XXIX Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 45,1.4-6; Sl 96(95); 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O que é de César e o que é de Deus?

Mt 22,15-21

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXIX Domingo nos motiva a ofertar o melhor a Deus sem deixar de lado as obrigações terrestres. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 22,15-21, sequência do Domingo passado.

Nesta passagem, Mateus nos apresenta as autoridades judaicas tentando colocar Jesus em contradição (cf. Mt 22,16). Para isso, questionam a Jesus sobre a licitude do tributo a César. A resposta de Jesus se tornou como que um lema para os cristãos justificarem o papel da religião e o do poder político, ou seja, separar as coisas.

“Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,20). O que entendemos e como nos posicionamos sobre esta máxima evangélica? Podemos nos perguntar: o que pertence a Deus? A Deus pertence o ser humano e toda a Criação. Deus, que é amor, é fonte da justiça e da misericórdia. Por isso, Ele também é a fonte de tudo que o homem quer realizar de bom (para si, para o próximo e para mundo). Deus é único e só a Ele deve-se prestar culto (cf. Is 45,5). Os homens, mesmo os mais poderosos, serão sempre criaturas limitadas diante da grandeza de Deus. O homem, mesmo querendo ocupar o lugar de Deus, nunca agirá como Ele. Deus está acima de tudo o que é realização humana, com suas pretensões e motivações.

Agora, perguntemo-nos o que é de César? Podemos interpretar como sendo a administração das coisas deste mundo. Por exemplo, no tempo de Jesus, os impostos eram pagos ao imperador, que se considerava uma divindade. Os pobres viviam explorados pelos altos impostos (que também beneficiava os judeus ricos) e que não eram revertidos para a dignidade e a justiça social.

Hoje não é diferente. Há tantos “césares” que exploram nosso dinheiro. Por isso que os cristãos, sendo sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13), devem se posicionar na dinâmica política, a qual, na sua origem, tem o bem comum como objeto de trabalho. Deus quer que todos tenham vida digna. Compete ao poder político (e também aos ricos) acabar com a fome que atenta contra a digna das pessoas. Cabe aos cristãos pregarem a verdade, alertando e denunciando as injustiças cometidas pelos poderes políticos.

A Eucaristia tem a ver com o mundo além das paredes da Igreja. Nossa presença nas missas deve nos motivar a zelar por aquilo que é de Deus, para que o que é de “César” não tome o lugar das realidades divinas, ou ainda, para que não nos acomodemos e aceitemos as imposições dos poderes políticos que, de certa forma, fazemos parte.

Alimentemo-nos da mensagem de São Paulo aos tessalonicenses em que diz “diante de Deus, nosso Pai, recordemos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1,3). Que a alegria do Evangelho não seja abafada pelas injustiças e pelos discursos tendenciosos e enganosos. E que a fé, a esperança e a caridade estejam presentes nos corações humanos.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Somos de Deus

A Deus toda nossa vida,
Porque somos todos Seu,
Não somos do poder do mundo,
Nem dos políticos “fariseus”,
Somos filhos muito amados,
Em Cristo todos banhados,
Vida nova Ele nos deu.

A Deus tudo o que existe,
Desde a sua Criação,
A natureza e o homem,
A justiça, a salvação,
A vida e a dignidade,
Amor e fraternidade,
Que geram a comunhão.

A Deus a Palavra santa,
Trazendo-nos o ensinamento,
Que alerta a cada filho,
A tê-la como alimento,
Pra o Evangelho anunciar,
Soltar a voz e denunciar,
Tudo que é sofrimento.

A César somente o que é seu,
Mas Deus sendo o primeiro,
Porque tudo Ele criou,
E nos faz os seus herdeiros,
Para os seus bens, o cuidado,
E os “césares” são subordinados,
Por isso são derradeiros.

São tantas as injustiças.
Dos governos atuais,
Dos recursos desviados,
Pelos esquemas mortais,
Surgem então os sofrimentos,
E o mundo em detrimento,
Padecendo sempre mais.

Somos todos convocados,
Para o Evangelho pregar,
Anunciando sempre a vida,
Que vem em primeiro lugar,
E sairmos em missão,
Vivendo a evangelização,
Com nosso profetizar.

Que a santa Eucaristia,
Venha nos dá a coragem,
De trilhar a santidade,
Buscando ser sua imagem,
E possamos oferecer,
Nossa fé, nosso viver,
Pregando a santa mensagem.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a zelar por aquilo que é de Deus sem ignorar nossas obrigações com os “césares”, ilumine o seu caminho! ***

 

XXVIII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 25,6-10a; Sl 23(22); Fl 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Banquete Divino

Mt 22,1-14

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXVIII Domingo nos motiva a sermos dignos do convite do Senhor. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 22,1-14.

“O Reino de Deus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho…” (Mt 22,2). Deus prepara uma festa e todos são convidados. É a festa da nova aliança, são as núpcias entre Cristo e a Igreja. O Pai nos oferece um banquete a cada Eucaristia, sinal de alegria e de esperança, onde são enxugadas as lágrimas de todas as faces, como profetizado por Isaías (cf. Is 25,6-10).

A parábola deste Evangelho nos fala que nem todos aceitaram o convite, isso função de preocupações diversas (cf. Mt 22,5). Assim devemos nos perguntar: cada um de nós, ao ser convidado para o banquete do cordeiro, a missa, prioriza ou tem alguma desculpa para não participar? Cada missa é um uma festa que nos traz alegria e força, onde todos são convidados a participar da mesma mesa, com o rei da vida e do amor.

O salmo 23(22) nos diz do cuidado e do carinho, com o qual Deus prepara o encontro conosco: “Preparais à minha frente uma mesa, bem a vista do inimigo, e com o óleo vos ungis minha cabeça; o meu cálice transborda…” Trata-se do Banquete onde os participantes são ungidos para viverem a festa e o encontro fraterno que se derrama uma alegria verdadeira, infinita e completa.

