IV Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐

 

Leituras: Jr 1,4-5.17-19; Sl 71(70); 1Cor 12,31-13,13; Lc 4,21-30

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Caridade como Chave para o Reino de Deus

Lc 4,21-30

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do IV Domingo do Tempo Comum, do Ano C, nos motiva a continuar contemplando Jesus de Nazaré, em Seu ministério, como sendo o cumprimento de tudo o que Deus prometeu ao povo através de Moisés e dos profetas. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 4,21-30, sequência, do tipo revezamento, do Evangelho do Domingo passado.

Nesta Liturgia, Jesus continua na Sinagoga de Nazaré, em observação a um dos preceitos do Sábado, quando anunciou o cumprimento da profecia de Isaías (cf. Is 61,1-2) sobre a chegada do Enviado do Pai portador da Boa-Nova aos pobres.

Para esta Liturgia, o início do Evangelho que a Igreja nos oferece é o final do Texto do Domingo passado, em Lc 4,21, que diz: “Então começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura’.” A afirmação de Jesus provoca reação em dois grupos diferentes: os que davam testemunho a Seu respeito pelas palavras que saíam da Sua boca (cf. Lc 4,22); e os que ficaram furiosos – estes O expulsaram da cidade e queria lançá-Lo no precipício (cf. Lc 4,28-29).

O Evangelho desta Liturgia nos proporciona dois elementos para meditarmos sobre a nossa ação evangelizadora. O primeiro é o fato de Jesus ser um conterrâneo: “Não é este o filho de José?” (Lc 4,22) e o segundo, que provoca a fúria de alguns, é que o Enviado do Pai não está a serviço de um grupo de privilegiados, como Jesus mesmo faz memória da ação de Deus em favor de estrangeiros como a viúva em Sarepta (cf. 1Rs 17,7-24) e do leproso Naamã (cf. 2Rs 5,1-27).

Pois bem, como discípulos missionários do Senhor precisamos caminhar com a pertença de algum lugar e com a liberdade profética que nos leva onde quer o Senhor. Na pregação sempre haverá os que escutam e ficam até admirados (e elogiam), depois dão testemunhos como seguidores do Senhor. Por outro lado, há os que não aceitam e até matam os profetas da verdade.

Na primeira leitura desta Liturgia, ouvimos sobre a vocação do profeta Jeremias. Diz o texto sagrado: “antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações.” (Jr 1,5). Somos, enquanto cristãos, chamados a pregar a experiência de ser como Cristo, que foi hostilizado (e ignorado) e perseguido. O chamado profético quer a nossa adesão, que nos aprofundemos na Palavra e que sejamos testemunhas do projeto salvífico no mundo (cf. CIgC 785).

Há, ainda, outra dimensão própria dos cristãos, presente tanto em Jeremias quanto em Lucas: a universalização da Palavra, em que todos são os destinatários da salvação, mas livres para aceitar ou rejeitar o Chamado de Cristo. Vimos, desde os profetas do Antigo Testamento, que a liberdade esperada pelos hebreus era destinada a todas as nações.

A segunda leitura desta Liturgia, da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, nos exorta para abraçar as virtudes necessárias para nos firmarmos na caminhada com o Senhor. Diz o Apóstolo: “atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.” (1Cor 13,13). Tudo o que fazemos deve ser fundamentado no amor caritativo, para que nossa pregação não caia no vazio e nossa ação social não seja apenas uma filantropia que não aponta para Deus e Seu projeto salvífico.

Por fim, peçamos a intercessão de São João da Cruz, Doutor Místico da Igreja e um dos principais ícones do Carmelo, que sejamos fortes para abraçar nossas circunstâncias com a certeza de que, como disse o próprio São João da Cruz, “ao entardecer do meu mortal viver serei julgado pelo Amor”. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Marcados pelo Amor


Somente no amor,
Somos capazes de caminhar,
Seguir firmemente e sem desanimar,
Caminhar com o coração livre e dizer:
Que a caridade não se deixa vencer,
Pois o nosso julgamento final será pelo amor.
Quando em nós houve o agir acolhedor,
E a esperança nunca a desaparecer!
*
Somente com o amor,
Exalamos o perfume da vida verdadeira,
Vindo da Flor que sai da Videira,
Vida que segue até eternamente,
Se estendendo com calma e fraternalmente,
Fundamentada na Palavra sempre viva,
Encarnada e com a unção ativa
Que se cumpre no hoje no povo crente.
*
Somente no amor,
Semeamos também nos gestos de profecia,
Da verdade não aceitada que se anuncia,
Porque a Palavra está na boca dos profetas,
Para que as almas estejam despertas,
Denunciam as mentiras e as injustiças,
Os poderes, opressões e as cobiças,
E por isso caminha também em alerta!
*
Somente com o amor,
Somos capazes de entender,
Que desde o ventre e ao nascer,
Fomos por Deus, chamados e amados,
A serviço do Reino a ser implantado,
Que se dar na vida e na comunhão,
Na comunidade viva dos irmãos,
No encontro que nos faz congregados.

*   *   *

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos trouxe as virtudes necessárias para nos tornarmos filhos de Deus (cf. Jo 1,12), ilumine o seu caminho!

 

 

III Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Domingo da Palavra de Deus, Ano C, São Lucas ⇐

 

Leituras: Ne 8,2-4a.5-6.8.10; Sl 19(18); 1Cor 12,12-30; Lc 1,1-4;4,1-4-21

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus é o Cumprimento das Escrituras

Lc 1,1-4;4,14-21

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do III Domingo do Tempo Comum, que o Papa Francisco instituiu como “o Domingo da Palavra de Deus”, nos motiva a contemplar Jesus de Nazaré, em Seu ministério, como o cumprimento de tudo o que Deus prometeu através de Moisés e dos profetas.

Para esta Liturgia, a Igreja nos oferece, como ápice da Mesa da Palavra (o Evangelho), dois trechos distintos do Evangelho Segundo São Lucas. O primeiro é a parte introdutória do Evangelho e o segundo trata do início da pregação de Jesus (cf. Lc 4,14-15) e o Seu retorno a Nazaré (cf. Lc 4,16-30) após a tentação no deserto.

