VI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Lv 13,1-2.44-46; Sl 32(31); 1Cor 10,31-11,1; Mc 1,40-45

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Em Nosso Senhor Jesus Cristo a Cura é Total

Mc 1,40-45

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do VI Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Jesus que é tocado por um leproso que rompeu o cordão de isolamento. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,40-45, sequência do Domingo passado.

O evangelista Marcos nos apresenta um leproso que rompeu o cordão de isolamento construído pelas autoridades religiosas da época. Este isolamento era um preceito que constava no livro sagrado sobre o título de Lei de Moisés e consistia no banimento da convivência social, pois além de ser considerada contagiosa, a pessoa com esta enfermidade era vista como amaldiçoada e carregando o pecado da sua história.

Na primeira leitura desta Liturgia, no livro do Levítico (13,45-46) podemos comprovar como era tratada uma pessoa portadora de lepra: “O homem atingido por este mal andará com as vestes rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: ‘Impuro! Impuro!’ Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento’.”

Jesus vai além da lei. Já não é um profeta, isto é, um portador da voz de Deus, mas o próprio Deus. Jesus se compadece do doente, estende a mão, toca-o e confirma a cura (cf. Mc 1,41-42). Curar um leproso era como que ressuscitar um morto, pois um leproso era condenado ao isolamento. Ao curar aquele homem, Jesus também perdoa os pecados, tirando-o das margens da sociedade. O ex-leproso agora irá anunciar as maravilhas de Deus a todos os que ele encontrar porque foi acolhido e incluído por Jesus. A fama de Jesus crescerá cada vez mais.

O Evangelho não diz se aquele homem curado se apresentou aos sacerdotes, como se mandava, porque ele já encontrou e reconheceu que Jesus é quem veio curar as feridas da humanidade e tirar os pecados do mundo.

Jesus agora irá para as margens (periferias) porque precisa resgatar os pecadores, curar os doentes e salvar os que estavam perdidos. Foi para isso que ele veio, porque era nas diversas periferias que estavam todos os que eram expulsos pelas autoridades religiosas.

Esta Liturgia nos levar a refletir sobre nossas enfermidades e sobre a nossa relação com as enfermidades dos outros. Podemos nos perguntar: como estão nossas ações para com os doentes e os que estão nas periferias da vida, os necessitados da presença de Cristo?

Somos chamados a colaborar com Cristo na promoção das diversas curas, sejam existenciais, físicas, espirituais, sociais. Tais enfermidades provocam estigmas que tanto afligem os filhos de Deus. Somos chamados a buscar a libertação dos pobres que sofrem as mais diversas exclusões, que sofrem a falta de assistência à saúde, que sofrem da fome de alimento e de esperança e de tantas outras realidades que fazem os pobres necessitados de caridade.

E neste tempo de pandemia em que a ciência descobre os meios de imunização contra a Covid-19, através da vacina, não sejamos pedra de tropeço como foram os fariseus na época de Jesus. Queremos lembrar e informar que a Comissão Vaticana Covid-19 e a Pontifícia Academia para a Vida comprovaram a eficácia da vacina contra o Covid.[1]

Precisamos nos colocar humildemente na celebração eucarística e pedirmos perdão e a cura das doenças humanas e espirituais. O Senhor nos toca e nos faz participantes de sua mesa. Quer nos trazer de volta, fazendo-nos membros do seu grupo de discípulos missionários.

Peçamos as graças do Deus vivo que nos cura e nos salva, para sermos sinais do amor do salvador no mundo. Somente precisamos tomar uma atitude de expressar a nossa fé e confiança, pois o Senhor é nosso refúgio e alegria e é em Cristo que somos um rebanho e temos a cura de todas as nossas enfermidades.

***

[1] Cf. Santa Sé: garantir vacinas a todos é uma questão de justiça. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2020-12/documento-comissao-covid-19-pontificia-academia-vida-vacinas.html>. Publicado em: 29 dez. 2020. Acesso em: 12 fev. 2021.

 

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⇒ POESIA ⇐

O Senhor nos Cura

Encontremos o Senhor,
Para nos purificar,
Nossos pecados curar,
Para podermos servir,
Ele é cura e compaixão,
Faz a purificação,
E vem pra nos redimir.

O Senhor é nossa alegria,
Preenche o nosso vazio,
Quando há o vento bravio
Quando vem em nós a dor,
Quando vem nossa tristeza,
Ele é nossa fortaleza,
Nosso Deus de puro amor.

Quantas lepras a atacar,
Nossa vida em movimento,
Traz pecado e sofrimento,
Precisamos nos curar,
E aí pedir perdão,
É a nossa gratidão,
Para nos santificar.

Também nossa indiferença,
Com os que estão sofrer,
Nós não queremos ver,
Temos medo e insegurança,
E por isso nós fugimos,
De bons nós também fingimos,
Sem pregar a esperança.

Tantas boas intenções,
Não bastam para ser cristão,
Precisamos de ação,
E mudar nossa postura,
Trazer em nós a conversão,
Para abraçar os irmãos,
E Jesus lhe traz a cura.

Encontremos no Senhor,
Nossa cura e pureza,
Remédio em nossa mesa,
Para a nossa salvação,
Curemos nossas feridas,
Nossas raivas e intrigas,
Pra abraçar a comunhão.

