Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 128(127); Cl 3,12-21; Lc 2,41-52 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 2,41-52 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Sagrada Família, neste Ano C, que celebramos no Domingo da Oitava de Natal, nos motiva a contemplar a Família de Nazaré como igreja doméstica que, juntos, peregrina a Jerusalém. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,41-52, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. Nesta Liturgia, o Menino Jesus e seus pais estão no Templo de Jerusalém, cumprindo os preceitos da Lei de Moisés. Finalizada a Festa, que durava sete dias, os peregrinos retornavam em grupo. Ao final do primeiro dia de viagem, Maria e José perceberam a ausência de Jesus. Após três dias de procura, encontraram o Menino Jesus no Templo, entre os doutores da Lei. Podemos imaginar as palavras do Menino Jesus a respeito das coisas divinas, pois os ouvintes ficaram maravilhados. A resposta aos pais, “não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49), deve ter deixado seus pais intrigados inicialmente, mas depois ambos compreenderam que Jesus já sinalizava Sua divindade e obediência ao Pai do Céu. Após o ocorrido, voltaram a Nazaré e Jesus viveu submisso aos seus pais até o início de sua vida pública. Esta Liturgia, portanto, nos traz fortes orientações para santidade em família. A primeira leitura, do livro do Eclesiástico, nos indica que: “Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los (…). Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros.” (Eclo 3,4-5). Já na segunda leitura, São Paulo aconselha que sejamos, em relação ao cuidado dos pais, revestidos de misericórdia, mansidão e paciência (cf. Cl 3,12). Diante da desvalorização da referência familiar, Deus nos indica o valor da tradição (conselhos e experiência) como fundamento social e de santificação. Olhemos para Jesus que, mesmo sendo Deus, era obediente aos pais, sendo amável e paciente no seu ambiente familiar e social. A Virgem Maria, que guardava tudo no seu coração e, desde o anúncio do Anjo, foi fundamental para o amadurecimento humano do Filho de Deus e da Sua missão entre os homens. E para José: fiel ao projeto de Deus, viveu do seu trabalho para a manutenção da casa. Como nos ensina o Papa Francisco, é um exemplo de família na oração e na peregrinação, uma peregrinação que “não termina quando se alcança a meta do santuário, mas quando se volta para casa e se retoma a vida de todos os dias, fazendo valer os frutos espirituais da experiência vivida”(1). A tradição cristã reforça que da Sagrada Família emana uma espiritualidade que deve ser referência para o nosso tempo, com os pais evangelizando pelo testemunho: na santidade conjugal e no cuidado da oração, da educação e do convívio social dos filhos. Uma família missionária no cultivo da leitura e da partilha da Palavra de Deus, onde o amor seja o fundamento e a força da existência como instituição sagrada. Não devemos esquecer que as chagas da sociedade é fruto de uma certa displicência no cuidado e na formação das crianças e dos jovens. Em nosso mundo, predomina o relativismo e a religião é muitas vezes tratado como um “problema” pessoal. Também é verdade que muitos pais carecem de uma formação cristã mais sólida e nem sempre têm consciência de sua missão na transmissão da tradição. Por fim, peçamos a intercessão da Sagrada Família, asilo de todas as virtudes, para que o Espírito Santo nos livre da inveja contra a graça fraterna e assim possamos vivenciar, em família e em comunidade, o mandamento de amar uns aos outros (cf. Jo 13,33-35). Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, nos motiva a contemplar a Família de Nazaré como igreja doméstica e missionária, ilumine o seu caminho! ⇐ Família Cristã: Chamada a ser Igreja Doméstica
(1) Cf. Homilia do Papa Francisco na Santa Missa para as Família, 27 dez. 2015, Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2015/documents/papa-francesco_20151227_omelia-santa-famiglia.html>. Acesso em: 23 dez. 2021. A Família Santa de Nazaré
Mãe que escuta e a Deus se entrega,
Para viver um plano de amor exigente,
Que questiona, porém consente,
O peso da imensa missão,
Meditando no seu coração,
O amor de Deus e de sua gente.
*
Pai terreno e obediente ao Pai do Céu,
Discreto no seu silêncio orante,
Que nas dúvidas segue avante,
Ao anjo em sonho escutou,
E firmemente acreditou,
Postura de homem Santo suplicante.
*
Filho, Deus que desce a este mundo,
Presente no meio da multidão,
Rosto de misericórdia e perdão,
Que traz aos homens a esperança,
A vida eterna como herança,
Ressuscita e nos dá a ressurreição.
*
Família, modelo para chegarmos ao Céu,
Santa desde a sua fundação,
Referência para cada lar cristão,
Conduz-nos a evangelizar,
Fazendo-nos firmemente acreditar,
Que o Reino se constrói pela missão.
*
E agora pedimos um auxílio santificador,
Para construirmos uma igreja em nosso lar,
E ao mundo podermos testemunhar,
Uma vida de cuidado e comunhão,
Marcada pela evangelização,
Para as chagas do mundo poder curar.