A introdução (cf. Lc 1,1-4) é dirigida a um certo Teófilo, que estudos bíblicos indicam como “amigo de Deus”, ou seja, aqueles que estão abertos ao chamado do Senhor. Nos quatro primeiros versículos, o evangelista Lucas nos apresenta, em primeiro lugar, os acontecimentos sobre Jesus (cf. Lc 1,1); depois a pregação das testemunhas oculares (apóstolos e discípulos) (cf. Lc 1,2); no terceiro momento sobre os escritos menores transmitidos pelos primeiros cristãos (cf. Lc 1,3); e, por fim, no versículo 4, o próprio escrito do Evangelho como lemos atualmente, quando o evangelista comunica sua decisão de escrever de modo ordenado (cf. Lc 1,4).

Já o segundo trecho do Evangelho desta Liturgia é composto pelos versículos de 14 a 21 do capítulo 4. A partir deste Domingo começamos a ser iluminados pela terceira parte do Evangelho Segundo São Lucas intitulada “O ministério de Jesus na Galileia”, que nos acompanhará até o XII Domingo do Tempo Comum e que neste ano acontecerá após a Solenidade da Santíssima Trindade.

Neste trecho do Evangelho, Jesus está na sinagoga de Nazaré, cumprindo um dos preceitos do Sábado. Na ocasião, a leitura dos profetas poderia ser comentada por qualquer pessoa autorizada pelo dirigente da assembleia. Portanto, aquele que parecia mais um encontro celebrativo foi um evento totalmente novo e após a leitura feita por Jesus todos estavam de olhos fixos n’Ele (cf. Lc 4,20). Jesus tem a permissão e faz um comentário afirmando que ali se cumpria aquela profecia de Isaías (cf. Is 61,1-2). E mesmo que a libertação de Israel fosse esperada (e desejada) a afirmação de Jesus não foi aceita e nem bem recebida.

A Boa-Nova de Jesus é uma mensagem de esperança direcionada aos pobres – os cativos, as viúvas, os estrangeiros, os órfãos, os doentes, os oprimidos; estes que esperavam a promessa de Deus desde Moisés e os profetas. Jesus é a encarnação da Palavra de Deus e também do sonho do povo prefigurado no livro de Neemias, presente na primeira leitura desta Liturgia. Ali, o sacerdote e escriba Esdras celebra com o povo a Palavra de Deus, apresentando um conjunto de orientações litúrgicas para renovar e nutrir a Aliança com o Senhor.

Ao declarar o cumprimento da Escritura (cf. Lc 4,21), Jesus nos apresenta a chegada do Reino e a redenção para todos. Também somos estimulados a vivermos plenamente a Palavra como regra principal, a fim de combatermos o relativismo que deixa o ser humano à mercê da escravidão das drogas, do álcool e de tudo aquilo que enfraquece a essência da dignidade humana.

Assim, Cristo nos fornece os recursos necessários para sermos Seus seguidores, membros do Seu Corpo, como nos exorta São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: “Vós, todos juntos, sois o Corpo de Cristo e individualmente, sois membros desse Corpo.” (1Cor 12,27). Ser membro do Corpo de Cristo é ser fraterno, sentir a dor do outro e também valorizar a dignidade independente do ter ou do poder.

E neste Domingo queremos recordar que neste ano estamos vivendo pela terceira vez “o Domingo da Palavra de Deus” como instituído, no dia de São Jerônimo em 2019, pelo Papa Francisco na sua Carta Apostólica em forma de Motu Proprio intitulada Aperuit Illis(1). “O Domingo da Palavra de Deus” nasceu no final do Ano da Misericórdia (2015-2016) quando o Papa Francisco quis que houvesse, no Ano Litúrgico, um Domingo dedicado à Palavra de Deus, seja como Sagrada Tradição, Sagrada Escritura ou como Magistério da Igreja (DV, 10)(2).

Por fim, roguemos a Nossa Senhora, Rainha dos Profetas, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, Inspiração dos Profetas, para termos os olhos fixos em Cristo e melhor vivermos o testemunho autêntico de um discípulo missionário do Senhor. Amém.

 

*   *   *
(1) Cf. Papa FRANCISCO. Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Aperuit Illis, pela qual se institui “O Domingo da Palavra de Deus”. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/motu_proprio/documents/papa-francesco-motu-proprio-20190930_aperuit-illis.html>. Acesso em: 21 jan. 2022.
(2) SANTA SÉ. Dei Verbum: Constituição conciliar sobre a revelação divina. 1965. Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents /vat-ii_const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html>. Acesso em: 21 jan. 2022.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

O Espírito do Senhor está sobre Nós


O Espírito do Senhor está sobre nós
Para que ilumine o nosso caminhar,
Para que purifique o nosso olhar,
Para que no Corpo do Senhor,
Encarnemos o Seu amor,
E não venhamos a desanimar.
*
O Espírito do Senhor está sobre nós
Para fazermos o Reino acontecer,
No “hoje” desde o amanhecer,
Como naquele dia da Ressurreição,
Certeza da nossa Redenção,
Infinita nossa vida há de ser.
*
O Espírito do Senhor está sobre nós
No seguimento de discípulos missionários,
Na vida dos pobres sendo solidários,
Para sermos “sal e luz do mundo”,
Vivendo com amor profundo,
Trabalhando como dignos operários.
*
O Espírito do Senhor está sobre nós,
Na escuta da Palavra e na oração,
Como membros em fraterna comunhão,
Vivendo em Cristo o amor perfeito.
Pra ser feliz não há outro jeito,
Somente buscando a santificação.

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos dá o poder de nos tornarmos filhos de Deus (cf. Jo 1,12), ilumine o seu caminho!

 

 

II Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐

 

Leituras: Is 62,1-5; Sl 96(95); 1Cor 12,4-11; Jo 2,1-11

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Fazei Tudo o que o Senhor Vos Disser

Jo 2,1-11

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do II Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar a oração da Virgem Maria que nos indica para fazer tudo o que o Senhor nos disser. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 2,1-11, passagem conhecida como “as bodas de Caná” e que está localizada no anúncio da nova economia da salvação (cf. Jo 1,19-4,54) no início da segunda parte do Evangelho segundo São João, intitulada “O ministério de Jesus” (cf. Jo 1,19-12,50).