No entanto, a parábola nos fala dos primeiros convidados que rejeitaram o convite do rei. São as autoridades judaicas, que não aceitaram o Nazareno e o crucificaram como resposta ao que ele pregou e viveu.

Eles foram os primeiros convidados para acolher a Boa-Nova. Mas diante da resposta violenta, outros recebem o convite, sem discriminação: maus e bons (cf. Mt 22,10). E Deus perceberá se os convidados estão com a veste adequada. Ele poderá perguntar: “Amigo, como entraste aqui…?” (Mt 22,12). E a veste adequada é se preparar com toda a força, com toda a alma e com toda a inteligência (cf. Lc 10,27) para, depois de convidado, ser escolhido para estar no banquete. Também é preciso abandonar as falsidades, as invejas e as maldades diante do irmão, amando o próximo como a si mesmo (cf. Lc 10,27).

A proposta de Deus é ver toda a humanidade participando dignamente do banquete da comunhão e da fraternidade. Mas os convidados devem aceitar o chamado e, ao mesmo tempo, vestirem o traje adequado, que é fazer a vontade de Deus, praticar a justiça e viver a caridade, como nos ensina as palavras santas do Evangelho.

Que o Espírito Santo ilumine todos os missionários que vão diversos lugares do mundo, convidando a todos para a experiência do encontro dos irmãos no banquete com o Senhor.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Deixar Ecoar o Convite do Senhor

Deixas que venha ecoar,
O convite do amor,
Pra festa plena da vida,
Chamado de Nosso Senhor,
Que quer te fazer acolhida,
E não te faltará comida,
No banquete do amor.

Deixas que venha ecoar
O chamado da alegria,
A invadir teu coração,
Da mais perfeita harmonia,
Na mesa da comunhão,
Onde todos são irmãos,
E que nunca se esvazia.

Deixas que venha ecoar,
A voz dos mensageiros,
Que o Pai quis enviar,
Os missionários caminheiros,
Que estão a convidar,
Os alertas a proclamar,
Aos irmãos e companheiros.

Deixas que venha ecoar
Por todas as encruzilhadas,
A voz para os excluídos,
E aos que são maltratados,
Os pobres e esquecidos,
Muitas vezes agredidos,
Mas que são por Deus amados.

Deixas que venha ecoar
O recado universal,
Que faz todos inseridos,
No Reino Espiritual,
Dos que foram acolhidos,
À festa do noivo unidos,
E na comunhão total.

Deixas que venha ecoar
O divino ensinamento,
Da aliança renovada,
Em Cristo, seu casamento,
Com a Igreja, sua amada,
Na nova nação congregada,
Pelo novo mandamento.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a termos dignidade para estar no Banquete do Cordeiro, ilumine o seu caminho! ***

 

XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 5,1-7; Sl 80(79); Fl 4,6-9; Mt 21,33-43

⇒ HOMILIA ⇐

Nós Somos a Vinha do Senhor

Mt 21,33-43

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXVII Domingo nos motiva a sermos a vinha do Senhor e não somente os vinhateiros. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 21,33-43, sequência do Domingo passado.

“O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43). Jesus, dirigindo-se às autoridades judaicas, anuncia as consequências da violência (física e moral) daqueles que maltrataram os enviados de Deus, que cuidou do povo da antiga Aliança e alertou dos erros e perigos que poderiam passar.

Os profetas foram porta-vozes da sua Palavra anunciando a esperança e propagando a fidelidade ao projeto de Salvação. O profeta Isaías faz referência à vinha criada por Deus: “Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens” (Is 5,2).

Muitos não acolheram os profetas. Preferiram torturar e assassinar a escutar os alertas no trato com a vinha. Apesar de tantas desobediências, Deus continuou amando e cuidando de sua vinha. Mas a prepotência dos vinhateiros produziu frutos selvagens e amargos.

Fiel à sua Criação, Deus envia o Filho para redimir a vinha, mas os vinhateiros não aceitam e assassinam o enviado. Entretanto, com a morte e glorificação do Cristo de Deus nasce uma nova vinha, é a “Igreja Santa, Templo do Senhor (…), cidade dos cristãos”[1]. Novos vinhateiros são escolhidos, os quais devem cultivar e, ao mesmo tempo, serem cultivados.

Como dito anteriormente: “O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos.” (Mt 21,43). Nós somos a nova vinha, que deve dar frutos dóceis e doces, como a misericórdia, a justiça, a paz. Ao imitar Cristo, cuidaremos da vinha, diferente dos vinhateiros homicidas que aspiravam tomar posse daquilo que é de Deus.

Como vinha ou como vinhateiros devemos conhecê-Lo, dar culto agradável, fazer Sua vontade e orar sempre. Estamos inseridos em pequenas vinhas: família, grupos, comunidades, missões. Devemos, com atenção, cuidar de nossa parte na grande Vinha, que é o Reino de Deus.

Ao redor do banquete, recebemos o pão e o vinho, frutos do trabalho humano e, depois de consagrados, fonte para a nossa salvação. Devemos nos perguntar: como está a nossa condição de vinhateiros do Senhor? Estamos cuidando do terreno e zelando pelo cultivo para que dê frutos dóceis e doces, como a misericórdia, a justiça, a paz? Se não cuidarmos, outros poderão receber esse encargo de Deus.

E neste mês missionário, o qual trás o tema “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8), elevemos nossas orações ao Senhor através do salmo 80(79), pedindo a proteção em favor da obra missionária da Igreja, da nossa perseverança e de nossa fidelidade de bons vinhateiros do Senhor. Tudo isso a serviço da vida e da paz, reconhecendo que, independente dos vinhateiros, “a vinha do Senhor é a casa de Israel”.