Autor: Francisco Eraldo
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14 Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18 Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo nos convidam a mergulhar no mistério da Encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais. Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando fraternidade e dignidade. O evangelista João diz que Cristo é a luz que brilha nas trevas e as trevas foram derrotadas (cf. Jo 1,4-8). Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor e a luz reinam em nossos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas. A Liturgia da Noite de Natal, também conhecida como “Missa do Galo”, é conduzida pelo anúncio do nascimento do Salvador, narrado pelo evangelista Lucas (2,1-14), passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. E nesta Liturgia, Jesus está, inicialmente, no ventre da Virgem Maria, como fruto bendito, e, depois, deitado na manjedoura, envolto em faixas. Antes de chegar em Belém, que em hebraico quer dizer “Casa do Pão”, Maria e José fazem uma dura caminhada entre as montanhas para participarem de um recenseamento. E é em Belém, e em condições precárias, que nasce o nosso Salvador, o Pão da Vida, o nosso Pastor, o Príncipe da paz e portador da justiça e da misericórdia de Deus. As primeiras testemunhas do nascimento do Salvador são os pastores, que naquele contexto eram pessoas sem crédito nas disputas judiciais, mas, mesmo assim, suas palavras deixaram muitos maravilhados quando contaram tudo o que viram sobre o nascimento de Jesus (cf. Lc 2,17-18). Assim, aqueles pastores representam os pobres, distantes dos poderes humanos, da elite religiosa do judaísmo, que esperava um messias davídico e equipado com poderoso exército. No entanto, a pedagogia de Deus, o Seu ensinamento, se realiza na Sua vinda como uma frágil criança numa família simples (Maria e José), família pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto. Já a Liturgia do Dia de Natal é conduzida pelo evangelista João. Ele nos apresenta a origem divina de Jesus(1), a encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho da Liturgia do Dia de Natal é exatamente a parte introdutória, o prólogo do Evangelho segundo São João. E nesta Liturgia Jesus está na eternidade, fora do tempo cronológico, do tempo histórico, Ele está no princípio de tudo, quando tudo foi feito para Ele. Ele é a Palavra, o Verbo de Deus. O recém-nascido é a encarnação de Deus e agora Deus mostra sua face, trazendo-nos Sua paz, Seu amor e nossa salvação. O nascido da Virgem Maria foi profetizado por Isaías e está presente na primeira leitura da Missa do Dia de Natal. Diz o profeta: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e quer a salvação para todos. Para isso, basta acolher a Sua Palavra e responder ao Seu chamado para anunciar o Reino. Portanto, estas duas Liturgias do Natal nos apresentam a autocomunicação de Deus. Primeiro ao permitir o nascimento de Jesus à noite para dizer que Ele é a Luz e, depois, ao colocar os pastores como os primeiros a sentirem a realização da profecia de Isaías, quando diz “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1). Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. Vivemos o verdadeiro Natal quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo. Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos. Neste Natal, peçamos a intercessão de Nossa Senhora, Mãe da divina graça, para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito de toda graça, e assim renovemos cotidianamente o nosso “sim”, o Batismo, sendo cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai. Jesus Cristo é Emanuel, é Deus conosco. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ⇐ E Deus Veio Morar Conosco
(1) CNBB / Roteiros homiléticos para o Tempo do Advento – Natal – Tempo Comum I (novembro 2021 / fevereiro 2022): “Alegrai-vos! O Senhor está próximo”, Ano C – São Lucas. Brasília: Edições CNBB, 2021, pp. 34-35.Deus Nasce entre os Pequenos
Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.
*
Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.
*
Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a ecoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.
*
O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com Sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.
*
E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.
IV Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas
Leituras: Mq 5,1-4a; Sl 80(79); Hb 10,5-10; Lc 1,39-45 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 1,39-45 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do IV e último Domingo do Advento nos motiva a contemplar a Virgem Maria, a Mãe do Senhor, enquanto exemplo de peregrina e de espera ativa. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,39-45, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus, como fruto bendito, está no ventre da Virgem Maria (cf. Lc 1,42). E o evangelista Lucas nos apresenta duas mães e dois bebês fazendo uma ligação da Antiga com a Nova Aliança e com realidades cuja a esperança só faz sentido com a certeza do Anjo ao dizer que: “Para Deus, com efeito, nada é impossível.” (Lc 1,37). É o caso da gravidez dessas duas mulheres: uma idosa e outra jovem, virgem. O ventre de Isabel guarda aquele que preparou os caminhos do Senhor, os caminhos de Jesus. Em Maria, sacrário santo e vivo!, Deus se encarna para recriar o homem à sua imagem e semelhança. Depois, a Escolhida partiu, apressadamente, para visitar Isabel. No entanto, mais que uma visita, foi um ato missionário de quem está disponível a Deus, no silêncio e na escuta. Por isso, de uma forma ousada, podemos dizer que Maria é a poetisa de Deus, a mulher do alegra-te, pois o seu “sim” parte de uma íntima relação com o anúncio dos profetas. Não é fantasia de uma jovem, mas a consciência de que Deus, como declama no Magnificat, derruba os poderosos e exalta os humildes. Quanto a Isabel, ela pode representar todas as mães e crianças que necessitam do cuidado de Deus para com os pobres. Já os pobres, como Isabel, são chamados a acolher a mãe de Deus e o Salvador em suas vidas. A primeira leitura desta Liturgia nos recorda que o local do nascimento de Nosso Senhor seria em Belém. Diz a profecia de Miquéias: “E tu, Belém de Éfrata , pequena entre os clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que governará Israel.” (Mq 5,1). Já a segunda leitura, da Carta aos Hebreus, nos apresenta a ação, a missão e a identidade de Cristo, que veio para fazer a vontade do Pai. Diz o autor da Carta aos Hebreus: “E graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.” (Hb 10,10). A Liturgia de hoje, portanto, nos apresenta o exemplo de Maria, obediente ao chamado de Deus para colaborar com o Seu Plano de Salvação, mesmo que muitas situações não estejam tão claras. Entretanto, quando estamos cheios da Graça de Deus e de sua Palavra, nossa boca proclama naturalmente as maravilhas d’Ele, nossas ações são pautadas no amor e nossa vida é testemunho que quase sempre dispensam as palavras. Chegando na metade do ciclo do Natal, que terminará no Batismo do Senhor, queremos recordar um fato da vida de Santa Teresinha, com quase 14 anos, e que marcou o início do terceiro período de sua vida, “o mais cheio de graças do Céu”, como disse a Florzinha de Lisieux. Na noite do Natal de 1886(1), depois da Missa da meia-noite, estava ansiosa pelos presentes nos sapatos na lareira e ouviu, desavisadamente, de seu pai, que estava fatigado depois da Missa, um desabafo de que aquele seria o último ano das botas encantadas. Apesar de magoada e como que por um milagre, Teresinha terminou a noite alegre e aos pés de seu querido Rei, o seu pai, São Luís Martin (1823-1894) . Peçamos, por fim, a intercessão de Nossa Senhora da Visitação, cultuada no dia 31 de maio, para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da caridade presente na viagem de Nazaré à casa de Isabel e fundamental para uma vida de oração e da caridade. Amém.. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * Maria: Exemplo de Caminheira, de Silêncio e de Espera
(1) Esse episódio da vida de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face está no livro “História de uma Alma” (Manuscrito A, 45 r-v).Mãe do Silêncio e da Escuta
No silêncio e na escuta do mensageiro,
Mas também questionando,
Entrega-se ao Senhor que forte lhe chama,
Coloca-se a disposição porquê muito ama,
Mãe de Deus e da humanidade,
Para Deus é toda gratuidade,
Como poetisa um poema exclama.
*
Apressada parte caminhando,
Nos caminhos longos das tantas montanhas,
Para viver a missão em caridade,
Sentindo o chamado em simplicidade.
Leva consigo o Deus criança,
Parte sem medo e com muita esperança,
Para servir com humildade.