Nesta Liturgia, Jesus está em Caná, próxima do Mar da Galileia e muito próxima de Nazaré.

Na cultura judaica, as festas de casamento duravam em média uma semana e o vinho era a bebida principal, a qual não poderia faltar. Mas naquela festa, faltou vinho. A Virgem Maria, percebendo a situação constrangedora dos noivos e consciente de que Jesus poderia resolver o problema, pede que Ele encontre uma saída e depois diz aos servos da festa que obedecessem ao Senhor (cf. Jo 2,5).

E Jesus opera o Seu primeiro milagre, que o evangelista João chama “sinal”, pois a água transformada em vinho é sinal de vida nova ao mesmo tempo em que já aponta para a Sua Ressurreição e a certeza da nossa salvação por meio d’Ele. O vinho novo também se relaciona com a Eucaristia quando é transformado no Corpo e Sangue do Senhor, o sangue da Nova Aliança que nos conduz à nossa redenção.

A passagem das bodas de Caná nos fornece alguns pontos para meditação. O primeiro é sobre a intercessão da Virgem Maria, a “nova Eva” que nos conduz à salvação e nos pede para fazermos tudo o que nos manda Cristo (cf. Jo 2,5).

O segundo ponto de meditação é o sinal, o milagre em si que resgata o Antigo Testamento, presente na primeira leitura desta Liturgia. A profecia de Isaías diz que “não mais te chamarão Abandonada, e tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será Minha Predileta e tua terra será a Bem-Casada, pois o Senhor agradou-se de ti e tua terra será desposada.” (Is 62,4). Em cumprimento à profecia de Isaías, Jesus é o esposo fiel da Igreja e doa o Seu Corpo e Seu Sangue que alimenta a própria esposa, a Igreja, para que se torne a presença do Reino no mundo.

O terceiro ponto é que, segundo o evangelista João, foi o sinal, o milagre que fez com que os discípulos acreditassem em Jesus. A partir do encontro e da vivência com o Senhor devemos testemunhar, como missionários, o próprio Cristo num mundo de tantas controvérsias. Deus é o esposo fiel, mesmo diante das nossas infidelidades. Ele que não deixa acabar o vinho da alegria e do amor na festa da nossa vida.

Não podemos esquecer que o Matrimônio é um grande sinal do Reino no mundo, expresso na vida conjugal pelo amor na unidade, no diálogo e na fidelidade. A família que vive tais virtudes é sinal da presença de Deus e do vinho novo transbordado desde Caná.

E nesta Liturgia, queremos fazer memória de São Simão e São Judas Tadeu, que são cultuados no dia 28 de outubro. Algumas tradições(1) nos indicam que São Simão é o mestre-sala das bodas de Caná que atestou a qualidade do vinho bom e São Judas o noivo das bodas de Caná.

Por fim, roguemos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, unção de todos os santos, para que tenhamos a atitude dos servos da festa e sejamos obedientes e assíduos na meditação da Palavra de Deus que nos converte, que nos chama e depois pela fé nos torna discípulos missionários de Cristo, como Maria. Amém.

 

*   *   *
(1) Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Festa do Vinho Novo


Convidamos o Senhor
Para a festa nova da nossa vida,
Para matar a sede que nos torna tristes,
Para transformar a estrada percorrida,
Superando a barreiras que existem,
E que torna nossa história sofrida.
*
Convidamos a nossa Santa Mãe,
Que percebe nossas dificuldades,
Quando não temos o suficiente,
Para prosseguir o encontro com a verdade.
Pois nem sempre há clareza existente,
Para seguir o caminho da unidade.
*
Convidamos ainda os primeiros seguidores,
Que pela fé aderiram o Senhor,
Para sempre foram anunciadores,
Mesmo diante das barreiras e da dor,
Viveram a santidade como grandes pregadores,
Entregaram a vida com radical amor.
*
Que sejamos servos obedientes,
Quando o Senhor algo nos pedir,
Possamos exercer a liturgia da vida,
Vivendo a santidade agora e aqui,
Que nossa missão nunca seja esquecida,
E que o vinho novo possa sempre existir.
*
Que a mesa santa traga-nos a fraternidade,
E os gestos falem mais do que pronunciamentos,
Trazendo os sinais da transformação,
E a alegria viva como fermento,
A justiça e a paz via de comunhão,
E o amor na vida: sentido e sustento.

*   *   *

 

Extrato da obra “As Bodas de Caná”, de J. Tissot, In brooklynmuseum.org – “The Marriage at Cana (Les noces de Cana)”

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos dá o alimento novo e a bebida nova, ilumine o seu caminho!

 

 

VI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Lv 13,1-2.44-46; Sl 32(31); 1Cor 10,31-11,1; Mc 1,40-45

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Em Nosso Senhor Jesus Cristo a Cura é Total

Mc 1,40-45

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do VI Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Jesus que é tocado por um leproso que rompeu o cordão de isolamento. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,40-45, sequência do Domingo passado.

O evangelista Marcos nos apresenta um leproso que rompeu o cordão de isolamento construído pelas autoridades religiosas da época. Este isolamento era um preceito que constava no livro sagrado sobre o título de Lei de Moisés e consistia no banimento da convivência social, pois além de ser considerada contagiosa, a pessoa com esta enfermidade era vista como amaldiçoada e carregando o pecado da sua história.

Na primeira leitura desta Liturgia, no livro do Levítico (13,45-46) podemos comprovar como era tratada uma pessoa portadora de lepra: “O homem atingido por este mal andará com as vestes rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: ‘Impuro! Impuro!’ Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento’.”

Jesus vai além da lei. Já não é um profeta, isto é, um portador da voz de Deus, mas o próprio Deus. Jesus se compadece do doente, estende a mão, toca-o e confirma a cura (cf. Mc 1,41-42). Curar um leproso era como que ressuscitar um morto, pois um leproso era condenado ao isolamento. Ao curar aquele homem, Jesus também perdoa os pecados, tirando-o das margens da sociedade. O ex-leproso agora irá anunciar as maravilhas de Deus a todos os que ele encontrar porque foi acolhido e incluído por Jesus. A fama de Jesus crescerá cada vez mais.