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**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte da lei perfeita, ilumine o seu caminho! ***

 

V Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras:  7,1-4.6-7; Sl 147(146-147); 1Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus nos Ajuda a Levantarmos e Caminharmos

Mc 1,29-39

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do V Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Jesus que continua sua caminhada levando a cura também aos que o servem. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,29-39, sequência do Domingo passado.

O evangelista Marcos nos apresenta Jesus realizando sua obra na casa de uma família e proporcionando a cura da sogra de Pedro. Depois do mar da Galileia, quando chama os quatro primeiros discípulos enquanto realizavam seus trabalhos de pescadores, como vimos no III Domingo do Tempo Comum, Jesus vai à sinagoga, lugar de culto do povo e estudo da Palavra, expulsar o demônio, como vimos no Domingo passado. Nesta Liturgia, ele está no meio de uma família para trazer a cura e a salvação. Aquela mulher recebe de Jesus a graça da saúde, a libertação do mal da febre e começa a servir.

O tema desta liturgia, portanto, é o drama do sofrimento humano e é nesta realidade que Deus vem ao encontro das pessoas para trazer a cura e a salvação.

Na primeira leitura vimos os lamentos humanos de Jó, quando perde tudo, inclusive a saúde. Jó pensa na brevidade de sua vida e por isso diz: “Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira e consomem-se sem esperança.” (Jó 7,6). Jó expressa o sofrimento de todos os humanos. E assim, mais cedo ou mais tarde, nossas dores físicas ou espirituais chegam para nós. Não podemos fugir. O que deve manter-nos firmes é a nossa capacidade de confiança num Deus que nos criou e quer nos resgatar em sua imagem e semelhança, para que participemos do Reino de amor e alegria.

A presença de Jesus acontece nos mais diversos setores da vida do povo: no mar da Galileia, lugar de trabalho; na sinagoga, lugar de culto e estudo da Palavra; e na casa de Pedro, lugar da família e do acolhimento. É a realização de tudo que o povo da antiga aliança, na pessoa de Jó, esperou. Sua pregação e seu chamado nos conduzem à cura total, para que possamos servir com amor e fé.

Como a sogra de Pedro, que após ser curada começa a servir, nós, quando recebermos as graças que vem de Deus, devemos servi-lo na ação concreta de caridade voltada aos pobres, aos doentes e aos amargurados.

São Paulo, na segunda leitura, nos fala da necessidade de pregar o evangelho para que a obra de Cristo se realize no mundo, com a nossa vida de caridade levando alívio ao sofrimento humano, cuidando das feridas físicas e espirituais. Devemos ir aos que sofrem pelas diversas doenças e também aos que ainda não conhecem Jesus.

Os discípulos de Cristo também carregam os seus sofrimentos. Como Jó, muitas vezes, lamentamos por nossa realidade de vida. O que deve ficar claro é que nossas misérias humanas não são anuladas por abraçarmos o chamado de Cristo. Pelo contrário, muitas vezes até afloram certas feridas. Entretanto, Deus nos dá a certeza de que Cristo é o refrigério e a cura das mesmas feridas para que continuemos abertos ao processo de caminhada de conversão e permanente disposição em responder ao Senhor.

Que o Espírito Santo ilumine e fortaleça cada pessoa, cada cristão na sua experiência com Cristo e no seu contato com o sofrimento, seja ele interior ou físico.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Deus Escuta a nossa Dor

Quando a dor e o sofrimento,
A nós venha a sufocar,
O Senhor vem a escutar,
Nossa angústia e solidão,
Nossa desilusão,
Para então nos consolar.

Quando o mal vem e nos entristece
Em nossas debilidades,
Deixando-nos em enfermidades,
O Senhor vem socorrer,
Para nos fortalecer,
Na sua imensa bondade.

E quando a graça recebemos,
Devemos retribuir,
E aos irmãos servir,
Com imensa gratidão,
Em sinal de comunhão,
E nunca, nunca desistir.

Nosso servir é primordial,
Deve ser nossa missão,
Para o Reino em ascensão,
Evangelho anunciado,
Amor sempre partilhado,
Sem medo e apreensão.

E ao redor da mesa santa,
Que nos traz a igualdade,
Paz, amor e felicidade,
Também, vida e alegria,
No caminho de cada dia,
Rumo à eternidade.

***

 

 

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 *** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos escuta e nos ajuda a caminhar, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Dt 18,15-20; Sl 95(94); 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus, Expulsa-nos o Mal

Mc 1,21-28

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo do Tempo Comum nos motiva a fixar o olhar em Cristo para escutar sua Palavra e sermos libertos. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,21-28, uma sequência do Domingo passado.

O evangelista Marcos nos apresenta Jesus na sinagoga de Cafarnaum, participando do Sábado, em obediência à lei. Ali ensinava com autoridade e o demônio se incomoda e se manifesta, reconhecendo a força da presença de Deus naquela sinagoga. A sua presença é a manifestação divina contra o mal que está no coração das pessoas. Seu ensinamento é novo e cheio de força. É o enviado do Pai para trazer a mensagem do céu e ser palavra viva no meio de nós, como anunciou Moisés: “Farei surgir um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará, tudo o que eu mandar” (Dt 18,18-19).