***

[1] Marcha da Igreja (Reunidos em Torno), de David Julien, D. Carlos A. Navarro e Pe. Josmar Braga.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

A Vinha é do Senhor

O divino dono da vinha,
Buscou terreno apropriado,
Cultivou com imenso carinho,
Como um agricultor dedicado.
Tirou todas as pedras e os espinhos,
A plantou e a cercou de cuidados.

Todo o amor foi para a sua vinha,
Pelo zelo da bela plantação,
Pelo amor e a sua beleza,
Pela guarda e pela proteção,
Construiu ao redor fortaleza,
No cultivo de sua plantação.

Confiando aos vinhateiros,
Sua vinha, a eles entregou,
Para quando na sua colheita,
Fazer o que planejou,
E ter suas uvas perfeitas,
Que ele feliz esperou.

Mas não se cumpriu o esperado,
Houve morte e a crueldade,
Vinhateiros mal intencionados,
Com o egoísmo e muita maldade,
Torturam o Filho amado,
E se apossaram da propriedade.

O Senhor nos fez sua vinha,
De amor Ele vem nos cobrir,
Seus cuidados vêm nos cultivar,
Seu carinho a nos invadir,
Misericórdia que vem nos salvar,
Seu Espírito a nos consumir.

Os seus frutos, a bebida nos traz,
Quando vier a colheita devida,
Ele nos quer vinhateiros do bem,
Pra cuidar de sua vinha querida,
E nós seus herdeiros também,
Para a paz e a festa da Vida.

Que na vinha sejamos irmãos,
A vivermos a obediência e o amor,
A justiça possa acontecer,
A Comunhão seja o nosso esplendor
E o egoísmo possamos vencer,
Porque a vinha é do Senhor.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a produzir frutos dóceis e doces na Vinha do Senhor, ilumine o seu caminho! ***

 

XXVI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ez 18,25-28; Sl 25(24); Fl 2,1-11; Mt 21,28-32

⇒ HOMILIA ⇐

Chamado à Vinha do Senhor

Mt 21,28-32

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXVI Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a fazer a vontade de Deus. E o Evangelho para está Liturgia está em Mateus 21,28-32.

“Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21,31). As palavras de Jesus deve provocar em nós a reflexão sobre as nossas atitudes de discípulos. Nossa experiência, obediência e coerência.

Contemplamos, no Evangelho deste Domingo, Jesus que se dirige aos sacerdotes e anciãos (cf. Mt 21,31) com seus ensinamentos sobre o Reino de Deus, a vinha. Para eles a salvação estava destinada ao povo da primeira Aliança, que ouviu os profetas, mas que nem sempre foi fiel e agora rejeita o projeto salvífico do Filho que semeia um novo Povo de Deus. Aquela Jerusalém é o segundo filho.

Há outro filho, o primeiro, o que disse não, mas que depois foi trabalhar na vinha. Este pode ser os pagãos [como centurião que recebeu o milagre da cura do servo (cf. Mt 8,5-17)] ou os pecadores [como Mateus que era publicano ao receber o chamado (cf. Mt 9,9) ou a prostituta (que era pagã) Raab, que no Antigo Testamento é acolhida no Povo de Deus (cf. Js 6,23-25) e está presente na linhagem de Jesus (cf. Mt, 1,5)]. Por terem uma segunda chance, se transformam em testemunho vivo no caminho do Senhor.

Muitas vezes dizemos “Senhor, Senhor” em nossas orações, mas não levamos a vontade de Deus para o nosso comportamento (cf. Lc 6,46). Poderemos falar de caridade, mas na prática somos insensíveis e hostis. Isso significa dizer sim, mas não comparecer à vinha. Por outro lado poderemos cair no pecado de recusar a vontade de Deus, mas se nos arrependermos podemos buscar, na reconciliação, fazer esta vontade. Muitas vezes, nós mesmos somos os dois filhos. Nossa resposta positiva se dá na caminhada com Cristo.

Jesus é o Filho coerente o qual devemos seguir, imitar e dar testemunho. Diz São Paulo: Ele “existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2,6-7). Cristo viveu a entrega total ao Pai quando se encarnou no meio de nós, sendo obediente até a morte e morte de cruz (cf. Fl 2,8).

Devemos imitar o Filho e deixar que a sua pessoa faça parte de nossa vida, por inteiro. As comunidades cristãs são chamadas a viver o sim coerente ao projeto de salvação. Pelo batismo, somos chamados à vinha do Senhor. O nosso sim é a missão de cuidar da semeadura do Evangelho, da vinha, que é do Senhor.

E quando estivermos sentindo que, pelos nossos pecados, o nosso sim estiver fraco, precisamos, como nos ensina a Igreja, buscar fortalecer a fé, acessar os sacramentos, vigiar nosso comportamento e perseverar nas orações.

E neste último Domingo do mês da Bíblia peçamos a intercessão de São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja, o qual celebramos sua memória no próximo dia 30. Este santo traduziu toda a Bíblia das línguas originais para o latim. Que ele ajude a todos nós cristãos e aos estudiosos da Sagrada Escritura a sermos discípulos obedientes da Palavra. Palavra que se tornou carne e veio habitar no meio de nós, Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Filhos do Não e do Sim

Está disponível para servir,
Ser coerente com o chamado,
De corpo e alma para vinha,
Como filho do Pai amado,
Dizer sim e confirmar,
Ao Evangelho semeado.

Buscar e viver o amor,
Prontos para anunciar,
Na vida da comunidade,
Vivendo prontos a partilhar,
Na vinha do nosso Deus,
Que está sempre a nos chamar.

Às vezes filhos dizendo não,
Quando o pecado vem a invadir,
E o coração querendo negar,
Por tantas coisas a infringir,
Fraquezas que vem e impedem,
A santa vinha querer servir.