O Evangelho não diz se aquele homem curado se apresentou aos sacerdotes, como se mandava, porque ele já encontrou e reconheceu que Jesus é quem veio curar as feridas da humanidade e tirar os pecados do mundo.

Jesus agora irá para as margens (periferias) porque precisa resgatar os pecadores, curar os doentes e salvar os que estavam perdidos. Foi para isso que ele veio, porque era nas diversas periferias que estavam todos os que eram expulsos pelas autoridades religiosas.

Esta Liturgia nos levar a refletir sobre nossas enfermidades e sobre a nossa relação com as enfermidades dos outros. Podemos nos perguntar: como estão nossas ações para com os doentes e os que estão nas periferias da vida, os necessitados da presença de Cristo?

Somos chamados a colaborar com Cristo na promoção das diversas curas, sejam existenciais, físicas, espirituais, sociais. Tais enfermidades provocam estigmas que tanto afligem os filhos de Deus. Somos chamados a buscar a libertação dos pobres que sofrem as mais diversas exclusões, que sofrem a falta de assistência à saúde, que sofrem da fome de alimento e de esperança e de tantas outras realidades que fazem os pobres necessitados de caridade.

E neste tempo de pandemia em que a ciência descobre os meios de imunização contra a Covid-19, através da vacina, não sejamos pedra de tropeço como foram os fariseus na época de Jesus. Queremos lembrar e informar que a Comissão Vaticana Covid-19 e a Pontifícia Academia para a Vida comprovaram a eficácia da vacina contra o Covid.[1]

Precisamos nos colocar humildemente na celebração eucarística e pedirmos perdão e a cura das doenças humanas e espirituais. O Senhor nos toca e nos faz participantes de sua mesa. Quer nos trazer de volta, fazendo-nos membros do seu grupo de discípulos missionários.

Peçamos as graças do Deus vivo que nos cura e nos salva, para sermos sinais do amor do salvador no mundo. Somente precisamos tomar uma atitude de expressar a nossa fé e confiança, pois o Senhor é nosso refúgio e alegria e é em Cristo que somos um rebanho e temos a cura de todas as nossas enfermidades.

***

[1] Cf. Santa Sé: garantir vacinas a todos é uma questão de justiça. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2020-12/documento-comissao-covid-19-pontificia-academia-vida-vacinas.html>. Publicado em: 29 dez. 2020. Acesso em: 12 fev. 2021.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

O Senhor nos Cura

Encontremos o Senhor,
Para nos purificar,
Nossos pecados curar,
Para podermos servir,
Ele é cura e compaixão,
Faz a purificação,
E vem pra nos redimir.

O Senhor é nossa alegria,
Preenche o nosso vazio,
Quando há o vento bravio
Quando vem em nós a dor,
Quando vem nossa tristeza,
Ele é nossa fortaleza,
Nosso Deus de puro amor.

Quantas lepras a atacar,
Nossa vida em movimento,
Traz pecado e sofrimento,
Precisamos nos curar,
E aí pedir perdão,
É a nossa gratidão,
Para nos santificar.

Também nossa indiferença,
Com os que estão sofrer,
Nós não queremos ver,
Temos medo e insegurança,
E por isso nós fugimos,
De bons nós também fingimos,
Sem pregar a esperança.

Tantas boas intenções,
Não bastam para ser cristão,
Precisamos de ação,
E mudar nossa postura,
Trazer em nós a conversão,
Para abraçar os irmãos,
E Jesus lhe traz a cura.

Encontremos no Senhor,
Nossa cura e pureza,
Remédio em nossa mesa,
Para a nossa salvação,
Curemos nossas feridas,
Nossas raivas e intrigas,
Pra abraçar a comunhão.

***

 

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte da lei perfeita, ilumine o seu caminho! ***

 

V Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras:  7,1-4.6-7; Sl 147(146-147); 1Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus nos Ajuda a Levantarmos e Caminharmos

Mc 1,29-39

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do V Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Jesus que continua sua caminhada levando a cura também aos que o servem. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,29-39, sequência do Domingo passado.

O evangelista Marcos nos apresenta Jesus realizando sua obra na casa de uma família e proporcionando a cura da sogra de Pedro. Depois do mar da Galileia, quando chama os quatro primeiros discípulos enquanto realizavam seus trabalhos de pescadores, como vimos no III Domingo do Tempo Comum, Jesus vai à sinagoga, lugar de culto do povo e estudo da Palavra, expulsar o demônio, como vimos no Domingo passado. Nesta Liturgia, ele está no meio de uma família para trazer a cura e a salvação. Aquela mulher recebe de Jesus a graça da saúde, a libertação do mal da febre e começa a servir.

O tema desta liturgia, portanto, é o drama do sofrimento humano e é nesta realidade que Deus vem ao encontro das pessoas para trazer a cura e a salvação.

Na primeira leitura vimos os lamentos humanos de Jó, quando perde tudo, inclusive a saúde. Jó pensa na brevidade de sua vida e por isso diz: “Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira e consomem-se sem esperança.” (Jó 7,6). Jó expressa o sofrimento de todos os humanos. E assim, mais cedo ou mais tarde, nossas dores físicas ou espirituais chegam para nós. Não podemos fugir. O que deve manter-nos firmes é a nossa capacidade de confiança num Deus que nos criou e quer nos resgatar em sua imagem e semelhança, para que participemos do Reino de amor e alegria.

A presença de Jesus acontece nos mais diversos setores da vida do povo: no mar da Galileia, lugar de trabalho; na sinagoga, lugar de culto e estudo da Palavra; e na casa de Pedro, lugar da família e do acolhimento. É a realização de tudo que o povo da antiga aliança, na pessoa de Jó, esperou. Sua pregação e seu chamado nos conduzem à cura total, para que possamos servir com amor e fé.

Como a sogra de Pedro, que após ser curada começa a servir, nós, quando recebermos as graças que vem de Deus, devemos servi-lo na ação concreta de caridade voltada aos pobres, aos doentes e aos amargurados.

São Paulo, na segunda leitura, nos fala da necessidade de pregar o evangelho para que a obra de Cristo se realize no mundo, com a nossa vida de caridade levando alívio ao sofrimento humano, cuidando das feridas físicas e espirituais. Devemos ir aos que sofrem pelas diversas doenças e também aos que ainda não conhecem Jesus.