Em nossos dias, muitos falsos profetas se apresentam e anunciam inverdades, falsidades e mentiras. A Palavra de Deus não é assim. Ela tem força porque é a presença da verdade e da justiça que expulsa o mal da inveja, da mentira, da prepotência, da injustiça.

A sede de Deus às vezes faz com que as pessoas bebam qualquer promessa, qualquer palavra humana. Por isso é importante que os discípulos missionários anunciem a Palavra viva do Evangelho de Jesus Cristo que veio trazer a salvação. A Palavra viva de Jesus muda o coração das pessoas, pois não se baseia em prosperidades sejam materiais, econômicas, mas na força de conversão do coração humano. A Palavra de Jesus cura a pessoa integralmente.

A missão de Jesus é obra de salvação e de mudança de vida interior porque é uma mensagem pura e genuinamente libertadora. O demônio o reconheceu como Deus todo poderoso que veio vencê-lo pela sua força salvadora e diz: “Sei quem tu és: o Santo de Deus.” (Mc 1,24).

A presença do Bem maior, Palavra viva no meio do povo reunido, expulsa dos corações toda maldição. Sua voz faz calar todo o mal; sua presença é de poder que faz afastar qualquer presença de divisão do meio do povo que escuta a Deus.

Portanto, esta Liturgia nos ensina que quando fixamos o olhar em Cristo e escutamos sua voz de amor contra nossos males, seremos libertos de tudo que nos aprisiona.

São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, nos diz: “O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações” (1Cor 7,35). O Apóstolo nos ensina que, como cristão, nossa prioridade é abraçar aquilo que o Senhor nos traz em sua mensagem para que enfrentemos os desafios da vida. Outras preocupações terão menos importância e influência, se carregarmos em nosso coração e em nossa vida, Cristo e sua Palavra.

Rezemos para que o Espírito do Senhor esteja sempre presente nos corações dos homens que se reúnem em seu nome para escutá-lo e se alimentar do seu Corpo, o qual se fortalece na luta contra todo o tipo de escravidão e maldição. Que possamos ser profetas da verdade, do amor e da fraternidade no mundo.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

O Profeta Perfeito

Jesus, profeta perfeito,
Nosso amor eterno,
Que traz a libertação,
Que nos faz sempre irmãos,
No mundo, também fraternos.

Jesus, nossa Palavra viva,
Nosso Deus e salvador,
Traz-nos um ensinamento novo,
Para a vida do seu povo,
Que busca a essência do amor.

Jesus, voz do sumo bem,
Que faz o mal se calar.
Cura nossas maldições,
Também nossas tentações,
Que vem a nos massacrar.

Jesus, mestre e salvador,
Que conosco quer estar,
Faz-nos fiéis seguidores,
Vence a morte e as dores,
Que querem nos sufocar.

Jesus, nosso Deus amado,
Traz-nos a paz e a esperança,
Faz-nos firmes caminhar,
E ao mundo anunciar,
Sua santa aliança.

Jesus, pão vivo do céu,
Vem como alimentação
Fortalece a caridade,
Pra viver fraternidade,
Na mesa da comunhão.

***

 

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos ensina com autoridade, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Jn 3,1-5.10; Sl 25(24); 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Pescadores no Mar da Humanidade

Mc 1,14-20

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do III Domingo do Tempo Comum, deste Ano de São José, nos motiva a caminhar com Jesus que prega a Boa-Nova tão esperada pelo povo de Israel. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,14-20.

E a Boa-Nova é a chegada do Reino, a proximidade da realeza de Deus. Por isso todos devem se voltar para Deus através da conversão (cf. Mc 1,15). E para a expansão do Reino, Jesus chama colaboradores, para caminharem com ele e se prepararem para a missão. Inicialmente, ele compõe um quarteto de discípulos para ajudá-lo em sua obra salvadora: Pedro e André, Tiago e João. É interessante que estes primeiros quatro homens convocados por Jesus eram todos pescadores, estavam no mar, nas suas atividades profissionais (cf. Mc 1,16-19).

Imediatamente deixam seus afazeres e seguem o mestre… porque “é preciso pescar diferente e o povo já sente que o tempo chegou”[1], assim nos fala uma canção do Pe Zezinho. Os discípulos continuarão pescadores, mas agora de pessoas, mudarão suas vidas e a de tantos que abraçarem o Chamado. As relações familiares serão mudadas porque o Caminho de Jesus está acima dos relacionamentos humanos.

Jonas, na primeira leitura desta Liturgia, é o mensageiro para converter os ninivitas dentro de um prazo de quarenta dias (cf. Jn 3,4). Sua mensagem é forte. O povo e o rei se convertem e a cidade foi preservada da destruição anunciada. Deus nos pede mudança de atitude. Assim foi a atitude dos ninivitas após a pregação de Jonas: “creram em Deus, convocaram um jejum e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.” (Jn 3,5).

Abraçar o caminho do Senhor nos impele a mudar hábitos, a mudar ações e qualidade das relações. Como os discípulos de Jesus, que deixaram a rotina das redes para serem seguidores, os ninivitas deixaram a rotina de pecado e transformaram a cidade em um lugar de paz e fraternidade, deixando que Deus conduzisse as suas vidas.