Somos filhos que dizem sim,
Porque olhamos para o Senhor,
Que viveu a santa obediência,
Ao Pai Santo e vivo amor,
Porque a vinha veio cultivar,
Através do seu plano salvador.

A vinha precisa de trabalhadores,
Porque o dono os chama à colheita,
Para que se produza a alegria,
Que brota da fonte que é perfeita,
Jorrada da entrega do Santo fruto,
Que do Pai recebe a missão e aceita.

Busquemos em Cristo a obediência,
E aprendamos o sim e o servir,
Abraçando a missão confiada,
E a voz do Senhor sempre a ouvir,
Servindo à messe tão imensa,
Que o dono quer a todos reunir.

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a fazer a vontade do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

XXV Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 55,6-9; Sl 145(144); Fl 1,20c-24.27a; Mt 20,1-16a

⇒ HOMILIA ⇐

A Justiça de Deus

Mt 20,1-16a

 

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXV Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a colocar a necessidade à frente do mérito. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 20,1-16.

Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mt 20,16a). Esta mensagem de Jesus nos conduz na contramão de uma sociedade que busca os interesses e o lucro acima de tudo. A justiça celeste vai além da justiça terrestre, pois é fruto do amor ilimitado de Deus. O agir de Deus com os filhos nos é apresentado na parábola dos operários da primeira e da última hora.

Para a inteligência humana (desordenada, manchada e empobrecida pelo pecado original[1]) é inadmissível que a remuneração daquele que trabalhou o dia inteiro seja a mesma do outro que trabalhou por apenas uma hora. Nesta parábola, em que Cristo descreve por analogia o Reino dos Céus, podemos tirar muitos ensinamentos.

Inicialmente, Mateus nos remete à palestina no tempo de Jesus, em que muitos marginalizados buscavam também a sua dignidade no trabalho. Contemplando a vida do povo, Jesus denuncia esta cruel realidade socioeconômica. Um segundo ponto nos é apresentado: a categoria dos trabalhadores da primeira hora, que se refere ao povo da primeira aliança, os judeus.

Jesus enfrentou muitas adversidades por ter acolhido pessoas que não faziam parte do grupo do povo considerado escolhido, o povo eleito. O novo Povo de Deus, pastoreado pelos Apóstolos e discípulos de Cristo, são os operários da última hora, os quais tem o mesmo direito ao Reino de Deus. São os que recebem o mesmo pagamento pela sua participação na vinha.

A atitude do patrão para com os empregados da última hora é de generosidade e de misericórdia e não de injustiça. Ele cuida de todos com amor. Isaías nos diz em seu texto: “meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra” (Is 55,9).

Somente uma vida marcada pela adesão ao caminho de Jesus poderá nos colocar ao lado do patrão que paga a todos igualmente sem se importar com o tempo de cada um. O nosso serviço à Igreja é gratuito. Não podemos cobrar de Deus o tempo gasto na vida pastoral. Deve-se dar graça por todo tempo com o Senhor, seja por experiência ou por aprendizados na vida cristã.

Devemos acolher quem está iniciando um processo de encontro com Jesus, seja criança, jovem ou idoso. Eles também são os operários de última hora. Eles têm o mesmo direito às dádivas de Deus do que os que chegaram nas primeiras horas.

“Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo” diz São Paulo aos filipenses (Fl 1,27a). É o amor ao Evangelho que nos permite compreender os pensamentos de Deus. Viver a palavra de Jesus é, portanto, ter a postura justa e amável, pelo bem dos irmãos.

E neste terceiro Domingo do Mês da Bíblia rezemos por todos os operários que escutaram a Palavra do Senhor e foram convidados para trabalhar na Sua vinha. Que possamos abraçar cada vez mais aquilo que Deus nos ensina sobre a sua justiça e seu amor. Rezemos com o salmo: “É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz” [Sl 145(144)]. Busquemos a santidade do Senhor para sermos sinais do Reino dos Céus no nosso cotidiano.

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[1] Cf. Catecismo da Igreja Católica, números (i) 402-406 (consequências do pecado de Adão e Eva para a humanidade); (ii) 1250 (o Batismo de crianças), 1607 (o pecado como rompimento da comunhão original em Adão e Eva) e 1609 (o sacramento do Matrimônio como instrumento de misericórdia para restaurar a comunhão original) e (iii) 1707 (a mancha do pecado original na alma feita perfeitamente por Deus), 2259 (morte de Abel) e 2515 (definição e tipos de concupiscência). Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html>.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

Os Pensamentos do Senhor

Os pensamentos do Senhor,
Dos nossos estão distantes,
Porque são todos perfeitos,
Retos e também constantes,
Transformam a nossa existência,
São justiça e paciência,
Amáveis e fascinantes.

A justiça do Senhor,
Nasce da sua bondade,
Das ações do acolhimento,
Nas tantas realidades,
Acolhe quem está chegando,
A todos o amor doando,
Além das nossas verdades.

O agir do nosso Deus,
Quer a todos converter,
Sendo bom e generoso,
Para o seu reino crescer.
Assim são seus pensamentos,
Não importa o momento,
Quer sua vinha colher.

O amor de nosso Deus,
Nos chama pra sua a missão,
Trabalhar na grande messe,
Pela evangelização,
A Sua justiça pregar,
Seu amor testemunhar,
Em favor da salvação.

Somos todos operários,
Qualquer hora convocados,
Não importa quem nós somos,
Nem quando somos chamados,
O importante é atender,
O caminho percorrer,
Para ser recompensado.

