorificação. Ela é a primeira cristã entre os que seguiram e seguem o Senhor. Por isso podemos chamá-la de Nossa Senhora da Glória, pois é a Rainha que se encontra à direita do Rei, com o esplendor da sua beleza e da sua santidade, assim como cantamos no salmo responsorial desta Liturgia [cf. Sl 45(44)].

Para que vivamos um testemunho coerente, precisamos olhar para Virgem Maria, que interioriza e pratica as virtudes na simplicidade do seu cotidiano. Estando atentos ao que Deus nos pede, vivendo a obediência à Palavra do Senhor, não desviaremos a nossa atenção das diversas situações do mundo, principalmente no que se refere a todos os sofredores. Enfim, nos esvaziando do nosso egoísmo para poder nos encher da graça de Deus.

E neste terceiro Domingo do Mês Vocacional, dedicado à vocação à vida consagrada (religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, seculares), rezemos pelos que são chamados para a Evangelização missionária no mundo. Que possamos aprender da Virgem Maria sobre a escuta da Palavra, a obediência ao chamado de Deus, à vida de castidade, ao anúncio do Reino de Deus e a contemplação frutífera, através da oração perseverante.

 

*   *   *
(1) Através da constituição apostólica Munificentissimus Deus. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html>.
(2) Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html>.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A Primeira Crente da Nova Aliança

 

Aberta à voz de Deus e ao Seu chamado,
Grávida, a serviço da vida e da esperança,
Lá vai a caminheira para a santa missão,
Como primeira crente da nova Aliança.
*
Vai pelas montanhas entre o vento e a poeira,
Motivada pelo amor e levando a Força da Redenção,
Visita a sua prima Isabel, com gratuidade fraterna,
Levando um cântico de alegria, profecia e libertação.

*
Sua alma é engrandecida pelo amor supremo,
Pois a alegria é plena do Espírito Divino,
Porque o mundo a chamará Senhora Bendita,
Porque da sua boca nasce o Anúncio, por um belo hino.

*
É glorificada no Céu de corpo e alma,
Porque em Cristo és Mãe e Santificada,
Por isso o nosso culto a ti elevamos felizes,
Porque és a primeira cristã de vitória alcançada.
*
Rogai por nós, nos vales dos nossos sofrimentos,
Mãe da profecia e cheia do belo cantar de amor,
Ensina-nos a sermos vazios de nós e cheios da Graça,
Como servos atentos e santos de Nosso Senhor.


*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos deu como Mãe a Virgem Maria – assunta ao Céu de corpo e alma, ilumine o seu caminho!