Os discípulos de Cristo também carregam os seus sofrimentos. Como Jó, muitas vezes, lamentamos por nossa realidade de vida. O que deve ficar claro é que nossas misérias humanas não são anuladas por abraçarmos o chamado de Cristo. Pelo contrário, muitas vezes até afloram certas feridas. Entretanto, Deus nos dá a certeza de que Cristo é o refrigério e a cura das mesmas feridas para que continuemos abertos ao processo de caminhada de conversão e permanente disposição em responder ao Senhor.

Que o Espírito Santo ilumine e fortaleça cada pessoa, cada cristão na sua experiência com Cristo e no seu contato com o sofrimento, seja ele interior ou físico.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Deus Escuta a nossa Dor

Quando a dor e o sofrimento,
A nós venha a sufocar,
O Senhor vem a escutar,
Nossa angústia e solidão,
Nossa desilusão,
Para então nos consolar.

Quando o mal vem e nos entristece
Em nossas debilidades,
Deixando-nos em enfermidades,
O Senhor vem socorrer,
Para nos fortalecer,
Na sua imensa bondade.

E quando a graça recebemos,
Devemos retribuir,
E aos irmãos servir,
Com imensa gratidão,
Em sinal de comunhão,
E nunca, nunca desistir.

Nosso servir é primordial,
Deve ser nossa missão,
Para o Reino em ascensão,
Evangelho anunciado,
Amor sempre partilhado,
Sem medo e apreensão.

E ao redor da mesa santa,
Que nos traz a igualdade,
Paz, amor e felicidade,
Também, vida e alegria,
No caminho de cada dia,
Rumo à eternidade.

***

 

 

Ouça o áudio

 

 *** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos escuta e nos ajuda a caminhar, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Dt 18,15-20; Sl 95(94); 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus, Expulsa-nos o Mal

Mc 1,21-28

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo do Tempo Comum nos motiva a fixar o olhar em Cristo para escutar sua Palavra e sermos libertos. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,21-28, uma sequência do Domingo passado.

O evangelista Marcos nos apresenta Jesus na sinagoga de Cafarnaum, participando do Sábado, em obediência à lei. Ali ensinava com autoridade e o demônio se incomoda e se manifesta, reconhecendo a força da presença de Deus naquela sinagoga. A sua presença é a manifestação divina contra o mal que está no coração das pessoas. Seu ensinamento é novo e cheio de força. É o enviado do Pai para trazer a mensagem do céu e ser palavra viva no meio de nós, como anunciou Moisés: “Farei surgir um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará, tudo o que eu mandar” (Dt 18,18-19).

Em nossos dias, muitos falsos profetas se apresentam e anunciam inverdades, falsidades e mentiras. A Palavra de Deus não é assim. Ela tem força porque é a presença da verdade e da justiça que expulsa o mal da inveja, da mentira, da prepotência, da injustiça.

A sede de Deus às vezes faz com que as pessoas bebam qualquer promessa, qualquer palavra humana. Por isso é importante que os discípulos missionários anunciem a Palavra viva do Evangelho de Jesus Cristo que veio trazer a salvação. A Palavra viva de Jesus muda o coração das pessoas, pois não se baseia em prosperidades sejam materiais, econômicas, mas na força de conversão do coração humano. A Palavra de Jesus cura a pessoa integralmente.

A missão de Jesus é obra de salvação e de mudança de vida interior porque é uma mensagem pura e genuinamente libertadora. O demônio o reconheceu como Deus todo poderoso que veio vencê-lo pela sua força salvadora e diz: “Sei quem tu és: o Santo de Deus.” (Mc 1,24).

A presença do Bem maior, Palavra viva no meio do povo reunido, expulsa dos corações toda maldição. Sua voz faz calar todo o mal; sua presença é de poder que faz afastar qualquer presença de divisão do meio do povo que escuta a Deus.

Portanto, esta Liturgia nos ensina que quando fixamos o olhar em Cristo e escutamos sua voz de amor contra nossos males, seremos libertos de tudo que nos aprisiona.

São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, nos diz: “O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações” (1Cor 7,35). O Apóstolo nos ensina que, como cristão, nossa prioridade é abraçar aquilo que o Senhor nos traz em sua mensagem para que enfrentemos os desafios da vida. Outras preocupações terão menos importância e influência, se carregarmos em nosso coração e em nossa vida, Cristo e sua Palavra.

Rezemos para que o Espírito do Senhor esteja sempre presente nos corações dos homens que se reúnem em seu nome para escutá-lo e se alimentar do seu Corpo, o qual se fortalece na luta contra todo o tipo de escravidão e maldição. Que possamos ser profetas da verdade, do amor e da fraternidade no mundo.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

O Profeta Perfeito

Jesus, profeta perfeito,
Nosso amor eterno,
Que traz a libertação,
Que nos faz sempre irmãos,
No mundo, também fraternos.

Jesus, nossa Palavra viva,
Nosso Deus e salvador,
Traz-nos um ensinamento novo,
Para a vida do seu povo,
Que busca a essência do amor.

Jesus, voz do sumo bem,
Que faz o mal se calar.
Cura nossas maldições,
Também nossas tentações,
Que vem a nos massacrar.

Jesus, mestre e salvador,
Que conosco quer estar,
Faz-nos fiéis seguidores,
Vence a morte e as dores,
Que querem nos sufocar.

Jesus, nosso Deus amado,
Traz-nos a paz e a esperança,
Faz-nos firmes caminhar,
E ao mundo anunciar,
Sua santa aliança.

Jesus, pão vivo do céu,
Vem como alimentação
Fortalece a caridade,
Pra viver fraternidade,
Na mesa da comunhão.

***

 

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos ensina com autoridade, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Jn 3,1-5.10; Sl 25(24); 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Pescadores no Mar da Humanidade

Mc 1,14-20

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do III Domingo do Tempo Comum, deste Ano de São José, nos motiva a caminhar com Jesus que prega a Boa-Nova tão esperada pelo povo de Israel. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,14-20.