*
Traz ao mundo o Verbo encarnado,
Na sua vida de exigente e de peregrina,
Carrega no colo com muita coragem,
Levando a sério a divina mensagem,
Por que será a mãe do Rei de amor,
Colaborando no Plano Salvador ,
Deus virá em carne, além da imagem.
*
Denuncia os tantos erros do mundo
Com o canto alegre de profecia,
Vê os poderes que machucam os humanos,
Percebe as riquezas do mundo como engano,
Quando são usados para oprimir,
Somente Deus poder corrigir,
A deficiência dos homens e os seus planos.
*
E nesta missão divina que recebeu,
É cheia de Graça em abundância,
Repleta da Palavra do Senhor,
Cantora dos pobres em sua dor,
Está consciente de sua missão,
Vive ativa e sem omissão,
É Mãe dos Apóstolos com pleno amor.
⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar a Virgem enquanto exemplo de peregrina e de espera ativa, ilumine o seu caminho! ⇐
III Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas
⇒ Domingo Gaudete ⇐ Leituras: Sf 3,14-18a; Sl Is 12,1-6; Fl 4,4-7; Lc 3,10-18 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 3,10-18 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do III Domingo do Advento, o Domingo da Alegria, nos motiva a manter a contemplação no convite à conversão, agora com o compromisso de discípulo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 3,10-18, ainda no contexto da passagem intitulada “Preparação do ministério de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus continua oculto, mas agora na profecia do próprio João Batista (cf. Lc 3,16-17) e o santo Precursor dirige sua pregação ao povo incorporando também os publicanos e os soldados romanos, pois os escritos de São Lucas, discípulo de São Paulo, apresentam a salvação a toda a humanidade. Como resposta, o povo pergunta o que fazer para estar preparado para a chegada do Senhor. Para a multidão, o Precursor, João Batista, aconselha que se repartam as vestes (os bens) e o alimento com os que não têm. Aos cobradores de impostos, João responde que sejam responsáveis e justos nas cobranças. E aos soldados, que não tomem dinheiro de ninguém e que não sejam injustos nas acusações (cf. Lc 3,11-15). Toda a pregação do Batista é para que as pessoas se convertam e estejam preparadas para a vinda do Senhor. João se apresenta humildemente a ponto de se considerar como um escravo. E diz: “Não sou digno de desatar a correia das sandálias.” (Lc 3,16) Depois faz uma comparação do seu batismo com o de Cristo: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Lc 3,16). É preciso estar preparado, pois o Senhor virá para que a Reino de Deus aconteça. O que podemos refletir deste texto de Lucas? As orientações de João Batista nos apontam gestos concretos como virtudes para a verdadeira conversão. Depois, essa pregação está voltada para a dimensão social no olhar para os necessitados, pois para a verdadeira alegria acontecer é importante que haja a partilha, a lealdade e a justiça, que os impostos sejam cobrados na justa medida e que as forças do governo não sejam nem opressoras e nem repressoras, mas que tragam segurança ao povo. Podemos pensar neste momento: o que nos dá alegria como discípulos e missionários de Cristo? E quais são os mecanismos e as instâncias que retiram do povo a verdadeira alegria? Que motivos de alegria celebramos neste Domingo? O verdadeiro discípulo é firme e forte frente aos desafios pessoais e comunitários. Por isso, diante da missão de semear a sua Palavra e o amor de Deus ele poderá carregar no coração a profecia de Sofonias: “Alegra-te e exulta de todo coração.” (Sf 3,14). É sendo um simples instrumento de Deus, que a pregação do missionário alumia o mundo com a luz do Senhor. Temos muitos motivos de alegria para celebrar: pelas tantas pessoas que partilham dos seus bens para ajudar os pobres, os necessitados e as inúmeras ações sociais e religiosas, que semeiam a esperança e a dignidade humana. Também neste Domingo temos mais um elemento que a aproxima o Advento da Quaresma. Trata-se da cor rosa [ou róseo(1)], presente no penúltimo Domingo de cada tempo. No Advento é o Gaudete, que no latim significa “Alegrai-vos”, e na Quaresma é Lætare, significando “Alegra-te”. E lembrando que ao próximo dia 14 nós celebramos a Memória de São João da Cruz (1542-1591), Doutor da Igreja – o Doutor Místico, que, junto com Santa Teresa d’Ávila, a Grande, foi um dos pioneiros da reforma do Carmelo. Além de sua obra, São João da Cruz foi uma das principais referências de Santa Teresinha do Menino Jesus, considerada como “filha e discípula de São João da Cruz”, que nos proporcionou o discipulado da Pequena Via para uma época de muitos barulhos. Por fim, peçamos a Nossa Senhora de Guadalupe, “Mãe das Américas”(2) e cultuada neste dia 12 de dezembro, que ela rogue por nós para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da alegria presente no reencontro do Pai com o Filho Pródigo e necessário para vivenciarmos a sobriedade do Advento com júbilo. Amém.Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * *
A Alegria e a Espera Compromissada do Discípulo
(1) O termo “róseo” é muito significativo no contexto litúrgico, pois além de indicar a própria cor, também indica algo que exala perfume análogo ao de rosa. No entanto, na Instrução Geral do Missal Romano (cf. 346) consta somente o termo “rosa”.
(2) Cf. Oração do Santo Padre à Nossa Senhora de Guadalupe, por ocasião da Viagem Apostólica do Papa São João Paulo II à República Dominicana, México e Bahamas, em 25 de janeiro de 1979. Foi a primeira Viagem Apostólica do Papa. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/january/documents/hf_jp-ii_spe_19790125_preghiera-guadalupe.html>. Acesso em: 10 dez. 2021.
A Verdadeira Alegria
A alegria verdadeira,
É a que vem do Senhor,
Nos tropeços e na dor.
Mesmo na enfermidade,
E na fragilidade,
Dos que buscam o amor.
*
A alegria verdadeira,
Brota da caridade,
Das ações de bondade,
Marcadas pelo servir,
Dos que querem construir,
A santa fraternidade.
*
A alegria da espera,
Que traz a esperança,
Que propõe as mudanças,
Nos gestos concretos,
Muitas vezes discretos,
Mas na confiança.
*
A alegria dos profetas,
Que anunciam o mundo novo,
Junto ao seu querido povo,
A justiça esperada,
Sempre muito sonhada,
Que voltará de novo.
*
A alegria dos cristãos,
Continuando o caminhar,
Sempre a anunciar,
Com grande esperança,
E com fé e confiança:
No Reino que vai chegar.
⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa pela pregação do santo Precursor, ilumine o seu caminho! ⇐
II Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas
⇒ Último Domingo do Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Br 5,1-9; Sl 126(125); Fl 1,4-6.8-11; Lc 3,1-6 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 3,1-6 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do II Domingo do Advento, o último Domingo do Ano de São José, nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 3,1-6, passagem que está localizada na segunda parte do Evangelho segundo São Lucas, intitulada “Preparação do ministério de Jesus”. Nesta Liturgia, Jesus está oculto no cumprimento da profecia de Isaías sobre o anúncio da libertação (cf. 40,3-5), que os evangelistas (cf. Mt 3,3; Mc 1,3; Lc 3,4-6; Jo 1,23) indicam ser João Batista a voz que preparará os caminhos do Senhor (cf. Lc 3,4). O Evangelho ainda nos situa no tempo histórico: “No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia…” (Lc 3,1) que “a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto” (Lc 3,2), mostrando, assim, que a ação de Deus se dá na história dos homens. Lembremos que o evangelista Lucas apresenta a salvação a toda humanidade, derrubando as barreiras culturais que impediam o acesso à Palavra de Deus. Entretanto, a profecia da libertação por meio da imagem do terreno aplainado está presente tanto na primeira leitura desta Liturgia, com Baruc, quanto no Evangelho segundo Lucas (cf. 3,4-6), em que ele resgata, como os demais evangelistas, o profeta Isaías. Em Baruc o terreno será aplainado para o Povo de Deus e em Isaías é para o Senhor. Já na segunda leitura, tirada na Carta aos Filipenses e ainda no contexto da segunda vinda de Cristo, São Paulo nos exorta que é pelo crescimento do conhecimento e da experiência que ficaremos puros e sem defeito para o dia de Cristo (cf. Fl 1,10). Outra imagem presente no Evangelho desta Liturgia é a do deserto. Na Bíblia, deserto não é, necessariamente, uma região árida. Antes, é o lugar propício para o encontro com Deus, pois foi lá que Deus cuidou e guiou o povo por quarenta anos conduzindo-os até a terra que mana leite e mel (cf. Dt 6,3). Portanto, o deserto, a cor roxa, o convite à conversão e o recolhimento são elementos que aproximam o Tempo do Advento, que nos conduz para a Encarnação (Seu nascimento na noite do Natal em Belém) e o Tempo da Quaresma, que nos encaminha para a glorificação de Cristo na Cruz. Esta Liturgia, portanto, nos motiva a estarmos preparados para a vinda do Senhor, numa atitude de conversão que reflita o Reino anunciado por João Batista e concretizado por Jesus de Nazaré. Por isso, faz-se necessário uma mudança de vida que supere a corrida comercial do natal e do ano novo e, sobretudo, incluindo um planejamento pessoal, pastoral e espiritual, de modo que cada um tenha seus projetos de uma vida renovada pela esperança neste Natal. A Liturgia deste Domingo, como sendo a voz do “nosso” João Batista, nos pede a conversão exigente do coração, com novas atitudes, seja em nossa casa, no grupo pastoral e na sociedade, para que os caminhos da Evangelização sejam endireitados e o Verbo encarnado seja acolhido, para que haja justiça, paz e fraternidade neste mundo de tantos caminhos tortos. Neste ano, a Campanha para a Evangelização, que percorre todo o Tempo do Advento e tem como tema “ide, sem medo, para servir”, terá sua coleta nos dias 11 e 12 de dezembro e, por isso, vamos rezar para que esta coleta possa dar conta dos diversos projetos missionários espalhados pelo Brasil, além de contribuir para a manutenção da CNBB. Por fim, peçamos a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, cultuada no dia 8 de dezembro, que ela rogue por nós para que estejamos prontos para receber o Espírito Santo, Espírito do santo temor necessário para uma conversão como pregada por João Batista. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa pela pregação de João Batista, ilumine o seu caminho! ⇐
Convite à Conversão em Tempo de Espera
Preparemos o Caminho do Senhor
Vivemos a intensidade
De uma espera em harmonia,
Confiantes e sem medo,
João Batista anuncia,
Só precisa conversão,
Viver a contemplação
Do Menino em alegria.
*
Percebemos neste mundo
tantos caminhos entortados,
Tanta tristeza, violência,
muitos irmãos massacrados.
É a ausência do amor,
Falta acolher o Senhor,
Pro mundo ser transformado.
*
Os profetas anunciaram
Para o mundo a redenção,
Para o povo alertaram
Que é preciso conversão.
Pra justiça acontecer,
Todos devem se rever,
Não existe enganação.
*
O sonho se realiza
Quando temos esperança,
Quando nosso caminhar,
Permanece em aliança.
Caminhos endireitados,
Altos montes abaixados,
E em Deus a confiança.
*
E então a nossa espera,
Deve ser na oração,
Na leitura da Palavra
E no alimento do Pão.
O amor ao Deus da vida,
Uma fé bem definida,
Para ver a salvação.
I Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Jr 33,14-16; Sl 25(24); 1Ts 3,12-4,2; Lc 21,25-28.34-36 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 21,25-28.34-36 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do I Domingo do Advento do Ano C, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar a chegada desse Tempo com os temas da Encarnação do Verbo de Deus no seio da Virgem Maria e a expectativa da segunda vinda de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 21,25-28.34-36, passagem que está localizada na quinta parte do Evangelho segundo São Lucas, intitulada “O ministério de Jesus em Jerusalém”. Nesta Liturgia Jesus está no Templo ensinando aos Seus discípulos. Essa ação ocorre nos dias posteriores à entrada messiânica e os eventos de Sua paixão, quando passa o dia ensinando no Templo e as noites, ao relento, no monte das Oliveiras. O evangelista Lucas apresenta uma perspectiva de libertação dos que buscam em Deus a salvação. Por isso, Jesus alerta: “ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem.” (Lc 21,36). Para os judeus, o fim do mundo significava a destruição de Jerusalém. No entanto, o que Jesus anuncia é o início do tempo do novo Povo de Deus, que inclui todas as nações. Esse novo tempo de salvação está anunciado na primeira leitura desta Liturgia. Diz o profeta Jeremias: “Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante; este é o nome que servirá para designá-la: ‘O Senhor é a nossa Justiça’.” (Jr 33,16). Já a segunda leitura desta Liturgia, São Paulo, dirigindo-se aos tessalonicenses, confirma a promessa da vinda gloriosa de Cristo, quando expressa “que assim ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.” (1Ts 3,13). A Liturgia de hoje, portanto, nos motiva a ficar atentos quanto ao anúncio do Evangelho, de modo que seja transmitido na esperança e na fraternidade. A violência que vemos todos os dias através dos meios de comunicação é consequência da ausência do Deus amor e também da ausência da Palavra proclamada e rezada em família, experiência essa que deve ser alimentada pela participação na Missa, nos círculos bíblicos, com o Santo Rosário ou outra modalidade que provoque a conversão e a firmeza na caminhada. São estas atitudes que nos prepararão para acolhermos Jesus Menino, que veio morar conosco e sentir nossas dores, mas também nossas alegrias e vitórias. O Advento é propício para termos atitude de cautela, de alegre espera, porém vigilantes. Por isso precisamos tomar cuidado em nossa vida cotidiana, na evangelização, que às vezes é falha, raquítica e marcada por preconceitos. Também devemos ter cuidado com a “nossa” zona de conforto traduzida no “está tudo bem” dos limites das missas dominicais, dos serviços e pastorais…, mas e lá fora como está? É nosso dever saber? Precisamos ir aos que foram batizados e não vieram mais à Igreja? O Advento, como primeira etapa do ciclo do Natal que é finalizado no Batismo do Senhor, também tem a função de nos conduzir para a noite de Natal, quando seremos testemunhas junto com os anjos e os pastores. E neste Domingo, em que a Igreja, universalmente, está voltada para o início de mais um Ano Litúrgico, a ser iluminado pelo evangelista Lucas, queremos motivar a caminhada no itinerário da Novena de Natal. Em 2021, a Novena, ofertada pela CNBB, tem como guia a Encíclica Fratelli Tutti(1), sobre a fraternidade e a amizade social, assinada pelo Papa Francisco no dia de São Francisco de Assis em 2020, sobre o túmulo do Santo de Assis. Peçamos a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, cultuada no dia 27 de novembro, que ela rogue por nós para que sejamos merecedores do Espírito Santo, Espírito da Paz, e preparados para acolher o Menino Deus. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ Caminhamos esperando o Senhor, * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a estar preparados para a Sua vinda, ilumine o seu caminho! ⇐
O Advento Chegou! Esperemos Alegres o Senhor que Vem!
(1) Cf. Carta Encíclica Fratelli Tutti. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html>. Publicado em: 3 out. 2020. Acesso em: 26 nov. 2021.
A Nossa Alegre Espera
Na verdade, já caminhamos com Ele,
No encontro com a sua Palavra,
No alimento do Seu Corpo,
E no saciar da sede da alma.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Com cuidado nas nossas ações,
Com a alegria em vez do medo,
Com o olhar atento à vida,
Marcados pela esperança.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Atentos aos irmãos que tropeçam,
Também, levantando das nossas quedas,
Mas querendo caminhar de novo,
De mãos dadas na missão.
*
Caminhamos esperando o Senhor,
Vivendo a oração perseverante,
Num olhar além do nosso chão,
Na estrada de todos os discípulos,
Para estar de pé diante d’Ele.
Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Solenidade, Ano B, São Marcos
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Dn 7,13-14; Sl 93(92); Ap 1,5-8; Jo 18,33b-37 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 18,33b-37 Meus irmãos e irmãs, nesta Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, neste Ano de São José e encerrando o ciclo litúrgico do Ano B, a Liturgia nos motiva a contemplar o senhorio de Cristo, que é o alfa e o ômega, princípio e fim, o Rei do Universo. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 18,33-37, passagem que está localizada na terceira e última parte do Evangelho segundo São João, intitulada “A hora de Jesus – A Páscoa do Cordeiro de Deus”. Nesta Liturgia, Jesus, no início da manhã da Sexta-Feira da Paixão, está diante de Pilatos. A partir desse contexto, o evangelista João apresenta dois tipos de realeza: crueldade versus misericórdia; opressão versus esperança; testemunho da força versus testemunho da verdade; e reino deste mundo versus reino celestial. Por não ser deste mundo, o Reino de Jesus não se afasta das realidades de injustiça e perversidade sobre homens e mulheres. Portanto, os seguidores de Cristo vivem a missão de disseminar a realeza divina no meio da humanidade. O profeta Daniel, na primeira leitura desta Liturgia, se refere ao Rei e ao Seu reinado. Diz o profeta: “Foram-lhe dados poder, honra e realeza, e todos os povos (…) o servem; seu poder é eterno (…) e seu reino (…) não se dissolverá” (Dn 7,14). Já os reinos da terra se dissolvem e são marcados pela imposição e pela ordem cega. Já a segunda leitura desta Liturgia, obtida do Apocalipse de São João, confirma a promessa do Antigo Testamento de que “Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra (…) ‘o alfa e o ômega’ (…) ‘aquele que é, que era e que vem, o Todo-poderoso’ .” (Ap 1,5.8). Diante desta Liturgia da Palavra, devemos meditar sobre como temos abraçado o senhorio de Cristo em nossa vida, na vida da Igreja e também na sociedade. Ser cristão não é estar à serviço de ordens de superiores que castigam diante do não cumprimento das determinações, pois a relação de Jesus com os discípulos deve servir de modelo. Primeiramente, os discípulos não O seguem pela força, pela imposição, mas por livre adesão; depois, o discipulado é fundamentado no amor de Deus, para que Seus discípulos sejam representantes do Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) num mundo de guerras. Assim, o reinado de Jesus é marcado pela alegria e gratidão, desde o momento da Encarnação quando os anjos cantaram de alegria como os pastores gratos por testemunharem indescritível beleza. Em todo o Seu ministério, Jesus realiza curas que consolida a fé de muitos que expressam alegria e gratidão. E o coroamento da alegria mais completa é a Sua Ressurreição, motivo de gratidão para todas as gerações. E neste Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas, queremos recordar um fato marcante da vida de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face conhecido como “aos pés do Papa”. No dia 20 de novembro de 1887, Teresinha, de apenas 14 anos, que se oferece como “brinquedo do Menino Jesus”, é recebida pelo Papa(1). Na ocasião expressa o desejo de entrar para o Carmelo, pois a idade mínima era de 21 anos. A resposta do Papa foi que ela obedecesse aos seus superiores. A dor da frustração naquela manhã, pois não ouviu o “sim do Papa”, fez com que, 7 anos depois e por obediência, Teresinha iniciasse a redação de um famoso escrito, o seu livro “História de uma Alma”. E neste último Domingo do Ano Litúrgico, peçamos a Nossa Senhora da Apresentação, padroeira da capital do Rio Grande do Norte e cultuada neste dia 21 de novembro, que ela rogue por nós para que sejamos merecedores do Espírito Santo, coroa dos perfeitos, para que Cristo reine em nossa existência. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ Este Rei é divino, * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar o Seu senhorio, que é o alfa e o ômega, ilumine o seu caminho! ⇐
Ele é o Alfa e Ômega, o Começo e o Fim
(1) Papa Leão XIII (1878-1903).Este Rei não é deste Mundo
Ele vem das alturas,
Desceu com ternura,
Para nos libertar.