Que a Santa Eucaristia,
Tire nossa ambição,
Nossa inveja e ciúme,
Que nos leva a perdição,
E que na comunidade,
Se viva a fraternidade,
Amor, vida e união.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos ensina como é o Reino dos Céus, ilumine o seu caminho! ***

 

XXIV Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Eclo 27,33-28,9; Sl 103(102); Rm 14,7-9; Mt 18,21-35

 

⇒ HOMILIA ⇐

Perdoar sem Limites

Mt 18,21-35

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXIV Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a perdoar ilimitadamente. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 18,21-35, uma sequência ao Evangelho do Domingo passado.

“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?” (Mt 18,21). Esta é a pergunta do discípulo que quer acertar na caminhada com Jesus. Porém, a pergunta de Pedro expressa ainda a limitação do quanto deve-se perdoar o irmão. E a resposta de Jesus [“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 22)] vem carregada de sentido, pois, o número sete, na Bíblia, quer dizer completude, perfeição. Portanto, Jesus nos motiva a praticar 0o perdão perfeito.

O que seria do mundo, se não houvesse o perdão entre os humanos? O que seria da comunidade cristã, se a vida de cada membro não tivesse o precioso sacramento da confissão? E se Deus colocasse limites, quando durante a nossa vida, fôssemos pedir o perdão ou a confissão ao sacerdote? O amor de Deus por nós é insuperável e infinito. Ele não leva em conta as nossas imperfeições e limitações. O amor de Deus é incondicional.

Em nossa vida fraterna em Cristo há falhas e misérias, mas a convivência (interna e externa) é sustentada pelo perdão. Deus é esse Pai (o patrão da parábola que nós ouvimos no Evangelho), esse patrão que perdoa as nossas dívidas e nos liberta da escravidão, para prosseguirmos a vida (cf. Mt 18,27). Ao sairmos do confessionário, não devemos fazer como aquele empregado da parábola, que ao ser perdoado e libertado ele foi incapaz de perdoar o seu irmão (cf. Mt 18,30). A sua insensibilidade o cegou e o encaminhou de volta a escravidão.

O perdão será sempre a atitude que vencerá a vingança, a violência e os ressentimentos contra o irmão. Neste sentido o livro do Eclesiástico nos dirá: “Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados” (Eclo 28,2). A vida em santidade será sempre esse empenho na busca do perdão. Perdão de mim, do outro e de Deus, como também perdoar quando necessário, numa atitude de dentro para fora. Esta é a exigência do ser cristão, como nos fala São Paulo: “… vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14,9). Viver em Cristo e para Cristo é colocar em prática a oração que ele nos ensinou: “Perdoai a nossas dívidas [nossas ofensas], assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6, 12).

Portanto, o perdão é que nos impulsiona a seguirmos na nossa experiência, seja na família, na pastoral ou na sociedade, a responder ao nosso chamado vocacional, como rocha e não como pedra de tropeço. O perdão não significa ser conivente com as injustiças, mas indica a possibilidade de ressignificação da nossa vida. O perdão fortalece a conversão, o levantar e o recomeçar da nossa existência.

E neste segundo Domingo do Mês da Bíblia peçamos as luzes ao Espírito Santo, para que a sabedoria do Evangelho seja nossa força motriz na vivência do perdão, por que ele “é bondoso, compassivo e carinhoso. Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão” (Sl 102/103).

 

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⇒ POESIA ⇐

O Perdão Total

 

Perdão de Deus sem se limitar,
Que na prática não quer se enumerar,
E quantos retornos é preciso fazer,
Quando as quedas vêm a acontecer.
Porque o importante é a conversão,
Que tira o filho da confusão,
Para o seu caminho de novo fazer.

Perdão de Deus que se dá no amor,
É o perdão que não guarda rancor,
Que se dá pela santa e forte acolhida,
Na misericórdia sempre vivida,
Na história ativa de um caminheiro,
Deus presente como um companheiro,
Que abraça no retorno que traz à vida.

Perdão de Deus que vem nos reconstruir,
Para que o caminho possa-se prosseguir,
Buscando na trilha de santidade,
Que se faz na vida de humildade,
Perdoando sempre e sempre perdoando,
Abraçando e também abraçado,
Para retomar a fraternidade.

Perdão de Deus que promove a paz,
Na busca do Reino que se refaz,
Quando a violência quer sufocar,
E o ser humano quer escravizar,
Impedindo a vida de comunhão,
Que se faz viva no vinho e no Pão,
E a comunidade a sustentar.

Perdão de Deus para a humanidade,
Que vence as guerras e atrocidades,
Lição divina para o mundo ver,
Para as nações a paz promover,
E as injustiças e opressões,
Sejam vencidas nos corações,
Para o Reino de Deus acontecer.

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos propicia acesso à Sabedoria para perdoar ilimitadamentea, ilumine o seu caminho! ***

 

XXIII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ez 33,7-9; Sl 95(94); Rm 13,8-10; Mt 18,15-20

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Correção Fraterna da Igreja

Mt 18,15-20

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXIII Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a tomar a comunidade cristã como lugar de encontro fraterno. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 18,15-20.

Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles” (Mt,18,20). É na comunidade cristã que nós vivemos como irmãos e irmãs em Cristo. É onde rezamos juntos. Mas é também onde acontece a correção fraterna. Sempre com a meta de alcançar o perdão, livre de intrigas e murmurações. É na comunidade que nos vemos como pecadores. Em contrapartida, é onde, em alguns momentos, estamos mais propensos a enxergar os erros e misérias um dos outros, pois temos a oportunidade de nos conhecermos melhor naquilo que é bom e que não é bom em nós.

Mas a vida comunitária nos ajuda a buscarmos a santidade e sermos também corrigidos pelo grupo fraternal (cf. Mt 18,15-17). São Paulo nos fala do maior mandamento como sinal de amor a Deus e ao próximo (cf. Rm 13,10). Por isso a correção fraterna se traduz como o amor e a misericórdia ao irmão que erra.