E a Boa-Nova é a chegada do Reino, a proximidade da realeza de Deus. Por isso todos devem se voltar para Deus através da conversão (cf. Mc 1,15). E para a expansão do Reino, Jesus chama colaboradores, para caminharem com ele e se prepararem para a missão. Inicialmente, ele compõe um quarteto de discípulos para ajudá-lo em sua obra salvadora: Pedro e André, Tiago e João. É interessante que estes primeiros quatro homens convocados por Jesus eram todos pescadores, estavam no mar, nas suas atividades profissionais (cf. Mc 1,16-19).

Imediatamente deixam seus afazeres e seguem o mestre… porque “é preciso pescar diferente e o povo já sente que o tempo chegou”[1], assim nos fala uma canção do Pe Zezinho. Os discípulos continuarão pescadores, mas agora de pessoas, mudarão suas vidas e a de tantos que abraçarem o Chamado. As relações familiares serão mudadas porque o Caminho de Jesus está acima dos relacionamentos humanos.

Jonas, na primeira leitura desta Liturgia, é o mensageiro para converter os ninivitas dentro de um prazo de quarenta dias (cf. Jn 3,4). Sua mensagem é forte. O povo e o rei se convertem e a cidade foi preservada da destruição anunciada. Deus nos pede mudança de atitude. Assim foi a atitude dos ninivitas após a pregação de Jonas: “creram em Deus, convocaram um jejum e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.” (Jn 3,5).

Abraçar o caminho do Senhor nos impele a mudar hábitos, a mudar ações e qualidade das relações. Como os discípulos de Jesus, que deixaram a rotina das redes para serem seguidores, os ninivitas deixaram a rotina de pecado e transformaram a cidade em um lugar de paz e fraternidade, deixando que Deus conduzisse as suas vidas.

Nós cristãos também temos nossas redes particulares e que de diversas formas nos prendem a uma zona de conforto, que nos impede de sair em missão. Mesmo batizado, indo às celebrações semanais e praticando os preceitos, devemos sempre nos perguntar se algo mais deva ser feito pelo Reino de Deus.

Paulo, na sua Primeira Carta aos Coríntios, faz referência à brevidade do tempo dos homens. É preciso ficar atento porque as coisas terrenas passam e o amor de Deus precisa ser acolhido antes que seja tarde (cf. 1Cor 7,29-30). É urgente que aprofundemos nosso caminho com Cristo. Seja em nossa vida matrimonial, celibatária, de solteiros ou de viúvos, faz-se necessário que o nosso olhar esteja em Deus, porque o tempo da graça de Deus chegou para vivermos com mais intensidade a experiência com Deus.

Peçamos ao Espírito Santo que nos fortaleça para rompermos a nossa zona de conforto, seja ela qual for. Faz-se necessário sairmos em movimento, escutando o chamado de Jesus e seguindo em missão, como os discípulos saíram e propagaram pelo mundo o Evangelho.

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[1] Trecho da letra da música Há um barco esquecido na praia (Pe. Zezinho), Graça e paz, 1985, COMEP/Paulinas.

 

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⇒ POESIA ⇐

Pescadores no Mundo

Dos mares e das redes pessoais,
Saem os discípulos com o Senhor,
Atendem o chamado sem protelação,
Abraçam o caminho com muito amor,
Suas vidas e seus atos se transformarão,
Estão a serviço com grande ardor,
Seguindo os caminhos da santa missão.

Serão pescadores no mundo dos homens,
Buscando a muitos para a conversão,
Aprendem com o mestre como caminhar.
Pregando, curando e também a oração,
Para durante as jornadas não desanimar,
Porque desafios e tempestades enfrentarão,
Mas é preciso sempre e sempre continuar.

Mas uma coisa, deverão aprender,
Que suas vidas primeiro precisam mudar,
Para o testemunho de homens eleitos,
Seus caminhos comuns precisam alterar,
Pelo contrário não viverão o preceito,
Que é viver o Reino e este implantar,
Tem que ter conversão não há outro jeito.

E nós batizados, também seus discípulos,
Queremos de nossas redes desapegar,
Seguir os caminhos para salvação,
Deixando que a Palavra venha nos moldar,
Não tendo medo da transformação,
Que o chamado venha nos causar,
Para seguir o Cristo e sua missão.

A missão é de Cristo por excelência,
Devemos apenas lhe obedecer,
Sendo discípulos no aqui e no agora,
Para sua obra deixarmos crescer,
Não fujamos e nem vamos embora
Porque ele chama a todos a se converter,
Porque o Reino chegou sua hora.

E na ceia, lugar do amor partilhado,
Todos os discípulos sempre reunidos,
Para o encontro da vida de união,
Alimenta-se na alegria e são agradecidos,
Pois em Cristo, todos são irmãos,
Povo em missão e escolhido,
Vivendo na terra e no céu a comunhão.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, presença concreta do Reino de Deus entre nós, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: 1Sm 3,3b-10.19; Sl 40(39); 1Cor 6,13c-15a.17-20; Jo 1,35-42

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus nos Chama para estar com Ele

Jo 1,35-42

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do II Domingo do Tempo Comum do Ano B nos motiva a querer estar com Jesus, o Mestre. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 1,35-42.

Nesta primeira etapa do Tempo Comum, contemplamos Jesus na sua missão: pregando o Reino, expulsando demônios, curando os doentes, chamando discípulos para colaborarem na implantação do plano salvífico. Do III ao VI Domingo deste Tempo seremos iluminados pelo evangelista São Marcos.

Nesta Liturgia, o evangelista João apresenta o Batista indicando a dois de seus discípulos o próprio Cordeiro de Deus. André e o outro vão a Jesus e querem aderir ao Caminho do Jovem Galileu. Diferente dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, João relata que André é o responsável por levar seu irmão, Simão, a Jesus. Com isso, a Palavra de Deus nos motiva a ser testemunha dentro de uma comunidade de Cristo para a vivência do amor fraterno e o anúncio do Reino.

A primeira leitura, desta Liturgia, nos apresenta o chamado que Deus faz ao jovem Samuel (cf. 1Sm 3,9), que reside com o sacerdote Eli e é com a ajuda de Eli que o jovem Samuel vai deslumbrando que Deus lhe chama. Novamente a Palavra de Deus nos indica a importância comunitária no discernimento da nossa vocação. A voz de Deus Pai, no Antigo Testamento, também nos indica a importância do silêncio da noite, quando outras vozes cessam, para podermos ouvir Deus.