Ele é mensageiro,
Para os caminheiros,
Vem anunciar.
*
É um Rei diferente,
Tem natureza humana,
A nós Se irmana,
Pra poder chegar.
Seu Reino é amor,
Faz-se servidor,
É assim, Seu reinar.
*
Não vem com soldados,
Vive a mansidão,
Não tem opressão,
Só vem para amar.
Chama à conversão,
Envia em missão,
Pra outros chamar.
*
Ele não tem fama,
Tem simplicidade
Sem publicidade,
Sem triunfalismo.
Seu Reino é semente,
Na vida da gente,
Sem, estrelismo.
*
Ele é nosso Mestre,
Sempre a ensinar,
A quem quer escutar,
Com perseverança.
Quer sempre acolher,
A quem quer Lhe ver,
Pois Ele é esperança.
*
Reinai ó Senhor,
Em nossa existência,
Dai-nos a clemência,
Tua salvação.
Pois se a Ti seguimos,
Contigo partimos
Para a redenção.
XXXIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Dn 12,1-3; Sl 16(15); Hb 10,11-14.18; Mc 13,24-32 ⇒ HOMILIA ⇐ Mc 13,24-32 Meus irmãos e irmãs, neste XXXIII Domingo do Tempo Comum, Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco em 2016(1), a Liturgia nos motiva a escutar e amar a Palavra que, diferente dos fenômenos naturais e sociais, não passará. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 13,24-32, última passagem do evangelista Marcos no Ano B. Nesta Liturgia, Jesus está no monte das Oliveiras com Pedro, Tiago, João e André (cf. Mc 13,3). As leituras de hoje nos proporcionam uma reflexão a partir da expectativa da vinda gloriosa de Cristo, com os anjos, para nos julgar e reunir os eleitos (cf. Mc 13,27), que deverão estar atentos, pois ninguém, exceto o Pai, sabe o dia e a hora (cf. Mc 13,32). Também as leituras indicam, para os que vivem com o pé na realidade, direções para a disseminação Reino em diversas realidades, sejam sociais, religiosas ou morais. Neste sentido, podemos nos perguntar quantas vezes a natureza é afetada por interesses em obter lucros sem a devida contrapartida social ou o zelo pela Criação de Deus, tais como rios poluídos, florestas destruídas, cidades caóticas etc. Outra realidade é o relativismo religioso, que não trata Deus como Pai que cuida dos necessitados ou das necessidades dos filhos, mas como um empregado que deve realizar os desejos humanos. Esses problemas não teriam relação com o Evangelho desta Liturgia se não fossem consequências de uma cultura que produz uma mentalidade de indiferença, resultando em tragédias naturais e famílias destruídas. Também tecnologia propicia um imediatismo inédito na humanidade, em que, pelas redes sociais, surgem desejos de consumo rapidamente propagandeados e que desaparecem tão rapidamente quanto surgiram, dando lugar a novos impulsos de consumo. Portanto, seremos julgados de acordo com a nossa capacidade de ser luz diante desses sinais pós-modernos. A primeira leitura desta Liturgia indica as consequências para os que viveram de acordo com a Lei do Senhor. Diz o profeta Daniel: “os que tiverem sido sábios brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos das virtudes brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). Assim, não basta viver uma religiosidade intimista. É preciso ensinar a outros os caminhos do Senhor, sendo fermento na massa e sal da terra, evangelizando também nas redes sociais, sem deixar de lado a presença física e acolhedora, instrumentos de escuta e de acolhimento para enxugar as lágrimas que vêm do clamor do próximo. Sobre a Carta a Patris Corde(2), a qual o Papa Francisco dedica a São José, finalizaremos hoje a apresentação tratando de dois aspectos. O primeiro, “pai trabalhador”, resgata que São José tem sido, desde o século XIX, identificado com o trabalho e o seu exemplo nos diz que o próprio Deus encarnado não ignorou o trabalho, aprendendo com ele as lidas dos negócios. Já o segundo aspecto, “pai na sombra”, nos diz que São José foi, para o Menino Deus, uma sombra do Pai celeste e é um exemplo para nossa época tão carente de paternidade. Amou discretamente Jesus e a Virgem, em doação, em missão, realizando-a de forma casta. Rezemos a oração a São José do Papa Francisco: “Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem. Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amém.” Peçamos a Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná e cultuada no dia 15 de novembro, que ela rogue por nós para que nossos corações sejam abrasados pelo fogo do Espírito Santo e que estejamos prontos para a vinda de Cristo. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ Palavras eternas são as do Senhor, * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a escutar e amar a Palavra eterna, ilumine o seu caminho! ⇐
“Guardai-me, ó Deus, Porque em Vós me Refugio!”
(1) Cf. Carta Apostólica Misericordia et misera, n. 21. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20161120_misericordia-et-misera.html>. Publicado em: 20 nov. 2016. Acesso em: 11 nov. 2021.
(2) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html>. Publicado em: 8 dez. 2020. Acesso em: 15 out. 2021.Palavras Eternas
Semeadas nos corações dos homens,
Como sinal que germina o Seu Amor,
Como lâmpada no Seu caminhar,
Como vida para partilhar,
Como ação do Criador.
*
Eterna é a vida garantida,
Que já começa aqui neste mundo,
O Reino da Paz refletida,
Que está além da vida natural,
Dos céus, do sol, da lua afinal,
E a eternidade sempre prometida.
*
Eterno é o Teu Reino em ação,
Presente na Palavra encarnada,
Que cura, converte e nos põe em missão,
Que nos chama a ser sal e luz,
Que pelos caminhos nos conduz,
E nos apresenta a salvação.
*
Eterno é o Teu Amor frente às nações,
Que percorreu com o Teu povo a caminhar,
Mesmo diante das infidelidades e traições,
Mas que pelos Seus caminhos permaneceu,
Esperando a fidelidade que não morreu,
Que chegou até nós suas promessas e ações.