Nós cristãos também temos nossas redes particulares e que de diversas formas nos prendem a uma zona de conforto, que nos impede de sair em missão. Mesmo batizado, indo às celebrações semanais e praticando os preceitos, devemos sempre nos perguntar se algo mais deva ser feito pelo Reino de Deus.

Paulo, na sua Primeira Carta aos Coríntios, faz referência à brevidade do tempo dos homens. É preciso ficar atento porque as coisas terrenas passam e o amor de Deus precisa ser acolhido antes que seja tarde (cf. 1Cor 7,29-30). É urgente que aprofundemos nosso caminho com Cristo. Seja em nossa vida matrimonial, celibatária, de solteiros ou de viúvos, faz-se necessário que o nosso olhar esteja em Deus, porque o tempo da graça de Deus chegou para vivermos com mais intensidade a experiência com Deus.

Peçamos ao Espírito Santo que nos fortaleça para rompermos a nossa zona de conforto, seja ela qual for. Faz-se necessário sairmos em movimento, escutando o chamado de Jesus e seguindo em missão, como os discípulos saíram e propagaram pelo mundo o Evangelho.

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[1] Trecho da letra da música Há um barco esquecido na praia (Pe. Zezinho), Graça e paz, 1985, COMEP/Paulinas.

 

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⇒ POESIA ⇐

Pescadores no Mundo

Dos mares e das redes pessoais,
Saem os discípulos com o Senhor,
Atendem o chamado sem protelação,
Abraçam o caminho com muito amor,
Suas vidas e seus atos se transformarão,
Estão a serviço com grande ardor,
Seguindo os caminhos da santa missão.

Serão pescadores no mundo dos homens,
Buscando a muitos para a conversão,
Aprendem com o mestre como caminhar.
Pregando, curando e também a oração,
Para durante as jornadas não desanimar,
Porque desafios e tempestades enfrentarão,
Mas é preciso sempre e sempre continuar.

Mas uma coisa, deverão aprender,
Que suas vidas primeiro precisam mudar,
Para o testemunho de homens eleitos,
Seus caminhos comuns precisam alterar,
Pelo contrário não viverão o preceito,
Que é viver o Reino e este implantar,
Tem que ter conversão não há outro jeito.

E nós batizados, também seus discípulos,
Queremos de nossas redes desapegar,
Seguir os caminhos para salvação,
Deixando que a Palavra venha nos moldar,
Não tendo medo da transformação,
Que o chamado venha nos causar,
Para seguir o Cristo e sua missão.

A missão é de Cristo por excelência,
Devemos apenas lhe obedecer,
Sendo discípulos no aqui e no agora,
Para sua obra deixarmos crescer,
Não fujamos e nem vamos embora
Porque ele chama a todos a se converter,
Porque o Reino chegou sua hora.

E na ceia, lugar do amor partilhado,
Todos os discípulos sempre reunidos,
Para o encontro da vida de união,
Alimenta-se na alegria e são agradecidos,
Pois em Cristo, todos são irmãos,
Povo em missão e escolhido,
Vivendo na terra e no céu a comunhão.

***

 

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, presença concreta do Reino de Deus entre nós, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: 1Sm 3,3b-10.19; Sl 40(39); 1Cor 6,13c-15a.17-20; Jo 1,35-42

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus nos Chama para estar com Ele

Jo 1,35-42

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do II Domingo do Tempo Comum do Ano B nos motiva a querer estar com Jesus, o Mestre. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 1,35-42.

Nesta primeira etapa do Tempo Comum, contemplamos Jesus na sua missão: pregando o Reino, expulsando demônios, curando os doentes, chamando discípulos para colaborarem na implantação do plano salvífico. Do III ao VI Domingo deste Tempo seremos iluminados pelo evangelista São Marcos.

Nesta Liturgia, o evangelista João apresenta o Batista indicando a dois de seus discípulos o próprio Cordeiro de Deus. André e o outro vão a Jesus e querem aderir ao Caminho do Jovem Galileu. Diferente dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, João relata que André é o responsável por levar seu irmão, Simão, a Jesus. Com isso, a Palavra de Deus nos motiva a ser testemunha dentro de uma comunidade de Cristo para a vivência do amor fraterno e o anúncio do Reino.

A primeira leitura, desta Liturgia, nos apresenta o chamado que Deus faz ao jovem Samuel (cf. 1Sm 3,9), que reside com o sacerdote Eli e é com a ajuda de Eli que o jovem Samuel vai deslumbrando que Deus lhe chama. Novamente a Palavra de Deus nos indica a importância comunitária no discernimento da nossa vocação. A voz de Deus Pai, no Antigo Testamento, também nos indica a importância do silêncio da noite, quando outras vozes cessam, para podermos ouvir Deus.

O seguimento de Cristo exige, como em Samuel, escutar o chamado, peregrinar (ou seja, sair da zona de conforto) e sair em missão (para semear o Reino). As mesas da Palavra e da Eucaristia nos fornecem o alimento para cada uma das etapas do cumprimento do chamado à pertença ao Corpo Místico de Cristo.

São Paulo nos fala que somos parte do Corpo do Senhor (cf. 1Cor 6,16), um templo formado por pequenos templos, onde habita o Espírito Santo. Com o livre arbítrio devemos sim evitar o pecado, mas também fugir às ocasiões de pecado, como nos orienta uma das fórmulas do Ato de Contrição. Assim, devemos guardar nossos olhos, ouvidos e língua.