O seguimento de Cristo exige, como em Samuel, escutar o chamado, peregrinar (ou seja, sair da zona de conforto) e sair em missão (para semear o Reino). As mesas da Palavra e da Eucaristia nos fornecem o alimento para cada uma das etapas do cumprimento do chamado à pertença ao Corpo Místico de Cristo.

São Paulo nos fala que somos parte do Corpo do Senhor (cf. 1Cor 6,16), um templo formado por pequenos templos, onde habita o Espírito Santo. Com o livre arbítrio devemos sim evitar o pecado, mas também fugir às ocasiões de pecado, como nos orienta uma das fórmulas do Ato de Contrição. Assim, devemos guardar nossos olhos, ouvidos e língua.

O nosso corpo deve expressar uma sexualidade segundo os desígnios de Deus, exercendo a castidade conforme o estado de vida ou a realidade de cada um: os casados na fidelidade conjugal (debaixo do mesmo jugo, da mesma canga) e os demais (solteiros, viúvos, ministros ordenados e religiosos ou leigos celibatários), guardando, por vontade própria, a sua sexualidade para o Reino de Deus.

Na hora da comunhão, quando o sacerdote parte o Pão para a comunidade, antes ele usará as mesmas palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36). Nós devemos olhar para o Cristo e nos perguntarmos se estamos conscientes de sua presença em nossas vidas, ser discípulos e deixar que reine em nossa existência. Ciente desta responsabilidade devemos comungar do seu Corpo para a nossa fraternidade e salvação.

Que neste Tempo Comum possamos caminhar com a missão de Cristo. Que sejamos André, que anuncia o Messias para o próximo. Que sejamos Simão, que recebe a missão de ser cefas, uma pedra que estabiliza no chão a tenda do Senhor, a começar pelo nosso próprio corpo.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

É muito Bom estar com o Senhor

 

Nos caminhos do Senhor,
Sua voz vai nos chamando,
Aos poucos vamos descobrindo,
O que ele está nos apresentando,
É bom viver nas trilhas do Senhor,
Participar do seu plano de amor,
E não mais ficar adiando.

O Cordeiro divino e santo,
Vem nos chamar pra missão,
Primeiro ficar com ele,
Na nossa iniciação,
Descobrindo o seu chamado,
Caminhando ao seu lado,
Para nossa santificação.

Precisamos da escuta ao Senhor,
Para melhor responder
Ouvir sua voz nos chamando,
Na oração lhe atender,
Deixar o Senhor conduzir,
E o que ele exigir,
Para com ele viver.

Permanecer em seu caminho,
Esse é o seu chamado,
Para sermos os seguidores,
Pelo bom discipulado,
Por que só terá sentido,
O caminho percorrido,
De alma e corpo, doado.

O Senhor passa e nos chama,
Para com ele estar,
Convivendo em sua missão,
E a vida transformar,
Ele nos traz a alegria,
Pelo Pão, Eucaristia,
Que vem nos congregar.

 

***

 

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, ilumine o seu caminho! ***

 

VII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Lv 19,1-2.17-18; Sl 102(103); 1Cor 3,16-23; Mt 5,38-48

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

A outra face: uma nova atitude

Mt 5,38-48

 

Do alto da montanha, o Senhor continua o seu sermão nos ensinando: “Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem…” (Mt 5, 39.43). Eis a lição de casa que Jesus nos dá neste 7º Domingo do tempo comum.

Jesus nos ensina que não é pela vingança, ou seja, revidando o mal contra o irmão que iremos construir o Reino de Deus. Pelo o contrário, é oferecendo a outra face que podemos favorecer a paz no mundo; é amando os inimigos e rezando por eles que podemos criar a fraternidade. Neste sentido, amar o inimigo está além dos nossas atitudes afetivas, mas na maneira de olhar para o outro sem o sentimento de vingança e violência.

É oferecendo novas atitudes (o outro lado da face) e também posturas pacíficas, diante das provocações, que iremos expressar os mesmos sentimentos de Jesus. É rezando pelo outro e querendo o seu bem, mesmo que não seja possível abraçá-lo e lhe oferecer um sorriso; mesmo que suas diferenças e opções pessoais impeçam de nos aproximarmos dele.

Podemos até pensar: ser seguidor de Cristo exige muito de nós! É uma experiência muito desafiante para quem vive num mundo de tantas competições e contradições. Lembremos que, em alguns momentos, pessoas que acompanhavam Jesus também se questionaram e deixaram de segui-lo porque acharam suas palavras muito duras. E, aos doze, Jesus perguntou: Quereis vós também retirar-vos? (cf. Jo 6,66-67). E na boca de Pedro temos a resposta: “Senhor, a quem iríamos nós? Só Tu tens palavras da vida eterna.” (Jo 6,68).

Estas atitudes concretas que o Senhor nos pede na nossa convivência com os outros é próprio dos que buscam a santidade. O livro do Levítico nos traz o mandato que Deus encarregou a Moisés de falar ao povo de Israel e que soa de forma mais direta na boca de Jesus. “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2).

Os santos que conhecemos na história da Igreja não eram vingativos, não guardavam rancor e, por isso, amavam o próximo como a si mesmo. Mesmo sendo cada um santo com sua personalidade própria, eles eram caridosos, passivos e fraternos.

Ser santo também é compreender e aceitar que cada um é habitação do Espírito Santo, como nos fala São Paulo na sua primeira carta aos coríntios: “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (1Cor 3,16).

Deixar-se habitar por Deus é exatamente viver o que nos pede Jesus na liturgia deste 7º Domingo do Tempo Comum. Quando deixamo-nos habitar pelo Espírito Santo, reconhecemos que o outro é nosso irmão, filho do mesmo do Pai “que faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45).

Com este Evangelho também aprendemos que ser santo não se expressa apenas numa prática religiosa externa, mas em atitudes que vão além do que as pessoas que não são religiosas fazem. Que sentido teria, por exemplo, para um cristão amar somente as pessoas que os amam? Retribuir gratidão somente àqueles que os prestam algum favor? Qualquer pessoa mesmo sem religião faz o mesmo. Eis a nossa missão e desafio neste mundo: deixar que o Espírito do Evangelho possa transformar o nosso agir em atitudes a favor da paz e da fraternidade.

Precisamos aprender com os santos, com os que lidam diretamente com os pobres nas periferias das cidades, no contato com os refugiados e nos cortiços diversos de nosso país. Com os que visitam os presídios. Devemos além de aprender também, valorizar tudo aquilo que os nossos irmãos e irmãs fazem nas tantas instâncias além dos nossos templos.

Peçamos ao Espírito Santo, o qual habita em nós, para que nos faça cada vez mais santuários vivos da caridade, da fraternidade e da paz no mundo. Onde atitudes novas de amor sejam sempre praticadas a serviço do Reino. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Sede santos e santuários de Deus

O Senhor nos ensina:
Sede santos, como Eu,
No combate à opressão,
Na promoção da Paz,
Num coração que se refaz
No amor ao seu irmão.

O Senhor nos ensina:
Que nós somos iguais,
Diante do Pai bondoso,
Que este mundo nos deu
Chuva e sol nos ofereceu,
Com todos muito amoroso.

O Senhor nos ensina:
Fazei algo a mais,
Além do trivial,
Atitudes de santidade,
Em Cristo, a liberdade,
Numa entrega especial.

O Senhor nos ensina:
Somos seu templo santo,
De culto vivo e verdadeiro,
Habitação que germina,
Fortalece e ensina,
A vida do caminheiro.

O Senhor nos oferece,
A alegria do banquete,
Vem todos alimentar,
Nossa fome alivia,
Dá-nos paz e alegria,
Para a vida germinar.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte da lei perfeita, ilumine o seu caminho! ***

 

VI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

Leituras: Eclo 15,16-21; Sl 118(119); 1Cor 2,6-10; Mt 5,17-37

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

A verdadeira letra, além da lei

Mt 5,17-37

 

Estamos no 6º domingo do tempo comum. Jesus continua na montanha, pregando para os seus discípulos e à multidão: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). Depois de falar para os discípulos, dizendo que eles são sal da terra e luz do mundo, Jesus ensina, dando orientações exigentes e profundas sobre o cumprimento da lei, a qual, deve ser vivida além a letra.

Há uma grande divergência entre os grupos da época no que se refere à relação com a lei de Moisés e com os profetas. Jesus vem para ensinar à plenitude da lei segundo a vontade do Pai. A lei de Moisés e as orientações dos profetas ainda são incompletas.

O seguimento a Jesus faz com que as pessoas superem toda a lei formal e fundamentalista, que era fardo para os pobres, os quais não tinham tempo para observar tantas normas, mas era privilégio para os poderosos e mestres da lei, os quais estavam disponíveis para estudar os mais de seiscentos códigos.

Os discípulos precisarão aprofundar o novo mandamento de Jesus como meta para vivenciar a exigente experiência de caminhada com o seu Mestre. A justiça dos discípulos tem que ser maior do que a dos mestres da Lei. Caso contrário, não entrarão no reino dos Céus (cf. Mt 5,20).

A justiça dos fariseus vem apenas dos homens e da letra. Faz-se necessário uma complementação. Por isso, Jesus não vem abolir, mas aperfeiçoar. O ensinamento de Jesus é sobre a plenitude da lei, preceito que liberta o ser humano através do amor e da misericórdia divina, porque é “feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo” (Sl 118/119).

Jesus cita alguns dos mandamentos da lei de Moisés para explicar e levar os discípulos e, também o povo, a avançarem na compreensão destes preceitos. A Lei é necessária, mas precisa ser vivida além do formalismo e da obrigatoriedade.

Portanto, não basta “não matar”, mas evitar as maldades que levam à morte. Faz-se necessário que as pessoas vivam como irmãos, na fraternidade, na solidariedade, no perdão e na justiça, evitando o ódio e a discórdia entre si.

Jesus também cita o 9º mandamento, o de não desejar a mulher do próximo (cf. Mt 5,27). O adultério era resultado do desejo de posse sobre a mulher fruto do machismo e dos privilégios dos homens, na época de Jesus.

Ao cristão de hoje, é necessário entender que o amor, o perdão, o respeito, a fidelidade e a igualdade de dignidade entre homem e mulher é uma atitude de amor onde se cumpre a lei do Senhor.

Quanto ao jurar falso (8º mandamento), Jesus pede que se alargue a vivência deste mandamento, fundamentado na verdade, na integridade, na honestidade e na ética, porque a falsidade não é somente quanto a Lei, mas na ausência da dimensão total da pessoa que vive em sintonia com a Palavra do Senhor.

Portanto os que querem viver de acordo com a lei perfeita, devem abraçar a sabedoria de Deus, devem escolher a vida e o bem como nos fala o livro do Eclesiástico (15,19): “a sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente”. Porque “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9b).

Que o Senhor nos abençoe e o seu Espírito nos ensine a vivermos a lei que supera todas as regras e os códigos humanos, a lei mais completa e mais perfeita: a lei do amor, que tudo supera e que tudo suporta (cf. 1Cor 13,4-10)… Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

A lei perfeita

A Tua Lei, Senhor,
É lei perfeita,
Vem do alto para nos santificar,
É uma luz que não se apaga,
O amor perfeito a nos orientar
Sinal divino a nos iluminar.

A Tua Palavra, Senhor,
É verdadeira,
Não há contradição e nem falsidade,
É pura, plena e abrangente,
Conselho perfeito para a santidade,
Ensinamento de lealdade.

Tua Palavra, Senhor,
É liberdade,
Não se impõe e nem quer oprimir,
Está além da letra e do moralismo,
Quer nos ensinar e nos redimir,
Orientando o caminho a prosseguir.

Tua Palavra, Senhor,
E só bondade,
Orienta a vida com nossos irmãos,
São preceitos santos e preciosos,
Fazendo-nos discípulos em missão,
Pelo “sim” de verdade à salvação.

Tua Palavra, Senhor,
É a lei maior,
Maior que nossas tantas ambições,
Além de nossos desejos e interesses,
Porque não nos causa decepções,
Porque habita nossos corações.

Tua Palavra, Senhor,
É encarnação,
Vida concreta em cada dia,
Que nos educa para a irmandade,
É banquete santo de alegria,
É encontro de paz, é Eucaristia.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte da lei perfeita, ilumine o seu caminho! ***