O encontro com o Senhor e com os irmãos só tem sentido para quem vive nesta experiência de perdão, de crescimento espiritual e de alegria. Sim, a comunidade cristã também é o lugar da festa e da alegria, seja na partilha da vida de cada um, no lanche ao final da celebração ou na quermesse do padroeiro. E agora nesta pandemia do Covid-19, oportunidade de nos sensibilizarmos e rezarmos pelos que sofrem as consequências desta doença. Como também dirigir nossas orações pelos irmãos que padecem a morte de seus entes queridos.

Num mundo onde se motiva a exclusão por qualquer atitude de erro, corremos o risco de expor os irmãos na Igreja. Jesus nos aconselha que a atitude não é essa (cf. Mt 18,15). Faz-se necessário conversar em particular. Nós não somos os que devem dá a sentença sobre os erros dos outros, mas ajuda-los na conversa fraterna. Em outros momentos deixemos que outro também nos corrija. Quanto ao julgamento, este vem de Cristo, pois ele é amor, é misericórdia e é perdão, em vista da nossa conversão e salvação.

Quando vemos no outro o erro e não o ajudamos a seguir o caminho certo, também somos responsáveis por ele, como nos orienta o profeta na primeira leitura (cf Ez 33,7-9). Se na convivência comunitária com nossa família somos capazes de uma correção fraterna e sincera, iremos progredir no caminho da santidade.

Quando não conseguimos ganhar o irmão Jesus nos orienta que procuremos mais pessoas para que se oriente o caminho do bem. Se não conseguimos procuremos a Igreja (cf. Mt 18,17). A Igreja tem a Palavra da Verdade e da Justiça. Não deve-se omitir quando nossos erros humanos interferem nas realidades de outras pessoas. Cristo também é Palavra de Verdade e de Justiça.

Que o Espírito nos ilumine sobre a necessidade da correção fraterna. E neste primeiro Domingo do Mês da Bíblia acolhamos a Palavra de Deus que nos guia e nos fortalece nessa nossa caminhada de discípulos missionários de Cristo. Que estejamos sempre abertos a crescer em santidade.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Os Conselhos do Senhor

A palavra do Senhor vem nos alertar,
Sobre nosso agir e nossas intenções,
Para quando vermos o erro do irmão,
Possa-se o ajudar nas correções,
Para que não caia na condenação,
E mergulhe no mar das ilusões.

E quando a escuta não acontecer,
Outros irmãos podem se achegar,
Para a ajuda na fraternidade,
Que não deixe o amigo se desviar,
Correção de justiça e caridade,
Para no perdão se reencontrar.

A Igreja em Cristo pode ajudar,
Quando a rebeldia persistir,
Ficando o errante na resistência,
Em Cristo amor possa-se corrigir,
Com atitudes de santa paciência,
Em vista de o caminho restituir.

E se caminharmos por trilhas errantes,
Sem foco no nosso no santo caminho,
Lembremos que é possível nos refazer,
Tendo certeza que não estamos sozinhos,
Podendo-nos em nova vida florescer,
E sentirmos o amor de Deus como carinho.

E quando vier nossas tentações,
De fugirmos dos conselhos do Senhor,
Busquemos o encontro na comunidade,
Onde se encontra o irmão e seu calor,
Por que o que une é a fraternidade,
Que vem da Mesa Santa do amor.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos propicia o encontro da fraternidade na Sua pessoa, ilumine o seu caminho! ***

 

XXII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Jr 20,7-9; Sl 63(62); Rm 12,1-2; Mt 16,21-27

⇒ HOMILIA ⇐

Seduzir-se por Deus para Carregar a Sua Cruz

Mt 16,21-27

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXII Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a renunciar a nós mesmos para se tornar um seguidor. E o Evangelho para esta liturgia está em Mateus 16,21-27, na sequência do Evangelho do Domingo passado.

“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” (Mt 16,24). Será que compreendemos essa máxima de Jesus ao carregarmos um crucifixo no nosso peito? Somos capazes de aceitar o sofrimento ou os sacrifícios como consequência do ser cristão?

Quando Jesus começou a explicar para os seus discípulos as consequências da sua missão Pedro não aceitou. Ele que, pouco tempo antes (no Domingo passado), tinha sido elogiado por ter reconhecido Jesus como Filho do Deus vivo, agora Pedro decepciona seu mestre por pensar como demônio (cf. Mt 16,22). Pedro se baseava ainda no ideal do messias davídico, que era triunfante. O pensamento de afastar o sofrimento e a cruz do caminho da redenção é considerado diabólico. A caminhada de um cristão não é feita somente de glórias e haverá o sofrimento, naturalmente. Por isso Jesus chama a atenção de Pedro: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço…” (Mt 16,23).

Como entender esta aparente contradição de Jesus? Anteriormente diz que Pedro é a pedra sobre a qual construirá a sua a Igreja (cf. Mt 16,18). Agora, apenas cinco versículos depois, diz que é uma pedra de tropeço (cf. Mt 16,23). A reflexão deve ser a seguinte: a primeira pedra é uma rocha e resulta da vontade de Deus, já a segunda pedra a qual Jesus se refere é a pedra de tropeço e é resultado da vontade humana. Tirar a Cruz do nosso itinerário é como andar num caminho alienante e ilusório, diferente do caminho de Jesus.

Faz-se necessário deixar-se seduzir por Deus, como nos fala o profeta Jeremias (cf. 20,7). Quando nos deixamos nos seduzir por Deus, conseguimos entender o sentido da nossa caminhada, que também é feita de tristezas e alegrias, de derrotas e vitórias.

A vida em Cristo nasce da nossa resposta consciente de caminhar com ele em todas as dimensões humanas rumo à glorificação. É necessário oferecer a nossa vida em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, um culto espiritual, como nos fala São Paulo na sua carta aos romanos (cf. 12,1).