O nosso corpo deve expressar uma sexualidade segundo os desígnios de Deus, exercendo a castidade conforme o estado de vida ou a realidade de cada um: os casados na fidelidade conjugal (debaixo do mesmo jugo, da mesma canga) e os demais (solteiros, viúvos, ministros ordenados e religiosos ou leigos celibatários), guardando, por vontade própria, a sua sexualidade para o Reino de Deus.

Na hora da comunhão, quando o sacerdote parte o Pão para a comunidade, antes ele usará as mesmas palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36). Nós devemos olhar para o Cristo e nos perguntarmos se estamos conscientes de sua presença em nossas vidas, ser discípulos e deixar que reine em nossa existência. Ciente desta responsabilidade devemos comungar do seu Corpo para a nossa fraternidade e salvação.

Que neste Tempo Comum possamos caminhar com a missão de Cristo. Que sejamos André, que anuncia o Messias para o próximo. Que sejamos Simão, que recebe a missão de ser cefas, uma pedra que estabiliza no chão a tenda do Senhor, a começar pelo nosso próprio corpo.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

É muito Bom estar com o Senhor

 

Nos caminhos do Senhor,
Sua voz vai nos chamando,
Aos poucos vamos descobrindo,
O que ele está nos apresentando,
É bom viver nas trilhas do Senhor,
Participar do seu plano de amor,
E não mais ficar adiando.

O Cordeiro divino e santo,
Vem nos chamar pra missão,
Primeiro ficar com ele,
Na nossa iniciação,
Descobrindo o seu chamado,
Caminhando ao seu lado,
Para nossa santificação.

Precisamos da escuta ao Senhor,
Para melhor responder
Ouvir sua voz nos chamando,
Na oração lhe atender,
Deixar o Senhor conduzir,
E o que ele exigir,
Para com ele viver.

Permanecer em seu caminho,
Esse é o seu chamado,
Para sermos os seguidores,
Pelo bom discipulado,
Por que só terá sentido,
O caminho percorrido,
De alma e corpo, doado.

O Senhor passa e nos chama,
Para com ele estar,
Convivendo em sua missão,
E a vida transformar,
Ele nos traz a alegria,
Pelo Pão, Eucaristia,
Que vem nos congregar.

 

***

 

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, ilumine o seu caminho! ***

 

Festa do Batismo do Senhor, Solenidade

 

Leituras: Is 42,1-4.6-7; Sl 29(28); At 10,34-38; Mc 1,7-11

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo Mergulha em nossa Humanidade

Mc 1,7-11

 

Meus irmãos e irmãs, nesta festa do Batismo do Senhor Cristo mergulha em nossa humanidade. E o mistério pascal nos mantém, encerrando o Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,7-11.

Com esta Liturgia, a Igreja encerra o Tempo do Natal, em que vivenciamos a alegria e o acolhimento do Menino Deus e pudemos também receber o ensinamento sobre a encarnação do Verbo. Por outro lado, a Liturgia a aponta para a primeira etapa do Tempo Comum, para viver a escuta da Palavra e aprender sobre o anúncio do Reino. Assim, o Espírito continua soprando onde quer e como quer (cf. Jo 3,8).

Inicialmente podemos nos perguntar se era necessário que Jesus fosse batizado por João. O batismo de João era necessário, pois significa “a manifestação pública de sua adesão ao Pai e a missão que lhe foi confiada, como Filho amado e fiel”[1]. O Menino adorado pelos pastores e pelos magos do Oriente agora, adulto, é apresentado ao mundo com a sua missão. O céu se abre para apresentar o Filho muito amado numa manifestação da Santíssima Trindade: a descida do Espírito Santo e a voz do Pai e o Filho que se deixa batizar por João.

Em Jesus se realiza aquilo que Isaías nos apresenta: “Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu Espírito, ele trará o direito às nações.” (Is 42,1). Jesus, no seu batismo, já prefigura aquilo que será a consequência da sua missão: a morte como sacrifício oferecido em favor dos pecadores e a ressurreição como vitória sobre a morte.

Na sua paixão, Cristo acolhe todos como fala São Pedro: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,34-35). Ele que veio, como mansidão, julgar com misericórdia todo homem que aderir a sua mensagem. Será fiel, pois irá até o fim para trazer a sua glória a todos aqueles que almejam a vida eterna.

Com o Batismo (cf. CIgC 783-786) somos inseridos no Corpo Místico de Cristo como sacerdote (para oferecer sacrifício com nossos dons de vida), como profeta (para anunciar a verdade do Evangelho ao mundo) e rei (para santificar as diversas realidades em que estamos inseridos). E aqui há um parêntese: com o Batismo nós recebemos o sacerdócio comum dos fiéis, que é diverso do sacerdócio ministerial reservado aos Bispos e presbíteros, pastores da Igreja (cf. CIgC 1592).

Devemos também meditar como a nossa condição de batizados reflete em nossa inserção na Igreja, no Corpo Místico de Cristo. Poderemos ser enviados para comunicar a misericórdia de Deus ou anunciar a importância do Batismo ou propagar o valor da comunidade que se reúne em torno da Palavra e da Eucaristia ou, ainda, a promoção do acolhimento como filhos e membros do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja.