Solenidade de Todos os Santos
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Ap 7,2-4.9-14; Sl 24(23); 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12a ⇒ HOMILIA ⇐ Mt 5,1-12a Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do Solenidade de Todos os Santos, neste Ano de São José, nos apresenta as bem-aventuranças como programa para alcançar a realidade celeste composta pelos santos e santas de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 5,1-12a. Nesta Liturgia, Jesus está nas proximidades de Cafarnaum e o evangelista Mateus nos apresenta o Senhor que, vendo as multidões, sobe à montanha e senta para ensinar e proclamar as bem-aventuranças aos seus discípulos. A montanha, para o Antigo Testamento, é o lugar da manifestação de Deus, pois foi numa montanha que Moisés recebeu os Mandamentos. As bem-aventuranças nos ensinam que, para ser santo, é preciso ser discípulo de Cristo, com humildade, os pés no chão e o olhar atento aos diversos campos da existência humana, sejam eles econômicos, sociais, espirituais ou religiosos. Devemos cultivar a nossa sede de justiça. E então podemos nos perguntar: o que tem a ver comigo a violência, urbana e rural, e as questões da pandemia? E a intolerância religiosa mundo afora, o que tem a ver? Jesus ainda apresenta duas bem-aventuranças exigentes: ser perseguido por causa da justiça e ser injuriado e caluniado por causa de Cristo (cf. Mt 5,10-12). Alcançaremos a santidade, buscando por justiça e vivendo as consequências desta busca. Assim, a vivência da santidade deve ser testemunhada aqui e agora. Devemos ser mansos, justos, puros de coração, promotores da paz no grupo onde participamos, no trabalho, nas relações sociais e também na nossa família, com o cônjuge, os filhos e irmãos e também entre os ministros ordenados e os religiosos. Para isso, a santidade precisa da vivência da Palavra, da oração com liberdade nos caminhos do Senhor, praticando o amor em vista do Reino para fazer parte da incontável “multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9), como nos fala São João na primeira leitura desta Liturgia. Esta busca de santidade deve ser sempre no Senhor, como discípulos missionários, que desejam ser purificados como o Senhor é puro, (cf. 1Jo 3,3) como nos indica a segunda leitura desta Liturgia. Voltando, agora, à Carta do Papa Francisco sobre São José, Patris Corde(1) , vamos tratar dois aspectos, hoje. O primeiro, “Pai no acolhimento”, mostra que, ao acolher a Virgem, submete a Lei à caridade, abraçando o mistério salvífico. Mesmo nas tribulações, pelo dom da fortaleza, fica imune à desilusão, ensinando-nos que o acolhimento e a fé nos permitem compreender os acontecimentos, alegres e tristes. O segundo aspecto, “Pai com coragem criativa”, nos indica que com essa coragem é possível enfrentar as dificuldades, inclusive usando recursos que nem sabíamos ter. Foi assim que São José providenciou o presépio em Belém e conduziu Jesus e a Virgem pelo desterro no Egito. Como Guardião da Igreja, São José continua protegendo sua Família e nos ensinando a amar o Menino Deus e a Virgem; “os Sacramentos e a caridade”; “a Igreja e os pobres”. É oportuno mencionar hoje que o Papa Francisco prorrogou as indulgências plenárias para os fiéis defuntos para todo o mês de novembro. Assim, poderá ser adquirida indulgência plenária para os fiéis defuntos quando o cristão católico visite um cemitério, rezando pelos defuntos durante o mês de novembro de 2021 e também rezando um “Pai-Nosso” e o “Credo” num santuário, igreja matriz, capela ou oratório, desde que seja batizado, encontre-se em estado de graça, tenha participado da Eucaristia e rezado pelas intenções do Papa. E lembrando que rezar pelos vivos e defuntos é uma das obras de misericórdia. Peçamos a Nossa Senhora Medianeira que rogue por nós para recebermos do Espírito Santo o dom santificador e sermos, no meio do mundo, esta geração que procura o Senhor [cf. Sl 24(23)] e que semeia o Evangelho para a santidade de todos. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ Para buscar e viver a santidade * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva, com o auxílio das bem-aventuranças, a aspirar a corte celeste, ilumine o seu caminho! ⇐ Bem-Aventurados São os que Procuram o Senhor
(1) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html>. Publicado em: 8 dez. 2020. Acesso em: 15 out. 2021.Quem é Santo…
Deve-se trilhar nos caminhos do Senhor,
Estar atento à Palavra Sagrada,
Ser manso, justo e ter muito amor.
Deve-se viver as bem-aventuranças
Que Jesus nos deu como herança,
Que é centro do seu plano salvador.
*
A santidade não é coisa qualquer
Que a gente possa imaginar,
É caminho no chão concreto da vida,
Não ter medo do que se possa encontrar,
Pois ser santo tem suas consequências,
Muitas vezes precisa-se paciência,
Para no mundo não desanimar.
*
No início da história dos cristãos,
Ser santo implicava muita ousadia,
Muitas vezes implicava ser devorado pelas feras,
Ou ser colocado em grelha com brasas que ardia,
Mas o santo em sua enorme dor,
Ainda carregava o senso de humor,
Quando o fogo em chama lhe consumia.
*
O ser santo é sempre destinado
Para toda pessoa que quiser,
Mas para isso é preciso requisito,
Pois, não se santifica de um jeito qualquer,
Pra isso é preciso ter vocação,
Não viver na fantasia e na ilusão,
Mas é possível para o homem quanto para a mulher.
*
Tem que ter um coração de amor,
Ter muita paz e muita alegria,
Mesmo diante das tantas misérias,
Fazer da noite às vezes o dia,
Ser bondoso e de muita caridade,
Promover a paz e a unidade,
Onde há muitas vezes má sintonia.
*
Às vezes é também ser ignorado,
Não ser reconhecido ainda em vida,
Pois ser santo exige além do presente,
Viver o amor e uma paz refletida,
Carregar um coração aberto às ações divinas,
Acreditar noutra vida que não termina,
E em Jesus apostar o caminho e a lida.
*
Muitos viveram radicalmente a castidade,
Entregaram sua vida totalmente,
Sem de nada ter nem um apego,
Carregavam no corpo e em sua mente
Um coração entregue somente ao Senhor,
Vivendo o trabalho na oração e no amor,
Vivendo no serviço às pessoas carentes.