Neste sentido, o discípulo viverá livre das tentações que querem desafiá-lo do caminho de Jesus. Olhando para Pedro, podemos ver que o nosso caminhar ainda é parecido com o dele. Às vezes também queremos somente um Cristo glorioso, longe do sacrifício, do sofrimento e da dor. E não sendo possível, poderá haver decepções ou distorções do Evangelho.

E neste dia do catequista, rezemos por todas as pessoas que se dedicam ao trabalho da Palavra de Deus e da doutrina cristã, preparando as crianças, os jovens, os adultos e também os casais a buscarem a experiência de encontro com Cristo através dos sacramentos. Que sejam abençoadas todas estas pessoas, iluminadas e fortificadas pelo Espírito Santo, nesta missão tão necessária e preciosa da Igreja: a catequese.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Cristo nos Ensina a Doação

 

Sigamos o Cristo da doação,
Tendo como sinal a sua Cruz,
Que olha para nosso sofrimento,
Sendo força de paz que nos conduz,
Ensinando-nos os frutos do amor,
Que pelo seu chamado nos seduz.

Ofereçamos nosso culto espiritual,
Num sacrifício vivo e agradável,
Elevando ao altíssimo a nossa alma,
Numa atitude santa e louvável,
Entregando-nos de todo o coração,
Aos braços de nosso Deus amável.

Que a tentação da fuga da missão,
Não venha a nos incomodar,
Que abracemos a vida por inteiro,
Mesmo que venhamos a tropeçar,
E aceitemos a vida de Nosso Senhor,
E nas glórias e fadigas a perseverar.

Despeçamo-nos da velha criatura,
Para a nova criatura resplandecer,
Retomemos a viva imagem de Deus,
Que para o mundo quer aparecer,
Para vencer as ilusões e fantasias,
E abraçar o caminho que faz viver.

Deixemo-nos seduzir por Deus amado,
Que dá sentido ao nosso existir,
Que nos faz pedras de construção,
Da Igreja que faz seu povo reunir,
Ao redor da Palavra e da Eucaristia,
Comungando na alegria de existir.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos convida a renunciarmos a nós mesmos, ilumine o seu caminho! ***

 

XXI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 22,19-23; Sl 138(137); Rm 11,33-36; Mt 16,13-20

⇒ HOMILIA ⇐

As Chaves e os Tijolos da Construção Espiritual

Mt 16,13-20

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXI Domingo do Tempo Comum, em que Pedro reconhece que Jesus é o Filho do Deus vivo. E o Evangelho para esta liturgia está em Mateus 16,13-20.

“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 19,19).

Quem é Jesus para nós? Ele que nos diz entregar a chave nas mãos dos que ficam por conta do seu rebanho. Quem é esse Deus que permite aos seus sucessores ser como pedras de fundamento para a sua Igreja.

O Evangelho de hoje nos pede inicialmente que nos perguntemos quem é Jesus para cada um de nós. Nós que somos Igreja e caminhamos como Igreja, que escutamos a Palavra do Senhor, que participamos da sua mesa, não podemos caminhar sem conhecê-lo ou sem fazermos uma experiência mais profunda em nossas vidas. Nossas respostas não podem ser aquelas decoradas ou pronunciadas por outros. Nossas respostas devem ser mais abrangentes, ser expressão da nossa convicção, da nossa experiência íntima na caminhada de vida orante e de missão junto a Cristo.

Por isso é importante aceitarmos que somente quando caminhamos com Jesus, vivendo no seu amor, sendo fiel a seu Evangelho, buscando viver a justiça, a caridade, a esperança e vivendo em comunhão com os irmãos e com os mandamentos é que teremos conhecido cada vez mais a Ele. E a nossa resposta para os que nos perguntam são ditas com o auxilio de Deus e através do nosso testemunho de vida. Resposta esta que damos com as nossas ações caridosas e acolhedoras, porque somos discípulos de Cristo.

Somente vivendo em oração, atento a Palavra, alimentando-se da Eucaristia, participando da ceia, nos encontros com os irmãos, podemos ter convicção de quem é Jesus para nós.

Pedro, que iluminado pela graça de Deus, proclamou o conhecimento verdadeiro de Cristo, agora ele recebe duas missões exigentes: primeiro ser pedra firme do Edifício Divino que é a Igreja e depois receber as chaves para conduzir o Reino de Deus na terra. Por isso caberá a ele, em nome de Cristo, ligar e desligar. E o poder do mal não mais vencerá (cf. Mt 13,18), porque em Cristo, que é a nossa rocha, está o reino de Deus.

E nós, os cristãos de agora, somos também convidados a sermos tijolos de construção do Edifício Espiritual, que é a Igreja. Nós formamos a comunidade dos seguidores de Jesus. Formamos o rebanho que é conduzido pelo sucessor de Pedro, o Papa. E como responsáveis por uma família, por um grupo da Igreja ou por uma missão confiada e confirmada pela Igreja e iluminados pelo Espírito Santo devemos ter a chave que é a nossa condução, a nossa responsabilidade em cuidar e colaborar com Cristo na construção do seu Reino.

E neste quarto domingo do mês vocacional rezemos pela vocação para os ministérios e serviços na comunidade. Por todos os leigos dos diversos ministérios pastorais, segmentos e serviços. Cristãos, povo de Deus, que formam a missão evangelizadora e caritativa da Igreja. Que o Espírito Santo ilumine o irmão e a irmã que doa seu tempo e sua boa vontade para servir na fé, na caridade e na esperança, evangelizando e fazendo crescer o rebanho do Senhor. Amém.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Pedras de Edificação da Igreja

 

No remar da nossa vida,
Nas noites das tempestades,
Nas chegadas e partidas,
Em nossas fragilidades,
Procuremos o Senhor,
Que nos dá tranquilidade.