Rezemos por todos os batizados e pelos padrinhos que no dia do Batismo, juntamente com os pais, assumem a educação na fé dos afilhados, para darem testemunho do amor de Deus, da escuta da Palavra, da participação na Eucaristia e da preocupação para que as crianças e jovens cresçam também no amor de Cristo.

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[1] Jesus veio nos indicar os caminhos do reino. Roteiros homiléticos para o tempo do Advento – Natal – Tempo C – Ano B – São Marcos. Brasília: Edições CNBB, 2014, p. 67.

 

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⇒ POESIA ⇐

Mergulhados na Vida de Cristo

 

Do céu vem uma voz:
É o Pai de eterno amor,
Que apresenta o Filho,
Como nosso Redentor,
É o Filho muito amado,
Do Pai o seu agrado,
O santificador.

O céu também se abre,
Para a terra abraçar,
Pois a humanidade,
Estava a esperar,
Que a terra fosse olhada,
E a vida resgatada,
E em águas se banhar.

Do céu também o Espírito,
Em manifestação,
Pousando sobre o Filho,
Do Pai da Criação,
Jesus conduzirá,
E o consagrará,
Toda a sua missão.

Do céu à aqui na terra,
A Trindade Santa vem,
Apresentando ao mundo,
O amor, a paz e o bem,
Missão de redenção,
A todos a salvação,
Sem excluir ninguém.

E nós os batizados,
Em Cristo, inseridos,
Igreja, o seu Corpo,
Os membros reunidos,
A Palavra Santa ouvindo,
Seu Corpo nos nutrindo,
Pra sermos redimidos.

***

 

 

*** Que a Luz de Jesus Cristo, o Filho muito amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

Epifania do Senhor, Solenidade

 

Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Luz do Senhor Atrai os Magos do Oriente

Mt 2,1-12

 

Meus irmãos e irmãs, neste primeiro domingo do ano novo a luz do Senhor atrai os magos do Oriente. E o mistério pascal da solenidade da Epifania do Senhor nos mantém, ainda no Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação do Verbo de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Mt 2,1-12.

Epifania significa a manifestação do amor infinito e misericordioso de Deus a todos os povos e nações. Nesta Liturgia, o evangelista Mateus (cf. 2,1-12) narra o nascimento de Jesus em Belém e nos situa dentro do reinado de Herodes, O Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o Menino (cf. Mt 2,3). A serviço de Herodes, os especialistas nas escrituras localizam uma profecia de Miqueias (cf. 5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém.

Em cena aparecem os magos do Oriente que, mesmo não tendo as Escrituras, querem chegar até o rei dos judeus que acabara de nascer (cf. Mt 2,2). Herodes, astutamente, pediu a ajuda dos magos para chegar até o Menino. Mas os magos foram avisados em sonho e voltaram por outro caminho. (cf. Mt 2,12).

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. A Liturgia nos ensina que os magos representam os gentios que buscam e acolhem a salvação de Deus. O encontro do Menino é o objetivo dos que querem encontrar-se com Deus. No evangelista Mateus, vemos que a Salvação é para toda humanidade. São Paulo, aos efésios, ainda reforça que: “os pagãos são admitidos (…) do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo…” (Ef 3,6).

Outro ensinamento é sobre as ofertas dos magos que foram entregues depois de adorarem o Menino (cf. Mt 2,1-12): ouro (simbolizando a realeza de Cristo), incenso (a divindade) e mirra (que indica que Jesus veio para aliviar o sofrimento dos pobres e também a sua unção no túmulo de seu corpo humano e incorruptível que culmina na Ressurreição).

O retorno dos magos por outro caminho indica que, além de fugir da astúcia de Herodes, o encontro com Deus, na pessoa do Filho, os faz homens renovados. Alegres e convertidos seguem um novo caminho em suas vidas.

Portanto, esta Liturgia nos motiva para buscarmos constantemente o encontro com a pessoa do Filho muito amado do Pai, pois Cristo quer fazer nova todas as coisas. Ele que nossa caminhada seja como discípulos amados por ele. A nossa participação na Missa deve ser sempre de louvor e de adoração, alegres pela busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: O que tenho oferecido a Deus? Que dons tenho colocado a serviço do Reino?

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro para que percorramos um ano novo, cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual e humano, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus para encontrarem novos caminhos e novas realidades em suas vidas. Por fim, rezemos com o salmista: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor.” [Sl (72/71)].

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Caminhar em Busca do Menino

 

Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do Oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.

O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.

Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Pois o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

***

 

 

*** Que a Luz do Menino Jesus, adorado pelos povos do Oriente, ilumine o seu caminho! ***

 

Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria (2021)

 

Leituras: Nm 6,22-27; Sl 67(66); Gl 4,4-7; Lc 2,16-21

 

⇒ HOMILIA ⇐

Junto à Mãe de Deus Celebremos a Paz

Lc 2,16-21

 

Meus irmãos e irmãs, neste dia 1º de janeiro, junto à Santa Maria, Mãe de Deus, celebramos a paz. E o mistério pascal desta solenidade nos mantém, ainda no Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação do Verbo de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,16-21.