*
Temos também que reconhecer
Que santos não são somente os do altar,
Temos tantos santos que não os conhecemos,
Por isso é preciso acreditar,
Que santo são todos os bem-aventurados,
Que viveram ou vivem o amor ao Bem-Amado,
Na esperança no Céu e com Jesus morar.
XXXI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Dt 6,2-6; Sl 18(17); Hb 7,23-28; Mc 12,28b-34 ⇒ HOMILIA ⇐ Mc 12,28b-34 Meus Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXXI Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos apresenta Jesus ensinando sobre o mandamento do amor a Deus, com todo nosso ser, e ao próximo como a si mesmo. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 12,28b-34, passagem que está localizada na quarta parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “O ministério de Jesus em Jerusalém”. Nesta liturgia, Jesus, depois de uma longa viagem com os discípulos, está em Jerusalém, onde aconteceriam confrontos com as autoridades. Porém, um mestre da Lei pergunta, em tom amistoso, “qual é o primeiro de todos os mandamentos?” (Mc 12,28). Em resposta, apresenta dois mandamentos: o primeiro é escutar e amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, todo entendimento e toda força; o segundo é amar ao próximo como a si mesmo (cf. Mc 12,29-31). O que Jesus proclamou para aquele mestre da Lei está primeira leitura desta Liturgia quando Moisés proclama ao povo: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,4-5). Jesus acrescenta um segundo mandamento esquecido pelos mestres da Lei, que é a atitude do amor ao próximo. Portanto, o amor é a base de todo mandamento ensinado por Jesus, um amor que se eleva a Deus e se estende ao irmão, uma amor que é vertical e horizontal, rompendo o intelectualismo, a indiferença e a falta de caridade dos fariseus, mestres da Lei e saduceus. Parece-nos que a Lei mosaica ignorava o cuidado e o amor ao próximo. A segunda leitura desta Liturgia, da Carta aos Hebreus, apresenta Cristo como novo e eterno sumo sacerdote que nos traz a salvação e oferece aos Seus discípulos, ao povo e às autoridades religiosas, o entendimento pleno da Lei, pois Ele é o próprio Verbo de Deus(1). Nesse sentido, os cristãos, pelo batismo, são chamados a viver, como povo sacerdotal, o verdadeiro culto e amar a Deus com toda força e ao próximo como a si mesmo. Num mundo, muitas vezes, conduzido por obrigações e leis vazias de humanidade, os cristãos são convidados a cumprir os mandamentos de Deus e as leis temporais a partir do amor de Cristo, fazendo a diferença no convívio social e nos diversos campos da existência humana. Talvez a ausência deste amor em nossos governantes explique a falta de dignidade, de justiça, a negação dos direitos às pessoas e também a ausência de fraternidade e de paz entre as nações. Retomando a Patris Corde(2) , a qual o Papa Francisco dedica a São José, verdadeiro “ministro da salvação”, hoje nos veremos em três aspectos. O primeiro, “Pai amado”, trata da sua colaboração com o plano da salvação e, por isso, tem sido muito amado pela piedade, tanto que a tradição nos indica invocá-lo nas quartas-feiras e no mês de março. O segundo, “Pai na ternura”, mostra que foi, para o Menino Deus, reflexo da ternura de Deus. Ternura esta que encontramos na Confissão e que conta com nossas fraquezas, às quais devemos acolher também com ternura (as nossas e as do próximo). Por fim, “Pai na obediência”, que nos indica como foi obediente a Deus (pelos sonhos e pelos preceitos) e justo com as leis temporais, a exemplo do recenseamento. Com ele, Jesus aprendeu a ser submisso aos pais (cf. Ex 20,12). E encerrando o Mês das Missões e do Rosário, queremos recordar que o Rosário, através da Ave-Maria, do Pai-Nosso e das jaculatórias, é um tesouro que a Igreja nos oferece para contemplarmos o projeto salvífico na ação do Filho, nosso redentor, e do Espírito Santo, nosso santificador. Deste modo, nos mistérios gozosos contemplamos os primeiros anos e a existência oculta de Jesus, nos luminosos nos colocamos diante do Seu ministério público, nos dolorosos a Sua paixão e nos gloriosos a Ressurreição até a coroação de Nossa Senhora. Peçamos ao Espírito Santo o dom da fortaleza para que possamos ser fonte de amor sendo sal da terra e luz do mundo e cantemos com o salmista “Eu Vos amo, ó Senhor, porque Sois minha força!”. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ O mandamento do Senhor * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva amar a Deus com toda a força e
⇒ Mês do Rosário ⇐
⇒ Mês Missionário 2021 ⇐
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Amar a Deus por Inteiro e ao Próximo como a Si Mesmo
(1) CNBB / Roteiros homiléticos para o Tempo Comum II (setembro – novembro): “Viva e eficaz é a Palavra de Deus”, Ano B – São Marcos. Brasília: Edições CNBB, 2021, p. 56.
(2) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html>. Publicado em: 8 dez. 2020. Acesso em: 15 out. 2021.O Principal Mandamento
Como sendo o primeiro,
É o amor ao Deus altíssimo,
E nos envolve por inteiro,
Abrange nosso coração,
Toda a alma e a razão,
De nós, os seus mensageiros!
*
O segundo mandamento,
É o amor para com o irmão,
E também para si mesmo,
Numa mesma dimensão,
Pois, o amor é o fundamento,
O principal mandamento,
Da perfeita comunhão!
*
O mandamento do amor,
Faz tudo ficar completo,
Abarca toda a Lei,
Em tudo ele é correto,
Porque o amor é abrangente,
Vem de Deus onipotente,
E aponta o caminho certo!
*
Os mandamentos são vias,
Para com Deus caminhar,
Apontam pra santidade,
Pra gente se endireitar,
Quem segue tem liberdade,
Seguirá pela verdade,
Destino pra se salvar!
*
Pra poder ser bom discípulo,
Guarda-se no coração,
Os preceitos do Senhor,
Pra seguir sua missão,
Num viver obediente,
Amando e sendo crente,
No Deus da libertação!
*
Por isso que um bom cristão,
Vive sempre a praticar,
Os mandamentos de Deus,
Segue a testemunhar,
Guarda no seu coração,
Ama a Deus e ao irmão,
E a si mesmo, se amar!
*
Que a vivência do amor,
Dos discípulos em união,
Tragam para o mundo a paz,
Justiça para os irmãos,
Venha o Reino acontecer,
Vida digna a se estender
Da mesa da comunhão!
com toda a inteligência e ao próximo como a si mesmo, ilumine o seu caminho! ⇐