E ao fazermos a travessia,
Nos mares da insegurança,
Busquemos a harmonia,
Nossa força e esperança,
Com o olhar fixo em Cristo,
Ele nos dá segurança.

Nas nossas noites escuras,
Nossa fé, fortifiquemos,
Quando vem as amarguras,
Em Deus todos confiemos,
Para seguirmos no mar,
Sem que nós nos afundemos.

Nossos medos e tristezas,
Não nos venha apavorar,
Não nos tirem a beleza,
Da vida e do caminhar,
Para vivermos a missão,
Firmes e sem vacilar.

Que a barca do Senhor,
Vença as tribulações,
E que a força e o amor,
Traga paz entre as nações,
Nossa Igreja a remar,
Vencendo as contradições.

Que a mesa da alegria,
Reúna todos os irmãos,
Com a paz e harmonia,
Sangue e Corpo, comunhão,
Que chama à fraternidade,
Destino à ressurreição.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, ilumine o seu caminho! ***

 

XIX Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: 1Rs 19,9a.11-13a; Sl 85(84); Rm 9,1-5; Mt 14,22-33

 

⇒ HOMILIA ⇐

Chamados e Enviados a Remar com o Senhor

Mt 14,22-33

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum. O Evangelho para este Domingo está em Mt 14,22-33, em continuidade ao Evangelho do Domingo passado.

Após a multiplicação dos pães, Jesus ordena que os discípulos entrem na barca e sigam para o outro lado do mar (cf. Mt 14,22). Depois do milagre do pão, é hora de seguir em frente. Caminhar é preciso, mesmo em meio aos desafios da vida. É preciso avançar na missão. Do outro lado há necessitados da salvação e da misericórdia de Deus.

Jesus procura um lugar para sua oração pessoal (cf. Mt 14,23). Isto para mostrar (e ensinar) a seus discípulos a sua sintonia com o Pai. Para quando navegarem nas ondas do mundo, dentro da barca dele, terem a fé fortalecida e seguirem em frente no anúncio da esperança.

É madrugada e os discípulos estão no alto mar. A barca está agitada e, sem Jesus, os discípulos são invadidos pelo medo de afundarem. Jesus vem ao encontro para acalmá-los (cf. Mt 14,25). Pensam se tratar de um fantasma. E Jesus os deixa tranquilos: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,26-27).

A cena prossegue e Jesus os chama para que o encontrem mesmo em meio a tempestade. Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,29-30). Sair da barca e deixar os outros não foi uma boa opção para Pedro, ele começou a andar, mas afundou. Jesus entra na barca e devolve Pedro ao grupo e a calmaria retorna.

Quantos ensinamentos podemos colher das cenas deste Evangelho. Falando em ondas e tempestades, refletimos que aquele acontecimento no mar de Tiberíades ficou marcado na mente e no coração dos discípulos, principalmente na pessoa do apóstolo Pedro o qual, depois da ressurreição, enfrentou muitas perseguições do Império Romano.

A presença de Cristo nos desafia a ir ao seu encontro pela nossa fé, com a alegria que o próprio Evangelho nos alimenta, com a confiança e a esperança. A fé é que nos faz ter segurança diante das tempestades da vida. A fé que nos faz reconhecer o Cristo como aquele que tem o total poder sobre as tribulações e tempestades causadas pelos poderes do mal. Os cristãos seguem Jesus na barca que é a Igreja e muitas vezes caminham sobre as águas deste mar bravio que é o mundo. Mundo das superficialidades da vida, das ideologias relativistas e reducionistas e das injustiças que só os causam insegurança e uma mentalidade fantasiosa da existência humana.

Na tempestade do mar da Galileia, o evangelista Mateus nos fala: “Assim que subiram no barco, o vento se acalmou” (Mt 14,32). Quando deixamos Jesus entrar na nossa barca, na barca de nossa vida, as coisas se acalmam e podemos seguir a travessia. É na calmaria que podemos encontrar a direção da nossa existência. É na confiança da presença de Deus que somos impedidos de afundar na insegurança e no medo de avançar em nosso caminhar.

Os momentos de encontro com o Senhor nos faz seguir pelo mar da vida, vencendo as tempestades junto com os nossos irmãos e irmãs. Confiemos nossa travessia de discípulos ao Cristo que nos oferece sua mão protetora para o retorno à barca. Ele é quem nos salva dos naufrágios da vida. Rezemos com o refrão do salmo 84(85): Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!” Amém.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

A Travessia do Mar da Vida

 

No remar da nossa vida,
Nas noites das tempestades,
Nas chegadas e partidas,
Em nossas fragilidades,
Procuremos o Senhor,
Que nos dá tranquilidade.

E ao fazermos a travessia,
Nos mares da insegurança,
Busquemos a harmonia,
Nossa força e esperança,
Com o olhar fixo em Cristo,
Ele nos dá segurança.

Nas nossas noites escuras,
Nossa fé, fortifiquemos,
Quando vem as amarguras,
Em Deus todos confiemos,
Para seguirmos no mar,
Sem que nós nos afundemos.

Nossos medos e tristezas,
Não nos venha apavorar,
Não nos tire a beleza,
Da vida e do caminhar,
Para vivermos a missão,
Firmes e sem vacilar.

Que a barca do Senhor,
Vença as tribulações,
E que a força e o amor,
Traga paz entre as nações,
Nossa Igreja a remar,
Vencendo as contradições.

Que a mesa da alegria,
Reúna todos os irmãos,
Com a paz e harmonia,
Sangue e Corpo, comunhão,
Que chama à fraternidade,
Destino à ressurreição.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos acalma em meio às tempestades, ilumine o seu caminho! ***