Nesta Liturgia, os cristãos se reúnem esperançosos, com expectativas e perspectivas. Há uma intenção especial por parte do Papa, que é celebrar o Dia Mundial da Paz junto com a Mãe de Deus. Ela que nos presenteou com o seu sim, acolhendo e fazendo com que o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) pudesse nascer e reinar em nosso meio, portando a misericórdia do Pai, a Salvação para todos.

O evangelista Lucas apresenta o encontro dos pastores com o menino Jesus ainda na manjedoura, junto com Maria e José. Os pastores foram os primeiros que receberam a notícia do nascimento do alvador. A eles cabe também o anúncio das maravilhas de Deus, louvando toda a realização divina (cf. Lc 2,17-18.20).

A Virgem guardava todos estes acontecimentos e meditava em seu coração (cf. Lc 2,19), procurando compreender todo o processo da sua resposta a Deus, quando o Anjo a visitou. Maria meditava porque também era mulher do silêncio e da oração, na escuta atenta a Deus, na sua missão de gerar e acompanhar o Verbo no cumprimento das promessas que vinham de Deus Pai.

Neste Dia Mundial da Paz, os cristãos também pedem as bênçãos que vem de Deus, pois é sinal de salvação como escutamos na primeira leitura desta Liturgia: “ ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. (Nm 6,24-27).

Sobre o marco temporal de 2020 e 2021, devemos também ter em mente que se faça a vontade do Senhor e não a nossa. Maria nos possibilita que sejamos seus filhos. Ela, que é Mãe de Deus e nossa Mãe, também gerou a Igreja que nós somos parte. Ela é a mãe do Príncipe da Paz, também nosso irmão, nosso Deus amado que veio ficar junto de nós para nos ensinar que Deus é Pai e tem misericórdia dos pecadores, por isso vem trazer a união e a fraternidade.

Nessa relação santa de filhos, São Paulo nos fala: “De modo que já não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus.” (Gl 4,7). Temos então o temor que vem do amor e da necessidade de santificação e não o medo da condenação. Se amamos o Senhor, faremos a vontade dele e por isso não devemos ter medo dele porque ele está bem próximo de nós.

Que neste ano que se inicia possamos promover cada vez mais a paz entre as pessoas, onde estivermos inseridos e que Nossa Senhora nos ensine a sermos obedientes, necessitados de amor e na escuta de Deus. Deus que sempre está nos chamando à santidade e a sermos, ao mesmo tempo, discípulos missionários do seu Reino.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Santa Mãe de Deus e Nossa

 

Mãe da escuta atenta,
Do silêncio e da oração,
Toda entregue por amor,
Do Senhor da salvação,
Ensina-nos a santidade,
Mostra-nos tua serenidade,
Para a santificação.

Mãe de Deus e nossa Mãe,
Mãe do Príncipe da Paz,
Ensina-nos a fraternidade,
Que tanta harmonia nos traz,
Ensina-nos também a escuta,
A paciência na labuta,
Quando não somos capazes.

Que o nosso Príncipe da Paz,
Pela sua encarnação,
Ajude-nos na caminhada,
E no amor entre os irmãos,
Trazendo-nos alegria,
Que nasce da Eucaristia,
Pra nossa libertação.

Que a benção do Senhor,
O Filho amado e querido,
Possa nos trazer a paz,
Neste mundo tão sofrido,
Das guerras possa nos livrar.
E o amor sempre a buscar,
Os povos todos unidos.

Que a Santa Eucaristia,
Renove a nossa lida,
Dando a força necessária,
Para a estrada percorrida,
E que Deus Emanuel
Com a nossa Mãe do Céu,
Tragam a paz à nossa vida.

***

 

 

*** Que a Luz do Menino Jesus, que enquanto Deus se fez filho de Maria, ilumine o seu caminho! ***

 

Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, Festa

 

Leituras: Eclo 3,3-7,14-17a; Sl 128(127); Cl 3,12-21; Lc 2,22-40

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Sagrada Família nos Ensina sobre a Santidade do Lar

Lc 2,22-40

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da festa da Sagrada Família nos mantém no aprofundamento da encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,22-40.

Neste Domingo da Oitava do Natal, nós contemplamos a ida da Sagrada Família ao Templo para a apresentação do menino Jesus. Outros personagens entram na narração: o velho Simeão, que era justo e piedoso, e a profetisa Ana, que já era idosa e ficava dia e noite no Templo pela escuta do Senhor na oração.

O evangelista Lucas nos mostra que Maria e José mantém viva a tradição do então povo escolhido. Eles também trazem os dois pombinhos, a oferta dos mais simples, como a Família de Nazaré.

Outro momento importante desta narração é a presença do velho Simeão, que representa o povo de Israel e a esperada vinda do Salvador. Jesus, nos braços de Simeão, é acolhido pelos judeus que acolheram Jesus como o Cristo, portador da redenção e da esperança.

O coração de Simeão fica alegre por ter visto o Redentor. Na sua profecia as consequências do anúncio que Jesus iria proclamar durante a sua vida terrena, sendo sinal de queda e reerguimento de muitos, além de profetizar que uma espada traspassará a alma da Virgem (cf. Lc 2,34-35). Cristo trará uma mensagem de amor, mas, ao mesmo tempo, denunciará a divisão provocada por aqueles que ignoram a Boa-Nova do Reino e que alimentam a hipocrisia e a opressão contra os pobres.

Já a profetisa Ana louvou a realização da promessa de Deus. Ambos, Maria, José, Simeão e Ana representam o povo de Israel que acolhem o Salvador. Cristo nasce e reina em suas vidas. A eles é dada a missão de proclamar que o Salvador está presente no mundo e que todos devem adorar e escutar a sua voz.

A experiência de sintonia e esperança em Deus fazem com que Simeão e Ana percebem que a criança apresentada não é um recém-nascido comum, mas Deus que se fez carne e veio morar entre nós. O testemunho destes dois personagens santos também nos lembra os padrinhos quando na hora do batismo das crianças recebem em seus braços o afilhado e o apresenta à comunidade de fé.

São Paulo VI[1] nos indica três lições da Família de Nazaré: a primeira é sobre o silêncio o qual faz escutarmos Deus no recolhimento, na meditação e na oração silenciosa; a segunda é sobre a vida familiar e o respeito entre os cônjuges, com e entre os filhos, o exercício do perdão, da harmonia e do zelo pela santidade do matrimônio, exatamente como nos fala a sabedoria do Eclesiástico na primeira leitura desta Liturgia; a última lição é sobre o trabalho, que foi presença no cotidiano de Maria e José, que era carpinteiro e artista e vivia de seu trabalho, como uma atividade de dignidade e não como busca de acúmulo de riquezas.

A família santa nos ensina como construir um lar inspirado no exemplo da casa de Nazaré. Também esse é nosso chamamento. Peçamos ao Espírito Santo que ilumine todas as nossas famílias, para que sejam verdadeiros lugares da presença de Cristo, na santidade e na alegria entre pai, mãe e filhos.

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[1] Liturgia das horas, Domingo dentro da oitava de Natal, Festa da Sagrada Família, p. 382, Vozes, 1999.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

Os Ensinamentos da Família Santa

 

Na obediência humana e divina,
Caminha a família santa a nos ensinar,
Carrega nos braços Deus Menino,
Que veio nos resgatar,
Ao Templo santo vem oferecer,
Aquela oferta que deve ser,
Sinal da simplicidade em tudo dar.

A Família Santa nos ensina,
Que silêncio é a melhor atitude,
Para que o lar seja espaço santo,
Presença divina em plenitude,
Lugar de amor e oração,
Da escuta e da contemplação,
O céu na terra e a infinitude.

A Família Santa ensina,
Sobre a vida familiar,
No convívio puro de esposo e esposa,
Que tanto tem a nos ensinar,
No respeito à vida na castidade,
Na obediência e na fraternidade,
No carinho santo a se propagar.

A Família Santa também nos ensina,
Sobre o trabalho e seu valor,
Ação digna que nos faz bem,
Que fez também nosso criador,
Por que a vida é pra ser vivida,
E nossas lutas bem assumidas,
Com paz, justiça e puro amor.

Que a mesa santa traga o alimento,
Para o testemunho de alegria,
De um banquete cheio de união,
Na caminhada de cada dia,
Que o diálogo esteja presente,
E o perdão nunca ausente,
Que seja verdade, a harmonia.

***

 

 

*** Que a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que nos deixa lições valiosas sobre a santidade do lar, ilumine o seu caminho! ***

 

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Solenidade

 

Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14

Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18

 

⇒ HOMILIA ⇐

E Deus veio morar conosco

Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18

 

Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia do Natal nos convidam a mergulhar no mistério da encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais.

Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando mais fraternidade e dignidade. Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor reina nos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas.

O evangelista Lucas, na Liturgia da Noite de Natal, nos apresenta a caminhada dura, entre as montanhas, que Maria e José fazem até Belém para participarem de um recenseamento. Nos arredores de Belém, próximo aos campos dos pastores, envolvido em faixas e deitado numa manjedoura (cf. Lc 2,12), nasce o nosso Salvador, nosso Pastor, portador da paz, da justiça e da misericórdia de Deus Pai.

Os primeiros a receberem a notícia são os pobres, distantes dos poderes humanos. Os homens de poder esperavam um messias equipado com poderoso exército. Mas a pedagogia de Deus proporciona a sua vinda como uma criança que nasce numa família simples – Maria e José – e pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto.

Já a Liturgia do Dia de Natal, com o texto do evangelista João, nos apresenta a divindade do Menino Deus que nasceu em Belém entre os pastores e sob a luz das estrelas entre as montanhas da Judeia. De acordo com o evangelista João, este recém-nascido é a encarnação de Deus e já existia antes desde o princípio da Criação. Agora, Deus mostra sua face, trazendo-nos a paz, seu amor e a salvação.

O nascido de Maria é o anunciado por Isaías na primeira leitura: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e que quer a salvação para todos. Para isso, basta que estes acolham a sua Palavra e respondam ao seu chamado para anunciar o Reino.

Jesus nasce na noite para dizer que ele é Luz. Os pastores foram os primeiros a sentir a realização da profecia de Isaías, pois “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1).

Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. E então vivemos o verdadeiro Natal também quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo.

Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal de Cristo, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos.

Que Espírito Santo nos ilumine e nos faça cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai que veio assumir a natureza humana para resgatar a humanidade. Jesus Cristo é Deus conosco.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

Deus Nasce entre os Pequenos

 

Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.

Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.

Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a entoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.

O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.

E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.

***

 

 

*** Que a Luz do Salvador, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ***